Altamiro Borges: Serra no caminho de Aécio Neves

Tempo de leitura: 2 min

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Aécio e o bafômetro do Serra

Por Altamiro Borges, em seu blog

Pelo jeito, o eterno candidato José Serra incomodará Aécio Neves, o cambaleante presidenciável tucano, mais do que os bafômetros da polícia do Rio de Janeiro. Na próxima segunda-feira, ele fará o discurso de abertura do congresso estadual do PSDB de São Paulo e já anunciou que defenderá a realização de prévias internas para a escolha dos candidatos do partido. A proposta abala a falsa unidade em torno do senador mineiro e pode lhe causar mais algumas ressacas!

A iniciativa de José Serra parece pura provocação. Afinal, ele nunca foi partidário das prévias partidárias e sempre agiu como dono do PSDB. A própria escolha dele como estrela do congresso também cheira a provocação dos tucanos paulistas. Como observa a Folha serrista, em sua edição de hoje, “a escolha dele como principal palestrante do evento provocou reclamações. Em 2010, quando disputou com o hoje senador Aécio Neves a preferência da sigla para a disputa presidencial, Serra operou contra prévias”.

Como é sabido, os tucanos paulistas se acham donos do partido e nunca se deram muito bem com os tucanos mineiros. O congresso da legenda em São Paulo e a proposta das prévias sinalizam que as bicadas estão cada vez mais sangrentas. “São Paulo tem um peso muito grande dentro do partido. O PSDB só existe para valer em São Paulo. Mesmo em Minas Gerais, de onde veio o Aécio Neves, o partido não é muito estruturado”, provoca o presidente estadual da sigla, Pedro Tobias.

E as provocações de José Serra, famoso por sua postura vingativa, não param por aí. A sua turma também decidiu brigar pela escolha do líder da legenda no Senado. A bancada já havia indicado Cássio Cunha Lima (PB), ligado a Aécio Neves, para o posto. Mas, segundo Josias de Souza, blogueiro bem próximo ao ninho tucano, os serristas decidiram bagunçar o jogo. “Súbito, Cássio passou a ouvir ‘murmúrios’ sobre o suposto interesse de José Serra em acomodar na poltrona um senador do seu grupo, Aloysio Nunes Ferreira (SP)”.

O senador paraibano não gostou dos “murmúrios”. Para ele, “o nosso objetivo é um só: demonstrar que partido está unido em torno de Aécio. Quem quiser ter um projeto político no PSDB terá que compreender que Aécio hoje tem de fato o comando do partido. Isso se exerce em todos os planos, inclusive na liderança do Senado… O PSDB fez uma opção clara pelo Aécio, é a vez dele. Se o Serra não aceitar isso, se quiser continuar fazendo esse embate interno, o melhor é ele repensar sua vida partidária”. Haja bafômetro para evitar trágicos acidentes no ninho!


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Comentários

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Geysa Guimarães

As apimentadinhas que Altamiro Borges tem imprimido aos textos são dose certa! Deliciosamente picantes.

Julio Silveira

Tomara. O Brasil não merece ambos, já bastam mineiros e paulistas.

jonios

Ora, se até o ultra-orgulhoso FHC é fichinha ante o avassalador poder (destrutivo) do Serra, imagine que poder de resistência terá um senador cambiante diante do furor paulista.

Olívio Dutra: “Estamos devendo muito ao povo brasileiro” « Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Altamiro Borges: Serra no caminho de Aécio Neves […]

Ricardo Lima Vieira

Ah, todo mundo sabe que, na hora h, o cerra manda as prévias pra cucuia, e, na qualidade de dono da bola, sai candidato, e, caixa! (para os adversários!).

