Bandeira de Mello: Governo FHC colocou a raposa para cuidar do galinheiro

Tempo de leitura: 6 min

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“Governo de FHC foi o mais entreguista da história do Brasil’, diz Celso Antônio Bandeira de Mello

‘Não há exemplo na história de entreguismo tão deslavado quanto no governo FHC’

Segundo jurista, para discutir problemas de corrupção na companhia de petróleo brasileira, é preciso lembrar que, em 1997, o governo do tucano fragilizou a Lei de Licitações e regra sobrevive até hoje

por Eduardo Maretti, da RBA publicado 14/02/2015 12:52

São Paulo – A discussão sobre problemas de corrupção da Petrobras precisa levar em conta o momento em que o primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fragilizou a Lei 8.666/1993 (a Lei de Licitações).Em 1997, o governo FHC editou a Lei n° 9.478/1997, que autorizou a Petrobras a se submeter ao regime de licitação simplificado, descaracterizando determinações da legislação anterior. Para o jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, esse foi o momento em que “o governo Fernando Henrique colocou o galinheiro ao cuidado da raposa”. Em julgamento de mandado de segurança de 2006, o ministro Gilmar Mendes, do STF (indicado por FHC), concedeu liminar validando a regra da lei do governo tucano. Desde então, outras liminares confirmaram a decisão de Mendes, mas o julgamento do mérito nunca ocorreu.

Na opinião do jurista, embora tudo esteja “sendo feito para prejudicar o governo” no escândalo da Petrobras e denúncias de corrupção, não existe risco de impeachment.

Porém, as dificuldades enfrentadas pelo PT e seus governos, de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, no âmbito do Judiciário, são em grande parte decorrentes do “desprezo” da esquerda pelo direito. “Tanto a esquerda não dá muita importância ao direito que o Supremo (de hoje) praticamente foi composto, em boa parte, por governos do PT. E, no entanto, como é que o Supremo se comportou no chamado mensalão? Condenou, não apenas o Genoino, mas o Dirceu de uma maneira absurda”, diz.

Porém, na opinião do jurista, a partir de agora a esquerda vai ser obrigada a dar mais atenção a aspectos jurídicos ao governar.

Na atual composição do STF, nada menos do que sete ministros foram indicados por Lula ou Dilma: o ex-presidente indicou o atual presidente da corte, Ricardo Lewandowski, além de Cármen Lúcia e Dias Toffoli. Os nomes de iniciativa da presidenta são Luiz Fux, Rosa Weber, Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso.

Leia entrevista concedida à RBA.

Qual sua opinião sobre a “tese” do impeachment, aventada politicamente nos corredores do Congresso, por alguns juristas e alimentada pelos jornais?

Entre os juristas, só vi falar a respeito o Ives Gandra.

O senhor leu o parecer?

Vi aquele artigo do jeito que saiu, por ele mesmo publicado na Folha. Eles perderam a eleição, ficaram aborrecidíssimos – o que se compreende. O que não se compreende é esse tipo de reação de quem, digamos, dá vontade de dizer: vai chorar na cama que é lugar quente. Eles reagiram dessa maneira intempestiva. Não estou muito impressionado com isso, porque para impeachment é preciso muita coisa. Não basta um artigo que alguém escreva e eventualmente algumas pessoas insatisfeitas fazerem menção a isso. Não houve a meu ver nada suficiente para justificar um impeachment, assim como não houve também no Congresso. Impeachment não é assim, “eu não fiquei satisfeito com o resultado das eleições…” Não creio que vá muito pra frente isso, embora eles tenham por eles o Ministério Público e a polícia. A coisa mais difícil de controlar é a polícia.

As informações são vazadas seletivamente…

Tudo está sendo feito para prejudicar o governo. Se formos falar nesse negócio da Petrobras, isso é antiquíssimo. Aliás, qualquer pessoa que pegar meu Curso de Direito Administrativo (editora Malheiros) vai ver que lá está escrito com todas as letras que o governo Fernando Henrique colocou o galinheiro ao cuidado da raposa. Ainda no governo daquele senhor, ele baixou uma medida para as estatais escaparem da Lei de Licitações, a lei 8.666. Essa medida foi autorizada às empresas estatais, que são as grandes realizadoras de obras públicas. A partir do momento em que o governo autoriza as estatais a regulamentarem suas compras, portanto retira a força de Lei de Licitações, o que está fazendo? Entregou o galinheiro à raposa. Então a questão da Petrobras é coisa antiga…

Lembrando o julgamento da Ação Penal 470, ela mudou alguns paradigmas e introduziu a questão da judicialização da política. Considerando isso, o senhor acha plausível a possibilidade de impeachment de Dilma?

Eu não acho, sinceramente. Acho que existe um escândalo e, no fundo, eles gostariam que algum jurista respondesse aquele artigo (de Ives Gandra), para colocar esse tema em pauta. Mas não se deve, na minha opinião. Tanto que nenhum jurista respondeu. Você vê que houve um silêncio de morte. Em geral há muito poucos juristas, de nomeada, de direita. Quase nenhum. Os juristas são de centro, de centro-esquerda, mas não são de direita. Não tem. Sobretudo jurista de direita que seja nacionalmente ouvido, respeitado. É mais raro ainda. Um falou, e ficou nele. E os chamados juristas de centro ou centro-esquerda nem ao menos responderam, não deram bola.

O presidente do PT falou em coletiva, na última semana, sobre violação de direitos fundamentais na Operação Lava Jato. Pessoas serem acusadas e presas sem provas, como até o ministro Marco Aurélio do Supremo comentou…

Na verdade, o que aconteceu desde antes do chamado mensalão – e o mensalão foi uma prova disso – é que a esquerda tem um defeito, a meu ver: é o desprezo pelo direito. A esquerda não dá muita importância aos aspectos jurídicos. Tanto não dá que o Supremo (de hoje) praticamente foi composto, em boa parte, por governos do PT. E, no entanto, como é que o Supremo se comportou no chamado mensalão?

Vou citar um caso paradigmático: condenou, não apenas o Genoino, mas o Dirceu de uma maneira a meu ver absurda. E tão absurda que dois expoentes da direita, a saber, Ives Gandra da Silva Martins e depois Cláudio Lembo – que aliás é um excelente constitucionalista, um jurista de muito valor –, os dois disseram que a condenação do Dirceu foi sem provas. Foi absolutamente sem prova. Foi tão escandalosa que essas duas pessoas insuspeitíssimas se manifestaram nesse mesmo sentido. O PT e a esquerda, de modo geral, não dão a menor bola pro direito. Agora vão ser obrigados a dar.

