Vagner Freitas: O PMDB mostra a sua cara, a da extinção de direitos

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Um recado da CUT ao PMDB: vamos às ruas contra o retrocesso

Ao contrário de tirar o país da crise, proposta do PMDB empurrar ainda mais o país para a recessão, aprofundando a crise e as desigualdades sociais

Vagner Freitas, presidente Nacional da CUT • Publicado em: 30/10/2015 – 15:11

Ao contrário de tirar o país da crise, o documento apresentado pelo PMDB nesta quinta, dia 29, vai empurrar ainda mais o país para a recessão, aprofundando a crise, aumentando o desemprego e as desigualdades sociais.

O título, “Uma ponte para o futuro”, já deixa claro que os peemedebistas estão se referindo ao futuro dos ricos, dos que sempre tiveram privilégios, muitos desses em detrimento dos direitos da classe trabalhadora. Eles não se constrangem em escancarar que o PMDB é o partido dos patrões, do agronegócio, dos banqueiros, dos setores que mais lucram e menos investem no País.

Uma análise das propostas revela que o PMDB apresentou ao Brasil a agenda do retrocesso social e trabalhista, da retirada de direitos conquistados. Mais grave ainda, mostra que os membros do partido desconhecem totalmente as diferenças sociais deste país de dimensões continentais, rico em recursos naturais, que está entre os dez maiores países do mundo, mas bate recordes em desigualdades. Isso porque, é um país rico, porém, com muitos pobres que precisam desesperadamente de políticas sociais, de geração de emprego e renda e de um Estado indutor do desenvolvimento.

A proposta de idade mínima para aposentadoria – 65 homens e 60 mulheres – é um dos exemplos deste desconhecimento da realidade brasileira. Os políticos do PMDB precisam saber o que nós aprendemos desde muito cedo, quando começamos a trabalhar antes de concluir os estudos para ajudar no sustento da família: o filho do trabalhador começa a trabalhar antes dos 16 anos, enquanto o filho do rico começa depois de concluir a faculdade. Essa proposta, portanto, penaliza o pobre, o filho do operário que terá de trabalhar mais tempo para se aposentar do que os filhos dos ricos.

O PMDB quer, também, rever o sistema de partilha, ou seja, quer abrir espaço para a privatização, vender o patrimônio nacional para os estrangeiros, como fez, diga-se de passagem, FHC com apoio dos peemedebistas.

O retorno do regime de concessão na exploração de petróleo interessa exclusivamente às grandes empresas do setor de petróleo e gás do exterior. Isso impede que os lucros dessa atividade permaneçam no País, além de reduzir os recursos do Fundo Social do Pré-sal que garantirão o aumento dos investimentos em educação no futuro.

Quanto à prevalência das convenções coletivas sobre as normas legais, conhecida como o “negociado sobre o legislado”, a proposta peemedebista estabelece, na realidade, o fim da CLT e coloca em risco todos os direitos da classe trabalhadora, conquistados ao longo de mais de 80 anos de luta. É clara a intenção dos políticos do PMDB de anular os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Outra proposta que vai contra os interesses dos brasileiros é a que acaba com as vinculações constitucionais ao orçamento, como nos gastos com educação e saúde. Essas políticas são prioritárias para qualquer país que queira se tornar desenvolvido e, justamente por isso, têm gastos mínimos determinados na Constituição. Na prática, a proposta do PMDB é que sejam retirados recursos dessas áreas para pagamento de juros da dívida pública.

Ainda mais cruel é a proposta de fim de “todas” as indexações. Ela se refere apenas a salários e benefícios, o que significa o fim da Política de Valorização do Salário Mínimo e dos reajustes dos aposentados e pensionistas. Isso causaria uma queda enorme no poder de compra das camadas mais humildes da população, afetando o consumo das famílias e, consequentemente, ampliando ainda mais a recessão econômica. Além de piorar a distribuição de renda.

Já a criação de um limite para as despesas de custeio inferior ao crescimento do PIB causaria um enorme arrocho salarial aos servidores públicos, que precisam ser valorizados e bem remunerados para prestarem bons serviços a população

Paradoxalmente, há um dado positivo neste manifesto: ele expõe a verdadeira face do PMDB para aqueles que ainda não a conheciam, deixando claro que o partido não tem compromisso com os trabalhadores e as trabalhadoras.

Para eles, o papel do Estado é retirar direitos. Para nós, o papel do Estado é investir no social, reduzir as desigualdades e as injustiças sociais. É essa a diferença entre quem luta pelos direitos da classe trabalhadora e os que querem tirar o que conquistamos e impedir a ampliação das conquistas.

O que é paradoxal é que o presidente do PMDB, Michel Temer, que assina o documento, inclusive, é o atual vice-presidente da República, eleito em uma chapa que tem como proposta para o Brasil exatamente o contrário do que o documento peemedebista propõe. Afinal,qual é o papel do PMDB no governo? É se comprometer com a implementação das propostas do chapa eleita ou fazer oposição interna ao governo do qual faz parte?

