Eduardo Condé: Marina combina mundo bíblico com ecologismo

Tempo de leitura: 4 min

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Porque voto em Dilma Rousseff

por Eduardo Salomão Condé*, no Facebook, sugerido por Tiago Rattes de Andrade, via Facebook

Nos últimos anos o Brasil iniciou uma rota de desenvolvimento que já produziu efeitos muito fortes no conjunto dos indicadores sociais e macroeconômicos.

Se compararmos o ano de 2002, o último do professor Cardoso, com 2014, não há um índice sequer que possa ser apresentado hoje que esteja em situação inferior àquele triste momento da trajetória brasileira.

Inflação, câmbio, dívida pública, relação dívida/PIB, taxa de investimento, a taxa de emprego, índice de formalização da força de trabalho e alhures, acrescidos do índice de Gini, salário médio, política de salário mínimo, contas previdenciárias e programas sociais, somente um desavisado, cego pela paixão partidária ou ódio, moralista de caserna e/ou indignado seletivo pode imaginar que o Brasil de hoje está em um patamar inferior às aventuras liberais dos anos de 1990 e que Dilma está mostrando um país pior que aquele de seu antecessor, justamente o que iniciou a trajetória de já doze anos de mudança.

Mesmo com velocidade ainda baixa, a educação apresenta melhorias, mas pode avançar muito mais.

A saúde debate-se com o gigantesco projeto de universalizar atendimento, conter o apetite privado e chegar a todos os cantos do país, mesmo importando médicos.

Sim, o PIB vem crescendo pouco, a taxa de juros ainda é muito alta, a questão do câmbio e da poupança interna são temas sim de debate e a velocidade da queda da desigualdade não é mais tão espetacular. Mas o Brasil de 2014 está, em uma trajetória de melhorias, a anos-luz do Brasil de 2002.

O projeto atual de desenvolvimento envolve temas como a constituição de um mercado sólido de consumo de massas, bancos públicos em ação anticíclica e como agentes de provimento de crédito, o BNDES sendo parte de uma estratégia de financiamento de empresas e de empreendimentos aqui e no exterior alavancando negócios e investimentos, a Petrobrás gerenciando a maior parte das maiores reservas de petróleo descobertas nos últimos anos.

Marcos regulatórios importantes como o do setor elétrico, as obras de infraestrutura e a constituição de compras governamentais, incentivos à produção de conteúdo nacional e políticas de concessão de serviços, mais o estímulo à política industrial e aumento dos investimentos em pesquisa, indicam outro patamar de debate.

Houve mudanças na vida social ao ponto de produzir um relevante movimento para cima, trazendo à cidadania e ao próprio mercado um contingente muito apreciável de homens e mulheres. Este grupo agora mudou de patamar e espera mais, ele olha para o espelho e não mais se vê como o pobre ou envergonhado que não via futuro, ou preferia migrar em busca de emprego. Filhos tem trajetória superior às dos pais, e querem mais. Chegaram ao fim da adolescência em outro país. E querem mais. È justo e é da democracia. Agora podem reivindicar: em 2001 ele podia apenas esperar uma migalha ou o desemprego em um país estagnado e com inflação mais alta que os últimos anos.

Dilma não enfrentou o monopólio de mídia, não corrigiu a rota dos juros, perdeu parte da confiança de alguns setores industriais e poderia aprofundar mais sua política de direitos e mesmo avançar mais na universalização de políticas sociais. Mas, os passos dados até aqui não podem cessar.

Aécio Neves pode aprofundar isso e continuar com nossa trajetória de desenvolvimento? De forma alguma: ele inventou a máquina do tempo para 1995 ou 1999, com seu subinvestimento e desmonte estatal.

Marina? Não se sabe direito o que pensa e sua visão de mundo combina mundo bíblico, ecologismo e neoliberalismo, sem que ninguém saiba exatamente como essas forças convivem ou poderão conviver.

Marina não faz campanha: prega. Desconfia da ciência e da política. Se segue seus consultores de economia, retornamos ao tempo de FH, Malan e Armínio com ajuste fiscal draconiano, desemprego, contenção de gastos sociais. Se enveredar pelo campo dos avanços sociais desagrada seus parceiros e apoiadores do mercado. Como vai e vem, terminará indo para algum lugar ruim, pois parece ter a ilusão de que governaria com o “melhor de cada partido” e, ao mesmo tempo, sem negociar pelo que ela vagamente chama de “nova política” (com quem? Onde, de que forma?).