O que seriam atitudes que indicariam levar o direito em consideração, pela esquerda?

Na escolha das pessoas já se vê que não tiveram cuidado. Tanto que escolheram pessoas que foram capazes de condenar sem prova. Eles queriam pegar o Lula, mas era demais, porque era mais fácil cair tudo. Então pegaram quem estava mais alto abaixo do Lula: Dirceu.

Nesse sentido, o senhor considera que Dilma pode ser “pega”?

Acho que esse clima alucinado já passou. Eu tenho dito e repito: no Brasil não há liberdade de imprensa, há meia dúzia de famílias, se tanto, que controlam os meios de comunicação. As pessoas costumam ingenuamente imaginar que esses meios de comunicação têm por finalidade informar as pessoas. Não têm, são empresas, elas têm por finalidade ganhar dinheiro. Portanto, têm que agradar aqueles que os sustentam. E quem são? Os anunciantes. Nunca vão ter isenção. Pelo menos não num país como o nosso.

Em países desenvolvidos têm muitas fontes de informação, o cidadão lê livros, vai ao teatro, ao cinema, ele se ilustra. Em país subdesenvolvido, não existe essa ilustração. Então, o que está escrito nesses meios de comunicação entra como faca na manteiga na cabeça da classe média alta, que é muito influente. O povão não liga, mas a classe média alta liga. E quando é muito insistente, vai se generalizando até para o povo. A eleição (de 2014) foi apertada, por isso estão usando esses expedientes. Se tivesse sido uma vitória esmagadora como a do Lula, não iam se atrever.

Curioso que o parecer de Ives Gandra é de José de Oliveira Costa, advogado de FHC…

Pois é, mas não é para estranhar. Porque o governo desse Fernando, o que não foi defenestrado, foi o governo mais entreguista da história do Brasil. Não há exemplos na história, que eu saiba, de um entreguismo tão deslavado quanto no governo dele. Portanto, desse lado pode se esperar tudo.

Em 2018, a eleição promete ser dura, não?

Promete mesmo ser muito dura. Daqui até lá tem muita água pra correr debaixo da ponte. Ainda é cedo, eu não sei como vai ficar.

A Petrobras sempre foi atacada como pretexto para se atingir governos que desagradam à elite…

Vou dar uma resposta muito pessoal: se eu tivesse dinheiro pra investir era ação da Petrobras que eu ia comprar. Eu creio que ela vai se levantar, que tudo isso é onda. É política, e política dos derrotados, mas os derrotados têm em favor deles todos os meios de comunicação. Não estou falando da Veja, porque a Veja nem considero que é veículo de imprensa, é um veículo, digamos, de mera publicidade. Nós já vivemos situação pior, porque hoje é esse grupinho, mas houve um momento em que o Chateaubriand controlava tudo. Era pior ainda. Hoje temos um grande respiradouro, que é a internet. Eu tenho uma relação de uns 20 sites ou mais que, se achar necessário, recorro a eles. Vão da extrema direita à extrema esquerda, para eu poder me sentir mediocremente informado.

Completo dizendo o óbvio. Quando você vai para a França, por exemplo, os hotéis de alguma qualidade colocam à disposição dos hóspedes dois jornais. O Le Monde, tido como de centro-esquerda, e o Figaro, tido como de centro-direita. Mas se ler um ou ler outro, você continua devidamente informado. Nenhum deles te engana. Eles têm a linha deles. É normal que haja pessoas de direita, de esquerda, de centro, de tudo. Nenhum problema que tenham a linha deles. Mas no Brasil não é assim. No Brasil a imprensa faz tudo pra te enganar.

Leia também:

Bandeira de Mello: Parecer contra Dilma é armadilha para desestabilizar


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Comentários

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Donizeti – SP

Porque não colocar um jurista consagrado como Celso Antônio Bandeira de Melo como Ministro da Justiça do governo Dilma ?

Tem estofo intelectual, carreira e história sólidas no mundo jurídico, conhecimento prático, é de centro esquerda, com uma visão nacionalista e humanista.

O que a Presidenta Dilma está esperando para exonerar o omisso ministro da justiça josé Eduardo cardoso, que ninguém (polícia federal, ministério público e judiciário) respeitam e colocam uma pessoa com o caráter e o conhecimento do Bandeira de Melo para conter essa horda de golpistas da oposição e da mídia e conseguir paz para governar para a maioria do povo brasileiro ?

Será que isso é pedir muito ?

O Mar da Silva

Não precisa falar mais muita coisa. A batalha se dá em duas frentes: uma jurídica – que o PT esqueceu que existia, perdendo Dirceu e Genoíno para Barbosas e Gilmares – a outra a da comunicação, que o PT insiste em tratar como coisa técnica ou sabe-se lá que diabos é esse que mantém a Globo e o Uol (e seus satélites) com milhões de reais para falar mal do governo.

Assim, não tem como regular nem a entrada de agrotóxicos no Brasil. Imagina regular a saída de lucros e a mídia.

Isso porque regular a boca do Gilmar, do Barbosa e do Bolsonaro é coisa inútil. k k k k k

Fabio A

Por que os erros do governo FHC não foram corrigidos pelos 12 anos de PT?

Por que o PT, que acusa tanto que na época do FHC tinha corrupção tal qual como se vê hoje, não investigou logo que assumiu o governo em 2002?

Se haviam problemas, por que não houveram denuncias naquela época?

Não seria igual ao mico da Tigre? passou para o ombro do PT.. isso na hipótese de que realmente tenha havido isso tudo que a MAV fala.

    Iremar

    Mais que isso, Fábio, a Lei de 1997 que simplificou o regime de contratações da Petrobras, na ideia do eminente jurista, não deveria existir. A lei deveria ter se mantido o mais rígida possível, porque afinal de contas, as raposas já estavam lá, mas o cercado era mais resistente. Parece piada. Não tem lógica nenhuma a fala do Dr. Celso Antonio Bandeira de Melo. Essa conversa de colocar a raposa para cuidar do galinheiro faria sentido se fosse uma questão de indicação de pessoas para ocupar cargo, não com relação à lei.

