Neoliberalismo pode recorrer a regime autoritário no Brasil

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José Anibal, Carlos Sampaio, Aécio Neves e Aloysio Nunes. Foto: George Gianni/site do PSDB

Em Minas ele já começou o “serviço”

O QUÊ ESTARÁ EM JOGO NAS ELEIÇÕES

Publicado em 16 de junho de 2014

por Flavio Lyra(*), em seu blog, sugerido pelo Paulo Metri

A análise da realidade econômica e política da sociedade brasileira na atual fase mostra que as forças políticas que disputarão o controle do aparato estatal nas próximas eleições estarão divididas em torno de duas alternativas de condução do processo de desenvolvimento do país.

Por um lado, coloca-se a alternativa de prosseguir avançando com o processo de construção de um estado de bem-estar social, inaugurado no último governo de FCH e aprofundado nos governos de Lula e de Dilma, moldado na Constituição de 1988.

Por outro, coloca-se a alternativa de retomar e aprofundar a via do estado liberal-dependente, iniciada no governo Collor e aprofundada nos governos de FHC, reforçando o papel do mercado e da empresa privada — com subordinação crescente às grandes corporações internacionais — e deixando aos resultados do crescimento econômico determinado pelo mercado a solução dos problemas sociais.

A primeira alternativa vai requerer o aumento do grau de autonomia da sociedade brasileira frente ao processo de globalização da economia mundial, comandado pelas grandes corporações internacionais e pelo mercado, sem o que dificilmente será viável alterar a estrutura da economia na direção da re-industrialização, e do prosseguimento da redução das desigualdades na distribuição da renda.

O aumento do controle do estado pelas forças sociais representativas da classe trabalhadora é indispensável para resistir às pressões competitivas da economia internacional, que se manifestam através na perda de controle dos mercados de bens e serviços, da desnacionalização da propriedade, das transferências de recursos financeiros para o exterior, dos movimentos instabilizadores do capital estrangeiro e da crescente dependência tecnológica.

Os governos do PT, conseguiram inegavelmente, aproveitando a conjuntura internacional favorável derivada do surgimento da China como grande importador de produtos primários e mediante a posta em prática de uma política social proativa, reduzir a pobreza, elevar os salários reais da classe trabalhadora e impedir que a crise internacional, que tomou forma a partir de 2008, prejudicasse o nível de atividade e do emprego no país.

Os setores agro-extrativos reagiram bem às novas condições do comércio internacional, graças às vantagens comparativas de que goza o país e aos avanços tecnológicos que vêm sendo incorporados ao longo dos anos, aumentando substancialmente seu volume exportado e os índices de produtividade.

Em sentido contrário, a indústria de transformação, que já vinha fragilizada pelo processo de abertura econômica e de desnacionalização iniciado na década de 90, não se mostrou à altura dos desafios da acirrada competição internacional, passando a sofrer um grave processo encolhimento, com a perda de terreno no comércio internacional e no mercado interno.

Chega-se ao último ano do governo Dilma com forte desequilíbrio na conta corrente do balanço de pagamentos e grande dependência da entrada de capital estrangeiro; a taxa de câmbio mantem-se apreciada, prejudicando as exportações de produtos manufaturados, representando a única maneira de manter o fluxo de entrada líquida de capital estrangeiro que financia o déficit de transações correntes requerido para o financiamento de importações que ajudam a manter a inflação sobre controle; a taxa de juros, depois de ter sido reduzida nos dois primeiros anos de governo Dilma voltou a crescer, supostamente, para impedir que a inflação saia do controle; e o crescimento econômico desacelerou em relação ao observado no governo de Lula e agora rasteja, com taxas irrisórias.

Antes de qualquer coisa é preciso reconhecer que existem incompatibilidades entre o padrão de crescimento econômico que o país tem seguido e a construção de um estado de bem-estar social.

Os desequilíbrios que aí estão são fruto dessas incompatibilidades. As instituições econômicas e políticas atuais impedem maior avanço na construção de um estado de bem-estar social e os esforços nessa direção tendem a gerar graves desequilíbrios.

Fazem-se necessárias, por tanto, mudanças estruturais em nossa economia e em suas instituições políticas que as tornem adequadas a mudanças nas prioridades da economia, que precisam ser redefinidas com a contenção da demanda de bens e serviços de menor essencialidade, como é o caso dos automóveis, o aumento da produção de produtos básicos e serviços, especialmente alimentos, transporte de massa, educação, saúde e habitação.

Os investimentos na indústria e na infraestrutura econômica precisam ser expandidos urgentemente, mas as empresas privadas não se dispõem a investir, pois as aplicações financeiras continuam sendo um porto seguro e rentável para seus recursos.