A CUT não concorda com as propostas do PMDB, nem tampouco com a política econômica que está sendo gestada pelo ministro Levy e que tem muito a ver com as propostas do PMDB.

A CUT vai combater nas ruas, com ação sindical e as armas da democracia qualquer proposta que retira ou reduz direitos dos trabalhadores.

Nenhum direito a menos.

Não ao retrocesso.

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Comentários

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Dilma Coelho

O pmdb sempre foi um partido de parasitas, de vampiros. O tal de temer, com sua face cheia de botox, pensa que engana pessoas inteligentes. Lamentável o PT fazer acordo com esse partido de traíras, com raríssimas exceções.
Não entendo por que não se luta pela comprovação do voto. Quem tem medo de quê?

Urbano

Nem sei por qual carga d’água me veio à mente o afazer de intruj, digo, intruso…

FrancoAtirador

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Plano Marinécio, aplicado por Quinzinho, Afunda o Brasil
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Entrevista: Paul Singer
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“Se você comparar a indústria com a agricultura o contraste é enorme.
O Brasil é hoje o maior exportador de alimentos do mundo
e o agronegócio ganha muita força econômica e política com isso.
Já a indústria brasileira não é exportadora
e está voltada fundamentalmente para o mercado interno.
A política de ajuste fiscal certamente prejudica a indústria
porque há menos demanda.
O governo arrecada, em média, algo em torno de 37% do PIB.
Se ele não gasta, e é isso que é o ajuste fiscal,
isso é um desastre e resulta em recessão.”
“A indústria está sem mercado,
é isso que está acontecendo.
Agora, com o dólar alto,
está exportando um pouco mais,
mas ela não é uma grande exportadora.”
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“Não é absolutamente verdade que nós estamos
com um enorme rombo nas contas públicas!
Isso é tudo invenção da imprensa mais reacionária!
Não há rombo nenhum!
Todos os países têm dívida pública, Estados Unidos,
Inglaterra, Japão, China e assim por diante.
Os governos precisam de dinheiro mais do que arrecadam
e, assim, criam uma dívida pública pela qual eles pagam juros.
Dívida pública não se paga.
A dívida pública dos países que participaram das guerras mundiais
não poderia ser paga nem em um século. Ela é enorme.
O ajuste fiscal só tem razão de ser para os banqueiros.
Hoje, no Brasil, é um bom investimento você comprar o chamado tesouro direto.
Você compra valores da dívida pública e ganha um certo juro, que é o juro da Selic.
Para isso não é preciso fazer ajuste nenhum.
Essa dívida pública pela qual já se paga é grande.
Do jeito que as coisas estão, com a economia produzindo cada vez menos,
não vai terminar de pagar nunca e não é para pagar mesmo”.
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“Pelas manifestações da presidenta Dilma,
eu deduzo que ela está querendo ver
se faz a economia brasileira crescer.
Sendo o Brasil um país capitalista, para que ele possa crescer
é preciso que a burguesia faça investimentos.
Se a burguesia não gosta do governo
– e no caso brasileiro tem todos os motivos para não gostar -,
ela não investe”.
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“Há uma expressão para isso, que não fui eu que inventei
e já foi usada várias vezes: ‘Greve de Investidores’.
É uma greve suicida.
Imagine um fabricante ou um dono de uma cadeia de lojas
que ganhou dinheiro, teve lucro e decidiu deixar esse dinheiro no banco,
sem investir para ampliar sua atividade.
Daqui a pouco entra alguém no mercado e tira a sua freguesia.
A ‘Greve de Investidores’ não pode demorar muito,
pois acaba atingindo os próprios capitalistas”.
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Íntegra em:
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(http://www.sul21.com.br/jornal/o-ajuste-fiscal-esta-sendo-um-desastre-para-o-pais)
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josé brasileiro

Caros Comentaristas; o MDB (PMDB), salvo raras e honrosas exceções, sempre foi a oposição sonhada pela situação.
Vamos lembrar a vitória superlativa do então PMDB na eleição dos governadores na era Sarney — foi a maior vitória de um partido na América Latina, se a memória não me traí, foram eleitos 23 governadores no Brasil. Uma vitória expressiva. O que esses Srs. Governadores, juntamente, com auxílio do Governo Federal fizeram pelo País? Isso, na minha modesta opinião, já deixa claro o que é o PMDB. Não podemos esquecer que o seu filho inglório, o PSDB, teve gestação no PMDB; pois, alguns políticos, sabendo que não teriam espaço no PMDB criaram o PSDB. Após todos esses anos, que diferença ideológica e de gestão às coisas existe entre esses dois partidos? Muito embora, existam alguns parlamentares do PMDB que votam à favor da Nação no Congresso — mas são minoria dentro do partido. Agora, conspirando contra o Governo Federal estão tentando retomar uma agenda extremamente maléfica ao País — aprofundando o Neocolonialismo. Estão abrindo a Caixa de Pandora, gerando toda maldade possível contra seus próprios eleitores, e àqueles que nunca deram seu voto a eles; a fim de criar uma turbulência insuperável ao Governo Federal e aparecer como solução aos olhos do povo, já cegados pela grande mídia.

