Carta Maior: Humala promete crescimento com inclusão social

Tempo de leitura: 6 min

“Os que não querem a verdade são aqueles que deram as ordens”

A poucas horas das eleições presidenciais no Peru, o líder da Frente progressista, Ollanta Humala, destaca, em entrevista ao jornal Página/12, a importância dos julgamentos pela violação dos direitos humanos, detalha como serão as políticas sociais que pretende implementar em seu governo, caso seja eleito, e diz por que a opção por Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, representaria uma volta ao passado. No plano da política externa, Humala diz que sua prioridade será a consolidação da Unasul e da unidade latinoamericana.

Carlos Noriega – Página/12, reproduzido na Carta Maior

“Vou ganhar amanhã”, diz Ollanta Humala. Ele está tranquilo, confiante. O candidato da Frente Progressista Gana Peru, que neste domingo disputa o segundo turno da eleição presidencial com a direitista Keiko Fujimori, concedeu uma entrevista exclusiva ao Página/12, abrindo um espaço em sua agitada agenda. Humala tinha acabado de rechaçar, em uma entrevista coletiva, a acusação lançada por Roger Noriega, subsecretário de Estado para a América latina da administração de George W. Bush, de que Hugo Chávez estaria financiando a sua campanha. “Isso é uma mentira, uma calúnia. Não há nenhuma prova para essa afirmação”, disse Humala.

Na conversa com o Página/12, o candidato falou de suas principais propostas, do que seria um eventual governo seu sem maioria parlamentar, de direitos humanos, de sua rival Keiko Fujimori e do papel que a Unasul teria em sua política externa.

Você disse que o presidente Alan García apoia a candidatura de Keiko Fujimori. Confia na limpeza do processo eleitoral?

Humala – Nós vamos respeitar a vontade popular e vamos defendê-la. Há indícios que trazem preocupação quanto à transparência do processo eleitoral, Há uma clara intervenção do presidente García em favor do projeto autoritário de Keiko Fujimori. A Diroes (quartel policial onde está detido Alberto Fujimori) é o principal local de campanha do fujimorismo, desde onde Alberto Fujimori, que está preso por corrupção e violação dos direitos humanos, decide a estratégia de seu partido. Outro fato preocupante é a denúncia feita sexta-feira pelo jornal La República sobre a interceptação de minhas conversas e as de meus familiares e assessores políticos. Nós reconhecemos essas conversas e algumas delas foram feitas na sede do partido e não por telefone. A única instituição com capacidade de fazer essas interceptações é o serviço de inteligência e para que faça isso precisa ter a luz verde do presidente da República. O governo deve explicar isso.

Se você ganhar a eleição, será por uma margem estreita e em um país polarizado e dividido em dois, sem maioria no Congresso…

Humala – Como força política responsável e com memória entendemos a mensagem que a população deu no primeiro turno, quando o povo nos deu a primeira maioria, mas não uma maioria absoluta, como um pedido para que ampliássemos nosso programa, o que implica um governo de concertação nacional, capaz de consensuar algumas propostas. Neste esforço de concertação conseguimos o apoio de forças sociais, trabalhistas e políticas importantes, como o partido Peru Posible (do ex-presidente Alejandro Toledo), com o qual podemos garantir a estabilidade democrática no Congresso, já que com essa força podemos ter maioria parlamentar, o que a congressista Fujimori não pode conseguir, uma vez que não tem maioria. No grupo dela, há gente que trabalhou diretamente com Fujimori e, quando não tiveram maioria, fecharam o Congresso.

Você falou de fazer concessões para conseguir essa concertação. Até onde vão essas concessões em suas propostas? O que não é negociável?

Humala – Não vamos retroceder em fazer com que o crescimento econômico venha acompanhado de inclusão social. Para que haja inclusão social temos que assegurar políticas sociais como o Programa Pensão 65, para os maiores de 65 anos que não têm uma pensão; um programa de nutrição infantil nas escolas; um programa de creches; defender os direitos trabalhistas; elevar o salário básico de 600 para 750 soles (cerca de 220 dólares) no primeiro ano de governo; um aumento de salário aos policias para melhorar a segurança; investir na infraestrutura, como aeroportos, portos, estradas, escolas, hospitais, ferrovias – o país tem hoje um déficit de 40 bilhões de dólares em infraestrutura pública -, por meio de parcerias público-privadas.

