Denise Gentil: Mídia e governo se preocupam com 2030, mas não com problemas atuais. O que está por trás da reforma da Previdência?

Tempo de leitura: 2 min

Captura de Tela 2016-09-11 às 21.25.54Da Redação

Na capa deste domingo 11.09.2016, a Folha de S. Paulo coloca o pé na porta do governo Temer. Ou dá, ou desce.

Depois de assustar os leitores com o “empobrecimento” do Brasil, como se o País não fosse muito pobre para a maioria e não tivesse uma das maiores taxas de desigualdade do mundo, o diário conservador paulistano decreta: “margem do governo Temer está encolhendo”.

Trata-se, obviamente, de manchete cujo objetivo é, de um lado, “vender” a reforma da Previdência à classe média desconfiada, enquanto do outro pressiona Temer, o golpista usurpador, a retirar direitos.

Desta vez a Folha apela à famosa queda da taxa de natalidade, ou seja, quando 2030 chegar o Brasil não teria número suficiente de contribuintes para cobrir as aposentadorias.

Talvez o jornal tenha se cansado de propagar a falsidade de que existe um déficit da Previdência, o que é feito por aqueles que pinçam números que distorcem a realidade: no Brasil, a Seguridade Social — conforme definida pela Constituição de 1988 — é superavitária.

A professora Denise Lobato Gentil é especialista em denunciar o falso rombo da Previdência, como fez aqui e aqui.

Ela diz que os governos rotineiramente ajudam a propagar a falsidade, com apoio da mídia, para justificar a política econômica do “austericídio”.

Tem sido assim desde o final do primeiro mandato de Dilma Rousseff.

Por que, pergunta-se a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o governo e a mídia estão profundamente preocupados com um problema que pode acontecer apenas em 2030, quando deixam de lado problemas muito mais graves que estão acontecendo AGORA, como a crise da segurança pública?

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O que está por trás da propaganda que passa por jornalismo?

Denise responde: o famoso “ajuste fiscal” é pretexto para a financeirização completa da economia brasileira, que beneficia especialmente banqueiros e rentistas, aqueles mesmos que mantém a taxa de juros na lua.

Imaginem uma estrutura gigante do Estado migrando para dentro dos bancos privados: quanto eles vão faturar em taxas de gerenciamento, juros e outras manobras com o dinheiro que hoje está na Previdência pública?

Podem chamar também de Privataria do Estado: o golpe dentro do golpe, para que as pessoas desistam da Previdência estatal e comprem planos privados geridos pelos bancos.

É o 1% colocando a faca no pescoço do Planalto com o objetivo de aumentar seu ganho — às custas de direitos trabalhistas e sociais penosamente conquistados durante décadas.

Abaixo, separamos um trecho especialmente significativo de uma palestra da professora Denise Gentil feita quando o debate sobre a reforma da Previdência acontecia no interior do governo Dilma, o que quase levou o senador gaúcho Paulo Paim a abandonar o Partido dos Trabalhadores. Sugerimos, no entanto, que se assista à íntegra.

Com o golpe jurídico-midiático-parlamentar em Dilma e a posse de Temer num governo-tampão, o ataque do 1% aos direitos trabalhistas e sociais aumentou de forma vertiginosa.

Nenhum governo se elegeria com uma plataforma destas que a Folha quer enfiar goela abaixo de seus próprios leitores. Por isso, a pressa e a pressão para resolver AGORA um problema de 2030.

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