Ana Costa: O povo terá que seguir nas ruas para garantir os seus direitos e apoiar Lula

Tempo de leitura: 3 min
Ana Costa e Lula, na avenida Paulista, após ser eleito presidente do Brasil, em 30 de outubro de 2022. Fotos: Arquivo pessoal e Ricardo Stuckert

Impressões sobre os desafios para o futuro

Por Ana Maria Costa*, especial para o Viomundo

Há seis anos estamos em luta contra o fascismo que se instalou no Brasil junto com as graves crises política, econômica, sanitária, cultural e social.

A Covid-19 matou mais de 680 mil brasileiros, de crianças a idosos. Proporcionalmente a maior mortalidade do planeta.

O governo federal, vale relembrar, fez uma péssima gestão da pandemia: omissa, equivocada, corrupta. 

A compra e aplicação de vacina somente ocorreu devido à ampla mobilização da sociedade civil, que conquistou o apoio dos poderes Legislativo e Judiciário.

Segundo análises epidemiológicas muito bem feitas, metade dessas mortes poderia ter sido evitada por meio da ação pronta e eficaz do governo federal.

Por exemplo, adotando orientações e medidas baseadas no conhecimento científico e adquirindo vacinas no momento oportuno. Na vigência de uma pandemia, a variável tempo é sempre fundamental. Ela salva vidas.

O Brasil acaba de passar por um sofrido processo eleitoral do qual Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vitorioso na disputa pela presidência da República, derrotando nas urnas Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição e que tentou, a todo custo, manter-se no poder.

Lula, vale relembrar também, foi eleito em ampla aliança com democratas de diversos matizes políticos.

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Nesse processo eleitoral, foram eleitos também governadores, deputados federais e estaduais. 

Os movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) elegeram  vários parlamentares à Câmara dos Deputados e às assembleias legislativas estaduais. 

Guilherme Boulos (Psol), líder do MTST, foi eleito federal com 1 milhão de votos. 

Ediane Maria (Psol), empregada doméstica e coordenadora do MTST, conquistou 175 mil votos e uma cadeira na legislativo paulista. 

Já o MST reelegeu três deputados federais: Valmir Assunção (PT-BA), Marcon (PT-RS) e João Daniel (PT-SE). 

E elegeu quatro deputados estaduais: Marina (PT-RJ), Rosa Amorim (PT-PE), Adão Pretto (PT-RS) e Missias (PT-CE). 

No seu conjunto, porém, as forças de esquerda e centro esquerda não fizeram numericamente uma grande bancada, com maioria suficiente para garantir a governabilidade de Lula.

Lula venceu as eleições a despeito de tudo e todos que golpearam a democracia e tentaram melar o processo eleitoral.

No campo político, é  preciso assinalar o seu grande crescimento como líder político cuja imagem vai muito além do Brasil.

Hoje Lula é reconhecidamente um estadista mundial.

De um lado, barrou a permanência no poder de um dos esteios da ultradireita no mundo.

De outro, emerge como redentor de um país destruído pelo fascismo, retornando agora ao seu terceiro mandato.

Mas o Brasil herda desses quatro anos de Bolsonaro a presença real da ultradireita fascista com lideranças eleitas para governos estaduais e diversos cargos nos legislativos estaduais e federal.

Pode-se dizer que Bolsonaro cresceu no interior da política nacional, de forma orgânica já que não há dúvidas de que a extrema direita hoje encontra-se organizada no país.

Mais preocupante no momento é a base bolsonarista coesa, fanática e organizada que se apresentou inconformada depois dos resultados das urnas, e vem realizando bloqueios de rodovias e promovendo o caos pelo Brasil afora.

Caos que, diga-se passagem, é o objetivo do atual presidente. 

Com o capital político acumulado nos últimos anos, ele certamente tratará de se manter como líder da ultradireita. E, para isso, tudo indica vai continuar estimulando o ódio e o caos. É o único jeito de manter a fidelidade dos seus apoiadores mais fanáticos. 

Ainda acrescento. Todos os crimes que Bolsonaro cometeu no exercício de seu mandato precisam ser investigados e o ex-presidente julgado.

 Lula terá a grande tarefa de reconstruir o país, a democracia, a unidade e a esperança, implementando, ao mesmo tempo, políticas sociais que reduzam as enormes desigualdades herdadas, particularmente a fome que hoje atinge 33 milhões de brasileiros.

À esquerda brasileira resta fortalecer e ampliar suas bases sociais, ajudando a desenvolver a consciência política do povo em cima de princípios de solidariedade social e democracia.

É o nosso grande desafio.  Missão que precisaremos levar a todos os territórios. 

A garantia de atendimento às demandas populares nunca constitui uma hegemonia para os governos, sempre enredados com a ganância do mercado e do capital.

É importante lembrar que a ampla aliança de democratas que garantiu a vitória do Lula traz no seu bojo particularidades que podem dificultar o atendimento pleno dos interesses populares

O único jeito de o povo garantir os seus direitos é seguir nas ruas, mobilizado. 

*Ana Maria Costa é médica sanitarista, doutora em Ciências da Saúde, professora universitária e diretora executiva do Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes) 

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Comentários

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Zé Maria

A Esquerda (PSoL, MST, MTST e Tendências Patistas)
têm de se adiantar na Composição do Novo Governo.
Até agora, só se vê os Moderados e a Centro-Direita.

    Zé Maria

    Uma Nova Anistia a Criminosos
    Não será Benvinda ao Povão.