Queremos consolidar o processo de descentralização para melhorar o investimento público; ampliar o programa Juntos (que paga 35 dólares mensais aos setores mais pobres) de cerca de 500 mil beneficiários para 900 mil; ampliar os orçamentos dos programas sociais de restaurantes populares e do copo de leite. Queremos entregar bolsas aos melhores estudantes das escolas públicas para que tenham acesso a uma carreira universitária; desenvolver uma política para o retorno dos três milhões de peruanos que vivem no exterior, a maioria em situação ilegal. Não vamos retroceder em nossa disposição de implementar essas políticas sociais.

Como ex-militar, qual sua posição frente aos julgamentos de militares por violações de direitos humanos?

Humala – Para que haja reconciliação, primeiro é preciso que se conheça a verdade. As autoridades devem dar todas as condições à Justiça para que se esclareçam as denúncias e se saiba a verdade. Os soldados que combateram com honra querem que as denúncias sejam esclarecidas, porque quando se suspeita de um se suspeita de todos. Os interessados em que não se conheça a verdade são aqueles que deram as ordens para violar os direitos humanos. Nunca mais devemos regressar à ditadura fujimorista na qual desapareceram estudantes, na qual se matava, se esterilizavam mulheres contra sua vontade. O que foi feito no país em matéria de direitos humanos foi uma vergonha. O Estado tem uma dívida com sua população em matéria de direitos humanos. Nós defendemos os direitos humanos.

Em sua opinião, como seria um futuro governo de Keiko Fujimori?

Humala – Ela traz consigo as mesmas pessoas que governaram com seu pai. Com ela está o doutor Alejandro Aguinaga, que fazendo lembrar o tempo da Alemanha nazista, como ministro da Saúde de Fujimori, esterilizava as mulheres contra sua vontade. Mais de 300 mil mulheres pobres foram esterilizadas contra sua vontade. Sua porta-voz de direitos humanos (Milagros Marayi) coordenava no governo de Fujimori, com Vladimiro Montesinos (braço direito de Fujimori e encarregado dos trabalhos sujos), o trabalho de como livrar a cara do regime em função das acusações de violações dos direitos humanos. Ela mesma reivindica seu pai como o melhor presidente do Peru. E a menção ao governo de seu pai ocorreu apenas agora na campanha do segundo turno.

Alberto Fujimori goza de uma série de privilégios no quartel policial onde está preso. O que seu governo faria diante desta situação?

Humala – Ninguém deve ter privilégios. Quando uma pessoa é condenada deve ir para a prisão e não para um quartel policial.

Quais serão as prioridades de sua política internacional?

Humala – Vamos participar com entusiasmo da consolidação da unidade latino-americana. O fortalecimento da Unasul será uma prioridade de nossa política externa. Nós vemos com muito interesse a consolidação da Unasul. Vamos estreitar as relações políticas e econômicas e de integração com os países da região. Não vamos ideologizar as relações internacionais, mas sim vamos construir uma agenda positiva com todos os países irmãos.

Você tem ressaltado suas concordâncias com o presidente Lula. O Brasil é um modelo a seguir por seu governo?

Humala – O do Brasil é um modelo exitoso, mas o Peru é diferente do Brasil. Temos economias distintas, realidades diferentes. Da experiência do Brasil, queremos resgatar uma condução prudente e adequada da política econômica, e um crescimento econômico que permita a inclusão social e a diminuição da desigualdade social.

O acordo do Arco do Pacífico (acordo de cooperação econômica do Peru com o Chile, a Colômbia e o México) firmado pelo presidente García ainda não foi ratificado. Você pretende levá-lo adiante ou revisá-lo?