Marcelo de Matos

A Folha publica hoje artigo de Ricardo Mendonça sob o título Oligopólio Tucano que critica a falta de renovação no ninho: “Nas eleições para o Planalto ou para o Bandeirantes, a situação é parecida. Em 2002, Serra saiu para presidente, Alckmin para governador. Em 2006, inverteram: Alckmin para presidente, Serra para governador. Em 2010, desinverteram: Serra novamente para presidente, Alckmin novamente para governador”. Pelo jeito, não há nada de novo no ar, além dos aviões Super Tucano da Embraer. Alckmin, apesar de seus recorrentes escorregões na área da segurança pública, é candidatíssimo à reeleição. Esteve entre tapas e beijos com seus aliados na região de Jundiaí, que elegeu um petista em Itupeva e um comunista em Jundiaí. Recém-eleito, o itapevense já esteve em Brasília à busca de verbas federais. Alckmin deixou obras paradas no município que integrava sua base eleitoral, o que pode ter custado essa guinada regional para a esquerda. Agora procura corrigir o erro: http://www.jornaldeitupeva.com.br/2013/01/27/15948/

Carla

Mas… Cássio Cunha Lima… aquele que foi caçado? E a ficha limpa? A corrupção nos tucanos passa como agua na chuva?

    Marcelo de Matos

    Bem lembrado. A wikipedia tem a ficha do gajo: “2007: É cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba, no dia 30 de julho de 2007 por suposto uso de um programa social em benefício de sua candidatura à reeleição durante o período eleitoral de 2006. Dois dias depois, o Tribunal Superior Eleitoral concede uma liminar que lhe garante no cargo de governador até o julgamento final do processo no TSE. Em 10 de dezembro de 2007, Cássio é novamente cassado pelo TRE por uso eleitoreiro do Jornal estatal “A União” também durante a campanha eleitoral de 2006. Através de uma nova liminar, consegue permanecer no cargo.
    2008: Tem a sua cassação pelo “Caso FAC” no TRE, confirmada por unanimidade dos votos no TSE em 20 de novembro de 2008. Apesar disso, consegue uma nova medida cautelar, por cinco votos a dois, tendo assim tem o direito de ficar no poder até que saia o resultado final do processo.
    2009: Após julgamento de embargos impetrados ainda em 2008, tem seu mandato cassado em definitivo no dia 17 de fevereiro de 2009, assumindo em seu lugar o perdedor nas eleições de 2006, o ex-senador José Maranhão.
    2010: Elege-se senador com 1.004.183 votos, apesar disso tem o seu registro de candidatura negado pelo TRE e pelo TSE com base na Lei Ficha Limpa, ficando impossibilitado de assumir o cargo de imediato.
    2011: É um dos políticos beneficiados em 23 de março de 2011 com a decisão do Supremo Tribunal Federal de não retroagir a Lei Ficha Limpa fazendo a mesma valer somente a partir das eleições municipais de 2012, conseguindo assim o direito de assumir o Senado Federal. Apesar disso, só conseguiu ser empossado em 8 de novembro no Senado, após ter que enfrentar vários trâmites jurídicos por cerca de quase 8 meses.”

Marcelo de Matos

Nem Aécio nem Serra são candidatos competitivos. Tal como o Palmeiras, os tucanos carecem de uma contratação de impacto, mais precisamente: uma boa aliança ou coligação. Aí o titubeante Eduardo Campos poderá vir a se juntar ao claudicante Aécio. Serra parece carta fora do baralho. Está apenas blefando. Mais que um simples blefe, porém, a encenação serrista pode ter muito a ver com a tradicional disputa política entre mineiros e paulistas. Na velha república tínhamos a política do café com leite, com a alternância dos dois estados no poder. Agora, à falta de um acordo mais consolidado nesse sentido, restam as escaramuças. Claro que a turma da FIESP quer mandar no país. Seu ex-presidente Paulo Skaf pegou carona na campanha da Dilma pelo barateamento da energia elétrica. É candidatíssimo ao governo de Sampa pelo PMDB. Se essa for, de fato, a vez do Aécio, os tucanos paulistas talvez não tolerem nem sua pouco provável reeleição. Na próxima eleição tentarão mandar a campo alguém destas plagas, de preferência ungido pela FIESP.

Caracol

Finalmente, agora entendi tudo: O Serra é PT desde criancinha! É um petista fanático, e desde cedo decidiu sacrificar sua vida política em prol do poderio do PT no governo por muitos e muitos anos. Ele é um martir e merece um monumento por sua abnegação e dedicação ao PT.
Força, Serra! Continue seu belo trabalho, algum dia ele será reconhecido!

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