Valmir Assunção: Ação policial, nos moldes da Fazenda Buriti, é criminosa

Tempo de leitura: 2 min

Kaingangs ocupam a sede estadual do PT, no centro de Curitiba (PR), em protesto contra a senadora Gleisi Hoffman que barrou a demarcação de terras indígenas, nesta segunda-feira. Foto: Joka Madruga / Terra Livre Press

por Valmir Assunção

Na última quinta-feira (30/5), feriado de Corpus Christi, Osiel Gabriel, índio Terena, foi morto e vários ficaram feridos durante uma reintegração de posse realizada pela Polícia Federal na Fazenda Buriti, Sidrolândia (MS). A reintegração foi expedida no dia anterior pelo juiz substituto da 1ª Vara Federal de Campo Grande, Ronaldo José da Silva, e cumprida de madrugada.

A ação ainda aprisionou 15 lideranças indígenas do Povo Terena, que estão incomunicáveis nas dependências da Polícia Federal em Campo Grande. O equipamento que filmou toda a ação da Polícia está apreendido.

Repudio veementemente a ação policial que, nesses moldes, torna-se criminosa. A fazenda Buriti é parte dos 17.200 hectares declarados pelo Ministério da Justiça, em 2010, como território tradicional do Povo Terena. A comunidade indígena reivindica a conclusão os procedimentos de demarcação, iniciados há mais de 10 anos, ao ocupar a área equivalente a um campo oficial de futebol, apenas 3 mil hectares.

A ofensiva contra o território indígena é uma pauta prioritária dos setores políticos mais conservadores, que sob a justificativa do do agronegócio e da defesa da propriedade privada, passam por cima de vidas, dos direitos humanos para desenvolver uma agricultura que se utiliza de agrotóxicos, não produz alimentos e é aliado às grandes transnacionais, pondo em risco a nossa soberania nacional e alimentar.

A morte de Osiel se soma às tantas mortes de camponeses e quilombolas. A hegemonia do latifúndio ainda é forte e presente em todos os Poderes do Estado.

O Governo Federal deve reagir imediatamente contra essa ofensiva. A pressão do agronegócio não pode fazer com que vidas e os direitos dos povos indígenas sejam desconsiderados, depois de anos de lutas. No caso dos Terenas, é preciso ainda destacar os discursos preconceituosos, na tentativa de desqualificar a luta pela terra e território.

Solidarizo-me ainda com o Centro Indigenista Missionário, CIMI, que cumpre um papel importante no apoio à luta pelos direitos dos povos indígenas. Também destaca-se a resistência do povo Terena. Na última sexta, 31, indígenas ocuparam três mil hectares de um total de 12 da Fazenda Esperança, município de Aquidauana, a 140 quilômetros de Campo Grande. A área faz parte da Terra Indígena Taunay/Ypeg, vizinha a Terra Indígena Buriti.

Não tenho dúvidas que a resistência é o caminho da conquista. Todo apoio ao povo Terena e a todos os indígenas, em sua luta por território e dignidade. Mas é preciso que a sociedade brasileira, com a indignação que marcou esta morte, ou ainda o caso dos Guarani-Kaiowás, levante-se contra o latifúndio e contra a retirada e direitos dos povos tradicionais e trabalhadores rurais. A luta por terra e território é de todos e todas nós.

Osiel, presente!

 Valmir Assunção é deputado federal e vice-líder do PT na Câmara dos Deputados


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Comentários

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renato

É obvio quando vejo acontecer uma injustiça, já penso no PT, onde esta,
e o que esta fazendo.
Porque, é obvio que onde há uma injustiça, lá estará o PT.
Suas ações a partir daí são provenientes da crença que tenho em meu
Partido, que escolhi para defender aquilo que acredito.
Por isto não falo de outros partidos, o MEU é o PT. Faça por onde o
nosso voto e nossa participação, precisou, chamou ….votei…
E isto é muito pouco de minha parte..

Mardones

Infelizmente, esse pessoal do Pt não tem mais moral para escrever esse tipo de coisa.

Esse repúdio deveria ser preventivo. Chorar leite derramamdo não tem efeito.

O PT se abraça ao agronegócio e agora vem pedir desculpas pela ação da PF e a pressão do agronegócio.

