Flávio Bolsonaro empregou mãe e mulher de chefe do Escritório do Crime, suspeito de ter mandado matar Marielle Franco; leia os discursos pró milícia de Jair Bolsonaro na Câmara

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Foto redes sociais

Flávio Bolsonaro empregou mãe e mulher de chefe do Escritório do Crime em seu gabinete

Senador eleito fez duas homenagens ao capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega

Bruno Abbud, Igor Mello e Vera Araújo, em O Globo

RIO – O gabinete do senador eleito e ex-deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) empregou até novembro do ano passado a mãe e a mulher do capitão Adriano Magalhães da Nóbrega , tido pelo Ministério Público do Rio como o homem-forte do Escritório do Crime , organização suspeita do assassinato de Marielle Franco.

O policial foi alvo de um mandado de prisão nesta terça-feira e ainda não foi encontrado pela polícia.

Ele é acusado há mais de uma década por envolvimento em homicídios.

Adriano e outro integrante da quadrilha foram homenageados por Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Adriano é amigo de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro e investigado sob suspeita de recolher parte dos salários de funcionários do político.

Teria sido Queiroz — amigo também do presidente Jair Bolsonaro desde os anos 1980 — o responsável pelas indicações dos familiares de Adriano.

A mãe de Adriano, Raimunda Veras Magalhães, e a mulher, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, ocuparam cargos no gabinete de Flávio Bolsonaro. E

las tinham o cargo CCDAL-5, com salários de R$ 6.490,35. Segundo o Diário Oficial do Estado, ambas foram exoneradas a pedido no dia 13 de novembro de 2018.

O GLOBO revelou a existência do Escritório do Crime em agosto do ano passado.

Ex-integrante do Bope, Adriano se formou no curso de operações especiais da PM em 2000.

Ele foi preso na operação “Dedo de Deus”, de 2011, desencadeada para combater o jogo do bicho no Rio. À época, era capitão da PM.

Raimunda é uma das servidoras do gabinete que fizeram repasses para a conta do ex-assessor Fabrício Queiroz, investigado pelo Ministério Público do Rio.

A ex-assessora, de 68 anos, repassou R$ 4,6 mil para a conta do policial militar.

Ela ocupou cargos na Assembleia ao menos desde 2 de março de 2015, quando foi nomeada como assessora da liderança do PP — então partido de Flávio Bolsonaro.

A mãe de Adriano permaneceu no cargo até 31 de março de 2016, pouco depois do senador eleito deixar o PP e se filiar ao PSC.

No dia 29 de junho do mesmo ano, voltou a trabalhar na Alerj, dessa vez no gabinete de Flávio. Já Danielle aparece como servidora da Alerj ao menos desde novembro de 2010.

O relatório do Coaf aponta mais uma possível ligação entre Queiroz e Adriano.

Segundo dados da Receita Federal, Raimunda é sócia de um restaurante localizado na Rua Aristides Lobo, no Rio Comprido.

O estabelecimento fica em frente à agência 5663 do Banco Itaú, na qual foi registrada a maior parte dos depósitos em dinheiro vivo feitos na conta de Fabrício Queiroz.

Na agência foram realizados 17 depósitos não identificados, em dinheiro vivo, que somam R$ 91.796 — 42% de todo o valor depositado em espécie nas transações discriminadas pelo Coaf, segundo um cruzamento de dados feito pelo GLOBO.

Nessa agência foram registradas transações com valores repetidos mensalmente — um indício de lavagem de dinheiro, segundo um integrante do Ministério Público Federal. Em setembro, novembro e dezembro foram feitos depósitos em espécie no valor de R$ 4.246. Já em outros seis meses foram feitas transferências entre R$ 4.200 e R$ 4.600.

Adriano também aparece ligado a outro restaurante na mesma rua. O elo entre os dois estabelecimentos é uma sócia em comum.

O GLOBO esteve no restaurante, registrado em nome de Raimunda, em dezembro. A sócia da ex-servidora da Alerj estava no local, mas Raimunda não estava presente.

Segundo funcionários, a outra sócia do restaurante “estava viajando”. Um deles, ao ser questionado, negou que uma das donas se chamasse Raimunda.

– É Vera – limitou-se a dizer.

