Doutoranda da UFSC diz que foi retirada a bombas de campus por PMs que gritavam em favor de Bolsonaro; ataques em SC se tornam corriqueiros

Tempo de leitura: 4 min

Da Redação

Uma estudante de Doutorado em Psicologia na Universidade Federal de Santa Catarina publicou em sua página no Facebook um relato chocante.

O Viomundo confirmou que a estudante, embora preserve seu sobrenome na rede social, de fato existe.

Ela mencionou ao menos duas testemunhas do que aconteceu:

Quem espera ser retirado de dentro de uma universidade a tiros de borracha, bomba de gás e spray de pimenta?

Ontem, como nas todas quartas e quintas desse semestre, passei o dia e a noite junto de amigos, na Universidade Federal de Santa Catarina, no entorno do Centro de Filosofia e Ciencias Humanas, o CFH, onde faço o doutorado em Psicologia.

Já era noite, ficamos no campus, pois exatamente no CFH, no Engenho, teria o samba organizado pelo pessoal da Geografia da UFSC.

Que vem acontecendo no campus desde uns dois meses atrás, toda quinta.

DC*, EF*, entre muitas pessoas da universidade, e da comunidade, estávamos ali, sambando um pouco a tristeza que não tem fim.

Os músicos em roda levando a noite, aquilo que se chama alegria.

Todo carnaval tem seu fim…e quando a festa já ia se encaminhando pro seu fim, fomos surpreendidos por três viaturas da Polícia Militar, invadindo o campus e atirando contra todos que estavam no samba.

Eu saí correndo e gritando: CORRAM, CORRAM, CORRAM.

Os policiais fazendo manobras com os carros de jogar sobre as pessoas e atirar em direção a todos correndo.

Policiais, gritavam repetindo com sarcasmo, “Bolsonaro não vai ganhar, é?”

No desespero do medo e peso que carregava nas mãos, minhas malas com roupas e livros, eu caí no meio da rua e trouxe pra casa meu joelho, não tão ralado quanto os nossos corações!

*O Viomundo preserva a identidade dos citados pelo risco de represálias.

AP nos autorizou a publicar seu relato, desde que sem identificação pública.

O Diretório Central dos Estudantes da UFSC está recolhendo depoimentos para apresentar oficialmente a denúncia às autoridades.

Ataques contra críticos de Bolsonaro estão se tornando cada vez mais comuns em Santa Catarina.

Anteriormente, a página do EECUN — Encontro de Estudantes e Coletivos Negros — já havia denunciado pichações nazistas numa sala denominada Quilombo, na própria UFSC.

“Essas paredes são de uma sala que se encontrava em situação de abandono no Centro Convivência-UFSC e que começou a ser usada para atividades culturais étnico-raciais e chamada de Sala Quilombo. A sala já foi solicitada como Espaço de Convivência dos estudantes negros através de um ofício entregue ao Pró Reitor de Assuntos Estudantis, documento este que segue sem resposta”, escreveram os autores da denúncia.

Segue o relato, publicado em 4 de outubro: “Na sexta-feira ao entrar para ter as Aulas de Hip Hop notamos que haviam sujado duas paredes com lama e as marcado com o símbolo nazista, arrancaram uma das tomadas aparentemente com um chute e arrancaram os cartazes de campanha contra o racismo”.

Os alunos informaram que pediriam a apuração do crime: “Somos diversos alunas e alunos, negras e negros que frequentam a sala, e enfrentamos todos os percalços de ingressar e tentar permanecer em uma universidade pública em nosso país. Não queremos e nem podemos nos acomodar frente a tal situação. Neste sentido exigimos respostas da Universidade. Publicizamos para conhecimento não apenas da comunidade acadêmica, e informamos que já estamos tomando as medidas cabíveis para que esse crime seja apurado”.

