Bolsonaristas querem boicotar produtos da França e gaiato sugere que eles comecem pelo pão francês; vídeo e fotos

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A manifestação em Brasília

Da Redação

As manifestações diante de embaixadas brasileiras, ainda que por apenas um punhado de pessoas, mostraram neste 22 de agosto o potencial que a Amazônia e a crise do clima — como agora a define o diário britânico Guardian — têm para mobilizar eleitores, especialmente os mais jovens.

Houve protestos em Buenos Aires, Londres, Paris, Madrid, Amsterdã, Lisboa, Barcelona, Genebra, Nápoles, mas também em Mumbai, na Índia, e em Nicosia, no Chipre.

No Brasil, as maiores manifestações aconteceram em São Paulo, Brasília, Salvador e Rio de Janeiro.

Nos Estados Unidos, o candidato democrata Bernie Sanders atribuiu a crise a “Bolsonaro e seus cupinchas”, interessados apenas em lucro.

Ele aposta em atrair em massa o eleitorado jovem se for o candidato do Partido contra Donald Trump em 2020. Foi assim que Barack Obama garantiu sua vitória em 2008.

Sanders anunciou o seu New Deal Verde.

New Deal, ou novo acordo, foi o programa do ex-presidente Franklin Delano Roosevelt — que recebeu forte oposição da elite dos Estados Unidos mas esvaziou as propostas dos comunistas e socialistas — responsável pela recuperação dos Estados Unidos do megacrash econômico de 1929.

Sanders prevê investir U$ 16,3 trilhões para tornar a economia dos Estados Unidos livre do carbono até 2050. O plano mira chegar a 2030 com energia renovável em dois dos setores mais carbono-intensivos do país, o dos transportes públicos e o da energia elétrica.

A renovação tecnológica também é uma forma de enfrentar os chineses, que de maiores poluidores do mundo agora disputam com a Alemanha o mercado de painéis solares e de outras tecnologias supostamente “verdes”.

Se Sanders vencer, as mudanças climáticas seriam declaradas emergência nacional e Washington criaria um fundo de U$ 200 bilhões para ajudar outros países a reduzir suas emissões de carbono.

Com o plano, que eletrizou jovens eleitores, Sanders estabelece um forte contraste com as políticas de Donald Trump, que incentivam a indústria do carvão, do petróleo, enfraquecem os órgãos ambientais e autorizam exploração no Oceano Ártico.

As políticas de Trump são relativamente menos danosas nos Estados Unidos pela tradição de um aparato estatal que nem sempre se dobra ao governante de turno, diferentemente do que acontece no Brasil, em que o presidente Jair Bolsonaro levou apenas alguns meses para sucatear a Funai e o Ibama.

Durante o dia, Trump telefonou para Bolsonaro para oferecer ajuda no combate às queimadas.

US Forest Service

Os Estados Unidos registram 73 mil focos de incêndio por ano.

O US Forest Service dispõe de uma frota aérea para combater os maiores.

Um DC 10 reformado é capaz de jogar 16 mil litros de retardante contra incêndio de uma só vez.

Bolsonaro autorizou o exército a atuar em Roraima e Rondônia, estados que pediram ajuda federal, mas ao mesmo tempo chamou o embaixador brasileiro em Paris de volta para consultas, depois de ser tachado de “mentiroso” pelo presidente francês Emmanuel Macron numa rede social.

Bolsonaristas ameaçam boicotar produtos franceses e um esquerdista sugeriu que comecem pelo “pão francês” da padaria da esquina.


Panelaço no centro de São Paulo

Em discurso na TV, acompanhado por panelaços em várias partes do Brasil, Bolsonaro prometeu enfrentar o desmate da Amazônia e pediu que os países europeus não promovam boicote a produtos brasileiros de exportação.

“Incêndios florestais existem em todo o mundo e isso não pode servir de pretexto para possíveis sanções internacionais. O Brasil continuará sendo, como foi até hoje, um país amigo de todos e responsável pela proteção de sua floresta amazônica”, afirmou.

Mais cedo, o presidente rotativo da União Europeia, a Finlândia, sugeriu que a UE poderia responder à falta de ação brasileira boicotando a exportação de carne.

As exportações brasileiras de carne bovina fecharam 2018 com um recorde histórico, de R$ 6,57 bilhões.

Macron surpreendentemente recebeu apoio do primeiro-ministro Boris Johnson, do Reino Unido, e de maneira mais sutil da toda poderosa chanceler alemã Angela Merkel.

O presidente francês quer a discussão sobre a Amazônia como prioridade no encontro do G-7 que acontece neste fim de semana em Biarritz.

Na postagem em que atacou Bolsonaro, Macron cometeu dois erros: publicou uma foto que não é de queimada atual e referiu-se à Amazônia como pulmão do mundo, quando são os oceanos que desempenham este papel principal.

Porém, é fato que o Brasil bateu recorde de pontos de fogo e desmatamento em 2019, em relação ao mesmo período do ano passado.