Somente Dilma pode, nessa conjuntura, permanecer à frente de um projeto de desenvolvimento dinâmico e inclusivo, pode seguir aprofundando-o. Quem sabe superar os temores em relação à mídia e aos rentistas, quem sabe aprofundando o diálogo social e com o empresariado, ouvindo as forças sociais e virando seu governo à esquerda,remando contra a maré de um vento que vem do passado e ameaça a todos nós com a receita da ortodoxia, do conservadorismo, de uma economia com inserção passiva no mercado internacional e uma política externa de costas para a América Latina, a Ásia e os novos parceiros estratégicos no G20.

O momento não permite hesitação. A conta é excessivamente alta e o risco altíssimo. Dilma é a esperança de aprofundar o que os governos do PT e das forças progressistas permitiram nos últimos 12 anos, ultrapassando todos os indicadores dos 12 anos anteriores a Lula. Votar Dilma é votar com a esperança de quem quer mais, muito mais, olhando, como disse Roosevelt na década de 30, para o fundo da pirâmide econômica, para a tradição que remonta aos governos trabalhistas de Vargas e os desenvolvimentistas como Celso Furtado, para aquilo que o presidente Lula denominava um novo Brasil para todos os brasileiros.

Aécio ou Marina? Espero que nunca mais. No dia 5 a esperança pode começar a renascer e Dilma carrega seu nome – com aqueles milhões de brasileiros que conseguem enxergar outro horizonte.

*Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP (2004) e Mestre em Ciência Política no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro IUPERJ (1996). É professor associado no Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora, onde também atua no programa de Pós-graduação (Mestrado-Doutorado) em Ciências Sociais. É pesquisador associado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Políticas Públicas e Desenvolvimento (INCT PPED), do qual participam UFRJ,UFF, UNICAMP e UFJF. Suas áreas de interesse abrangem a Ciência Política e suas fronteiras com a Economia, destacando-se os seguintes campos: políticas públicas, desenvolvimento,proteção social em perspectiva comparada e integração européia. Vem desenvolvendo projetos de pesquisa sobre bem estar, proteção social e variedades de capitalismo.Foi Diretor do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Juiz de Fora entre 2006 e 2014.

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Comentários

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O Mar da Silva

Com todas as limitações que seu governo tem tido, não há dúvida, de que Dilma é a única saída entre os quatro melhores avaliados pelas suspeitas pesquisas eleitorais.

Basta se basear mais em dados e menos em PIG para perceber que o Brasil depois de FHC melhorou em muitas áreas.

O resto é o engodo de empresas como as do Grupo Abril e Globo.

Urbano

E essa combinação é apenas uma máscara utilizada por ela, uma vez que, pelo que tem demonstrado, não vive nem uma coisa, nem outra.

    Mário SF Alves

    Pois é, caro Urbano, e mais:

    Talvez, e muito provavelmente, essa dualidade, decorra dos assessoramentos dela. Vide WWF.

    Dize-me quem te assessora e dirte-ei quem és!

    Dize-me com que André, tu te aconselhas e dirte-ei o que pretendes!

    Dize-me quem te concede honras, títulos e vultosos prêmios em dinheiro e dirte-ei a quem serves!

    ____________________________
    Ah, quem dera fosse simples assim… mas, que é bem por aí, ah, isso é.

    Urbano

    Mas Mário, quem define estratégia é o comandante; assessor recomenda a tática.

FrancoAtirador

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PSB ADIA REUNIÃO DO DIRETÓRIO NACIONAL

PARA EVITAR QUE VENHA A PÚBLICO NA ELEIÇÃO

O RACHA PROVOCADO PELA CANDIDATURA MARINA.

ROBERTO AMARAL TENTA, INGENUAMENTE, SALVAR

O NADA DE SOCIALISMO QUE SUPÕE RESTA NO PSB.

27/09/2014
Diário de Pernambuco

Roberto Amaral recua e aceita adiar para o dia 13
reunião que elegerá nova executiva.

Por Josué Nogueira

O PSB nacional emitiu nota informando o adiamento da reunião
que ocorreria nesta segunda-feira (29) para decidir
sobre a composição da nova Executiva Nacional do partido.