A taxa de juros básica (Selic) precisa ser reduzida para melhorar a capacidade de financiamento de investimento do governo e as taxas de juros para o financiamento de bens de menor essencialidade aumentadas, de modo a desestimular novos aumentos do consumo.

Os gastos de divisas precisam ser mais seletivos e direcionados para os de bens e serviços de maior essencialidade. Os gastos no exterior com Turismo, por exemplo, precisam ser contidos. As remessas exageradas de lucros para o exterior precisam ser limitadas.

O sistema fiscal do país precisa ser profundamente alterado, de modo a reduzir seu caráter regressivo e torná-lo mais eficiente do ponto de vista do estimulo e direcionamento das decisões econômicas.

O Estado precisa recuperar sua capacidade de planejar e orientar a atividade econômica, deixando de ser um mero repassador de recursos para alimentar as decisões do setor privado, baseadas exclusivamente no mercado e sem maiores preocupações com os interesses do conjunto da sociedade.

O papel das empresas estrangeiras precisa ser redefinido. A propriedade exclusiva do capital as tornam insensíveis aos interesses do país em matéria de contribuição para geração líquida de divisas e capacitação tecnológica.

A alternativa que os candidatos de oposição estão em condições de levar adiante, não inteiramente reveladas em seus discursos, afigura-se como a mais nefasta possível para a maioria da população, pois baseia-se em medidas de austeridade que reduzam os gastos sociais do governo e no fortalecimento do papel do mercado na condução do processo de desenvolvimento.

O receituário neoliberal em que se baseiam as propostas dos opositores nada mais são do que a reprodução das fórmulas que levaram à profunda crise que tem afetado tanto os países centrais quanto os mais frágeis da União Europeia, acarretando a deterioração das condições de vida e dos níveis de emprego.

Os candidatos da oposição, pelos compromissos que os ligam à elite empresarial e aos segmentos mais conservadores da sociedade, não se propõem a realizar mudanças de fundo nas instituições econômicas e políticas do país, mas apenas a reforçar os aspectos mais nocivos da atual política econômica, em sua visão de curto-prazo, centrada na proteção dos interesses dos mercados financeiros nacional e internacional e na suposição de que o mero crescimento do PIB contribuirá para solucionar os graves problemas sociais do país.

Os desequilíbrios na área econômica que vem se acentuando decorrem do conflito entre o estado liberal dominante em nossas instituições políticas e econômicas e a forte presença no governo de forças populares que buscam impulsionar mudanças na direção de um estado de bem-estar social.

As forças políticas que defendem retorno ao estado liberal, diante do avanço das forças que buscam consolidar um estado de bem-estar social representam potencialmente um perigo para a democracia no país, pois poderão convergir para promover o retorno a um regime autoritário, de corte fascista, aliando-se a movimentos de direita que continuam muito vivos na sociedade brasileira.

Por sua vez, as forças políticas ligadas ao estado de bem-estar social, para sua consolidação, vão requerer de grandes mudanças nas instituições econômicas e políticas do país.

Tais mudanças passam por reformas que fortaleçam a representação política, incluindo a instituição de mecanismos amplos e eficazes no campo da participação direta da população no processo político.

As opções estão dadas. Não nos iludamos imaginando que é indiferente escolher qualquer um dos candidatos que aí estão. Os votos nas próximas eleições vão ser determinantes para os rumos do Brasil nas próximas décadas.

Se as forças políticas de centro-esquerda que estão à frente do governo não têm sido capazes de liderar todas as mudanças que o povo está a demandar, pior será se o poder voltar às mãos da elite empresarial e oligárquica que vê o povo como mero instrumento de acumulação de riqueza, mesmo que às custas de uma submissão crescente ao capitalismo destrutivo das grandes corporações.

Corporações essas que lutam dia e noite para estender seus tentáculos a todos recantos da terra, condenando os povos a viver em estado de guerra permanente, a destruir seus recursos naturais para fomentar um consumo inconsequente, a manter vastos segmentos da população desempregados e submetidos à miséria. Tudo isto, em nome do proveito de minorias que concentram o poder e riqueza em suas mãos.

(*) Economista. Cursou o doutorado de economia da UNICAMP. Ex-técnico do IPEA.

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Comentários

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Juliana Motta

Excelente, esclarecedor! Claro, didático e, principalmente, lúcido, característica que tem faltado aos debates atuais!

