PM cega ativista do Levante da Juventude; Alckmin proíbe protesto na Paulista e pode provocar maré como a de 2013

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Captura de Tela 2016-09-02 às 00.12.52Da Redação

Desde que o Senado confirmou a derrubada de Dilma Rousseff num golpe midiático parlamentar financiado e a serviço da Fiesp, manifestações pipocaram por todo o Brasil.

Foram organizadas às pressas, ainda assim atrairam uma quantidade razoável de ativistas.

O foco é o golpista Michel Temer, que usurpou o poder para implantar um projeto econômico que não foi aprovado nas urnas.

Ainda não se sabe se as PMs estaduais estão atendendo a algum tipo de coordenação nacional, elas que são subordinadas ao Exército.

Porém, chama a atenção o fato de que, independentemente do local, os PMs têm agido com extrema violência, com bombas, balas de borracha e um arsenal repressivo desproporcional ao tamanho das manifestações.

Numa entrevista à agencia ANSA, o teólogo Leonardo Boff afirmou:

Os riscos desse golpe parlamentar é que se transforme num golpe militar. Há consciência no povo, segundo a qual não se tolera mais um golpe para favorecer a classe dominante. Se a reação dos movimentos sociais for forte, o que se presume, os golpistas civis poderão chamar de novo os militares como fizeram em 1964.

A ação das PMs é compatível com uma repressão desproporcional, que provoque uma reação popular nos moldes dos protestos de junho de 2013, que por sua vez justifique o estabelecimento de um regime com poderes extraordinários para implantar uma agenda econômica regressiva.

Porém, pode refletir apenas o desprezo de comandantes locais pelos dissidentes do golpe, ódio incorporado pelas tropas.

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Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo utilizou pretextos para proibir manifestações no próximo domingo, na avenida Paulista:

Diante da ocorrência de protestos violentos, com atos de vandalismo, ocorridos ontem, a Secretaria de Segurança Pública reuniu nesta quinta-feira, 1 de setembro,  os comandos das Polícias Civil e Militar e vem a público reafirmar que respeita o direito de manifestação e está empenhada em garantir a segurança dos manifestantes.

Ressalta ainda que, conforme determina a Constituição, é obrigatória a comunicação de hora, local e trajeto em que se realizarão os atos públicos. Para que sejam preservados os direitos das pessoas que não participam das manifestações e garantida a ordem pública, será evitado o fechamento das vias importantes da cidade. A SSP informa ainda que até o momento não recebeu qualquer comunicado oficial de movimentos organizados dando ciência da realização de manifestações públicas nos próximos dias.

Por fim, a secretaria alerta que, no domingo, não será permitida a realização de atos na Avenida Paulista, pois toda a extensão da avenida estará reservada para o evento de passagem da tocha paraolímpica, que integra a cerimônia oficial dos Jogos Paraolímpicos Rio 2016.

Nas redes sociais, no entanto, há o anúncio de várias manifestações Fora Temer com o objetivo de aproveitar a passagem da tocha.

Numa delas, quase 20 mil pessoas demonstraram interesse em participar: um ato chamado pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo diante da Fiesp, a principal financiadora do golpe, a partir das 14 horas.

No twitter, onde proliferam imagens e fotos da violenta repressão dos últimos dias, ativistas convocam à Paulista com o argumento de que é preciso bloquear, pelos números, a capacidade de repressão da PM — como se deu, aliás, em 2013.

O caso que despertou maior solidariedade foi a da jovem Deborah Fabri, estudante da Universidade Federal do ABC, que perdeu a visão no olho esquerdo depois de ser atingida por uma bomba atirada pela PM paulista:

Nota de solidariedade à militante do Levante Popular da Juventude Deborah Fabri

Na noite de ontem, 31 de agosto de 2016, milhares de jovens saíram às ruas de diversas capitais para protestarem e expressar todo seu repúdio ao golpe parlamentar que destituiu a presidenta legítima, Dilma Rousseff, colocando em seu lugar o golpista e usurpador, Michel Temer.

O Levante Popular da Juventude esteve presente em diversas destas manifestações, somando-se ao coro Não ao Golpe, Fora Temer!

Praticamente todas as manifestações ocorreram fortes reações da polícia militar, que agiu de maneira desproporcional, violenta e brutal, reprimindo e agredindo os manifestantes. Em São Paulo, na esquina da rua Caio Prado com a rua da Consolação, mesmo lugar onde ocorreu o massacre de 13 de junho de 2013, a militante do Levante Popular da Juventude, Deborah Fabri, estudante da Universidade Federal do ABC (UFABC), foi atingida por um estilhaço de bomba no rosto, ferindo seu olho esquerdo.

Deborah foi hospitalizada e passa bem, perdeu a visão do olho esquerdo! Isso é inaceitável! Prestamos toda nossa solidariedade à ela e seus familiares e afirmamos que não descansaremos até que os responsáveis sejam punidos e ela disponha de todo a assistência necessária.

Repudiamos veementemente a ação da Polícia Militar do governador Geraldo Alckmin. Exigimos apuração, identificação e punição dos responsáveis imediatamente.

Essa é a marca desse governo ilegítimo e desse golpe: violência, truculência e autoritarismo. Não toleram a democracia, a liberdade de expressão, a soberania popular. Querem nos tirar tudo, desde os nossos direitos à nossa voz: não permitiremos!

Michel Temer e seu governo não nos representa, muito menos irá nos intimidar. Tomaremos todas as medidas judiciais e políticas cabíveis. Lutaremos e resistiremos em todas as trincheiras!

Seguiremos nas ruas, na luta contra esse golpe! Convocamos todos e todas a ocuparem as ruas!

Fora Temer!

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