Nota do PSB:

“O presidente Nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Roberto Amaral, decidiu neste sábado (27/10), a pedido do Diretório Estadual de Pernambuco, adiar a reunião do Diretório Nacional para o dia 13 de outubro, ocasião em que será eleita a nova Executiva Nacional do PSB.

O motivo é a proximidade das eleições de primeiro turno que ocorrerá no próximo dia 5.

Confira, abaixo, carta do presidente Roberto Amaral ao presidente do Diretório de Pernambuco, Sileno Guedes”.

Carta de Roberto Amaral a Sileno Guedes:

“Prezado amigo

Agradeço, de forma comovida, sua solidariedade.
Devo-a pessoalmente, e deve-lhe coletivamente nosso Partido.
Recebi, nesse período inumeráveis provas de confiança e apoio.
Serei sempre grato.
Recentemente, os companheiros de Pernambuco insistiram no adiamento da Reunião do Diretório Nacional que ocorreria na tarde desta segunda-feira.
O argumento fundamental era a proximidade das eleições de primeiro turno, e sua eventual repercussão no pleito pernambucano.
Hoje, nesta manhã de sábado, o companheiro Carlos Siqueira recebeu de Renata Campos apelo a uma composição unitária.
Discuti-o com Carlos, Luiza Erundina, Márcio França e com Miltom Coelho que concordaram com o entendimento/compromisso que está resumido no texto que se lê na sequência.

‘Prezado companheiro Roberto Amaral

Agradecemos sua compreensão concordando com o adiamento da Reunião do Diretório Nacional para o próximo dia 13 de outubro, ocasião em que será eleita a nova Executiva Nacional do PSB.
Nesta oportunidade, reafirmamos nosso apoio à sua candidatura à presidente do Partido para o triênio 2014/2017.

Recife, 27 de setembro de 2014
Sileno Guedes
Geraldo Júlio’

‘De acordo
Roberto Amaral
Luiza Erundina
Márcio França’

Em face de todo o exposto, mantenho minha candidatura,
se continuar contando com sua confiança.

Saudações socialistas
Roberto Amaral”

Bom, o PSB optou por evitar expor um racha a cinco dias da eleição,
o que poderia complicar a candidatura de Marina Silva ao Planalto.
.
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    Mário SF Alves

    “Roberto Amaral recua e aceita adiar para o dia 13
    reunião que elegerá nova executiva.”

    “Bom, o PSB optou por evitar expor um racha a cinco dias da eleição,
    o que poderia complicar a candidatura de Marina Silva ao Planalto.”

    _______________________________

    Sim, mas, teria sido apenas em razão disso?

    Será que a coisa não estaria muito mais bem explicada se considerássemos que malandra e/ou prudentemente resolveram esperar o resultado das eleições?

    Uma coisa é a tal reunião no 29/09, outra coisa, muito diferente, é a que foi adiada pro dia 13/09.

    As consequências políticas de uma poderiam ser diametralmente opostas da outra.

    Daí, eu pergunto: adiantou no quê a carta aberta do digníssimo doutor Moniz Bandeira?

    Bobagem. Adiantou, sim. Anteviu-nos os palpos de aranha em que se meteu o velho e bom PSB.

abolicionista

Marina, a candidata do desemprego e da privatização. Não vai chegar longe com esse programa…

Mário SF Alves

Acabei de assistir duas entrevistas da Luciana Genro. Uma ao Rafinha Bastos, e outra ao Gentille.

Conclusões:

1- Ela tem saúde;

2- Ela está longe de desmontar o novo FEBEAPA e que tanto entrava a discussão da realidade política. O que é lamentável.

Mais lamentável ainda é saber que poucos intelectuais estão em melhor condição do que a dela.

E é exatamente por isso que se vê prosperar tanto a população dos néscios em política que nada fazem além de fomentar o tal festival.

Mas… temos progredido, bem pouquinho, é verdade.

Mário SF Alves

É essa a fórmula. E aí, companheiro, não há dialética que dê jeito.

Já diziam os antigos: contra a força não há argumento.

O incrível, o alucinante de tudo isso seria, a exemplo dos dois FHCs, ver as riquezas produzidas pelas mãos dos trabalhadores brasileiros se esvaírem – mais uma vez, ingênua e “docilmente” – em direção ao empoderamento daqueles que sempre foram seus piores e mais inflexíveis exploradores. Isso, sim, seria de endoidar.

