Chico Alves: Como qualificar pessoa que divulga vídeo falso de Haddad e finge não saber que é manipulado?
Tempo de leitura: 2 minOsmar Terra divulga vídeo falso de Haddad e finge não saber que é manipulação
Como qualificar uma pessoa como o deputado sem recorrer a adjetivos?
Por Chico Alves, no ICL Notícias
Houve um tempo em que o jornalismo podia ser feito sem adjetivos. Na verdade, os manuais de redação de alguns anos atrás ordenavam: quanto mais objetividade, melhor.
Por isso, jornalistas sempre deveriam preferir os substantivos.
Essas regras foram feitas em uma época em que as declarações e ações de personagens públicos tinham uma mínima conexão com a realidade. Bons tempos.
Não que a mentira e a manipulação da realidade tenham sido inventadas agora, isso sempre houve na política e em outros setores da ação humana.
O que passamos a acompanhar de 2018 para cá, porém, é uma outra coisa: a criação em escala e tecnologia industriais de “realidades” fictícias, usadas por figuras inescrupulosas contra seus adversários ideológicos ou econômicos.
Nesse período tivemos terra plana, mamadeira de piroca, cloroquina e dezenas de outras invencionices que foram usadas pela extrema direita para transformar a política brasileira em um delirante vale-tudo. E tudo piora agora, com a introdução da Inteligência Artificial.
A essa mistura explosiva, basta acrescentar como ingrediente a falta de caráter — e pronto. A receita de difamação de uma personalidade está completa.
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Bom exemplo é o tuite que o deputado Osmar Terra publicou nesta quinta-feira (9), com um vídeo manipulado com IA em que aparece o ministro Fernando Haddad anunciando tributação em vários setores. É tudo falso, como qualquer pessoa com mais traquejo em tecnologia percebe logo de saída.
O problema é que a grande maioria dos brasileiros não tem essa intimidade com os recursos tecnológicos. Muita gente vai acreditar na montagem absurda, e não vai ligar a mínima para a nota anexa que aponta alteração digital por IA.
“Nosso plano é taxar tudo, tudo, tudo. Esse ano teremos o imposto do cachorrinho de estimação. Se ele é da família temos que arrecadar sobre ele também, é justo”, começa dessa forma o vídeo fraudulento, que continua com outras falsas propostas despropositadas como “imposto pré-Natal” e “imposto sobre lucros nas bets”.
A essa altura, a peça já circulou bastante e fez grande estrago na imagem de Haddad entre os internautas mais incautos.
Era justamente esse o objetivo de Osmar Terra, que divulgou o vídeo como se não soubesse que é falso.
“Isso é verdadeiro? Ou é fake feito com inteligência artificial ? É tão absurdo o que o Haddad está falando que prefiro acreditar ser fake….”, pergunta o deputado, na postagem que no início da tarde de quinta já tinha 105 mil visualizações.
Como qualificar uma estratégia dessas e uma pessoa como Osmar Terra sem recorrer a adjetivos?
São tantas possibilidades que o difícil é escolher o mais adequado.
Já que além da farsa atual esse personagem (um médico!) se destacou na época da pandemia por defender tratamentos ineficazes para a Covid-19, que tal tratá-lo como “mentiroso”?
Outra opção: como faz essa postagem sem declarar abertamente suas intenções, o deputado poderia ser chamado de “covarde”.
Farsante, desleal, impostor, trapaceiro, embusteiro, hipócrita… há várias outras alternativas que poderiam ser usadas para definir o comportamento de Osmar Terra.
No entanto, a coluna prefere não usá-las.
Se o leitor quiser, que o faça por sua conta e risco.
Torçamos para que a vida pública brasileira nos apresente políticos melhores, que nos permitam poupar adjetivos.
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Comentários
Piere Lucaks
O Ricardão !!!
Esse deputado salafrário TBM queria acabar com o SUS.
Ricardo Nunes
Mandetta
Osmar não sei das quantas.
Todos eles são anti-SUS e anti-pobre.
Tem muito deputado e senador antipovo por aí que o povo adora.
Vai entender, né !
Zé Maria
“Relaxamento no Controle das Fake News
pode ter Impacto Grave em 2026, diz
Professor da USP sobre Decisão da Meta”
“Para Marcio Moretto, Coordenador do
Projeto Monitor do Debate Político no
Meio Digital, o Fim da Checagem afronta
a Soberania das Nações e impõe um
Retrocesso que Ignora as Lições do
Escândalo Cambridge Analytica”
[ Reportagem: Ana Luiza Basilio | CartaCapital: (https://t.co/SDk1mVJX4P) ]
https://x.com/CartaCapital/status/1876731481797603757
O anúncio de Mark Zuckerberg, CEO da Meta
[Facebook + Instagram + WhatsApp], sobre
o fim do programa de checagem de fatos nos
Estados Unidos da América [EUA] e a adoção
de um sistema de “notas da comunidade”
semelhante ao do X (antigo Twitter) alarmou
especialistas em tecnologia e proteção de
dados dentro e fora do país.
A decisão de encerrar o programa, implementado
em 2016, coincide com a posse iminente de Donald
Trump como presidente dos EUA, e indica uma tentativa
da Meta de se reposicionar politicamente, buscando
alinhamento com o novo governo.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Zuckerberg disse
contar com o presidente norte-americano “para pressionar
os governos de todo o mundo, que visam perseguir empresas
americanas e pressionando para implementar mais censura“.
Trump, por sua vez, gabou-se de que o fim da checagem se deu,
‘provavelmente’, por causa de suas ameaças.