Qual foi a opção do PT no campo? O agronegócio exportador de comodities e não o fortalecimento da reforma agrária. Muito menos demarcação de terra indígena.

PT, ausente!

    ricardo

    Também acho que esse pessoal do pt não tem mais moral para coisa nenhuma, mas convenhamos que sem o agronegócio você estaria vivendo de ovo frito fornecido uma galinha criada em seu apartamento.

    Eduardo

    Muito pelo contrário caro Ricardo, a lógica da monocultura que nos acompanha desde a América Portuguesa é nosso grande calcanhar de Aquiles. A concentração de terras e riquezas nas mãos poucos ainda permanece e lá se vão longos 500 anos. Neste sentido, digo o inverso do que você mencionou, se não fosse o Agronegócio e sua influência na política brasileira, nós certamente seríamos um país mais justo e equilibrado.

    Ah! O mesmo agronegócio que emprega pouco, concentra muito dinheiro e financiamentos em suas mãos, enquanto a agricultura familiar produz algo em torno de 70% do que comemos e emprega mais ou menos 80% dos trabalhos do campo.

    “Segundo os pesquisadores, a eficiência produtiva e econômica da agricultura familiar é, nos resultados finais, superior ao do agronegócio. Não obstante ocuparem apenas 24% da área [agrícola brasileira], os estabelecimentos familiares respondem por 38% do valor bruto da produção e por 34% das receitas no campo. (…) Enquanto a agricultura familiar gera R$ 677/ha, a não familiar gera apenas R$ 358/ha. Também na ocupação da mão de obra, a agricultura familiar é mais intensiva: ocupa mais de 15 pessoas por 100 ha, enquanto que a não familiar ocupa menos de duas pessoas por 100 ha”.”

    Emiliano Z.

    Reforma agrária pra quê, né? Coisa de “comunista”…

augusto2

*juiz substituto?
*campo grande, MS?
* 15 lideranças presas?
* 02 mortes? policia federal agindo como policiais despreparados?
* parte de uma grande gleba de 17000 campos de futebol!
Desculpe sra dilma, mas é para ocupar nao só o diretorio, como a casa, o gabinete e até o banheiro da hibernardinha Gleisi, mulher de sua confiança.

Mauro Assis

Existe uma decisão judicial a favor dos fazendeiros. Os índios invadiram a terra, foram notificados que deveriam sair, não cumpriram a ordem judicial. A PF foi lá, os caras resistiram, um índio morreu, policiais foram feridos. Crônica de uma tragédia anunciada, cuja responsabilidade é exclusivamente de quem violou a lei.

Juca

Pois é isso que acontece quando o voto é de cabresto . A mãe do PAC é madrasta kkkkk

Ricardo Homrich

Engraçado que o PT do Mato Grosso do Sul é todo pró agronegócio.
Teve Deputado estadual defendendo alocar os índios que outras terras devolutas quaisquer.
É brincadeira.

SEM FALAR QUE O “ILUSTRE” DELCÍDIO DO AMARAL, SENADOR, QUER A PRIVATIZAÇÃO DA EMBRAPA.

J Souza

Só eu vejo um paradoxo em um vice-líder condenar as ações do governo de seu partido?
Isso só demonstra o que todos nós já sabemos: no governo Dilma não existe DIÁLOGO!
É um governo que o tempo todo muda regras, sem sequer tentar trabalhar com as regras existentes.
Age unilateralmente, atropelando a base aliada no congresso. Puro reflexo do autoritarismo de sua “líder”.
Disso decorre ter que correr, desesperadamente, para os braços da bancada ruralista, apartidária (quer dizer, o partido deles são seus bolsos!).
Logo, logo o desânimo vai tomar conta da equipe da presidenta, se é que já não tomou…

    J Souza

    Digo isso porque agora não há mais lá um Lula para animá-los.
    Se não for simpática, amistosa, a presidenta terá que governar sempre ao estilo “general”.
    E até o mundo mineral sabe que há muita diferença entre governar como um general e governar como um verdadeiro líder.
    Na Democracia não basta estabelecer e exercer a hierarquia.
    É preciso conquistar a admiração e o respeito dos compatriotas!

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