Julio Silveira

Neoliberalismo é apenas uma roupagem usada para disfarçar os mesmos espiritos colonisados que sempre existiram no Brasil. Essa turma sem criatividade, que adora formulas prontas vindas de fora. No passado eram até um pouco mais discretos nessa adoração, com viés de submissão. Hoje seus herdeiros perderam o pudor e já não fazem questão nem mesmo de enganar, acreditam ter consolidado um time muito grande de simpatizantes a causa depois de anos de catequismo pró espirito de vira latas, e exultação ao “grande irmão do norte”.

Marcos

O que está em jogo é o pré-sal: para os endinheirados do mundo (defendidos pelos psdb/pig) ou para os brasileiros.

Nelson

Vamos falar claro.

Uma democracia verdadeira é aquela em que o povo participa, de fato, das decisões, em que o capital não compra eleitos e patrocina eleições, entre outros quesitos.

Tivéssemos essa democracia, desde o Chile, na década de 1970, quando implantaram o piloto do neoliberalismo, até a Argentina, o Brasil e tantos outros países que caíram nessa armadilha nefasta de acreditar no deus Mercado como solução para tudo, os neoliberais teriam sido apeados do poder ligeirinho.

Então, para prosperar, o neoliberalismo necessita desses simulacros de democracia que temos aí. Democracias em que você “vota mas não elege”, como diz Eduardo Galeano. Só enfiando as botas no pescoço do povo é que os neoliberais conseguiram e conseguem implantar seus milagreiros planos econômicos.

Assalariado

eu tenho medo..

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

acho legal as analises de vote em mim porque o outro é o satanás

    Mário SF Alves

    “eu tenho medo..

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    acho legal as analises de vote em mim porque o outro é o satanás”

    _______________________________________

    O que está em jogo não é essa simplicidade toda, não, caro e prezado Assalariado.

    Não há dúvida de que a competição por votos é parte fundamental do processo democrático. O problema é quando a competição eleitoral é contaminada pela anti-política neoliberal, apoiada por corporações e movimentos fora da lei e vendida como política democrática. Por que não assumem o que querem e o que de fato representam?

    ________________________________________

    Bom… se você prefere chamar de satanás o neoliberalismo, essa estúpida tábua de salvação do capitalismo, vá lá… quem sabe, talvez, pode ser, sei lá.

augusto2

O nucleo do pensamento e de avaliaçao quase unânime.

Luís Carlos

O neoliberalismo opta por regimes autoritários, desde que existe. É assim, desde os EUA, com regimes cada vez mais autoritários e com absoluto controle dos pensamentos alheios aos interesses do mercado (entenda-se por mercado especuladores rentistas de grosso calibre). assim também é na Ucrânia, Tailândia, Na Itália, onde, na crise iniciada em 2008o “mercado” escolheu e empossou presidente de seu gosto, sem eleição, o mesmo ocorrendo na Grécia. Em toda América Latina, no passado, com golpes de estado, ditaduras e mídias corruptas, e também no presente, com exemplos do Paraguai e Honduras mais recentes. Na verdade o mercado é autoritário do ponto de vista político, pois como afirmou Hayek, a liberdade prioritária é a liberdade econômica, que no caso da afirmação dele, significa mais precisamente liberdade financeira para especuladores rentistas em detrimento da liberdade política na forma de democracias para os povos.
Aécio? Apenas mais um serviçal capacho desses interesses, já em curso no império mineiro forjado por ele, irmã e outros da mesma cepa cínica e autoritária.

    Daniel

    Você só consegue concentrar as riquezas de um país nas mãos de uma meia dúzia usando autoritarismo, porquê sempre chega em um ponto que a paciência dos 99% que estão sendo roubados acaba e eles saem exigindo a cabeça dos responsáveis (e usualmente de forma literal). E isso SEMPRE acontece porquê a cobiça dos 1% basicamente não têm limites: Dê um milhão para eles, e eles irão querer 1 bilhão. Dê um bilhão, eles irão querer 1 trilhão. É um saco sem fundo. Mesmo que fosse possível todo o dinheiro do planeta parar nas mãos dos 1%, eles ainda não achariam suficiente.

    Mário SF Alves

    Neoliberalismo na Grécia. Impactos:
    “Após ano turbulento, Grécia entra 2013 sob austeridade e ascensão neonazista.”

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clodoaldo

LCA, que saudade eu tenho das rodovias esburacadas (sem previsão de reformas), dos altos índices de desemprego, das escolas públicas mal estruturadas em benefício das empresas privadas de ensino (em todos os níveis do maternal ao ensino superior), dos professore que ganhavam apenas um salário mínimo, das determinações judiciais para criar vagas nos hospitais públicos, do pífio investimento na agricultura familiar, da falta da indústria naval (tudo relacionado a construção naval era feito fora do Brasil), das privatizações que não renderam melhorias na educação e saúde e no bem estar social dos brasileiros de modo geral (somente os envolvidos diretamente nas negociações foram bem sucedidos), dos preços altos das passagens aéreas (não havia lotação nos aeroportos), e saudade, também, de quando o acesso aos bens de consumo mais modernos era apenas da elite branca, podre e hipócrita.

