Delegado da PF se recusa a receber sindicalista ameaçado

Tempo de leitura: 3 min

Ameaças e intimidações colocam em risco a vida do Presidente da FETEMS/CUT

da Assessoria de Imprensa – CUT Nacional, via e-mail

O presidente da FETEMS/CUT (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), professor Roberto Magno Botareli Cesar, foi nesta quinta-feira (5) à sede da Polícia Federal em Campo Grande-MS, denunciar ameaças de morte e intimidações que vem sofrendo desde ontem. Apesar da gravidade dos fatos, o delegado se recusou a recebê-lo. Quem registrou o Boletim de Ocorrência (BO) foi o escrivão de plantão.

Para garantir proteção ao dirigente e investigação séria e detalhada sobre os fatos, o presidente da CUT, Vagner Freitas,  encaminhou na manhã desta quinta, um ofício ao Ministério da Justiça e à Secretaria Geral da Presidência da República.

A intimidação feita a Roberto na manhã de hoje ocorreu por volta das sete horas, quando um motoqueiro que se apresentou como jornalista, mas não mostrou nenhum crachá de identificação, foi à sede da Federação procurar o dirigente. Pelas perguntas, o motoqueiro deixou claro que sabe detalhes da rotina do presidente da FETEMS/CUT. Quando a recepcionista disse que ele não estava, por exemplo, o rapaz perguntou: Ele não está fazendo a caminhada que faz todos os dias? Ontem, uma pessoa que se identificou como “Maurício Pistoleiro” foi mais explícita: ligou no telefone fixo da FETEMS/CUT e ameaçou o dirigente de morte.

Roberto e outros dirigentes da Federação relacionam as ameaças e intimidações ao fato de os movimentos sociais terem conseguido impedir a realização de um leilão que os fazendeiros da região iriam fazer no próximo sábado para arrecadar dinheiro para contratar seguranças armados para atuar nas áreas de conflito de terras com os indignes sul-mato-grossenses.

Isso porque, Roberto recebeu a ligação ameaçadora momentos após a  Justiça Federal em Mato Grosso do Sul suspender o chamado “Leilão da Resistência”, organizado pela Acrissul (Associação dos Criadores do Mato Grosso do Sul), que esperava levantar R$ 3 milhões. A juíza Janete Cabral considerou que o leilão constitui um incentivo à violência fundiária.

A disputa de terras entre índios e produtores rurais tem histórico violento no Estado. Segundo a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), 80 propriedades estão ocupadas por indígenas no Estado. Em 30 de maio, o índio terena Oziel Gabriel foi morto durante uma operação policial para retirada dos indígenas da fazenda Buriti, mo município de Sidrolândia (MS).

Em setembro, durante a 6ª Conferência da Educação Pública, em Aparecida do Taboado, a FETEMS/CUT homenageou Oziel e familiares. O terena assassinado era um estudante universitário que lutava pela retomada do seu território. Em sua fala, Roberto lamentou o fato do estado do Mato Grosso do Sul concentrar mais de 50% dos assassinatos de índios no país. Roberto disse, então, que a 6ª conferência, além de um espaço para debater o Plano Nacional de Educação, os desafios do movimento sindical, era também o momento ideal para reafirmar o compromisso da entidade com a diversidade, para discutir a educação no campo, na cidade, indígena e quilombola e, também, para fortalecer o  compromisso das professoras, dos professores e dos dirigentes sindicais com uma escola pública inclusiva, democrática e comprometida com os valores da solidariedade e da igualdade.

A FETEMS/CUT é a maior entidade sindical de Mato Grosso do Sul, tem 72  Sindicatos Municipais de Trabalhadores em Educação (Simted’s) filiados e o professor Roberto representa mais de 25 mil trabalhadores/as.

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Comentários

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lidia virni

Onde está a resposta do senhor Edno Lima a pergunta do internauta Elias? Ou a questão era só defender os latifundiários do Mato Grosso do Sul?

    Edno Lima

    Estou aqui, mas acho melhor você desenhar seu questionamento.Escrevendo, você não se consegue fazer entender. Antes que você escreva mais alguma besteira, está previamente desculpada!

guilherme

Se o leilão fosse do PT todos já estaria condenados por formação de quadrilha, milícia, ou algo assim.

Mardones

A PF não pode proteger sindicalista. Esse ‘serviço’ só é prestado para autoridades ou criminosos.

Sr.Indignado

Quem manda no MS?
Quem?

lukas

Nunca consegui fazer um BO com um delegado, foi sempre com o escrivão.

Se soubesse…

    Mário SF Alves

    Piada de mau gosto. Irresponsável, cretina, arrogante e pretensiosa.
    ____________________________
    É… o Brasil País de Uns Poucos, com essa eterna mania de oligarca, não perde a pose e nem a arrogância.
    _______________________________________
    Ei, acorda!

Edno Lima

Não consta que o crime de ameaças, exceto a funcionários públicos federais no exercício de suas funções, esteja no rol de atribuições da polícia federal. Há gente que, julgando-se mais iguais que as outras, acorrem áquele órgão, entendendo que por pertencerem á categoria A ou B, devem ter tratamento priviligiado e ter os crimes contra si investigados por aquela força polícial. A ocorrência será, provavelmente, encaminhada á polícia civil.

    zequinha

    A ameaça é conexa com o litigio entre pecuaristas e indígenas, assunto pertinente à PF. Por isso que foi aceito BO, embora parece que não terá consequencia. Afinal de contas, o poder público cassou o direito de defesa do cidadão comum, pois o desarmou até a medula, então a policia é sim responsável pela segurança de todos, coletiva ou individualmente. Se não querem fazer isso, devolvam nosso direito à arma.

    Edno Lima

    Não há qualquer conexão entre um crime e outro. É competência da justiça federal julgar a disputa sobre direitos indígenas.Dependendo da unidade, é praxe aceitar qualquer ocorrência e depois o delegado avalia se é ou não competência da PF, o que no caso não é. Lançaram no livro de ocorrências para o sindicalista não ficar enchendo o saco. Foi só isso! Não delire!

Elias

O que causa preocupação e até espanto, é saber que o Mato Grosso do Sul, cuja população é de dois milhões e meio de habitantes, ou seja, 21° (em população) dos 27 estados, e “o fato do estado do Mato Grosso do Sul concentrar mais de 50% dos assassinatos de índios no país”, segundo a Assessoria de Imprensa – CUT Nacional.

O que as autoridades sul-mato-grossense têm a declarar sobre a pecha de seu estado ser o maior assassíno de índios do Brasil?

Seu Zé

Você conhece algum delegado que não seja arrogante e autoritário? (Paulo Freire já tinha falado…)

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