    Porque não dá pra comprar tudo que FHC vendeu a preço de banana , de volta

    não dá pra comprar tudo que FHC vendeu a preço de banana , de volta
    FHC, não foi amigo do povo , continua como amigo do inimigo, e se a Dilma sair ele o Serra vão vender o Pré Sal.

Nelson

A meu juízo, FHC fez o governo mais corrupto e deletério da história brasileira. Simples assim.

FrancoAtirador

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JUSTO RECONHECIMENTO

HISTORIADOR BRASILEIRO MONIZ BANDEIRA

É INDICADO AO PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA

A convite da Real Academia Sueca,

a União Brasileira de Escritores (UBE)

indicou o nome do historiador e cientista político

braSileiro Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira

para o Prêmio Nobel de Literatura de 2015.

Em um comunicado, o presidente da UBE,
Joaquim Maria Botelho, justificou a indicação:

“Moniz Bandeira é um intelectual
que vem repensando o Brasil há mais de 50 anos.
Com fundamentação absolutamente consistente,
suas narrativas são exercícios da literatura
aplicada ao conhecimento dos meandros da política exterior,
não só do Brasil mas de outros países cujas decisões afetam,
para o mal ou para o bem, a vida, a nacionalidade
e a própria identidade brasileira”, disse Botelho.

A nota ainda informa que vários de seus livros são adotados
pelo Itamaraty no curso de formação de diplomatas.

Entre eles “Formação do Império Americano – Da Guerra contra a Espanha à Guerra no Iraque”.

O livro já foi traduzido para os idiomas Inglês, Espanhol e Mandarim.

Mais de oito anos atrás, o brasileiro denuncia nesse trabalho a espionagem
praticada pelas agências de segurança norte-americanas em diversos países.

Seu livro mais recente, publicado em 2013, é “A Segunda Guerra Fria”,

que trata da geopolítica e da dimensão estratégica dos Estados Unidos

nas rebeliões da Eurásia e nos movimentos da África do Norte e Oriente Médio.

Escrita entre março e novembro de 2012, a narrativa de Moniz Bandeira

“praticamente acompanha em tempo real os acontecimentos recentes

mais significativos”, de acordo com o comunicado divulgado pela UBE.

Atualmente radicado na cidade alemã de Heidelberg,
onde é cônsul honorário do Brasil, Moniz Bandeira
é autor de mais de 20 Obras, de Ensaios Políticos
a Livros de Poesias, como Verticais (1956),
Retrato e Tempo (1960) e Poética (2009).

(http://www.ube.org.br)
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FrancoAtirador

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Bastou o Ministro da Justiça sair da Inépcia
e tomar uma Atitude contra as ilegalidades
(http://www.vermelho.org.br/noticia/258903-1)
que vem sendo praticadas no caso Lava-Jato,
(http://www.viomundo.com.br/politica/lava-jato.html)
que a Mídia-Empresa Oligopólica Anti-Nacional
caiu de pau nele, com uma saraivada de Factóides.
(http://jornalggn.com.br/noticia/midia-lanca-suspeicao-sobre-o-ocio-criativo-de-cardozo)
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OAB Nacional defende direito dos Advogados
de serem recebidos por quaisquer Autoridades
dos poderes republicanos constituídos no País,
considerando a prerrogativa constitucional
essencial ao exercício do amplo direito de defesa

Jornal GGN – Depois que o Ministro José Eduardo Cardozo recebeu dois dos advogados ligados às empresas envolvidas na delação premiada da Lava Jato, o mundo todo veio abaixo.

Barbosa encilhou o manto da moralidade e exigiu a demissão do ministro, os grandes jornais se indignaram nas manchetes e as redes sociais viraram um ‘ai meus sais’ sem fim.

Em que pese uma lista imensa de bons motivos para o afastamento de Cardozo do cargo de ministro, ter recebido os advogados não é o motivo ideal.

Leia a Nota da OAB Nacional, divulgada por sua diretoria, que trata exatamente da prerrogativa de os advogados serem recebidos por autoridades de quaisquer poderes para tratar da defesa dos interesses de seus clientes.

NOTA DA OAB NACIONAL

O advogado possui o direito de ser recebido por autoridades de quaisquer dos poderes para tratar de assuntos relativos a defesa do interesse de seus clientes.

Essa prerrogativa do advogado é essencial para o exercício do amplo direito de defesa.

Não é admissível criminalizar o exercício da profissão.

A autoridade que recebe advogado, antes de cometer ato ilícito, em verdade cumpre com a sua obrigação de respeitar uma das prerrogativas do advogado.

A OAB sempre lutou e permanecerá lutando para que o advogado seja recebido em audiência por autoridades e servidores públicos.

Diretoria da OAB Nacional
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Leia também:

A Política e o Jornalismo
estão como o diabo gosta:

se cobrir vira Circo,
se cercar vira Hospício.

Por Luis Nassif, no GGN
(http://jornalggn.com.br/noticia/midia-lanca-suspeicao-sobre-o-ocio-criativo-de-cardozo)

    FrancoAtirador

    .
    .
    O Espírito Antidemocrático da Mídia

    nos Estúpidos Ataques aos Advogados

    Por Luis Nassif, no Portal GGN

    A falta de informação jurídica mínima
    produziu um escândalo do nada,
    comprovando que, na atual luta política,
    o padrão dos jornais é o que mais se aproxima
    das práticas midiáticas das republiquetas.

    O desapego aos valores democráticos e aos direitos individuais
    é típico de uma pré-história latino-americana,
    um período que se pensava estar relegado ao lixo da história.

    Provincianos, anacrônicos, despreparados,
    gostam de invocar os valores norte-americanos
    naquilo que têm de superficial,
    deixando de lado os princípios fundadores da democracia,
    além de exibir um desconhecimento gigantesco de regulamentos públicos.

    O exercício profissional do advogado prevê um direito mínimo:
    poder despachar pessoalmente petições em defesa de clientes,
    junto à autoridade destinatária da petição.

    O regulamento do Estado brasileiro prevê
    que para conversar com um Ministro,
    antes, o pedido precisa ser publicado no Diário Oficial
    e a conversa levada a efeito colocada em ata e protocolada.

    São procedimentos burocratizantes que dificultam
    o exercício da advocacia mas que foram seguidos à risca
    por advogados que estiveram recentemente
    com o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.