Humala – Os acordos firmados pelo Estado têm que passar pelo Congresso e aí precisam passar por um debate para serem ratificados. Este acordo terá que ser debatido no Congresso.

Como você vê o governo de Cristina Kirchner?

Humala – É um governo democrático que vem resolvendo seus problemas. Nós queremos melhorar nossas relações com a Argentina, respeitando a política interna do governo argentino. Parte da boa vizinhança é não se meter nos assuntos internos de outros países.

Por que você quer ser presidente?

Humala – Eu sou pai de família. Tenho três filhos, o menor de cinco meses, e me coloco na posição de milhões de peruanos que estão iniciando uma família e que querem que seus filhos tenham oportunidades por meio de uma educação de qualidade e de uma boa saúde, e que quando saiamos para a rua com nossas famílias não sejamos assaltados. E se nos roubarem queremos encontrar justiça. Não queremos um país corrupto. Quero ser presidente porque quero que o crescimento econômico se converta em qualidade de vida. Quero construir o futuro.

Você pensava em ser presidente desde que era oficial do exército?

Humala – Não, eu queria ser comandante geral do exército. A circunstância que mudou minha vida foi o levante que fiz em Locumba contra a ditadura fujimorista. Foi um levante dentro de um processo de convulsão social no qual o povo peruano tinha se levantado contra a ditadura. Depois disso, inclusive quis recuperar minha carreira militar e estive no exército até o ano de 2004 como militar na ativa. Quando me passaram para a reserva decide reorganizar minha vida e foi aí que ingressei na política.

Tradução: Katarina Peixoto


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Emir Sader e a vitória de Humala: Fim do ciclo de governos neoliberais no Peru | Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Leia aqui “Humala promete crescimento com inclusão social”.   […]

Humala caminha para a vitória e promete combinar políticas sociais amplas com PPP’s para a infraestrutura | Blog do Artur Henrique

[…] Leia entrevista do futuro presidente do Peru ao jornal Pagina 12 clicando aqui. […]

Marat

Que bom que a América Latina está, pouco a pouco se soltando dos grilhões do neoliberalismo. Quem dera a Europa tivesse momentos de lucidez e deixassem de ser meros joguetes estadunidenses em suas sangrentas guerras, em suas sofismáveis buscas por poder e petróleo!

EUNAOSABIA

Cadê meus comentários??? não ofendi ninguém, publico a verdade e coisas que são de domínio público.

Agora se é para publicar só o que o blogueiro deseja, ou o moderador quer, então que isso fique claro no blog, o que não pode é não publicar… não ofendi ninguém… ou publica ou informa que só vai ser publicado o que convém ao jornalista dono do Blog… aí dá pra sacar quem são os democratas mesmo que estamos lidando.

Todo mundo sabe que este espaço faz parte do PIG (PARTIDO DA IMPRENSA GOVERNISTA).

Mas se é para publicar só que der na telha do moderador, que isso fique claro… vou continuar postando nos blogs do PIG de "O Globo" pelo menos lá passa tudo, e não tem moderação prévia não.

Bonifa

Muitas felicidades ao presidente Humala. Esperamos de seu mandato justamente isso: um governo com progresso a serviço do povo. Desenvolvimento com inclusão e justiça social. Este é o nosso caminho, na América do Sul.

Celso

Azenha, aproveito aqui pra dizer da minha felicidade de que os Fujimori perderam no Peru.
Hoje de manhã vendo a Globonews, você precisava ver a cara e o jeito como o repórter deu a notícia, pois anteontem eles afirmavam que a Keiko (não a baleia) ganharia.
A Globo se deu mal de novo. risos.
Lincoln, colônia dos EUA na América do Sul, não é só o Chile, temos ainda a Colômbia.
Abs.

    Bonifa

    As Globos parecem estar de luto pela vitória de mais um caboclo na América do Sul. Aquela cara de preocupação que o Kamel manda os apresentadores fazerem diante de uma notícia péssima para a ideologia dos Marinhos, povoou os noticiários. A queda de 8 pontos na bolsa de Lima foi dada quase aos gritos.

