Cursinhos populares debatem acesso e permanência na universidade

ENCONTRO REGIONAL DOS CURSINHOS POPULARES

por sugestão do Arsitóteles de Almeida Silva (aqui o blog dos organizadores)

A existência de cursinhos pré-vestibulares populares é uma realidade relativamente antiga – data da década de 50, com o cursinho da Faculdade de Filosofia da USP. Especialmente na década de 90 há uma proliferação dessas iniciativas e uma expansão de sua abrangência, espalhando-se por diversos estados do Brasil. Porém, a articulação política entre esses projetos – independentemente de suas distintas vertentes e projetos pedagógicos – e sua identificação enquanto movimento popular se deu de forma pouco duradoura, apesar de diversas tentativas de fóruns e encontros. Além disso, muitos projetos
surgiram e se extinguiram rapidamente.

Porém nos encontramos agora em uma realidade bastante positiva e promissora.

Há oito anos cursinhos populares de Ribeirão Preto (SP) e região próxima – inclusive sul de Minas – mantêm fóruns anuais com a intenção de articular, melhor organizar e, em alguns pontos, unificar a luta dos projetos em torno da questão da exclusão universitária e da educação no Brasil.

A partir do conhecimento deste movimento, outros projetos do Estado de São Paulo identificaram-se com a proposta e iniciaram, também, sua articulação.

Incluem-se projetos de Campinas e região, Baixada Santista, São Paulo, interior de São Paulo, Sul de Minas, Rio Grande do Sul, entre outras regiões.

Levando em frente o amadurecimento e a luta do movimento dos cursinhos populares, idealizou-se a realização, em Campinas, nos dias 20 e 21 de agosto deste ano, o 1º Encontro Regional dos Cursinhos Populares do Estado de São Paulo e sul de Minas Gerais – possivelmente o maior encontro do movimento, onde estima-se a presença de 300 pessoas – entre coordenadores, professores, pesquisadores e estudantes – de cerca de 30 projetos diferentes – entre cursinhos populares e alternativos e projetos de educação popular, EJA e Pontos de Cultura.

O tema do encontro é “Acesso e permanência na universidade”.

E quais os objetivos desse Encontro?

Pensamos que a articulação dos projetos populares de educação, que se pretende duradoura e politicamente atuante, pode possibilitar o reconhecimento do movimento dos cursinhos populares – tanto para os próprios projetos participantes e futuros membros como para a sociedade em geral, incluindo o poder público –, sua ampliação enquanto movimento popular e seu fortalecimento no sentido de buscar conquistas significativas e transformadoras da realidade da educação brasileira e, indo mais além, da sociedade.

Desvinculados de uma faceta partidária e de propostas político- pedagógicas unificadas – e sem a intenção de fazê-lo – os projetos participantes do Encontro têm a expectativa e a intenção de trocar experiências e contribuir uns com os outros, discutir e aprimorar suas atividades e aperfeiçoar sua compreensão da própria realidade educacional do país, buscando orientar suas frentes de luta.

Entre as possíveis frentes de atuação que serão debatidas, podemos destacar a luta pela conquista de desconto nas tarifas de transporte urbano (que em diversos cursinhos populares se torna o principal impedimento econômico para a continuidade dos estudantes), mudanças no vestibular no sentido de popularizar as universidades públicas (ver gráfico abaixo sobre o acesso de estudantes de escolas públicas nas universidades públicas paulistas), melhoria da assistência estudantil para ingressantes de baixa renda e maiores investimentos públicos para a educação.

Realizar um encontro regional traz a oportunidade – que de outra forma não seria possível – de estarmos lado a lado, frente a frente, solidificando o movimento e selando compromissos duradouros. Divulgar o encontro se faz fundamental para unirmos mais braços nessa luta!

A luta pela transformação desta sociedade desigual, excludente e injusta é o que nos une.

A educação e a cultura são nosso atual viés.

Comissão de organização do 1º Encontro Regional dos Cursinhos Populares

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