Em tempo:

O Estado de SP que há vinte anos encontra-se submetido à hegemonia do PSDB, o partido que traiu a socialdemocracia e que hoje lança o Estado em sua pior performance política de todos os tempos. Para mim é exatamente isso o que mostra pesquisa recente:

“A candidata do PSB a presidente, Marina Silva, lidera a disputa em três estados do País: Acre, São Paulo e Espírito Santo, além do Distrito Federal. Entre os estados governados pelo PSB, apenas no Espírito Santo Marina lidera a disputa. É o que mostra o Estadão Dados, com base nas pesquisas realizadas pelo instituto Ibope.”

Mário SF Alves

Sem entrar no mérito da referida combinação quase quântica, li hoje uma notícia no mínimo emblemática, ou melhor, “desvendática”:

“A candidata do PSB a presidente, Marina Silva, lidera a disputa em três estados do País: Acre, São Paulo e Espírito Santo, além do Distrito Federal. Entre os estados governados pelo PSB, apenas no Espírito Santo Marina lidera a disputa. É o que mostra o Estadão Dados, com base nas pesquisas realizadas pelo instituto Ibope.”

Fonte:http://seculodiario.com.br/19006/8/alem-do-estado-marina-silva-lidera-no-acre-sao-paulo-e-df-1

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Em decorrẽncia disso, impossível conter a perplexidade:

São Paulo em pé igualdade com o Acre e com o Espírito Santo! Quem diria.

Esse PSDB… vinte anos de hegemonia; vinte anos no governo do Estado de São Paulo.
Estória antiga. Lembrou-me o Adhemar de Barros, três vezes governador de SP: “o rouba, mas faz”!

Sim, corrupção braba, e já naqueles tempos. Mas, a retórica deste partido, por incrível que pareça, continua a mesma. A seguir, Um fragmento histórico:

“Eu protesto contra a deturpação do regime. Se não vamos entrar numa guerra, para que espada? Se não vamos fazer ditadura, mas democracia, para que precisamos do ódio, da vingança, das perseguições e do juízo final, a que se propõe o homem da vassoura? “Entre a Força do Mal e o Mal da Força”, simbolizados na vassoura e na espada, eu sou o caminho. O caminho da Democracia, da Verdade e do Entendimento, simbolizado num “salva-vidas” que é o de que a Nação anda precisando neste caos em que se debate! ” Adhemar de Barros¹. Nesta eleição venceu o homem da vassoura, Jânio Quadros, o mesmo que sob o pretexto de que forças ocultas o impediam de governar, logo, logo renunciaria. Fato que muito provavelmente tenha ocorrido por influencia do forte impacto emocional sentido por grande parte da população em razão das pressões que levaram ao suicídio de Vargas.

¹Governou São Paulo, como interventor, nomeado por Getúlio Vargas, por indicação de seu protetor Felinto Müller, de 27 de abril de 1938 a 4 de junho de 1941.

E como governador eleito nos períodos: 1.º – 14 de março de 1947 até 31 de janeiro de 1951 2.º – 31 de janeiro de 1963 até 6 de junho de 1966.
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Ainda sobre o Adhemar:
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Pelamordedeus, acorde valoroso povo de SP, ainda há tempo!

Fabio Passos

Nem pensar em retrocesso.
marina e aécio querem roubar dos trabalhadores pobres para dar aos milionários vagabundos!
A direita quer voltar ao poder para destruir os avanços sociais de Lula e Dilma.

Avante Presidenta, Dilma!
A verdade está destruindo as mentiras.

FrancoAtirador

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Para fazer a Convergência dos 3 mundos da MariNéca:

Basta colocar todos os homens bons na Arca do Papai Noé,

destruir as comportas da Usina Hidrelétrica de Itaipu

e inundar de uma só vez o Brasil, a Argentina e o Paraguai.
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    FrancoAtirador

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    Com estas simples medidas adotadas pela Imperatriz Verduga MariNécaFaia,

    salvam-se somente os incorruptíveis, como no evento bíblico do dilúvio,

    restaura-se a Natureza à forma original, como querem os eco-loji$ta$,

    e afunda-se definitivamente o Mercosul, desejo dos neoliberais latinos.
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    FrancoAtirador

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    Em Pernambuco, vão votar em um Morto.

    Em São Paulo, votarão em um Zumbi.

    Aliás, em um Zumbi e um Morto-Vivo.
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