Indicado por gratidão política, Alexandre de Moraes denunciou “gratidão política” nas indicações do STF

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Da Redação

O usurpador Michel Temer indicará um segundo juiz do PSDB ao Supremo Tribunal Federal (STF): o atual ministro da Justiça Alexandre de Moraes.

Logo ele, que em sua tese na Universidade de São Paulo propôs que gente em cargo de confiança não poderia ascender ao STF — seria “gratidão política”.

O ex-secretário de Geraldo Alckmin era cotado para ser candidato do partido ao Palácio dos Bandeirantes em 2016.

Na Corte, o PSDB já conta informalmente com o voto do ministro Gilmar Mendes.

Ao todo, o ex-presidente Lula indicou oito ministros ao STF, quatro ainda no tribunal: Eros Grau, Carlos Alberto Menezes Direito, Ayres Britto, Joaquim Barbosa, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Luís Roberto Barroso e Dias Toffoli.

Dilma indicou três: Luiz Fux, Rosa Weber e Teori Zavascki, cuja vaga se abriu depois de acidente aéreo no litoral do Rio de Janeiro.

Os outros três ministros em atividade foram indicados por José Sarney, Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso, respectivamente Celso de Mello, Marco Aurélio e Gilmar Mendes.

Um ex-assessor de Dilma Rousseff, que atuou na Procuradoria Geral da República, admitiu recentemente em conversa privada que o PT nunca teve qualquer estratégia nas indicações ao Tribunal. “Era tudo improvisado quando a vaga se abria”, afirmou.

Ele contou que o grande fazedor de ministros do STF nos governos petistas foi Luiz Carlos Sigmaringa Seixas, que antes do partido foi integrante do PMDB e do PSDB.

Na mesma conversa, o assessor disse que a ex-presidenta Dilma ficou dividida entre Rodrigo Janot e Ela Wiecko, quando coube a ela escolher o novo procurador-geral da República.

A palavra final, em defesa de Janot, foi dada pelo ministro Ricardo Lewandowski.

A nova indicação de Temer tem o potencial de partidarizar ainda mais a Corte, especialmente no momento decisivo da Operação Lava Jato.

Antes de morrer em acidente aéreo, Teori Zavascki havia prometido tornar público o conteúdo das delações premiadas dos executivos da empreiteira Odebrecht, que envolvem especialmente integrantes do governo Temer e líderes do PSDB.

As delações foram rapidamente homologadas pela presidente do STF, Cármen Lúcia, mas mantidas em sigilo.

Em diálogo gravado entre o senador Romero Jucá, ex-ministro de Temer e hoje presidente do PMDB, e o delator Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, Jucá se referiu a um acordo que abafaria a Operação Lava Jato a partir do impeachment de Dilma Rousseff. Um acordo que, segundo Jucá (veja transcrição), seria “com o Supremo, com tudo”.

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Em sua tese na Universidade de São Paulo, Moraes foi crítico da maneira como será indicado, “por gratidão política”.

Vejam na reportagem de O Estado de S. Paulo:

Tese de Moraes impediria sua nomeação ao STF

Entre as regras sugeridas pelo ministro da Justiça em seu trabalho para a USP está o veto a quem ‘exerce cargo de confiança’ para a Presidência

Luiz Maklouf Carvalho, 
O Estado de S.Paulo

Em tese de doutorado apresentada na Faculdade de Direito da USP, em julho de 2000, o hoje ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, defendeu que, na indicação ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal, fossem vedados os que exercem cargos de confiança “durante o mandato do presidente da República em exercício” para que se evitasse “demonstração de gratidão política”.

Por esse critério, ele próprio, um dos citados candidatos à sucessão do ministro Teori Zavascki, estaria impedido de ser indicado pelo presidente Michel Temer.

O veto sugerido por Moraes está no ponto 103 da conclusão da tese. Ele diz: “É vedado (para o cargo de ministro do STF) o acesso daqueles que estiverem no exercício ou tiveram exercido cargo de confiança no Poder Executivo, mandatos eletivos, ou o cargo de procurador-geral da República, durante o mandato do presidente da República em exercício no momento da escolha, de maneira a evitar-se demonstração de gratidão política ou compromissos que comprometam a independência de nossa Corte Constitucional”.

O ministro não quis dar entrevista sobre sua tese de doutorado. Um sumário da mesma está no banco de dados bibliográficos da USP (dedalus.usp.br). Seu título é Jurisdição constitucional e tribunais constitucionais: garantia suprema da Constituição. Além do veto já citado, Moraes defende que os ministros do Supremo tenham mandato por tempo determinado, e não a vitaliciedade prevista na Constituição de 1988.

Defende, também, mudança expressiva na forma da escolha dos 11 ministros: quatro pelo presidente da República (“mediante prévio parecer opinativo do Conselho Federal da OAB”), quatro eleitos pelo Congresso e três escolhidos pelo próprio STF. Pela Constituição, hoje os onze ministros são escolhidos pelo presidente da República – como Michel Temer fará ao indicar o substituto de Teori Zavascki, morto mês passado – e, depois, sabatinados pelo Senado, que tem a palavra final.