    Daí a surpresa do advogado Pedro Serrano,
    pelo fato da audiência ter sido alvo
    de manifestações escandalosas por parte da Mídia
    e do ex-Ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa.

    “Fiquei surpreso ante as repercussões autoritárias
    quanto a um exercício corriqueiro
    na prática forense e administrativa”, diz ele.
    “Pedimos formalmente audiência ao ministro,
    levamos a ele petições por escrito e foi lavrada ata da reunião”.

    Os temas tratados eram claramente da alçada do Ministério.
    E as petições só poderiam ser endereçadas ao Ministro.
    Nada disso foi levado em conta pela mídia,
    que continua firmemente empenhada em se afastar
    cada vez mais da sua missão de bem informar.

    Aliás, criticar Cardozo por ativismo é uma ficção
    que não engana nem o mais crédulo dos leitores.

    Cardozo foi incapaz sequer de cobrar celeridade
    nas investigações sobre os vazamentos da Lava Jato;

    Quanto às manifestações de Joaquim Barbosa, elas não são neutras.

    Demonstram, de um lado, total ignorância de Barbosa
    quanto ao papel simbólico desempenhado por um ex-presidente do STF.

    Trata-se de um tosco emocional
    que jamais respeitou os poderes
    dos quais foi protagonista.

    O reino que Barbosa sempre perseguiu foi o das celebridades.

    Cada berro dele o transporta de volta ao mundo feérico
    das colunas sociais além de reanimar o mercado de palestras.

    (http://jornalggn.com.br/noticia/o-espirito-antidemocratico-da-midia-nos-ataques-aos-advogados)
    .
    .

Julio Silveira

Esse brasil gosta de honrar traidores da patria Brasil.

Messias Franca de Macedo

Ainda sobre ‘raposa tomando conta do galinheiro’!

O OUTRO LADO:
‘OS VEDAMENTOS SELETIVOS’!
#################
CNJ apura se desembargador de SP ajudou deputado tucano em ação penal
FREDERICO VASCONCELOS
DE SÃO PAULO
jornal ‘Folha de São Paulo’
17/02/2015 02h00
O Conselho Nacional de Justiça apura se o desembargador Armando Sérgio Prado de Toledo, do Tribunal de Justiça de São Paulo, retardou por mais de três anos o andamento de uma ação penal contra o deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa Barros Munhoz (PSDB) para beneficiá-lo.
(…)
NOTA: na matéria, a legenda que acompanha uma fotografia deveras reveladora:
O desembargador Armando de Toledo (esq.) ao lado de Barros Munhoz em evento de 2011
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/02/1590771-cnj-apura-se-desembargador-de-sp-ajudou-deputado-tucano-em-acao-penal.shtml

Cláudio

Excelente publicação, mais uma grande contribuição repassada pelo Viomundo para a in-formação sobre o que acontece no cotidiano e na história desse Brasil. O entrevistado, esse grande Celso Antônio Bandeira de Mello, é um cabra bom nesse país em que os bons nomes estão tão dispersos: é preciso mais unidade e trabalho conjunto, interação coesiva, união de esforços dos que querem um Brasil e um mundo melhores para todas e para todos.

“Eles perderam a eleição” mas agem como se tivessem vencido, muito mais à vontade, livres, leves e soltos, do que o governo reeleito. Impressionante como os meios de comunicação de um país inteiro podem deixar toda uma grande parte dessa sociedade sem informação, alienada do que acontece na própria realidade local. Isso tem que acabar. E logo, o mais cedo possível.

Ley de Medios Já ! ! ! !

“no Brasil não há liberdade de imprensa, há meia dúzia de famílias, se tanto, que controlam os meios de comunicação. As pessoas costumam ingenuamente imaginar que esses meios de comunicação têm por finalidade informar as pessoas. Não têm, são empresas, elas têm por finalidade ganhar dinheiro. Portanto, têm que agradar aqueles que os sustentam. E quem são? Os anunciantes. Nunca vão ter isenção. Pelo menos não num país como o nosso.

Em países desenvolvidos têm muitas fontes de informação, o cidadão lê livros, vai ao teatro, ao cinema, ele se ilustra. Em país subdesenvolvido, não existe essa ilustração. Então, o que está escrito nesses meios de comunicação entra como faca na manteiga na cabeça da classe média alta, que é muito influente. O povão não liga, mas a classe média alta liga. E quando é muito insistente, vai se generalizando até para o povo.”…

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************* Abaixo o PIG brasileiro — Partido da Imprensa Golpista no Brasil, na feliz definição do deputado Fernando Ferro; pig que é a míRdia que se acredita dona de mandato divino para governar.

Lei de Mídias Já!!!! **** … “Com o tempo, uma imprensa [mídia] cínica, mercenária, demagógica e corruta formará um público tão vil como ela mesma” *** * Joseph Pulitzer. **** … … “Se você não for cuidadoso(a), os jornais [mídias] farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo” *** * Malcolm X. … … … Ley de Medios Já ! ! ! . . . … … … …

Messias Franca de Macedo

HSBC e Beto Richa

16/02/2015 02h00

Por jornalista Ricardo Melo

Jornal ‘Folha de São Paulo’

(…)

PARANÁ NA MODA; E NA MÍDIA?
Curitiba viveu recentemente uma das maiores manifestações de sua história. Milhares de servidores públicos, trabalhadores e estudantes obrigaram o governador reeleito Beto Richa, do PSDB, a recuar no chamado “pacote de maldades” enviado à Assembleia Legislativa.
Entre outros disparates, o tucano propunha confiscar a previdência dos servidores para tapar rombos da antiga administração –dirigida por ele mesmo!
Deputados chegaram de camburão, reuniram-se no restaurante e, ainda assim, não conseguiram votar o pacote. Notícia daquelas, de repercussão nacional, exceto na mídia de fora da região.
Foi na capital do Paraná. Mesmo Estado onde fica a Londrina do juiz Sérgio Moro, sede do antigo Bamerindus vendido a preço simbólico ao HSBC e do Banestado (Banco do Estado do Paraná), pivô da CPI que durante os anos 90 catapultou o doleiro Alberto Yousseff para manchetes. Mera coincidência, talvez.