    Zé Maria

    Aliás, o Ministro do STF Alexandre de Moraes, Presidente do TSE,
    está no Caminho dos Empresários Urbanos e Rurais que sustentam
    os Movimentos dos Criminosos da Extrema-Direita Bolsonarista.

    Entretanto, a Esquerda não pode deixar isso passar em brancas nuvens.

Ciro Moroni Barroso

prezados editores: enviei para a seção “dicas de pauta” das páginas do Nassif este comunicado:
atenciosamente
cm

Um pauta decisiva, agora que a poeira vai baixando – Vejam os artigos de Gustavo Castañon na Viomundo, nas eleições de 2014!

ALERTA BRASIL SEGUNDO TURNO
Novamente ninguém pode acreditar nos números de 51 para Lulinha e 49 para Bozzo…
De modo semelhante à reportagem da Viomundo na eleição de 2014, o Bozzo teria expectativa de 46,5% dos votos, e o Lu 53,5 =
2,5% a menos de um // 2,5% a mais do outro!!
= O Bozzo estava numa faixa para quarenta e poucos por centro, quando, nos últimos 15 dias fez uma besteira atrás de outra!
= O Bozzo sempre falou de uma certa fraude eleitoral porque ele tem interlocutores para esse assunto (agências de inteligência ultra-sofisticadas sionistas)
= Parece que em algumas comarcas do TRE do interior de são paulo/ paraná/ santa catarina… É por ali que têm sido feito gangorras de votos na base do 2,5% = além de que [tive a impressão de que] Mourão e Moro estavam em último lugar para senador… (e a Dilma em primeiro lugar para senador em minas, 2018)
= Os institutos de pesquisa não erram tanto assim!! Só quando querem! = ainda mais se muitas pesquisas são parecidas ao longo de duas, três semanas, etc
= E as pesquisas de “boca-de-urna” eram tradicionais, porque não estão sendo feitas??
= Elas tinham margens mínimas de erro = serviam como garantia!!

ALERTA BRASIL PRIMEIRO TURNO
https://governo-washington.blogspot.com/2014/10/35-hegemonia-e-contra-hegemonia.html

No meio dessa página de 2014, a reportagem do magazine Viomundo, sobre como quase todas as eleições, desde 2002, tinham defasagens de 2,5%, que sumiam nos votos do PT, e Dilma, etc. Não é algo que dependa do TSE, o TSE deve ser muito inocente perto dos poderes digitais informáticos dos chefes das legiões do Demo Eletrônico…
https://www.viomundo.com.br/denuncias/gustavo.html
A Esquerda-Nacional agora tem duas opções:
1) No primeiro turno ela aceita que houve fraude eleitoral de cerca de 11% dos votos: o Inácio estava tendo crescimento constante desde o início de setembro de 45 para 47, 48, 49%. Isto é, dos votos totais, não dos válidos, que os repórteres nunca diferenciam para os leitores de coração-partido. Quer dizer, o Inácio ia para 51, 52% dos votos válidos =
O esfrangolente ator Bozzo estava desde o inicio de setembro, estacionado entre 31 a 35%, com rejeição estacionária de mais de 50%, isto é, sem chance de crescimento – e sem ter feito nada para ganhar mais votos…!!
Os indecisos, ou brancos/nulos eram 10%, mas no dia da eleição foram 4,5% – quase sempre são perto de 10% – são muitos sinais errados.
foram vários institutos de pesquisa diferentes, durante 1 mês, confirmando os mesmos números. O Bozo apareceu com 41%, o que lhe deu 43% dos válidos.
a diferença era de 16% e caiu de repente para 5% – ?????????
2) Ou o povo foi “indeciso”, “não revelou seu voto”, os institutos mentiram, etc.
Ora, pode ter sido uma propaganda maciça do boneco bozzo nos váti-zápi de rancheiros, evangélicos e motociclistas, mas isso daria um pulinho só no seu voto, não 8% a mais!!

    Nelson

    Pois é, Barroso. A evolução no combate a possíveis fraudes na urna elerônica brasileira era uma bandeira nossa, da esquerda. O primeiro a levantá-la, que a sustentou enquanto esteve entre nós, foi o grande Leonel Brizola.

    Brizola era “gato escaldado”, pois estava sendo vítima de fraude em 1982 (escândalo Proconsult) e, se não tivesse posto “a boca no trombone”, iriam continuar a roubá-lo descaradamente. Ele tinha total convicção que era preciso avançar na transparência do sistema de votação.

    Ora, um sistema de votação que não permite qualquer recontagem dos votos sempre vai deixar margem a contestações, não importando se o figurão A ou o figurão B venha a público dar garantias de sua infalibilidade e isenção.

    É lamentável, mas a nossa esquerda se esqueceu fácil, fácil das postulações de Brizola e do que ocorreu no passado, se adequando bem rápido ao que o sistema dominante impôs.

    Com essa postura, acabou por “jogar água no moinho” de Bolsonaro em sua frequente alegação de fraudes nas urnas.

    Ao mesmo tempo, nossa esquerda jogava bandeira nossa nas mãos da direita, pois são os nossos candidatos os que podem vir a ser prejudicados em possíveis fraudes. Isto porque, não devemos esquecer de que o controle do sistema está nas mãos da mesma direita.

    Para terminar, teu questionamento acerca da inexistência de pesquisas de boca de urna é deveras pertinente.

Miteiro

Enxotar os neoliberais, golpistas e farialimers da “Frente” de Lula, a próxima tarefa da militância e Gabinete da Esperança.

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