Felipe Coutinho: Resultado do “megaleilão” foi o menos pior

Tempo de leitura: 2 min
Tânia Rêgo, Agência Brasil

do site da AEPET

O megaleilão de quatro áreas do excedente da Cessão Onerosa teve menos concorrência que o governo esperava.

Das 14 empresas habilitadas, apenas sete compareceram. Ao final, foram arrematadas somente duas áreas de exploração.

Assim, o governo arrecadou dois terços do total esperado.

Dos R$ 106 bilhões que o governo esperava arrecadar, levou só R$ 69,9 bilhões.

Previa uma entrada de pelo menos US$ 10 bilhões em capital estrangeiro, mas só entrará US$ 1,5 bilhão.

A Petrobrás venceu a disputa pelos excedentes da área de Búzios, ficando com 90% de participação e operação, em parceria com as chinesas CNOOC e CNODC — cada uma ficou com 5%.

Já em Itapu, a Companhia foi a única a apresentar lance, ofertando um percentual de excedente em óleo para União de 18,15%, o mínimo estabelecido pelo edital.

Apesar de considerar o leilão “inoportuno e lesivo ao interesse nacional”, o presidente da AEPET, Felipe Coutinho, considera que o resultado foi “o menos pior” que poderia ser, já que a Petrobrás arrematou Búzios e Itapu, os dois blocos nos quais exerceu preferência.

“Considero que o leilão não deveria ser realizado. Acelera o ciclo extrativo e primário exportador, do tipo colonial, do petróleo cru do Brasil. Os critérios prejudicam o interesse nacional porque não retém a renda petrolífera corrente e potencial, prioriza o pagamento do bônus de assinatura que é a antecipação descontada da renda petrolífera futura”, ratificou Coutinho.

Atapu e Sépia

Nenhuma das empresas apresentou lances pelas áreas de Atapu e Sépia, no pré-sal da Bacia de Santos.

Atapu tinha bônus de assinatura fixado em R$ 13,742 bilhões e percentual mínimo de excedente em óleo para União de 26,23%.

Por sua vez, Sépia era o segundo mais valioso campo da licitação tanto em termos de bônus de assinatura, que ficou definido em R$ 22,859 bilhões, como também no percentual mínimo de óleo excedente (27,88%).


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Comentários

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Nelson

Conforme algumas análises que andei lendo, não devemos cantar vitória em demasia. Se é bom vermos que esta montanha de petróleo não foi doada, ainda, precisamos mobilizar o povo, porque eles voltarão à carga. E farão leilões em condições ainda mais vantajosas para as grandes petroleiras estrangeiras.

Seriam três, no mínimo, os motivos pelos quais não devemos cantar vitória:

1 – O grande capital prevê a eclosão de nova crise de proporções mundiais no sistema capitalista. Com ela, haveria uma disparada do dólar e uma grande desvalorização do real. Isto tornaria os ativos brasileiros, nosso patrimônio, bem mais baratos. Então, as petroleiras estão à espera de mamatas ainda maiores.

2 – O leilão de agora teria sido utilizado pelo governo Bolsonaro para arrecadar, em cima da Petrobras, e, com isso, cobrir seu rombo nas contas. Ou seja, uma perfeita “pedalada fiscal” que, fosse no governo do PT, resultaria em impedimento do presidente.

3 – Os equipamentos atuais, que a Petrobras tem utilizado para a perfuração em grandes profundidades, os dutos, têm apresentado uma vida útil bem abaixo – menos da metade do tempo – da que era prometida pela empresa fornecedora. Então, as petroleiras estrangeiras, oportunistas como sempre, estariam esperando que a Petrobras faça a substituição dos dutos para não terem que arcar com estes custos. Elas estariam esperando também que a tecnologia avance e garanta equipamentos mais resistentes.

Assim, qual urubus, as petroleiras estrangeiras estariam a esperar, pacientemente, que a carniça fique mais apetitosa do que já é.

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