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ricardomelo/2015/02/1590457-hsbc-e-beto-richa.shtml

Messias Franca de Macedo

Vamos assinar o que o Merdal das organizações (sic) Globo quer deletar!

PETIÇÃO PÚBLICA MUNDIAL

Investiguem os cofres suíços agora!

https://secure.avaaz.org/po/hsbc_tax_scandal_loc_br/?fPRVGab&pv=74

NOTA: neste momento, tem-se:
446.025 assinaram. Vamos chegar em 500.000

RESCALDO: tremeis, brasileiros(as) hipócritas e corruptos até a enésima geração!

Cláudio

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************* Abaixo o PIG brasileiro — Partido da Imprensa Golpista no Brasil, na feliz definição do deputado Fernando Ferro; pig que é a míRdia que se acredita dona de mandato divino para governar.

Lei de Mídias Já!!!! **** … “Com o tempo, uma imprensa [mídia] cínica, mercenária, demagógica e corruta formará um público tão vil como ela mesma” *** * Joseph Pulitzer. **** … … “Se você não for cuidadoso(a), os jornais [mídias] farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo” *** * Malcolm X. … … … Ley de Medios Já ! ! ! . . . … … … …

Cláudio

‘Não há exemplo na história de entreguismo tão deslavado quanto no governo FHC’.

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************* Abaixo o PIG brasileiro — Partido da Imprensa Golpista no Brasil, na feliz definição do deputado Fernando Ferro; pig que é a míRdia que se acredita dona de mandato divino para governar.

Lei de Mídias Já!!!! **** … “Com o tempo, uma imprensa [mídia] cínica, mercenária, demagógica e corruta formará um público tão vil como ela mesma” *** * Joseph Pulitzer. **** … … “Se você não for cuidadoso(a), os jornais [mídias] farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo” *** * Malcolm X. … … … Ley de Medios Já ! ! ! . . . … … … …

FrancoAtirador

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No braZil, os Galinheiros das Licitações

sempre ficaram aos Cuidados das RapoZas.

O Relator do Projeto, na Câmara dos Deputados,

que deu origem à Lei de Licitações (8666/93),

era Dono de Construtora no Rio Grande do Sul,

a maior empresa do ramo, à época, no estado:

o ex-Deputado Federal Luiz Roberto Ponte,
Proprietário da Construtora Pelotense,
ex-presidente da Câmara Brasileira
da Indústria da Construção Civil (CBIC),
ex-líder e ex-ministro do Governo Sarney,
ex-Secretário Estadual do Governo Rigotto.

(http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=192797)
(http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=20800)
(http://www.diariopopular.com.br/tudo/index.php?n_sistema=3056&id_noticia=ODU4NjM=&id_area=Ng==)
(http://www.camarapel.rs.gov.br/noticias/cpi-fernando-osorio-construtora-pelotense-revela-dividas-da-prefeitura-desde-2008)
(http://www.cbic.org.br/artigo/rdc-um-escarnio-aos-principios-eticos-da-lei-8666)
(http://www.fiec.org.br/documentacao/prem/comeind/pers_merito/lrp.asp)
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_Roberto_Andrade_Ponte)
(http://www.yasni.com.br/luis+roberto+andrade/busca+pessoas/ponte)
(http://www.yasni.com.br/luis+roberto+andrade+ponte/busca+pessoas?sh)
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FrancoAtirador

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EXCERTOS

“No Brasil não há Liberdade de Imprensa,
há Meia Dúzia de Famílias, se tanto,
que Controlam os Meios de Comunicação”

“As pessoas costumam ingenuamente imaginar
que esses Meios de Comunicação
têm por finalidade informar as pessoas.
Não têm, são Empresas,
elas têm por Finalidade Ganhar Dinheiro.
Portanto, têm que agradar aqueles que os sustentam.
E quem são? Os Anunciantes.

Nunca vão ter Isenção.
Pelo menos não num país como o nosso.”

“Quando você vai para a França, por exemplo,
os hotéis de alguma qualidade colocam à disposição dos hóspedes dois jornais:
O Le Monde, tido como de centro-esquerda,
e o Figaro, tido como de centro-direita.

Mas se ler um ou ler outro,
você continua devidamente informado.
Nenhum deles te engana.
Eles têm a linha deles. É normal que haja pessoas
de direita, de esquerda, de centro, de tudo.
Nenhum problema que tenham a linha deles.

Mas no Brasil não é assim.

No Brasil a Imprensa faz tudo pra te enganar.”

“Se eu tivesse dinheiro pra investir
era ação da Petrobras que eu ia comprar.
Eu creio que ela vai se levantar,
que tudo isso é onda.
É política, e política dos derrotados,
mas os derrotados têm em favor deles
todos os meios de comunicação.”

“Então, o que está escrito nesses meios de comunicação
entra como faca na manteiga na cabeça da classe média alta, que é muito influente.
O povão não liga, mas a classe média alta liga.
E quando é muito insistente, vai se generalizando até para o povo.”

“Nós já vivemos situação pior.
Porque hoje é esse grupinho,
mas houve um momento em que o Chateaubriand controlava tudo.
Era pior ainda.”

“Hoje temos um Grande Respiradouro, que é a Internet.

Eu tenho uma relação de uns 20 sites ou mais
que, se achar necessário, recorro a eles.
Vão da extrema direita à extrema esquerda,
para eu poder me sentir mediocremente informado.”

“Não estou falando da Veja, porque a Veja
nem considero que é veículo de imprensa,
é um veículo, digamos, de mera publicidade”
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    FrancoAtirador

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    A FRANQUEZA DA EXPRESSÃO DO PENSAMENTO

    DE UM HOMEM COM DIGNIDADE E SEM MEDO

    12 de agosto de 2012
    Revista Consultor Jurídico

    Entrevista: CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO

    Pergunta: Como o senhor vê o processo do mensalão?

    Celso Antônio Bandeira de Mello − Para ser bem sincero, eu nem sei se o mensalão existe. Porque houve evidentemente um conluio da imprensa para tentar derrubar o presidente Lula na época. Portanto, é possível que o mensalão seja em parte uma criação da imprensa. Eu não estou dizendo que é, mas não posso excluir que não seja.

    Pergunta: Como o senhor espera que o Supremo vá se portar?

    Bandeira de Mello − Eu não tenho muita esperança de que seja uma decisão estritamente técnica. Mas posso me enganar, às vezes a gente acha que o Supremo vai decidir politicamente e ele vai e decide tecnicamente.

