Dinheiro que Bolsonaro desprezou compra até botas para combatentes do fogo

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Reprodução

Da Redação

O diário direitista paulistano O Estado de S. Paulo obteve informações sobre a destinação dos recursos do Fundo Amazônia, que o governo Bolsonaro descartou.

“Dos dez caminhões especiais que o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) do Ibama possui hoje, seis foram comprados com repasses do Fundo Amazônia. Alguns desses caminhões passaram a ser utilizados já neste ano, na gestão do presidente Jair Bolsonaro. Várias picapes adaptadas também foram adquiridas com o dinheiro europeu”, informou o repórter André Borges.

Dinheiro do Fundo também ajudou a comprar 12 mil pares de botas, camisetas e calças para brigadistas contratados temporariamente pelo Ibama.

O Ibama atua no combate ao fogo em áreas federais — reservas indígenas, quilombolas e assentamentos.

O Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) atua em áreas de conservação, muitas vezes com apoio do Ibama.

O dinheiro do Fundo, segundo o Estadão, continua a ser utilizado: um contrato de quase R$ 15 milhões entre o Fundo e o Ibama só vence em agosto de 2020.

Noruega e Alemanha, os grandes doadores do Fundo, congelaram repasses de R$ 289 milhões ao Brasil depois que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) constatou aumento no desmatamento na Amazônia.

Em resposta, Bolsonaro demitiu o diretor do órgão, acusou a Noruega de caçar baleias com um vídeo gravado na Dinamarca (a Noruega de fato caça baleias) e mandou Angela Merkel, a chancelar da Alemanha, usar o dinheiro do Fundo para reflorestar a Amazônia.

A embaixada da Alemanha no Brasil respondeu divulgando um vídeo mostrando as florestas do país e convidando os brasileiros a visitá-las.

O BNDES é o responsável pela gestão do Fundo, que pode ser acessado tanto por órgãos governamentais quanto por ONGs — daí o desprezo de Bolsonaro.

O presidente da República acusa ONGs de manipularem indígenas contra o garimpo e, mais recentemente, de provocar queimadas para arranhar sua imagem.

Bolsonaro já disse que não vai demarcar nenhum centímetro de áreas indígenas, com o argumento de que elas travam o desenvolvimento econômico.

Alguns dos estados em que ele teve maior votação em 2018 — Roraima, Rondônia e Acre — estão entre os campeões dos focos de incêndio e áreas desmatadas.

O Brasil tem uma precária rede de combate ao fogo.

Em outubro de 2017, um incêndio provocado no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros durou quase um mês e destruiu cerca de 25% da área.

Neste caso foi no cerrado, em área bem acessível, relativamente próxima a Brasília.

Formada nas redes sociais, a Rede Contra o Fogo, organizada por voluntários, arrecadou R$ 470 mil no Catarse e deu origem a uma brigada de voluntários que faz trabalho preventivo no entorno do parque.

O trabalho preventivo é o de queimar pequenas áreas,  criando barreiras para que incêndios acidentais ou criminosos, especialmente nas margens de rodovias, não avancem sobre casas ou o parque.

O bioma mais ameaçado do Brasil hoje é o cerrado, por conta do avanço do agronegócio.


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Zé Maria

Duas obviedades

Com fogo na Amazônia,
Bolsonaro descumpre Constituição
e desrespeita tratados

Por Jânio de Freitas, na Folha

Há mais de um ano, ou desde o início da sua campanha eleitoral, Bolsonaro ataca a preservação do ambiente, em especial a da Amazônia.
Ataca a proteção à vida indígena e suas reservas florestais.
Ataca os ambientalistas, as ONGs e todos os que defendam o patrimônio natural.

Esse Bolsonaro só foi contestado pelos que lutam sem poder.
A classe socioeconômica que condiciona a gestão do país nem desviou os olhos da Bolsa.
E só abriu os ouvidos para as promessas de privatização e de “reformas” a seu favor.

No governo, Bolsonaro começou por entregar o meio ambiente a um antiambientalista —Ricardo Salles, advogado, condenado em primeira instância por crime de improbidade quando secretário do Meio Ambiente (por um ano) de Geraldo Alckmin.

Logo foi posta em prática a essência do novo governo, definida por Bolsonaro:
“Eu não vim pra construir, eu vim pra destruir isso que taí”.
O que sempre inclui mais do que serviços e organizações:
também pessoas e, claro, patrimônios públicos.

Os primeiros efeitos da política antiamazônica mostraram-se quase de imediato:
madeireiros, pecuaristas e garimpeiros viram-se livres de fiscalização e agiram.

A imprensa estrangeira noticiou e criticou o descumprimento de acordos internacionais pelo governo brasileiro. E acompanhou, no destaque e no tom, cada registro de maior desmatamento.

Foi preciso que estrangeiros reagissem à aceleração do fogaréu amazônico, incentivada e protegida pelo governo de Jair Bolsonaro.

Bolsonaro e os seus militares responderam como os flagrados de sempre.

General Villas Boas, quando comandante do Exército,
patrocinador da candidatura de Bolsonaro:
“Essa campanha externa tem interesses por trás”.
E, pela frente, motosserras e um governo a incentivar os madeireiros criminosos, aos três meses de mandato, com a proibição da queima dos seus caminhões apreendidos.