    Mário SF Alves

    Esqueceu, entre vários inúmeros outros, um:

    O frango ofertado só com a carcaça. Ou seja, apenas os ossos; o esqueleto do galináceo.

    Bizarro? Surreal?

    Não. Verdade!

    E tudo em nome do quê?

    Do deus mercado, da limpeza, da anti-poluição popular.

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    _________________________

    Não entendo esses caras. Afinal, o SOL não nasce pra todos?

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    https://lh3.ggpht.com/-qwNLE08VJRc/Ufk8SEGDIyI/AAAAAAAAWfI/3jci4ZMyHEo/s1600/4.jpg

    E se a soma de forças funcionar,
    Se a verdade prosperar…

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Alberto

Não tenho dúvidas que um governo do Aécio (Para o bem de todos brasileiros, tomara que não aconteça!), será um governo fascista e corrupto.
Com o Aécio o Brasil corre o risco de se transformar em um grande Haiti.

Nei Loja

MAS VAI SAIR PORRADA A geração que viveu a ditadura ainda está viva

Sr. Indignado

Aécio Bush.

Lima

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH. É pra rir?

    Mário SF Alves

    Sim. Mas só se você for rentista. Já, se for mais um coxinha produzido nos laboratórios da inVeja, nem tanto.

    Mesmo porque, se o golpe vingar e vocês rentistas conseguirem impor seu esquema antisocial e anti-Brasil os referidos coxinhas estarão imediatamente órfãos. De tudo. E maus, com o Estado Mínimo neoliberal, nem a perspectiva de concurso público terão mais.

    Nada do que o radicalismo neoliberal e a máfia que dele se beneficia fizerem será objeto do NOJO dos sopa de letrinhas e megalomaníacos hoje de plantão na mídia fora da lei. Sem o PT pra bater, vão viver do quê, a não ser bajular o regime que teoricamente teriam ajudado a constituir?

José X.

José Aníbal: desMinistro dos Transportes
Imbassahi: desDiretor da Polícia Federal
Aloísio: desMinistro da Justiça
Armínio nauFraga: desMinistro da Fazenda

Atrás dos bastidores, comandando o Reich com mão de ferro, Andrea Neves.

É mole ou quer mais ?

Brincadeira ? Não duvido nada que isso viesse a acontecer…

    augusto2

    E isso, ze x. Mas nem fale quem seria o escolhido da Cultura.

Fabio Passos

As oligarquias financeiras querem impor ao Brasil a política de “austeridade” que estraçalhou o Brasil durante fhc.

O peixe podre que aécio neve quer vender: Corte de investimentos sociais, redução de salários, privataria, aumento do desemprego, liberdade total para a especulação.

O naufraga no comando do assalto é garantia de retrocesso social e político… e de lucros fabulosos para especuladores miliardários e vagabundos.

Mário SF Alves

Parabéns a todos que contribuíram para que a presente análise chegasse até aqui.

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Pressupostos: gradual e rápida supressão da democracia formal, seguida de plena e aberta submissão a diretrizes internacionais impostas pelo capital financeiro aliado a mega-corporações.

Resultado:

Autoritarismo, recrudescimento do fascismo, guerra psicológica, sabotagens, belicismo convencional dissimulado e oligarquização de setores do poder hegemônico socialmente excludente.

É disso que se trata.

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Agora, a seguir, o que é fundamental saber:

1- “As opções estão dadas. Não nos iludamos imaginando que é indiferente escolher qualquer um dos candidatos que aí estão. Os votos nas próximas eleições vão ser determinantes para os rumos do Brasil nas próximas décadas.”

2- “Se as forças políticas de centro-esquerda que estão à frente do governo não têm sido capazes de liderar todas as mudanças que o povo está a demandar, pior será se o poder voltar às mãos da elite empresarial e oligárquica que vê o povo como mero instrumento de acumulação de riqueza, mesmo que às custas de uma submissão crescente ao capitalismo destrutivo das grandes corporações.”

3- “Corporações essas que lutam dia e noite para estender seus tentáculos a todos recantos da terra, condenando os povos a viver em estado de guerra permanente, a destruir seus recursos naturais para fomentar um consumo inconsequente, a manter vastos segmentos da população desempregados e submetidos à miséria. Tudo isto, em nome do proveito de minorias que concentram o poder e riqueza em suas mãos.”

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