    Pergunta: O ministro Eros Grau disse uma vez que o Supremo decidia muitos casos com base no princípio da razoabilidade e não com base na Constituição. O que o senhor acha disso?

    Bandeira de Mello − Pode até ser, mas eu acho que muitas vezes quem decide é a opinião pública.

    Pergunta: E o que o senhor acha disso?

    Bandeira de Mello – Péssimo. A opinião pública é a opinião da imprensa, não existe opinião pública. Acho muito ruim decidir de acordo com a imprensa.

    Pergunta: E como o senhor avalia a imprensa?

    Bandeira de Mello − A grande imprensa é o porta-voz do pensamento das classes conservadoras. E o domesticador do pensamento das classes dominadas. As pessoas costumam encarar os meios de comunicação como entidades e empresas cujo objetivo é informar as pessoas. Mas esquecem que são empresas, que elas estão aí para ganhar dinheiro. Graças a Deus vivemos numa época em que a internet nos proporciona a possibilidade de abeberarmos nos meios mais variados. Eu mesmo tenho uma relação com uns quarenta sites onde posso encontrar uma abordagem dos acontecimentos do mundo ou uma avaliação deles por olhos muito diversos; que vai da extrema esquerda até a extrema direita. Não preciso ficar escravizado pelo que diz a chamada grande imprensa. Você pega a Folha de S.Paulo e é inacreditável. É muito irresponsável. Eles dizem o que querem, é por isso que eu ponho muita responsabilidade no judiciário.

    Pergunta: O que o Judiciário deveria fazer?

    Bandeira de Mello − Quando as pessoas movem ações contra eles, contra os absurdos que eles fazem, as indenizações são ridículas. Não adianta você condenar uma Folha, por exemplo, ou uma Veja a pagar R$ 30 mil, R$ 50 mil, R$ 100 mil. Isso não é dinheiro. Tem que condenar em R$ 2 milhões, R$ 3 milhões. Aí, sim, eles iriam aprender. Do contrário eles fazem o que querem. Lembra que acabaram com a vida de várias pessoas com o caso Escola Base? Que nível de responsabilidade é esse que você acaba com a dignidade das pessoas, com a vida das pessoas, com a saúde das pessoas e fica por isso mesmo? Essa é nossa imprensa.

    Pergunta: O senhor é a favor da diminuição da maioridade penal?

    Celso Antônio Bandeira de Mello − Não consigo ser porque a vida inteira eu fui contra, mas hoje eu balanço. Eu era firme como uma rocha, achava um absurdo, achava que era necessário dar boas condições de vida para as crianças. Claro que devemos fazer isso, mas enquanto existir televisão e não for permitida a censura, nós vamos ter a continuidade dessa violência e as crianças vão assistir violência.

    Pergunta: O senhor é a favor da censura na TV?

    Bandeira de Mello − Sou absolutamente a favor. Sou contra a censura ideológica. Essa eu sou visceralmente contra. Mas a censura de costumes eu sou a favor.

    Pergunta: Como seria essa censura de costumes?

    Bandeira de Mello − Todo mundo é [a favor], só que não tem coragem de dizer. Você é a favor de passar filmes pedófilos na televisão? Eu não sou. Mas se passasse você se sentiria como? Você é a favor de censurar. As pessoas não têm coragem de dizer, porque depois do golpe virou palavrão ser a favor da censura. Você é a favor que passe um filme que pregue o racismo, não importa que tipo de racismo, nem contra que povo? Todo mundo é a favor da censura, mas as pessoas não têm coragem de dizer por que não é politicamente correto.

    Pergunta: E a quem caberia exercer essa censura?

    Bandeira de Mello − Não precisa ser de funcionário público. Um corpo da sociedade escolhido por organismos razoavelmente confiáveis, como a OAB e certas entidades de benemerência.

    Pergunta: Mas a censura não é vedada pelas leis do país?

    Bandeira de Mello − Você diria que é proibido. Eu diria que não é tão proibido assim. Pegue a Constituição e veja o que ela diz a respeito da defesa da criança, inclusive na televisão. Portanto, seria perfeitamente possível, mas a palavra ficou amaldiçoada.

    Pergunta: Por que deveria haver censura?

    Bandeira de Mello − A imprensa escolhe o que noticia e usa uma merda de argumento que diz o seguinte: ‘Nós não somos responsáveis por essas coisas, isso existe, são os outros que fazem isso. Só estamos contando, nada mais.’ Se fosse por isso, a humanidade não teria dado um passo, porque a humanidade adorava ver os cristãos sendo devorados pelos animais ou os gladiadores se matando. A humanidade adorava ver as supostas feiticeiras sendo queimadas. A humanidade sempre gostou de coisas de baixo nível e vis. Dizer que tem gente que gosta de assistir esses programas ordinários não é argumento válido. Você diz esse mesmo argumento para passar e acabou. A imprensa poderia dar notícias de coisas maravilhosas. Existe muita gente boa, que fazem coisas excelentes. Não. Ela noticia só o que há de pior, e você fica intoxicado por aquilo no último grau.

    Pergunta: O senhor acha que a imprensa deveria ser obrigada a noticiar outras coisas?

    Bandeira de Mello − Acho que não dá para tolher a liberdade das pessoas nesse nível. Deveria haver uma regulamentação da imprensa importante.

    Pergunta: Em todos os meios: impresso, eletrônico?

    Bandeira de Mello − Todos. De maneira que os que trabalham, os empregados, deveriam ter uma participação obrigatória e importante. O dono do jornal, da televisão tem direito ao dinheiro daquele lugar, mas não às opiniões. Porque do contrário não há mais a liberdade de pensamento. Há liberdade de meia dúzia de caras. O pensamento é dos que produzem o jornal, é dos jornalistas. Não é um problema de censura, é um problema de não entregar o controle a uma meia dúzia de famílias. Abrir para a sociedade, abrir para os que trabalham no jornal, ou na rádio ou na televisão, para que eles possam expressar sua opinião. E haver, sim, um controle ético de moralidade e impedir certas indignidades.

    Pergunta: Algum exemplo de uma indignidade cometida pela imprensa?

