Persio, o personagem palestino
Não à falsificação histórica sobre os palestinos na novela da Globo
Nós, organizações reunidas na Frente em Defesa do Povo Palestino-SP, nos comitês de outros estados, bem como demais entidades abaixo-assinadas, repudiamos veementemente a forma como os palestinos são representados na novela “Amor à Vida”, da TV Globo.
Sua resistência legítima à ocupação e apartheid israelenses que já duram 66 anos é retratada como terrorismo contra vítimas inocentes nos diálogos entre um personagem palestino, Pérsio (Mouhamed Hartouch), e uma judia (Paula Braun).
Todas as vezes em que é feita referência à Palestina, fala-se em guerra, o que pressupõe dois lados iguais disputando um território.
Na verdade, é uma distorção da realidade: tem-se um opressor e ocupante (Israel) e um oprimido (palestinos).
Em nenhum momento, a novela faz referência ao muro do apartheid, aos inúmeros postos de controle a que estão submetidos os palestinos, bem como às leis racistas que lhes são impostas e à limpeza étnica e ataques contínuos contra eles.
O diálogo que inaugura essa farsa é permeado por desinformação e manipulação da verdade.
Rebeca chega a afirmar que há muitos casais judeus e palestinos em Israel, como conviria a qualquer Estado democrático.
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A verdade é que Israel foi criado em 1948 como um Estado exclusivamente judeu, um entrave à democracia, já que esses têm tratamento diferenciado.
Desde então, a própria convivência está comprometida.
O apartheid imposto aos palestinos impede até que vivam no mesmo bairro.
Os palestinos que vivem onde hoje é Israel (território palestino até 1948, ano da criação desse Estado exclusivamente judeu) são considerados cidadãos de segunda ou terceira categoria, discriminados cotidianamente, e as leis que valem para eles não são as mesmas que valem – e privilegiam – os judeus.
O apartheid é explícito e amparado por uma legislação que fere o direito internacional.
Em 1948, ano que na memória coletiva árabe é conhecido como “nakba”, a catástrofe, foram expulsos de suas terras e propriedades cerca de 800 mil palestinos e aproximadamente 500 aldeias palestinas foram destruídas para dar lugar a Israel.
Massacres cometidos por grupos paramilitares sionistas, contra agricultores palestinos desarmados e sem treino militar, são hoje comprovados.
Os palestinos têm sido desumanizados desde o início da colonização de suas terras.
Essa contextualização histórica também ficou fora da telinha.
O autor de “Amor à vida”, Walcyr Carrasco, reforçou, assim, mitos que são denunciados por vários historiadores, inclusive israelenses, como Ilan Pappe, em seu artigo “Os dez mitos de Israel”.
Entre eles, o mito de que a luta palestina não tem outro objetivo que não o terror e que Israel é “forçado” a responder à violência.
Segundo ele, a história distorcida serve à opressão, à colonização e à ocupação.
“A ampla aceitação mundial da narrativa sionista é baseada em um conjunto de mitos que, ao final, lançam dúvidas sobre o direito moral palestino, o comportamento ético e as chances de qualquer paz justa no futuro. A razão é que esses mitos são aceitos pela grande mídia no Ocidente e pelas elites políticas como verdade.”
O Brasil não é exceção.
Na contramão da campanha global por boicotes ao apartheid israelense, o governo federal se tornou nos últimos anos o segundo maior importador de tecnologias militares da potência que ocupa a Palestina e porta de entrada dessa indústria à América Latina.
E sua cumplicidade com a opressão, a ocupação e o apartheid a que estão submetidos os palestinos é justificada a milhares de espectadores desavisados da novela da Globo, através de um discurso que reproduz a versão falsificada da história e se fortalece perante a representação orientalista – em que os árabes seriam “orientais” bárbaros e atrasados, ante cidadãos “pacíficos e civilizados”.
Como detentora de concessão pública (o espaço eletromagnético está na Constituição Federal, como um bem do povo) e ciente de que as telenovelas moldam comportamentos, ideias e conceitos ou ajudam a reforçar preconceitos e discriminações, a Globo comete erros históricos graves, injustiças ao povo palestino em particular e aos árabes em geral e um desrespeito ao seu público ao desinformá-lo.
Denunciamos publicamente essas distorções e exigimos que a Globo se retrate nos próximos capítulos de “Amor à Vida”, programa de maior audiência da TV brasileira.
Frente em Defesa do Povo Palestino-SP / BDS Brasil
Centro Brasileiro de Estudos do Oriente Médio
Comitê Brasileiro de Defesa dos Direitos do Povo Palestino
Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino do Rio de Janeiro
Centro Cultural Palestino do Rio Grande do Sul
Comitê Gaúcho de Solidariedade ao Povo Palestino
Sociedade Árabe Palestino Brasileira de Corumbá
Comitê Democrático Palestino – Brasil
Comitê Pró-Haiti
Tribunal Popular
GTNM-SP – Grupo Tortura Nunca Mais do Estado de São Paulo
Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada
Rede Mulher e Mídia
Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social
Associação Islâmica de São Paulo
UNI – União Nacional das Entidades Islâmicas
ICArabe – Instituto da Cultura Árabe
FST-SP – Fórum Sindical dos Trabalhadores-SP
CSP-Conlutas – Central Sindical e Popular
Anel – Assembleia Nacional dos Estudantes Livre
UJC – União da Juventude Comunista
PCB – Partido Comunista Brasileiro
PSOL-SP – Partido Socialismo e Liberdade
PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Mopat – Movimento Palestina para Tod@s
Coletivo Periferia, Nossa Faixa de Gaza
Coletivo de Mulheres Ana Montenegro
União da Juventude Comunista – Brasil
Marcha Mundial de Mulheres
Movimento Mulheres em Luta
Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe
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Comentários
Félix Soibelman
O Hamas é uma entidade criminosa, terrorista, que ataca civis indiscriminadamente. Isto é fato. É fato, também, que o Islã é um projeto de poder. Desde a Hegira, massacres que arrasaram todas as capitais cristãs fizeram a tomada do Oriente Médio. Não onstante, o argumento de legitimidade permeia o discurso pro-palestino, quando todos os Estados do mundo foram forjados pela usurpação, conquista, escravização e espoliação. Imclusive os Estados islâmicos. Enquanto isto, Israel foi formada por um consenso entre nações.
Ou seja, cada lado do conflito agarra-se a um recorte histórico que lhe imteressa, esquecendo-se de sua própria senda de violência. O que fundamenta o sionismo é o simples resgate do povo judeu ara a terra de sua identidade. Ele pode ser deformado como racismo, mas, digam vocês o que digam, nada há de racismo no sionismo. Israel é uma democracia, e, como tal, nela vigora a liberdade de expressão, associação e o equilíbrio dos trés poderes. Coisa que não existe nos países islâmicos, de modo que nunca os judeus teriam lá os direitos que os árabes israelenses tém em Israel, participando de todos os setores sociais.
Logo, Isarel é a expressão do direito do povo judeu ter uma terra para sua nação, assim como todos os povos. Porém, este direito se assenta na fulcral importância que a tradição judaica teve para a história mundial, dela dimanando o islamismo e o cristianismo.
E nada pode contrariar isto.
Palestinos tiveram todas as chamces, mas preferira, acreditar que os judeus seriam “johados ao mar”. E enquanto houver umgruoo assassino, criminoso, TERRORISTA, sim, no comando de Gaza, não só não haverá a apaz, como ainda tal fato subtrairá de você squalquer autoridade moral no tema. O TERRORISMO, sim, realizado pelo Hamas, nunca sairá vencedor.