Bolsonaro venceu a eleição em 2018 com amplas margens no Acre, Rondônia e Roraima, com o discurso de relaxar a fiscalização, garimpar em terras indígenas e liberar armas.

O governador do Acre, Gladson Camelli, do PP, que foi eleito com apoio de Bolsonaro e agora decretou emergência, havia dito a algumas semanas que “se o IMAC (Instituto de Meio Ambiente do Acre) estiver multando alguém, me avisa. Me avisem e não paguem nenhum multa, porque quem está mandando agora sou eu”.

É uma tradição dos amazônidas atear fogo para preparar a terra para o plantio. O fogo mobiliza alguns nutrientes, mas provoca danos de longo prazo ao solo, à saúde pública e ao aquecimento global.

Muitos agricultores perdem controle sobre as chamas e promovem danos em vastas áreas, inclusive em propriedades de vizinhos, florestas protegidas e áreas indígenas.

Em outros casos, o fogo é utilizado para facilitar o desmatamento.

Brigadas de fogo que enfrentaram um dos incêndios mais devastadores da História recente do Brasil, o do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, hoje mantém alerta permanente durante a temporada de seca e fazem queimas preventivas para impedir o avanço de fogo acidental ou criminoso.

O fogo na Chapada foi atribuído a fazendeiros descontentes com a decisão de ampliar o parque, sacramentada durante o governo Temer, mas o inquérito da Polícia Federal foi inconclusivo.

No âmbito político, a crise internacional desatada por Bolsonaro pode ter consequências internas.

Por “descumprimento do dever funcional relativo à Política Nacional do Meio Ambiente”, parlamentares da Rede pediram o impeachment do ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente.

O Partido Novo, ao qual ele pertence, tentou se afastar de Salles dizendo que ele foi escolhido para o cargo por Bolsonaro.

O PT entrou com representação na Procuradoria Geral da República contra o presidente Bolsonaro e o ministro Salles, a quem atribui o Dia do Fogo, promovido por latifundiários ao longo da BR 163, em 10 de agosto, no Pará.

O partido argumenta que os piromaníacos agiram amparados pelas palavras e atos do governo.

Delirante, o chanceler do governo Bolsonaro atribuiu a grita internacional a uma campanha conspiratória que teria origem no Foro de São Paulo e seus alidos nas ONGs:

Por que o Brasil está sendo alvo de uma campanha internacional tão feroz e injusta no tema ambiental? Simples. Porque o governo do PR Bolsonaro está reerguendo o Brasil. A “crise ambiental” parece ser a última arma q resta no arsenal de mentiras da esquerda p/ abafar esse fato. Incapaz de convencer os brasileiros do contrário, a esquerda foro-de-são-paulina recorre a seus aliados na mídia internacional e à caixa de ressonância dos ambientalistas radicais (manipulados por décadas de propaganda) para atacar o seu próprio país e questionar sua soberania.

A fala de Ernesto Araújo demonstra que, apesar do recuo de Bolsonaro quanto às queimadas, o imbroglio entre a comunidade internacional e um Brasil que acredita que o aquecimento global é fake news deve perdurar.

Fabio Malini, um dos coordenadores do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic), do Espírito Santo, monitorou tweets em inglês, português e espanhol e descobriu que durante uma semana foram 10,2 milhões de mensagens sobre a Amazônia, o que equivale às grandes comoções internacionais.

A imagem de Jair Bolsonaro nunca foi exposta assim ao mundo.




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Messias Franca de Macedo

O começo do fim mais festivo do mundo!
Falta agora o ‘SUJO mor(T)o’ ‘VTNC!
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VÍDEO: “Ei, Bolsonaro, VTNC”, grita a clientela de bar de Copacabana em meio a panelaço
Publicado por Pedro Zambarda de Araujo – 23 de agosto de 2019
Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/video-ei-bolsonaro-vtnc-grita-a-clientela-de-bar-de-copacabana-em-meio-a-panelaco/
https://twitter.com/i/status/1165050123598082048

Calixto

Estimulados por Bolsonaro, fazendeiros promoveram o dia do fogo
Por Luis Nassif – 24/08/2019

Do Ministério Público Federal, pelo Facebook
Diante dos dados alarmantes recolhidos pelos sistemas de satélite sobre o aumento na devastação em várias porções da floresta amazônica, o Ministério Público Federal (MPF) no Pará conduz investigações em três municípios e na capital paraense, para apurar a diminuição no número de fiscalizações ambientais na região, a ausência da Polícia Militar do estado no apoio às equipes de fiscalização e o anúncio, veiculado em um jornal de Novo Progresso (sudoeste do estado) convocando fazendeiros para promoverem um “Dia do Fogo”, na semana passada. Os procuradores da República em Santarém, Itaituba, Altamira e Belém apuram a relação entre a redução da fiscalização ambiental e o crescimento, registrado em dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de 50% no desmatamento e de 70% nas queimadas. #TáNoSite

https://jornalggn.com.br/noticia/estimulados-por-bolsonaro-fazendeiros-promoveram-o-dia-do-fogo/

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