    Bandeira de Mello − Mostrar crianças sendo torturadas ou mostrar corpos dilacerados. Isso incentiva [a violência], sim. O ser humano não é bonzinho. Você não tem que incentivar a maldade. Porque os EUA são desse jeito? Eles exportam para nós tudo o que há de pior. A boa imagem dos EUA no mundo quem dá é o cinema. Porque o cinema deles tem coisas muito humanas, muito boas também. Para cá vem o lixo, o povo gosta do lixo.

    Pergunta: Como o senhor vê as relações entre os homens?

    Bandeira de Mello − O fato de ser racional não faz o homem diferente dos animais que vivem em manada, que têm um cabeça que guia e os outros vão atrás. Na sociedade humana é igual, há os que pensam, e eles são poucos; os outros parecem que pensam, mas não pensam, repetem. Eles não têm coragem de pensar. E se cada uma resolvesse pensar, já imaginou o caos que viria a ser? O mundo tem que ser assim, alguns pensam e os outros acompanham o pensamento. Nós vivemos um período em que é a escória que pensa, que dirige. Mas claro que sempre existem seres notáveis que lutam contra a escória e dizem o que deve ser feito. São seres humanos maravilhosos.

    Pergunta: Como o senhor vê a advocacia hoje?

    Bandeira de Mello − Na hora que se incorporou uma grande multidão é evidente que você vai perdendo sofisticação. Na verdade são dois raciocínios: você pode dizer que da quantidade sai a qualidade, o que também é verdade. Ao mesmo tempo em que você baixa [a qualidade] de certo lado, você propicia o surgimento de expoentes que não seriam vistos se não tivesse sido ampliada em muito a oportunidade.

    Pergunta: E a OAB?

    Bandeira de Mello − Eu não sou encantado com a atual gestão.

    Pergunta: Algum motivo?

    Bandeira de Mello – Talvez seja injusto dizer isso. Se for comparar com homens como Seabra Fagundes, que já foi presidente, com Raymundo Faoro, fica difícil, certo? Foram homens notáveis. Foram pessoas que tiveram oportunidade de liderar porque o país passou por momentos difíceis e precisava de homens extraordinários. Agora vivemos momentos de normalidade. Talvez eu não esteja sendo justo com o nosso atual presidente, porque precisa ver o momento histórico em que ele está exercendo a presidência.

    Pergunta: A OAB pode ser considerada uma autarquia?

    Bandeira de Mello − É uma autarquia.

    Pergunta: Por quê?

    Bandeira de Mello − É uma autarquia especial, que deve ter muita liberdade e é tratada de maneira muito diferente de qualquer outra autarquia. Veja que em um dos poderes do Estado, o Judiciário, obrigatoriamente membros da OAB fazem parte da banca examinadora. A OAB tem legitimidade ativa para ações diretas de inconstitucionalidade. A OAB é considerada por lei um serviço público. Entre as finalidades dela está defender a ordem democrática. A OAB é uma autarquia muito especial. Tem que ter muita independência para cumprir muito bem o papel dela.

    Pergunta: E em relação ao Supremo? Como o senhor vê a atuação da mais alta corte do país?

    Bandeira de Mello – Nosso atual Supremo é melhor que o anterior. Não que eu não veja grandes problemas no Supremo porque em tudo isso há um erro: o fato de os ministros serem vitalícios.

    Pergunta: Isso é um problema?

    Bandeira de Mello − Grave. Uma vez eu ouvi de um membro do supremo a seguinte frase: “Professor, tantas vezes nos chamam de excelência que a gente acaba pensando que é excelência mesmo”. Oito anos de mandato seria mais que o suficiente. O supremo devia ter um mínimo de [ministros] provenientes da magistratura de carreira. E não tem praticamente ninguém. Agora cresceu com a escolha dessa senhora [Rosa Weber], que é de carreira. Mas na verdade, tem muita gente do Ministério Público, da Advocacia. Tem que ter, mas não pode ser maioria. Porque diga−se o que quiser dos juízes, eles são treinados desde o comecinho para pelo menos tentar ser imparcial. Você não precisa ter simpatia pelos votos daquele juiz, mas você reconhece que ele é sério, dedicado, esforçado, conhece aquilo que está falando, e você respeita. Há juízes no Supremo que são absolutamente independentes, assim como há uns que você diz: que lástima, como é que está lá?

    Pergunta: O senhor poderia indicar quem são?

    Bandeira de Mello − Claro que não.

    Pergunta: O STF legisla?

    Bandeira de Mello − Essa é uma maneira reacionária de encarar. Ele [STF] não tem posição de legislador nenhum. Agora se o legislador não faz a lei e o STF tem que decidir, ele vai fazer o que? Tem que decidir seguindo os princípios da Constituição e as normas constitucionais, é o dever. Se cabe alguma crítica a isso é ao Legislativo. Não sei qual é o pior dos Poderes da República, mas eu penso que é o Legislativo. O Legislativo é uma lástima pela péssima qualidade dos seus membros, sem prejudicar figuras notáveis lá dentro.

    Pergunta: Recentemente o seu nome foi citado em algumas reportagens colocando-o como intermediário de um encontro entre o ex-presidente Lula e o ministro Ayres Britto.

    Bandeira de Mello − Isso é coisa típica da imprensa. O Lula nunca foi íntimo meu, nunca foi. Em segundo lugar, se alguém pensasse que eu iria fazer a cabeça do ministro Ayres Britto é porque é tonto. O ministro Ayres Britto é um homem absolutamente independente, inteligente e muito culto. Vê lá se eu conseguiria fazer a cabeça do Carlos? E vê lá se eu ousaria tentar fazer a cabeça do Carlos? Se você respeita um amigo, você tem que saber qual é o seu limite. Você não pode falar para o cara fazer isso ou aquilo. No entanto, a Folha de S.Paulo disse que eu fui contratado para aliciar o ministro Carlos Britto no caso daquele italiano…

    Pergunta: Cesare Battisti?

