Empreiteira tem incentivo para manter reservatório cheios

Tempo de leitura: 3 min

Post publicado originalmente no Viomundo antigo em 29/01/2010

DO.jpg

por Conceição Lemes

A empresa privada que controla os reservatórios do Alto Tietê tinha incentivos para manter as represas cheias mesmo antes do início do período de chuvas em São Paulo: ela recebe da Sabesp pelo fornecimento de 10 metros cúbicos de água tratada por segundo.

Isso fica claro no anúncio do fechamento do contrato, feito no Diário Oficial do Poder Executivo de 28 de fevereiro de 2009, um sábado.

Está lá, na capa: Estação de Taiaçupeba terá produção ampliada em 50% num prazo de dois anos.

Diz o texto, assinado por Otávio Nunes, da Agência Imprensa Oficial:

“A estação de tratamento de água (ETA) Taiaçupeba, da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), em Suzano, terá sua produção aumentada em 50% em dois anos, passando dos atuais 10 metros cúbicos por segundo para 15 metros cúbicos. Quando estiver pronta, será a segunda maior da empresa e irá responder por 15% da água consumida na Região Metropolitana de São Paulo. Hoje é a terceira, superada pelas ETAs Guaraú (Sistema Cantareira), com 33 metros cúbicos por segundo, e pela Alto da Boa Vista (Guarapiranga), que trata 14 metros cúbicos por segundo, ambas na capital. Outra novidade: a obra é a primeira da Sabesp feita na modalidade Parceria Pública e Privada (PPP).”

“A ETA Taiaçupeba é responsável pelo tratamento da água proveniente do Sistema Alto Tietê. Hélio Castro conta que todo este manancial é formado por cinco represas que armazenam água do Tietê e de seus afluentes locais, como os rios Jundiaí, Biritiba, Paraitinga e Taiaçupeba, onde está a estação, em Suzano.

A ligação entre as represas e as lagoas de tratamento de Taiaçupeba é feita através de canais e dutos. A obra, iniciada em meados de fevereiro, será tocada pelo consórcio CabSpat, formado pela Galvão Engenharia e Companhia Águas do Brasil (Cab Ambiental). O pool de empresas irá investir R$ 300 milhões nos dois primeiros anos de contrato na ampliação de Taiaçupeba e, também, na construção de 17,7 quilômetros de adutoras (canalização) de 400 a 1,8 mil milímetros de diâmetro e quatro reservatórios para armazenar 70 milhões de litros de água tratada, no processo de disposição final do lodo dos decantadores, na manutenção eletromecânica, na barragem e ainda nos serviços auxiliares de adução e entrega da água. O contrato tem validade de 15 anos”.

“Nos dois primeiros anos de contrato, a parceira receberá da Sabesp valor contratual sobre 10 metros cúbicos por segundo de água tratada. Após a conclusão da obra, prevista para fevereiro de 2011, o pagamento será calculado com base no novo volume de tratamento em Taiaçupeba, de 15 metros cúbicos por segundo.”

“Vantagens da PPP – O engenheiro Hélio Castro aponta as vantagens da modalidade PPP. Ele diz que a Sabesp não precisará arrumar verba para o empreendimento, ganhará experiência para participar de obras em outros países ou Estados brasileiros, dentro do novo modelo de parceria, e o consórcio trará novidades tecnológicas para o setor de tratamento de água. “Além disso, se a Sabesp tocasse sozinha a ampliação de Taiaçupeba pelo modelo tradicional, não conseguiria concluí-la em dois anos, devido aos processos de licitação que seriam realizados no período e que acabariam atrasando a obra. Transtorno que o consórcio não terá, por ser privado”, justifica o superintendente”.

O texto, curiosamente, nada informa sobre o valor do contrato, estimado em quase um bilhão de reais durante 15 anos, mas deixa claro que se trata de um modelo paulista que a Sabesp pretende “exportar” para o restante do Brasil.


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

roberto

A Sabesp esta totalmente sucateada, serviços atrasados e poucos funcionários para atender a população

roberto

A Sabesp esta totalmente sucateada, serviços atrasados e poucos funcionários para atender a população
e preciso rever urgente a forma de trabalhar desta empresa

Anônimo

A CEDAE, no RJ, não foi privatizada. Mas hoje em dia tem tudo feito por empresas terceirizadas: desde a instalação de hidrômetros, passando pela leitura destes e emissão de contas, ligações e corte de fornecimento de água, até a defesa judicial da companhia… Tem um monte de empresas privadas ganhando muito dinheiro às custas da CEDAE. Só os trabalhadores é que devem estar perdendo nessa jogada: deixa-se de fazer concurso, enfraquecendo a classe dos empregados da empresa, e passa-se a utilizar em larga escala os terceirizados, sem poder de pressão e sujeitos a salários e condições de trabalho bem piores. E os consumidores, pagando contas maiores, com certeza…

Pedro

Eu sinto muito pelos Paulistas conscientes que não terão oportunidade de mudar daqui, por que essa praga dos tucanos são piores que cupins e dá a impressão que vão ficar aqui por muito tempo, e quando o povo que os sustenta acordar já estarão ferrados e o estado ôco…. Pena! mas mudar de estado, eu quero futuro..

Marat

Conceição, se você tiver tempo (e estômago) para fazer uma leitura atenta do Diário Oficial, vai descobrir muita malandragem!!!

Luis Armidoro

Esta praga desta tucanaiada só fala em vender, querem se livrar agora da CESP. O objetivo é liquidar com o aparelho estatal paulista. Depois não sabem porque o Estado de SP desmorona em todos indicadores (sociais, econômicos, intelectuais). PPP o raio que o parta, como engenheiro, digo que esta praga de tucanaiada está preparando um Apocalipse em SP maior do que o que aconteceu na Califórnia (para quem não se lembra: no começo da década (2000-2010), "liberou geral" na produção e transmissão de energia, e o estado apagou, porque as empresas não pensaram 2 vezes antes de deixar milhões no breu a diminuir centavos em seus lucro$)

Deixe seu comentário

Leia também