A Universidade Federal de Santa Catarina era dirigida pelo reitor Luiz Carlos Cancellier, que cometeu suicídio depois de ser humilhado pela Polícia Federal com falsas acusações de corrupção, disseminadas pela mídia nacional.

Em Santa Catarina, Bolsonaro obteve sua maior votação contra o petista Fernando Haddad: 75,92% dos votos.

Em Brusque, no interior do Estado, fica a sede da Havan, empresa de alcance nacional cujo dono, Luciano Hang, instala réplicas de estátuas da Liberdade diante das lojas que espalhou por todo o Brasil.

Hang foi punido pelo TSE por impulsionar ilegalmente no Facebook postagens defendendo a candidatura de Bolsonaro.

Ele também foi advertido pelo Ministério Público do Trabalho por coagir seus funcionários a votar no candidato neofascista.

Hang é suspeito de ter financiado o impulsionamento ilegal de conteúdo pró-Bolsonaro e contra Haddad no whatsapp, de acordo com denúncia da Folha de S. Paulo.

Agora, o empresário se dedica a uma campanha contra o Pague Seguro, empresa ligada ao Grupo Folha.

Bolsonaro denunciou o diário conservador paulistano, a quem acusa de produzir “fake news”.

O neofascista impediu que repórteres do jornal entrassem em sua primeira entrevista coletiva e, ao Jornal Nacional, disse que cortaria as verbas publicitárias do governo federal como forma de punição ao matutino paulista.

Também do interior de Santa Catarina é a agora deputada estadual eleita Ana Carolina Campagnolo, eleita pelo PSL de Bolsonaro, e que se notabilizou por polemizar em torno do programa Escola Sem Partido.

Ela incentivou a ação ilegal de estudantes catarinenses ao pedir que filmassem eventuais críticas de professores a Bolsonaro em sala de aula.

Uma petição para evitar a diplomação dela já recebeu mais de 400 mil assinaturas.

O Ministério Público Federal e o MPE foram acionados. Por decisão de um juiz, a deputada teve de extinguir o canal de denúncias.

Um docente sugeriu: os alunos de Santa Catarina deveriam filmar a falta de lápis, borracha e cadernos nas escolas públicas.

Leia também:

Pesquisa mostra que fake news foram essenciais na eleição de Bolsonaro


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Comentários

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Marise

Estou indignada.
Na Bahia, gente assim fica calada e, quando abre a boca pra manifestar intolerância, é calada pela justiça. E ainda é massacrada pela mídia e paga indenização ao injuriado etc.
Os policiais que bateram em manifestantes em Salvador estão afastados e respondem a processos.O que matou Mestre Moa está na gaiola.
Isso merece ser levado às cortes internacionais, caso as de Santa Catarina e de Brasília achem, como Moro, que não vem ao caso.

Weez

Bolsonaro é Deus para seus seguidores.

