Esther Dweck: Confiança na democracia caiu porque não conseguimos enfrentar a desigualdade
Tempo de leitura: 3 min
Confiança na democracia caiu porque não conseguimos enfrentar a desigualdade, diz Dweck à Sputnik
Por Davi Carlos Acácio, no Sputnik Brasil
Às vésperas da COP30, em seminário sediado na Fundação Getulio Vargas (FGV), nesta segunda-feira (6), a ministra da Gestão e da Inovação, Esther Dweck, e o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, promoveram um diálogo com especialistas sobre desenvolvimento sustentável e desafios enfrentados por Estados e democracias.
Na mesa de abertura do “States of the Future 2“, nesta manhã, a ministra chamou a atenção para os desafios que se colocam para os Estados em diferentes âmbitos, desde situações como a pandemia de COVID-19 ao evento climático extremo que causou enchentes e devastação em pelo menos 90% do Rio Grande do Sul.
Nesse sentido, ela descreve a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30) como um momento fundamental para solidificar a preparação do Estado, a partir de uma cúpula que promova a implementação de acordos outrora firmados, desde a Rio-92 ao Acordo de Paris.
“Uma das coisas mais importantes é como implementar os acordos, como implementar as decisões, porque os países estão se definindo em metas”, disse.
Para isso, segundo Dweck, outras pastas estão trabalhando em conjunto com a Gestão, inclusive a Fazenda, que articula com homólogos de outros países a viabilidade do investimento na implementação de acordos firmados.
O presidente da COP endossou a exposição da ministra e ressaltou, também, o trabalho para instituir os três pilares no âmbito da conferência citados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre eles, o embaixador destacou a defesa do multilateralismo, já enfatizada em diversas ocasiões pelo chefe do Planalto.
“Fortalecer o multilateralismo não é uma frase, assim, leviana, diplomática. É extremamente importante. É a democracia. Da mesma maneira que o presidente defendeu a democracia lá no discurso de Nova York, a democracia interna nos países, a defesa do multilateralismo é a defesa da democracia internacional.”
Democracia é desafio na América Latina
Durante o evento, Dweck mediou a mesa de lançamento com especialistas que contribuíram para o relatório “Estado, democracia e desigualdade: uma perspectiva latino-americana”.
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Em sua exposição, ela ressaltou que o estudo mostra que a confiança na democracia diminuiu entre 2008 e 2023, e que a metade das pessoas aceitaria governos não democráticos se estes resolvessem os seus problemas.
Após a mesa, em conversa com a Sputnik Brasil, a chefe da Gestão destacou o conteúdo do relatório.
“A gente reestudou o tema a partir de um relatório que tinha sido publicado em 2004, na nossa região, sobre esse tema, vendo o que avançou nesses últimos 20 anos. E o que a gente percebe? Que, apesar de a gente ter tido uma consolidação, de certa forma, do regime democrático na região, as democracias ainda são ameaçadas. Infelizmente a confiança da população no regime democrático caiu, em parte porque a gente não conseguiu enfrentar, talvez, a nossa maior dificuldade na região, que são as grandes desigualdades. A gente teve mais inclusão, mas não foi suficiente para, de fato, deixar de ser a região mais desigual do mundo.”
A mesa de lançamento contou com Leonardo Avritzer, cientista político e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Claudio Providas, representante residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil; Fernando Filgueira, professor da Universidad de la República, no Uruguai; e Michelle Fernandez, cientista política e professora da Universidade de Brasília (UnB).
Os especialistas destacaram problemas, evidenciados a partir do relatório, ao observar como a população na América Latina se relaciona com a democracia.
Para os estudiosos, a desigualdade desempenha papel fundamental na descrença com o sistema político e a burocracia estatal afasta, muitas vezes, a população dos governos.
Enquanto Avritzer ressaltou o ideário comum na América Latina de construir uma democracia sólida e estável, que esbarra nos desafios expostos e na apropriação dessas deficiências para atacar o sistema, Filgueira apontou os problemas na região mais desigual do mundo, ressaltando que desigualdades de gênero têm impactos enormes e que a América Latina é a região onde as pessoas envelhecem mais pobres no mundo.
Leia também
Leda Paulani: Economia e democracia num mundo em crise
Lula, em artigo no NYT: A democracia e a soberania brasileiras são inegociáveis




Comentários
Zé Maria
https://pbs.twimg.com/media/G2sEMeiW4AAdF_K?format=jpg
Comissão Mista do Congresso Nacional aprova MP 1303,
que altera a Tributação de Bilionários, Bancos e Bets
Relator acolheu sugestão para equalizar em 18%
os Juros sobre Capital Próprio (JCP) e aplicações financeiras.
Plenários da Câmara e do Senado precisam aprovar
até 8/10 (Quarta).
A Comissão Mista do Congresso Nacional aprovou
nesta terça-feira (7/10), por 13 votos a 12, o parecer
da Medida Provisória (MP) 1.303, que altera a tributação
de diferentes modalidades de aplicações financeiras.
O texto relatado pelo Deputado Carlos Zarattini (PT-SP)
busca reorganizar o sistema de cobrança do Imposto
de Renda (IR) sobre rendimentos financeiros e equalizar
a tributação entre os diversos tipos de aplicações,
mas sofreu alterações importantes durante a votação.
Zarattini concedeu entrevista coletiva para comentar
a aprovação do seu relatório na Comissão Mista da
Medida Provisória 1303/2025:
https://x.com/CarlosZarattini/status/1975682677421261076
[Com Informações de Jota.info]
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Zé Maria
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Espera-se que a Ministra não seja favorável
ao Desemprego em massa dos Servidores
Públicos Municipais, Estaduais e Federais,
que é o que vai ocorrer se aprovarem a tal
‘Deforma Adeministrativa’.
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