Julio Silveira

Oxalá o Humala se revele um excelente governante para o povo peruano que é outro, em sua maioria, sofredor nas mãos de uma minoria egoista e exploradora.
Que já teve grupos guerrileiros como o sendero que praticavam a politica do exterminio a quem não acompanhasse suas atividades de terror para qualquer nivel social discordante, e que ainda teve que suportar um governo que explorava a busca pela justiça a esse grupo como argumento para a locupletação de recursos do estado. Pobre povo Peruano, que aceitou algumas indignidades politicas no passado, na tentativa de extinguir outras, quando sabemos quem um mal jamais vai justificar outros.

Luiz Augusto Barroso

O Peru com crescimento é ótimo. Com inclusão, melhor ainda !!! E, às vezes, é sensacional fazer turismo no Peru vizinho. WOW !!! ( Querido Azenha: não mandei você aceitar comentaristas gays cariocas. Dá nisso ! ).

Roberto Locatelli

O mais impressionante é que uma boa parte da direita ACREDITA mesmo no que o PIG publica. Isso pode ser classificado como esquizofrenia social. Para eles, o Brasil está em crise, o pré-sal não existe (foi inventado por Lula) e é mentira que milhões de brasileiros tenham ascendido à classe média. Estão todos hipnotizados pelo maligno nordestino de nove dedos.

Agora que a Europa está afundando na mer… digo, na crise, e os EUA estão com a dívida pública ultrapassando inacreditáveis 100% do PIB, esse processo de esquizofrenia tenderá a se aprofundar.

Isso explica porque a candidata derrotada do Peru, Keiko Fujimori, deu entrevista antes das eleições, dizendo que os peruanos votariam nela pois seu pai, o ditador Alberto Fujimori, "matou menos do que outros" quando estava no poder. Esquizofrenia pura. Essa declaração contribuiu bastante para que muitos votos migrassem para Humala.

Roberto Locatelli

Humala venceu. Agora só falta o Chile e Honduras, pois o presidente da Colômbia não é alinhado aos EUA. E, claro, se falarmos em América Latina, falta o México eleger um governo nacionalista.

Esses governos de centro-esquerda têm, claro, limitações. Não são socialistas. Mas são um fator de bloqueio contra as intenções dos EUA e da Europa para o Continente.

O que o capital financeiro quer é exportar a crise da Europa e EUA para nossos países. Para isso, precisa de governos favoráveis a 3 coisas: privataria deslavada, concentração de renda e menos impostos para os ricos. Por isso, é fatal que as tensões entre os países "ricos" e os emergentes sejam cada vez maiores.

______
PS.: Por causa dessa situação de crise nos EUA/Europa é que eu me permito duvidar da veracidade do "caso" de estupro que teria sido perpetrado por Dominique Strauss-Kahn. Ele estava começando a implementar ao FMI uma orientação que – mesmo longe de ser política de esquerda – desagradava profundamente o capital financeiro. Foi coincidência demais, assim como a que ocorreu com Julian Assange, que teria estuprado duas mulheres. Muita coincidência…

Gerson Carneiro

Quem deve estar muito triste é FHC, que em 1999, condecorou o amigão e ditador Alberto Fujimori com a Ordem do Cruzeiro do Sul.

Keiko Fujimori se quiser um refúgio para se recuperar da derrota tem um apartamento à sua disposição em Paris. Foi pra lá que FHC foi quando perdeu para o Lula.

    EUNAOSABIA

    FHC perdeu pra Lula quando?? tô sabendo agora.. quer mudar a história rapaz?? não estás com essa bola toda não amigo…

    Tudo bem que o Plano Real foi criado pelo FMI..qua qua qua…. mas FHC perder pra Lula??? como manga com febre?

    Gerson Carneiro

    Nada mais coerente do que o "EUNAOSABIA" dizer que não sabia que FHC perdeu para o Lula.

