Tradução de trechos do relatório da comissão do Parlamento britânico [de Cultura, Mídia e Esportes] que investigou o escândalo de arapongagem telefônica de jornais de Rupert Murdoch:
conforme publicado no Financial Times
Cegueira voluntária – aprovado por 7 votos a 3
A News International e sua companhia controladora News Corporation exibiram cegueira voluntária pela qual os diretores das companhias — inclusive Rupert Murdoch e James Murdoch — devem estar preparados para assumir responsabilidade. Implicações: Esta afirmação vai dar força aos que fazem campanha por governança corporativa e exercem pressão sobre a News Corp depois do escândalo do hackeamento de telefones. Também servirá aos advogados que representam as alegadas vítimas.
Pessoa não qualificada – aprovado por 6 votos a 4
Rupert Murdoch… se fez de cego e exibiu cegueira voluntária sobre o que estava acontecendo em suas companhias… Nós concluímos que Rupert Murdoch não é uma pessoa qualificada para exercer a liderança em uma grande companhia internacional. Implicações: Esta declaração pode levar o regulador da mídia do Reino Unido a concluir que a BSkyB, que tem 39,1% das ações controladas pela News Corp, não está qualificada para ter uma concessão. O Ofcom [o regulador da mídia britânica] na semana passada passou de uma fase de monitoramento a uma fase de coletar provas sobre o caso.
Privilégio legal — aprovado por unanimidade
Pedimos à companhia [News International] que abra mão de seus privilégios legais para que os dados da assessoria legal e das investigações feitas pela Burton Copeland se tornem públicos e submetidos à comissão Leveson [que também investiga o escândalo]. Implicações: Isso exporia o início da investigação interna da News International sobre o hackeamento de telefones, o que poderia deixar em situação difícil os executivos sênior. A banca de advogados Burton Copeland fez uma investigação de nove meses e concluiu não ter encontrado provas de más condutas disseminadas.
Falta de curiosidade — aprovado por 9 a 1
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Fomos informados que em dezembro de 2010 James Murdoch — e Rupert Murdoch — se deram conta de que a tese de que o problema era de um “repórter trapaceiro” era falsa. Consideramos isso simplesmente surpreendente. Implicações: James Murdoch já enfrentou uma rebelião dos acionistas da News Corp e da BSkyB sobre suas ligações com o escândalo do hackeamento de telefones e esta afirmação do relatório pode aumentar a revolta. James também está sujeito à avaliação da Ofcom: se é preparado ou não para exercer o cargo de diretor não executivo da BSkyB.
Desacato — aprovado por unanimidade
Les Hinton enganou o comitê do Parlamento e Tom Crone e Colin Myler enganaram o comitê… é para o plenário decidir se houve desacato e, se sim, qual a punição a ser aplicada. Implicações: Os indivíduos nomeados, inclusive o sr. Myler, que agora edita o New York Daily News, poderiam ser chamados para pedir desculpas ao Parlamento. Isso aconteceu pela última vez nos anos 50, quando o editor do Sunday Express, sir John Junor, foi convocado a pedir desculpas por uma reportagem.
PS do Viomundo: Em 2009, executivos de empresas de Murdoch (os três acima citados) mentiram sobre a extensão do escândalo, então atribuído a algumas “maçãs podres” na empresa.
Para ler o relatório de 85 páginas, em inglês (no site do Parlamento britânico).
Aqui, uma excelente reportagem, como sempre, da rádio pública dos Estados Unidos, a NPR (também em inglês), sobre as implicações do relatório para os negócios de Murdoch nos Estados Unidos. Consideráveis, especialmente porque há outras investigações em andamento.




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