FrancoAtirador

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A Chantagem do Capital Financeiro Transnacional
Ou: Por que Quinzinho foi nomeado e não vai cair.
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A que ponto chega um Governo Fraco, Ameaçado
pelo tal Rebaixamento do Grau de Investimento.
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(https://pt-br.facebook.com/menorahbrasil/posts/581296031970706:0)
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Euler

O PMDB já vive um processo de claro rompimento com o PT e de aproximação com o PSDB e o DEM. Este tal documento é praticamente uma carta de adesão ao neoliberalismo defendido pelos tucanos e afins. O PT, Lula e Dilma terão que decidir: ou mudam os rumos do governo, e enfrentam inclusive o PMDB, ou aderem de vez ao ajuste neoliberal de Levy.

Mas, de toda forma o PT será descartado pelo PMDB, mesmo que queira entregar todo o governo para tentar manter a tal governabilidade. É o preço que se paga por haver distanciado dos movimentos sociais e do povão que elegeu Dilma e Lula. O que impõe respeito aos aliados fisiológicos como o PMDB é o apoio das bases sociais, e não apenas os cargos, que eles conseguem com qualquer governante.

Quando Dilma fez opção por outra política, e, ao invés de continuar a política de mais investimentos, geração de empregos e de iniciar o enfrentamento político com a oposição golpista, preferiu aderir ao programa neoliberal, conseguiu com isso a antipatia de sempre das elites que não querem o PT e ganhou a indignação de quem votou no PT confiando que não haveria choques pra cima dos trabalhadores. E não me venham com a desculpa da crise internacional porque, como muitos reconhecem, esta crise aumentou desde 2008, e nem por isso o Brasil sob Lula, ou mesmo sob Dilma no primeiro mandato, caiu no conto dos ajustes neoliberais.

Um país que tem o pré-sal, que tem reservas externas de quase 400 bilhões de dólares, que tem sonegadores que roubam mais 100 bilhões de reais por ano, que paga dezenas de bilhões de juros por manter política monetária neoliberal, e que tem um grande mercado interno não pode se comportar como coitadinho que precisasse de ajustes para reprimir as demandas sociais, ainda mais pra cima dos de baixo.

Até mesmo o golpismo em curso com as operações Lava jato e Zelotes surfou nas ondas de um governo que insiste em não assumir suas responsabilidades, e que mantém um ministro da justiça incapaz de enfrentar o desafio do momento – nem a PF respeita mais o governo. Em algum momento, se é que haverá este momento, Dilma terá que decidir romper com isso, convocar o povo brasileiro em cadeia de rádio e TV para assumir nas ruas um programa de combate às desigualdades, que atenda às demandas dos de baixo e que saiba quem está do lado do povão. Quero ver deputado votar contra um “pacote” do bem com milhões de pessoas nas ruas cercando o Parlamento e as casas desses deputados – com gangsteres achacadores a coisa tem que ser assim: povo na rua cercando as moradias e os prédios das instituições golpistas e as emissoras de rádios e TVs.

Fora desse contexto, os direitos dos trabalhadores serão retirados sob o governo do PT – começo a achar que a direita usa o impeachment para tirar o foco da essência, que é a implantação de políticas de arrocho sob o governo do PT, pois assim será fácil derrotá-lo nas urnas, ou até mesmo golpeá-lo mais adiante. E mesmo para os movimentos sociais, que passaram anos acomodados com o PT no governo federal, será difícil mobilizar amplas massas quando o próprio governo federal joga contra os interesses dos de baixo. Se Dilma não romper com essa política de ajustes contra os de baixo ela não chegará ao final do governo, e se chegar, será tão grande o desgaste que poderá até mesmo fazer a população esquecer a tragédia que foram os governos FHC. Talvez seja isso que os tucanos e o PMDB de Cunha e afins queiram.

    Julio Silveira

    Meu caro, lá atrás a opção foi clara. E a cada dia as opções politicas do governo deixam a gente mais convicto. Não adianta querer se enganar, a esquerda quer acreditar no PT pelo investimento até moral, mas o PT não, já queimou essa caravela. Não quer mais ser esquerda, foi infestado por cavalos de troia.

Maria

Sobre o pré-sal: vendo o documentário sobre a privataria, repetindo de forma condensada tudo o que lemos em textos esparsos nesses anos, Luiz Pinguelli Rosa, e outros, impossível não sentir raiva de FHC, o medíocre espertalhao e seu PSDB. E agora vem o só espertalhão PMDB…..

Depois do que fizeram pouco restou para destruir. Só a Petrobras, os Correios, e o SUS.

O melhor que as pessoas muito pobres fariam é aplicar a lei chinesa a si próprias: não ter filhos. Ou ter apenas um. A única maneira de fazer aumentar os salários e manter os empregos . Tudo foi destruído e agora querem a carcaça.

Maria

Muito grave: o PMDB que deveria lutar pela recomposição das aposentadorias e pela preservação do velho e bom INSS – contra as privadas- melhorando sua comunicação e recomposição do numero de contribuintes, quer mesmo é a desindexação? Malandros.

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