    Essa foi a melhor do dia. Esses capitães-do-mato só me diverte.

betinho2

Bem, agora com Humala de presidente do Peru, o Chirico Mala terá mais um país exportador de drogas: http://www.joseserra.com.br/archives/1125

Comentário meu para uso e desmate exclusivo do Zé Chirico:
"Serra
Pare de sofismar, nem o PSDB não lhe dá mais crédito, lhe reservaram um carguinho de terceiro escalão como prêmio de consolação. Ainda mais com o guru de voces, FHC, fazendo campanha pela descriminalização das drogas.
O próximo candidato do PSDB tem a fama de ser usuário. Como fica?"

Leider_Lincoln

Parece que ndeu Humala!
Viva o Peruuuu!!!
Colônia das corporações que governam os EUA, só o Chile!

    Leonardo

    É por isso que o Chile o país com os piores indicadores sociais da AL.

    Gerson Carneiro

    E o que você Leonardo tem a dizer sobre o Panamá?

    leandro

    O Panamá tá na frente do Brasil no IDH
    Panamá 60
    Brasil 76
    Chile 44 numa lista de 158 paises. Não é tão mal assim, melhor do que nossa colocação.

    leandro

    IDH do Chile – 44 dem um ranking com 158 paises.
    IDH do Panamá – 60
    IDH do Brasil – 75
    E os esquerdistas do continente vão de mal a pior no ranking.

    Gerson Carneiro

    Primeiro: IDH é medido de 0 a Um (Zero a Um);

    Segundo: tanto Chile quanto Panamá quanto o Brasil estão na mesma faixa de IDH considerada "Desenvolvimento Humano Alto" compreendida entre 0.784(Bahamas) a 0.677(Tonga).

    E para sua surpresa a China está na faixa de IDH médio, oculpando a posição 89 (IDH 0.663)

    Então seu argumento é fraco e você não está sabendo o que está dizendo.

    leandro

    Sei que é medido de 0 a 1. O que eu postei foi a colocação de cada um numa lista com 182 paises, sendo o último o Níger e o primeiro a Noruega. Só para que você situasse o Panamá nessa lista e visse como o Chile é o mais desenvolvido na América Latina. E não se esqueça que o Chile foi arrasado pelo maior terremoto da história. Como comparação, as regiões do Brasil que sofreram com a chuva ainda não estão reconstruídas.

    Gerson Carneiro

    O maior terremoto da história não foi no Chile. No Chile foi só uma marolinha.

    EUNAOSABIA

    Leonardo, o Chile é um dos melhores países do continente para se viver, conheço muita gente que já foi ao Chile e fala muito bem daquele país… eles não tem mais favelas por lá…

    Sabe qual foi o grande mérito do Chile??? por incrível que pareça, foram as medidas econômicas implantadas por Pinochet, a abertura econômica do Chile ao comércio exterior, enquanto o Brasil e outros países se fechavam, o Cjile se abria, já vem colhendo os frutos disso faz tempo.

    Michele Bachalet, uma estadista, mesmo tendo o pai perseguido pela ditadura de Pinochet, nunca poupou reconhecimento a essas medidas, (Parece que o papo furadaço de herança maldita só engana esses pelegos toscos e mamateiros por aqui), mas é isso, o Chile vem nessa toada faz tempo e está se dando muito bem.

    Os países do bolivarianismo chavistas do continente estão entre os piores índices econômicos e sociais da região.

    E ainda tem debiloide que apoia essas sandices.

    Leider_Lincoln

    E é por isso que os indicadores SOCIAIS de Cuba são TODOS melhores que os do Chile, não é mesmo?

    leandro

    IDH do Chile – 44 deum ranking com 158 paises.
    Cuba tá em 51. Se informe melhor

    leandro

    Por isso que o resto da america latina ta no terceiro mundo e o Chile no primeiro.

    Leider_Lincoln

    Como?O Chile no primeiro mundo? Em que universo você vive, criatura? Anda lendo demais a Veja, não é mesmo?

    Scan

    Tá. Alinhadinho com os EUA.
    Bem, talvez pela sua lógica, se a Casa Grande está no primeiro mundo a Senzala também está, por definição.
    É isso?

Leonardo

O blog nao vai comentar mais uma derrota da esquerda na Europa, dessa vez em Portugal?