    Bandeira de Mello − Cesare Battisti. [A Folha] Teve a petulância de dizer isso de mim. Eu diria: que lixo. No meu pensamento eu diria: que merda de jornal é esse em que duas mulherzinhas escrevem isso de mim? Como se eu fosse capaz de fazer isso. Ainda disse que eu fui contratado. Eu não fui contratado, eu dei gratuitamente um parecer. Gratuitamente. O advogado, que era o Barroso, me telefonou e falou: ‘Celso, você daria um parecer sobre um caso, você se sente à vontade, você está de acordo com a tese? Só que eu não vou ter dinheiro para te pagar por ele’. Falei que não era caso de dinheiro. Devia ser visto como consciência cívica. Esse homem na Itália corria um risco terrível, se levassem esse homem para lá. Ele foi julgado à revelia praticamente. Aquele julgamento foi uma vergonha, foi na base da delação premiada que os outros caras o acusaram. No tempo do golpe, quando os militantes eram torturados eles procuravam apontar para alguém que estava fora do país, para não correr risco. Ele [Battisti] estava fora do país e disseram que foi ele que atirou. Ele estava na França naquela época, e os caras disseram que foi ele.

    Pergunta: Como o senhor viu a decisão do Supremo no caso?

    Bandeira de Mello − Não terminou tão bem quanto eu gostaria. Mas acabou reconhecendo que é o presidente quem deveria decidir, que era a decisão correta. E justamente o ministro Carlos Britto, que eles disseram que eu tinha sido contratado para aliciar, foi o que votou contra.

    Pergunta: Vocês são amigos ainda hoje?

    Bandeira de Mello – Muito. Nós somos amicíssimos, não só amigos. O Carlos é meu amigo há mais de quarenta anos, e foi meu aluno também.

    Pergunta: O senhor foi consultado quando ele foi indicado ao Supremo?

    Bandeira de Mello − Ele mesmo diz a quem quiser ouvir que fui eu quem indicou ele. Fomos duas pessoas, Fabio [Konder] Comparato e eu. Nós fomos falar com o presidente da República na época.

    Pergunta: Em relação ao direito administrativo, que é a sua área, como que o senhor vê a Lei de Licitações hoje?

    Bandeira de Mello − Ela está sendo dilacerada. Eles juntam um pedaço daqui com um pedaço de lá. Mas ela foi um grande progresso. A Lei de Licitações não é tão ruim quanto dizem. Ruim é essa lei feita para contratos de emergência para a Copa. Aliás, eu sou absolutamente contra a Copa no Brasil e a Olimpíada.

    Pergunta: O senhor se refere ao RDC, o Regime Diferenciado de Contratações?

    Bandeira de Mello − Isso.

    Pergunta: Ele foi estendido recentemente para as obras do PAC. Como o senhor vê isso?

    Bandeira de Mello − Acho um absurdo. É duro eu dizer isso porque a eleição da Dilma foi algo muito importante. Estou satisfeito com ela. Mas no governo dela foram feitas coisas muito… Por exemplo, as tais Parcerias Público Privadas. Isso no governo Lula é uma catástrofe. É um aprofundamento das privatizações. E essas medidas da Dilma são aprofundamentos de desmandos típicos do governo Fernando Henrique. É necessário dinheiro para coisas mais importantes: saúde e educação acima de tudo.

    Pergunta: O senhor então não acha necessário rever a lei de licitação?

    Bandeira de Mello − Já estava na hora de fazer uma costurada nisso. Eu não vou dizer que está na hora porque a hora não é boa.

    Pergunta: Mas ela deveria ser revista em alguns pontos?

    Bandeira de Mello − Ela precisava ser revista. Sabe que eu acho porque ela melhorou tanto? O pregão, que eu era contra, é uma coisa excelente.

    Pergunta: Por quê?

    Bandeira de Mello − Dificulta o conluio dentre os participantes. Favorece uma coisa mais séria, é tudo feito ali, em voz alta, em público.

    Pergunta: O senhor inicialmente era contra?

    Bandeira de Mello − Totalmente. Era um conservantismo inconsciente. Era uma novidade, fiquei meio suspeitoso.

    Pergunta: E em relação ao RDC, o que o senhor critica nele?

    Bandeira de Mello − Tudo, acho que está tudo errado.

    Pergunta: A começar por onde?

    Bandeira de Mello − A começar por permitir que alguém faça o próprio projeto base e depois participe da licitação. A começar por isso.

    Pergunta: Qual a diferença em relação à Lei de Licitações?

    Bandeira de Mello − Na Lei de Licitações, quem faz o projeto não pode disputar a licitação. Ele pode ter disputado a licitação para fazer o projeto, mas não para fazer a obra.

    Pergunta: O senhor tem uma definição para o que é interesse público?

    Bandeira de Mello − Interesse público é o interesse que os cidadãos têm enquanto membros da sociedade. Por sermos membros da sociedade, nenhum de nós tem interesse de ser desapropriado, mas todos nós temos interesse que exista o título da desapropriação. Nenhum de nós tem interesse em ser multado, mas cada um de nós tem interesse que existam as multas de trânsito, por exemplo.

    Pergunta: Na época do governo FHC havia um grande número de ações por improbidade administrativa, e de certa forma, durante o governo do PT isso deu uma diminuída. O senhor acha que o Ministério Público amadureceu, houve alguma mudança?

    Bandeira de Mello − No governo do Fernando Henrique houve muita corrupção, e essas ações eram uma demonstração disso. Houve corrupções confessadas, por exemplo, foi gravado o senhor Fernando Henrique dizendo que podia usar o nome dele numa licitação. O que aconteceu com ele? Nada. Ele está endeusado pela imprensa. Nada. O senhor Menem andou uma temporada na cadeia, o senhor Fujimori está [na prisão] até hoje, e com ele [FHC] nem isso aconteceu. Não estou dizendo que era para ele ir para a cadeia ou não. Mas foi um crime e não aconteceu nada. Olha os dois pesos e duas medidas. Pegaram aquele italiano [Salvatore Cacciola] e meteram na cadeia. Ele ficou algum tempo e agora está solto.

    Pergunta: E no governo Lula?

    Bandeira de Mello − As pessoas podem dizer o que quiserem a respeito dele, mas só não se podem renegar fatos: 30 milhões de pessoas foram trazidas das classes D e E para as classes B e C. Basta isso para consagrar esse homem como o maior governante que esse país já teve na história. Mas não só isso. Foi, portanto, a primeira vez que começaram a ser reduzidas as desigualdades sociais, que a Constituição desde 1988 já mandava. E veja outro fenômeno tão típico: olha o ódio que certos segmentos da classe média têm deste governante, deste político. É profundo, visceral. É o ódio daqueles que não suportam alguém de origem mais modesta estar equiparado a ele.
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