General Augusto Heleno:
“Essas publicações prejudicam muito o Brasil”.
Não notou que o desmatamento, não a publicação, é que prejudica.
Trata-se, pois, de ação mal-intencionada da imprensa, explicação que culmina em piromania de ONGs a colorir a mente opaca de Bolsonaro.

Não há como escapar à responsabilidade de Bolsonaro pelo fogaréu amazônico.
Confirmada na absoluta omissão de medidas de combate aos incêndios e incendiários, mesmo depois das insultadas suspensões de ajuda alemã e norueguesa.
Bolsonaro começou [o Governo] por entregar o meio ambiente a um antiambientalista —Ricardo Salles, advogado, condenado em primeira instância por crime de improbidade quando secretário do Meio Ambiente (por um ano) de Geraldo Alckmin.

Só com a atribuição de crise internacional ao horror amazônico foi sugerido o remendo de soldados no papel de bombeiros.
Medida útil para disfarçar a concordância dos militares bolsonaristas com a política antiambientalista e anti-indígenas na Amazônia.

A Fiesp de Paulo Skaf [ironia] alerta o mundo de que “o Brasil exige respeito” ou, do contrário — bem, do contrário, vários no mundo suspendem compras no Brasil e suas vendas para cá, por exemplo.

Seria pouco, comparado ao que podem.

E nisso se mostra o tamanho da contradição em que os militares entraram.

A Amazônia substituiu a Argentina na guerra hipotética que, aqui como no mundo, alimenta o pretenso sentido das forças militares.

Supostas ou reais ambições estrangeiras sobre a Amazônia têm sido a obsessão nas últimas décadas.

Estrangeiros a distância, portanto.

E, no entanto, é o governo marcado pela presença militar, numerosa e importante, que excita e atrai inquietações externas, sejam quais forem, para a Amazônia.

É improvável que nesta altura não haja, nos Estados Unidos e na Europa, cabeças especulando sobre controles internacionais.

O Brasil não teria força, de espécie alguma, para impedi-los por si mesmo.

Duas obviedades de dimensão amazônica em Jair Bolsonaro e seu governo.

Uma, o descumprimento de obrigações determinadas pela Constituição, para o meio ambiente e outros fins;

outra, o desrespeito a tratados internacionais.

Daí resultante, a permissividade concedida à exploração ilegal da Amazônia,
cerceada até a aferição científica do dano territorial,
tem relação íntima com crime de responsabilidade.
Ou lesa-pátria.

Jair Bolsonaro pôs o mundo contra o Brasil.

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/janiodefreitas/2019/08/duas-obviedades.shtml

Maurício

No 8° parágrafo, em vez de “reflorestar a Amazônia”, corrigir para “reflorestar a Alemanha”.

robertoAP

Rondônia,Roraima e Acre estão no vinagre e merecem estar e ficar lá, pois votaram em massa em um psicopata perigoso, descontrolado e imprevisível.
Vão ficar no vinagre para sempre ,pois a floresta assassinada por ele não vai ressuscitar, e nem adianta ficarem mais espertos e nunca mais votarem na direita, uma vez que o veneno já foi ingerido e não há mais antídoto.
Continuem votando na direita como um doente de câncer pulmonar que recebe autorização do oncologista para fumar ,por não fazer mais diferença quando o estágio é terminal.

Zé Maria

A Milícia do Jair Bolsonaro e do Ruralista Salles
rejeitou os R$ 289 milhões da Alemanha e da
Noruega, porque o Dinheiro era Destinado à
Prevenção, Fiscalização e Proteção Ambiental.
Fosse para Financiamento da AgroPecuária
e do Extrativismo de Madeira da Floresta o
(des)governo Bolsonaro teria aceitado a doação
e acharia pouco… É a Milícia da Devastação.

Zé Maria

Juiz Federal [*] da 21ª Vara do Distrito Federal
dá 72 horas para Bolsonaro detalhar planos
de controle das queimadas na Amazônia

O Juiz também ordenou que sejam informadas
as providências adotadas por autoridades
para punir envolvidos com incêndios criminosos
na vegetação.
Ele acolhe parcialmente ‘ação popular’ movida
pelo advogado Carlos Alexandre Klomfahs [**]

(Reportagem: Luiz Vassallo; Estadão)

*[Se for da Milícia do Moro, é Armação. E parece que é:]
**[Esse Advogado foi o mesmo que protocolou
ações populares para barrar a posse do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva como ministro nomeado
pela então presidente Dilma Rousseff (PT) e contra o
fatiamento da votação no processo de impeachment
no Senado Federal, em 2016.
É também o Advogado de Defesa do Sargento da FAB
que foi preso no Aeroporto de Sevilha, na Espanha, com 39 kg de cocaína, quando formava parte da comitiva de 21 militares que acompanhava a viagem de Bolsonaro
a Osaka, no Japão, para participar da reunião do G-20.

https://revistaforum.com.br/politica/bolsonaro/advogado-que-defende-militar-dos-39-kg-de-cocaina-e-o-mesmo-que-agiu-contra-lula/

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