Homenagens na Alerj

Além de empregar as familiares de Adriano, Flávio Bolsonaro por duas vezes homenageou o atual chefe do Escritório do Crime.

Em outubro de 2003, Flávio apresentou uma moção de louvor ao PM. Na homenagem, afirmou que Adriano atuava com “brilhantismo e galhardia”.

Segundo a homenagem, o ex-PM prestava “serviços à sociedade desempenhando com absoluta presteza e excepcional comportamento nas suas atividades”.

Ainda elogiou Adriano, àquela altura 1º tenente e comandante da guarnição de Patrulhamento Tático Móvel (Patamo) do 16º BPM (Olaria): “Imbuído de espírito comunitário, o que sempre pautou sua vida profissional, atua no cumprimento do seu dever de policial militar no atendimento ao cidadão”, disse Flávio Bolsonaro.

Em julho de 2005, Flávio concedeu uma nova homenagem ao policial. Desta vez concedeu a ele a Medalha Tiradentes, a mais alta honraria do parlamento fluminense.

O então deputado estadual destacou o currículo de Adriano, citando diversos cursos que ele realizou na Polícia Militar, assim como sua participação em uma operação no Morro da Coroa, em 2001, que resultou na prisão de 12 suspeitos e na apreensão de quatro fuzis e outras três armas de fogo, uma granada e grande quantidade de munições.

Também alvo de um mandado de prisão nesta terça-feira, o major Ronald Paulo Alves Pereira, apontado como integrante do Escritório do Crime, também mereceu uma moção de louvor de Flávio Bolsonaro em março de 2004.

Na justificativa da homenagem, o deputado estadual citou a participação de Ronald em uma operação no Complexo da Maré, que terminou com um saldo de três mortos, além da apreensão de dois fuzis e uma granada.


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Comentários

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Zé Maria

Pena que a Globo omite nomes de Bandidos Milicianos da PM,
quando são próximos dos Herdeiros do Roberto Marinho.
Aliás, são inclusive pagos pra fazer a Segurança Privada deles.

VAGNER AUGUSTO DE OLIVEIRA SOUZA

Eu ainda uso vermelho, mesmo com o Lula (injustiçadamente) preso. E vcs, cadê que sumiu todo mundo, e olha que ainda não foi nenhum em cana.
Será que depois irão dizer que o clã foi injustiçado???
Sairão em sua defesa???
kkkkkk
lixos

Zé Maria

Não se sabe o que é pior:
se o Grupo de Extermínio do Guedes
ou o Esquadrão da Morte do Mito…

Julio Silveira

Será que vai ser dado o mesmo tratamento que deram ao helicoca?

Zé Maria

“Existe miliciano que não tem nada a ver com “gatonet”, com venda de gás.
Como ele ganha 850 reais por mês – que é quanto ganha um soldado da PM ou do bombeiro – e tem a sua própria arma, ele organiza a segurança na sua comunidade. ”

Jair Messias Bolsonaro
ex-Deputado Federal
pré-Zidenti do braZil
(Em 17/12/2008, na Câmara)

http://bit.do/eGead

https://www.viomundo.com.br/wp-content/uploads/2019/01/captura-de-tela-2019-01-21-axxs-07.16.11-1172×600.png
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Zé Maria

“Enquanto o Estado não tiver coragem de adotar a pena de morte, esses grupos de extermínio, no meu entender, são muito bem-vindos.
E se não tiver espaço na Bahia, pode ir para o Rio de Janeiro”.

Jair Messias Bolsonaro
ex-Deputado Federal
pré-Zidente do braZil
(Em 12/8/2003, na Câmara)
http://bit.do/eGd3E

https://blogs.oglobo.globo.com/bernardo-mello-franco/post/em-discursos-bolsonaro-ja-exaltou-milicias-e-grupos-de-exterminio.html
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/06/em-2003-bolsonaro-parabenizou-grupos-de-exterminio-por-substituir-pena-de-morte-no-pais.shtml

Hudson

“É Vera – limitou-se a dizer.”

Acho que o que ele disse pode ter sido: “É vero.”

Era dos Boçais

isso, e verdade for, é um grandioso gesto de caridade cristã. Sem oportunidade como essas não tem como sair da marginaliddae

Jardel

heheheh… cadê aquela turma que dizia que faziam propaganda de graça pros Bolsonaro?
Mico, mico, mico!

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