    Leider_Lincoln

    "Esquerda"? Que esquerdismo você consegue enxergar no PSOE (espanhol), PS (Portugal) e PASOK (Grécia)? O Nome, só o nome. Quando a esquerda se envergonha de suas ideias e adota as da direita, tem mais é de ser derrotada mesmo.

    maria

    Pois é o velho continente esta retroagindo aos anos 30 cada vez mais a direita naquela época se sabe no que deu isso.

    kalango Bakunin

    está tão falido como a grécia. já comentei, viúva de bush. quem sabe você muda prá lá ou para a colombia?

    Leonardo

    Quem faliu Portugal? O PIG? A direita?

    Falar o que da SURRA que a esquerda tomou na Espanha? Culpa do Pig?

    rs

FrancoAtirador

.
.
CINDIDO PELO NEOLIBERALISMO, PERU BUSCA UM NOVO RUMO NAS URNAS

O Peru que vai às urnas neste domingo foi o país que registrou a maior taxa de crescimento da América Latina no ano passado: 9%.

A média de expansão do seu PIB tem sido elevada, da ordem de 7%; em 2010, o Peru atraiu mais investimentos estrangeiros do que a Argentina.

O presidente Alan García, no entanto, deixa o cargo com uma das taxas de popularidade mais baixas das Américas: cerca de 26% — inferior à de George Bush, por exemplo, que encerrou o mandato em meio a uma hecatombe financeira e desacreditado pela guerra do Iraque.

A explicação para o paradoxo — que será julgado nas urnas hoje — é o modelo de crescimento adotado pelo país nos últimos anos: o Peru cresceu sem políticas públicas para redistribuir a riqueza em benefício da sociedade, sobretudo de sua vasta maioria pobre constituída de indígenas, que formam 45% da população (brancos são 15%).

Basicamente exportadora de minérios, a economia peruana beneficiou-se fartamente da valorização dos preços das commodities nos últimos anos.

Optou, porém, por um modelo de crescimento de recorte neoliberal extremado e tardio feito de desregulação máxima e direitos sociais mínimos.

A riqueza gerada nessa engrenagem não circula na sociedade, concentrando-se numa órbita restrita de beneficiados.

A ausência de carga fiscal sanciona e acentua as polarizações daí decorrentes.

A receita do Estado peruano é de 15% do PIB, inferior até mesmo à média latinoamericana e caribenha que já é desprezível e oscila em torno de 18% do PIB, contra 39,8% da União Europeia, onde a rede de contrapesos sociais já está consolidada.

O governo Alan García poupou as mineradoras peruanas de uma taxação correspondente aos lucros fabulosos acumulados no atual ciclo de alta das matérias-primas.

O mercado naturalmente cuidou de seus próprios interesses e o Estado não reuniu fundos para investir em educação, saúde, habitação e segurança alimentar.

A renda per capita depois do fastígio neoliberal é de US$ 5.196, bem inferior a de outros países da região, como é o caso do Uruguai (US$ 12.130), do Chile (US$ 11.587), Brasil (US$ 10.470) e México (US$ 9.243). Mas a verdade é pior que isso.

Não há estrutura de direitos trabalhistas: 2/3 da mão de obra peruana trabalha na informalidade; a população rural vegeta; uma professora ganha cerca de R$ 200,00 por mês.

É esse modelo de crescimento que ao gerar riqueza amplifica a desigualdade — e racha a sociedade em termos econômicos e políticos — que se expressa hoje nas urnas.

O simbolismo do veredito popular extrapola as fronteiras peruanas.

Carta Maior; Domingo, 05/06/2011

    assalariado.

    Franco, como é que voce faz para escrever mais do que 10 linhas na caixa de comentários do viomundo.
    Todas as vezes que tento escrever mais de 10 linhas parece que uma trava impede.Passa esta bola para mim.Como ultrapassar este limite? Qual o segredo?

    Saudações Socialistas

    FrancoAtirador

    .
    .
    Camarada assalariado.