A tese – um “tijolo” de 416 páginas, originais disponíveis na biblioteca da USP do Largo de São Francisco – foi orientada pelo jurista e professor Dalmo Dallari. “Como estudioso do direito, ele é melhor do que nos cargos executivos, inclusive o de ministro”, disse Dallari ao Estado. O professor emérito lembrou do doutorando, mas não quis fazer maiores comentários. Os demais integrantes da banca foram o hoje ministro do STF Ricardo Lewandowski e os professores Paulo de Barros Carvalho, Celso Fernandes Campilongo e Mônica Garcia. Aprovaram a tese, mas sem o “com louvor” que costuma brindar trabalhos mais elaborados e/ou originais.

Já naquele 2000 – quase 12 anos passados depois da Constituinte, que neste fevereiro completa três décadas –, Alexandre de Moraes era fã do hoje presidente Michel Temer. Não só o citou na bibliografia do cartapácio – Temer, Michel – Constituição e política, 1994; Elementos de Direito Constitucional, 1995 – como, mais relevante, defendeu, na tese, quase as mesmas posições do constituinte Temer, também favorável a mandatos e a uma nova forma de composição e de escolha dos ministros do Supremo Tribunal Federal, propostas (não só dele) derrotadas nas votações.

A ideia central da tese é, em juridiquês repetitivo, “identificar a necessidade de uma atuação efetiva e eficiente da justiça constitucional, por meio de seu órgão máximo, o Tribunal Constitucional, como meio de garantir a supremacia constitucional”.

Atribuições e mudanças. Na primeira parte, Moraes teoriza sobre o direito constitucional. Na segunda, detalha, relatorialmente, como funciona a justiça constitucional em alguns países (modelos americano, alemão, austríaco e francês). Na última parte, menos árida, debulha a jurisdição constitucional brasileira, e o Supremo Tribunal Federal.

“Após a análise detalhada da evolução histórica do STF e de suas competências constitucionais, concluiu-se pela necessidade de sua transformação em exclusiva (grifo no original) Corte de Constitucionalidade, dirigindo seus trabalhos para a finalidade básica de preservação de supremacia constitucional e defesa intransigente dos direitos fundamentais”, escreveu o agora ministro e também autor de outras obras jurídicas.

Nos 110 pontos em que dividiu a conclusão de sua tese, Moraes fez inúmeras sugestões de mudanças – como a do mandato e da nova forma de escolha dos ministros do STF. Uma outra diz que a Constituição “deverá exigir maiores requisitos capacitários para o exercício do cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal, além de maiores vedações e incompatibilidades”.

Entre as condições “capacitárias”, dez anos de efetivo exercício de cargos privativos de bacharel em Direito, ou a condição de jurista, com o título de doutor. Para os três a serem escolhidos pela própria Corte, dez anos de carreira no magistério ou no Ministério Público. Entre as vedações, aquela que hoje, se vigente, impediria a sua indicação para o cargo.

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Comentários

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Toshi Suzuki

Rapaz, não estou crendo que os safados de plantão consigam mais esta proeza.É a derrocada de uma nação nas mãos de quem não se preocupa com o povo. Precisamos mais do que nunca lutarmos pelo nossos direitos ou seremos uma nação guiados pelo corporativismo barato e covarde.

wandson

Infelizmente estamos vivendo tempos sombrios no Brasil, onde um Nazifacista é indicado por um traidor a suprema corte, Nossa justiça é podre, Corrupta e tendenciosa!

Cassiano Liborio

Agora o PCC vai ter foro privilegiado. Viva o brasil.

FrancoAtirador

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E por falr em Gratidão …

https://pbs.twimg.com/media/C4AZoImWAAA1Mls.jpg

Temer Despeja R$ Milhões na Mídia
como Pagamento pelo Golpe.

Campanha “Gente boa tb mata”,
retirada do ar após gerar revolta,
custou R$ 16,9 MILHÕES.

Só a GLOBO ganhou R$ 3,2 MILHÕES.

https://t.co/e0ACadWw6f
https://twitter.com/DeputadoFederal/status/828699795082592258

http://www.sul21.com.br/jornal/campanha-gente-boa-tambem-mata-custou-rdollar-169-milhoes-so-a-globo-ganhou-rdollar-32-milhoes
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Àlvares de Souza

Enfim o PCC chega ao STF. Viva a Brasil!

FrancoAtirador

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A Manchete do Cartel de Comunicação GAFE Deveria Ser:

“Alckmin indica Alexandre Moraes para Ministro do STF

pela Cota do PSDB no Governo do Fantoche MiShell”.
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Bacellar

Mafiocracia consolidando sua cleptocorte…

PS* Dilma também indicou Fachin, não?

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