Ele é o deus da guerra que vai guiar seus fiéis para conquistar a terra prometida (o Brasil potência) dos inimigos representantes do mal que estão contaminando a terra prometida que havia sido dada pelos militares após o fim da Ditadura para os homens de bem (cristãos, brancos e de classe média alta de preferência). Ele é o deus da guerra que vai destruir o mal que está contaminando a sociedade e vai proteger seus seguidores. Quando aquilo que representa todo o mal da sociedade for destruído, finalmente os eleitos vão poder desfrutar da terra prometida (preferencialmente cristãos, brancos e de classe média alta). Qualquer um que se oponha a essa batalha é um bandido sem caráter e merece morrer por tentar negar a soberania do deus da guerra. Bolsonaro, o pai disciplinador, é tão deus, que ele não precisa seguir regras e está acima do bem e do mal. “Fiz caixa dois mesmo! Recebi propina mesmo! A gente precisa matar milhares mesmo! Digo algo e depois digo que nunca disse mesmo!”. Isso é demonstração de soberania real, do senhor que vai por ordem no mundo nem que seja à bala e sobre os corpos de milhares de mortos. É um rei absoluto, um imperador, deus, o senhor, que pune com mão forte. Não precisa seguir as regras porque elas têm de se dobrar a ele. Ele vai levar o Brasil de volta à uma época de ouro mitológica, quando, segundo seus iludidos seguidores, teria pretensamente havido ordem, respeito, disciplina, segurança, prosperidade. Ele vai cuidar de cada um como um pai amoroso, vai resolver todos os problemas de todos, porque ele é pai e deus. Vai punir os maus com severidade, porque ele é pai e deus. Vai fazer com que os frustrados, os injustiçados, os humilhados, os violentados possam fazer parte de uma grande narrativa épica do bem contra o mal. Aqueles que se sentem irrelevantes no mundo finalmente podem sentir que fazem parte de algo maior, fazem parte de uma fraternidade que vai combater os desordeiros e aqueles que contaminam o Brasil. Afinal, nada estreita mais os laços de fraternidade entre duas pessoas do que o ódio a uma terceira pessoa ou o medo. São todos uma grande família unida no ódio contra os “depravados do PT e seus comunistas”. Uma família unida pelo medo da desordem e da destruição das tradicionais hierarquias e valores da nossa injusta sociedade. Todos sob a proteção do homem Deus. Tão messiânico que sobreviveu até mesmo a uma facada. Seu nome Jair MESSIAS já comprova esse fato. Sua liderança estava escrita nas estrelas, profetizada como a de Jesus Cristo.

Weez

Bolsonaro é Deus para seus seguidores.

Ele é o deus da guerra Jeová Sabaoth que vai guiar seus fiéis para conquistar a terra prometida (o Brasil potência) dos inimigos representantes do mal que estão contaminando a terra prometida que havia sido dada pelos militares após o fim da Ditadura para os homens de bem (cristãos, brancos e de classe média alta de preferência). Ele é o deus da guerra que vai destruir o mal que está contaminando a sociedade e vai proteger seus seguidores. Quando aquilo que representa todo o mal da sociedade for destruído, finalmente os eleitos vão poder desfrutar da terra prometida (preferencialmente cristãos, brancos e de classe média alta). Qualquer um que se oponha a essa batalha é um bandido sem caráter e merece morrer por tentar negar a soberania do deus da guerra. Bolsonaro, o pai disciplinador, é tão deus, que ele não precisa seguir regras e está acima do bem e do mal. “Fiz caixa dois mesmo! Recebi propina mesmo! A gente precisa matar milhares mesmo! Digo algo e depois digo que nunca disse mesmo!”. Isso é demonstração de soberania real, do senhor que vai por ordem no mundo nem que seja à bala e sobre os corpos de milhares de mortos. É um rei absoluto, um imperador, deus, o senhor, que pune com mão forte. Não precisa seguir as regras porque elas têm de se dobrar a ele. Ele vai levar o Brasil de volta à uma época de ouro mitológica, quando, segundo seus iludidos seguidores, teria pretensamente havido ordem, respeito, disciplina, segurança, prosperidade. Ele vai cuidar de cada um como um pai amoroso, vai resolver todos os problemas de todos, porque ele é pai e deus. Vai punir os maus com severidade, porque ele é pai e deus. Vai fazer com que os frustrados, os injustiçados, os humilhados, os violentados possam fazer parte de uma grande narrativa épica do bem contra o mal. Aqueles que se sentem irrelevantes no mundo finalmente podem sentir que fazem parte de algo maior, fazem parte de uma fraternidade que vai combater os desordeiros e aqueles que contaminam o Brasil. Afinal, nada estreita mais os laços de fraternidade entre duas pessoas do que o ódio a uma terceira pessoa ou o medo. São todos uma grande família unida no ódio contra os “depravados do PT e seus comunistas”. Uma família unida pelo medo da desordem e da destruição das tradicionais hierarquias e valores da nossa injusta sociedade. Todos sob a proteção do homem Deus. Tão messiânico que sobreviveu até mesmo a uma facada. Seu nome Jair MESSIAS já comprova esse fato. Sua liderança estava escrita nas estrelas, profetizada como a de Jesus Cristo.