    Eu também sofria com esse problema de limitação do texto,
    quando usava o "MS internet explorer" (só podia ser coisa do Bill Gates),

    Tenta usar o navegador "google chrome" (abaixo, link para instalação)

    Foi só assim que eu consegui publicar textos mais extensos que um hai-cai,
    embora eu aprecie muito esta forma simplificada de escrever.

    Muitas vezes a síntese funciona melhor que a análise.

    Um abraço libertário.

    http://www.google.com/chrome/index.html?hl=pt-BR&…

José Eduardo Camargo

Os peruanos ainda têm um problema de identidade étnica bastante sério. Apesar de quase 80% da população ser ameríndia e mestiça, não são muitos os que assumem essa condição, principalmente nos setores médios e ricos. Se o cidadão se acha branco, pintam-se os cabelos de loiro ou ruivo para reforçar essa condição. Se parece asiático (a comunidade sino-japonesa é influente no país), recorre-se à cirurgia nos olhos para se passar por tal. Lembro-me que nos lamentáveis anos Fujimori muitos peruanos recorriam à essa cirurgia visando a emigração para o Japão! Resumindo, é um problema cultural grave que espero os peruanos comecem a superar com Humala na presidência. É preciso, antes de mais nada, que os peruanos tenham orgulho de suas origens, deixando para trás de uma vez por todas esse deplorável complexo de inferioridade, uma das heranças malditas da colonização européia e, mais recentemente, também da asiática.

FrancoAtirador

.
.
Bem que o WikiLeaks poderia divulgar alguns telegramas confidenciais,

narrando os "breakfasts" e "happy hours" dos quais participaram

a mídia peruana e os ex-ministros de Fugimori, com diplomatas norte-americanos,

na embaixada estadunidense em Lima e nos consulados dos EUA no Peru.
.
.

Alexei_Alves

Incrível como a eleição Peruana está sendo ignorada pela nossa mídia comercial!!!!!
Me dá até vergonha desses jornalistas sem vergonha.

    Fabio SP

    Incrível como algumas pessoas acham que os brasileiros estão preocupados com o Peru!!!

    Pedro1

    Eu sou brasileiro e estou. Se você estar mais preocupado com a novela das 9 ou a Fazenda o problema é seu.

    João Bahia

    Infelizmente muitos brasileiros só têm olhos para o Big Brother Brasil…

FrancoAtirador

.
.
VOTOS NO EXTERIOR PODEM DECIDIR ELEIÇÃO NO PERU
.
.
Com uma ligeira vantagem para Ollanta

Após dois meses de campanha, quase 20 milhões de eleitores vão decidir amanhã quem será seu próximo presidente no enfrentamento do 2º turno entre Ollanta Humala e Keiko Fujimori.

Uma pesquisa recente de provável preferência dos eleitores, que foi divulgada "privativamente" mostra que o candidato de esquerda tem uma vantagem de 51,8% contra 48,2% de sua adversária, a filha do ex-presidente Fujimori, que estabelece um impasse.

A pesquisa publicada pela AFP foi realizada nesta quinta-feira entre 1.800 pessoas em todo o país e tem uma margem de erro de 2,3%, e mostra como a vantagem, que era da filha do ex-presidente Fujimori na semana passada, foi encurtada e invertida em até 1,5% a favor de Humala.

Na Argentina, terceiro país com mais peruanos, votarão ao redor de 106 mil eleitores.

O total de peruanos convocados a votar na eleição, que é obrigatória sob pena de multa, é de 19.949.915, dos quais pouco mais de 750.000 vivem no exterior, principalmente nos EUA (240.620), na Espanha (123.931) e na Argentina (106.665), segundo dados da ONPE.

Os votos do exterior serão coletados em diferentes consulados do Peru e, em seguida, enviados à Chancelaria, e, dado o empate técnico apontado nas pesquisas, acredita-se que esses votos poderiam ser vitais para inclinar a balança para um ou outro candidato.

Íntegra, no original espanhol, em:

http://www.pagina12.com.ar/diario/ultimas/20-1694

Deixe seu comentário

Leia também