Marise

Não há fascismo sem propaganda, como não há consumo sem consumidores.
Um boicote às empresas que apoiaram o candidato “patriota” é pedagógico.
Isso vale para todo país.
Como lecionou inteligentemente o Milton Santos: O verdadeiro Fundamentalismo é o consumismo imposto pela globalização.
Sem ele, não há empoderamento de empresas como a Havan e o Posto Ipiranga.

João Ferreira Bastos

Acho prudente solicitar asilo político e sair imediatamente do Brasil

L’Amie

São as Hasselmans, os Hastungs, os Temers e todos que têm bisavós fugitivos da guerra, da fome, do desemprego, da perseguição, da peste, do fascismo e nazismo que agora estão aí cuspindo no prato que comem. O Brasileiro recebeu essas vitimas com boa-vontade, contudo, os netinhos se tornaram inimigos dos brasileiros legitimos e demonstram a sua cruel ingratidão e racismo perverso.É…, o nordeste sustentou o Brasil por 3 séculos, depois foi abandonado à própria sorte e passou a ser o Filho Feio. Eles não tinham olhos azuis, cabelos loiros, pele alva, nem instrução. O sul maravilha estava na moda, assim, os Silvas migraram em busca de trabalho, comida, instrução, direitos, respeito, saúde, paz e felicidade. Eles ergueram grandes cidades, onde hoje moram em terríveis e desumanos guetos, mil vezes piores que os de Varsóvia. Os indianos crêem na Roda de Sansara, deste modo é de se esperar que os que estão hoje em cima, amanhã estejam embaixo e vice-versa para os abandonados e perseguidos nos tempos atuai. Os Hasselmans, Gatinha, Temers e demais, voltarão na condição dos Silvas e sentirão na pele a queimadura do relho que agora têm nas mãos. É vida, mundo dá voltas. O Evangelho de Jesus, diferente dos de malafaias e macedos nos diz: Aquilo que Tu semeares, Tu e só Tu colheras. Se plantastes o Bem (frutos doces e saborosos) colherás Amor; se plantastes cardos e espinhos, jatos mesmo colherás. Com dor, angustia e sofrimento é a colheita do ingrato, do preconceituoso, do racista. Do mau, que se compraz com o mal.

Machado

Tenho vergonha de ser catarinense, um estado de fascistas.

Bel

Quando eu assistia jornais televisivos ouvia muitos ¨formadores de opinião¨ da imprensa direitista incentivando o ódio contra o PT. Os ¨mantras¨ como petistas, esquerdistas, comunistas, são termos corriqueiros na boca dos comentaristas dinossáuricos. De tanto repetir, virou missão de vida combater os vermelhos. Em toda Santa catarina não deve ser diferente, é só ver quais emissoras mandam na região…É só conferir. É só ver quem são os comentaristas dos jornais televisivos principalmente ao meio-dia, no SC, RS e PR e traçar a linha de quem apoiaram nas eleições.

enganado

””””””””””A Noite Ser[a Longa, e As Lágrimas Serão de Sangue”””””””””’, não é meganha heleno e juçççti$$$$ro __çerjiou murrow?????

Sérgio Vianna

Assustadoras as noticias vindas de Santa Catarina. Uma contestação ao afamado discurso de que a origem européia, de muitos alemães e demais “arianos”, e onde os habitantes têm bons salários, renda, cultura, tradição, habitação e qualidade de vida, tudo isso junto e misturado, sejam suficientes para elevar o nível de humanidade das populações aquinhoadas com tais “virtudes”. Ledo engano, é de lá, das terras de Santa Catarina que emergem as maiores barbaridades contra o Estado Democrático de Direito. Lastimável.

Helio

Pobre e santa Catarina!

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