No anúncio, Zuckerberg defendeu uma suposta ‘restauração
da liberdade de expressão’, afirmando que o sistema atual possui
“muitos erros e censura demais”.
Agora, a moderação [das Redes Anti-Sociais] será feita pelos próprios
usuários em conteúdos considerados de ‘menor gravidade’ pela Meta,
estratégia semelhante à adotada pela plataforma X, do bilionário Elon
Musk, crítico da moderação nas redes sociais, que ele classifica como
‘censura’. No X, as “notas da comunidade” permitem que colaboradores
adicionem contexto e esclarecimentos aos tweets.
Embora a mudança esteja, por ora, restrita aos EUA, há possibilidade
de expansão para outros países.
O secretário de Políticas Digitais do governo Lula, João Brant, expressou
preocupação com a decisão da Meta, interpretando-a como um “convite
à extrema-direita”.
Para o professor da Universidade de São Paulo [USP], Marcio Moretto,
coordenador do Projeto Monitor do Debate Político no Meio Digital,
a medida é temerária, pois contraria o entendimento internacional
sobre a responsabilização das plataformas em relação à moderação
de conteúdos.
Moretto explica que o Marco Civil da Internet [no Brasil] estabeleceu que
as plataformas eram protegidas juridicamente por serem intermediárias,
mas a pandemia da Covid-19 e os ataques à democracia no Brasil e nos EUA
reforçam a necessidade de maior responsabilização das empresas.
“Dois fatores foram cruciais para isso:
a pandemia e os ataques à democracia,
que demonstraram como as consequências
das fake news davam pouca margem a
correções posteriores”,
diz Moretto.
Ele cita a adoção de ferramentas de moderação como resposta a esses
desafios.
A Meta já enfrentou críticas no passado, como no escândalo da Cambridge
Analytica, onde dados de milhões de usuários foram utilizados indevidamente
para influenciar processos eleitorais.
Em 2018, Zuckerberg chegou a comparecer ao Senado americano
para explicar o caso.
“Naquela época, o Facebook respondeu criando um processo interno
de moderação e regulação de conteúdos”, relembra.
“Agora, o anúncio atual vai na contramão desse movimento. Zuckerberg
não só indica um afrouxamento interno, como também sinaliza que
enfrentará legislações, como as da União Europeia e, eventualmente,
do Brasil.”
O CEO da Meta afirma que a mudança começará nos EUA, mas não descarta
a expansão para outros países.
“Isso revela a provável política externa do
governo Trump em relação à regulação
das plataformas, o que afronta a soberania
nacional”,
diz Moretto.
Para Moretto, a sinalização ao campo da extrema-direita
e o relaxamento no controle das fake news podem gerar
consequências políticas e sociais negativas, como ocorreu
durante a pandemia de Covid-19, com desinformação sobre
vacinas.
Ele destaca que o cenário se agrava com o lobby das big techs
no campo político.
“[Esse lobby] contribuiu para o arquivamento do PL das Fake News
no Brasil”, afirma.
Ainda que a medida não se aplique ao Brasil de imediato, Moretto
alerta para impactos nas eleições presidenciais de 2026.
“A questão não é o uso das plataformas
para promover um candidato, o problema
é como são usadas.
Uma coisa é saber fazer campanha,
outra é usar as redes para atacar a
democracia ou questionar as urnas
eletrônicas”, pontua, referindo-se às
estratégias do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) após ser derrotado
por Lula (PT) [em 2022].
“A preocupação é com o uso ilegal
das plataformas para incitar a
população contra as instituições
democráticas”,
conclui.
https://www.cartacapital.com.br/mundo/relaxamento-no-controle-das-fake-news-pode-ter-impacto-grave-nas-eleicoes-de-2026-diz-professor-sobre-decisao-da-meta/
Leia também:
Governo Lula dá 72 Horas para a Meta
explicar ‘Nova Política de Moderação’
Para a AGU, a Big Tech Não foi Transparente
sobre a Decisão de Encerrar a Checagem
de Publicações no Facebook, Instagram
e Demais Redes [Anti-]Sociais do Grupo
Empresarial dos Estados Unidos da América
sediado no ‘Vale do Silício’ na Califórnia.
CARTACAPITAL
A Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou à Meta informações sobre
as providências adotadas para coibir violência de gênero, assegurar a
proteção de crianças e adolescentes, prevenir atos de racismo e homofobia
e conter discursos de ódio.
No lugar do ‘fact-checking’, a Meta adotará um sistema de notas da comunidade, por meio do qual os próprios usuários fariam as devidas correções.
Trata-se de um instrumento semelhante ao utilizado pelo X, de Elon Musk.
A Advocacia-Geral quer saber, porém, se a companhia divulgará um relatório
de transparência a respeito da checagem sob o novo modelo.
A pasta também menciona outras alterações na política de moderação,
incluindo — na prática — a permissão para associar pessoas LGBT+ a
transtornos mentais.
Segundo a AGU, manifestações em redes sociais não podem servir para
promover desinformação sobre políticas públicas ou para enfraquecer a
legitimidade das instituições democráticas.
“As grandes empresas de tecnologia, a exemplo da Meta,
devem assumir suas responsabilidades com o ambiente
informacional íntegro”, diz um trecho da peça.
A Advocacia-Geral entende que as novas diretrizes da empresa
indicam o risco de violações de direitos fundamentais no ambiente
digital e de desrespeito à Constituição e à Legislação Brasileiras.
Mais cedo, o Advogado-Geral da União afirmou que a Meta
não foi transparente sobre a mudança nos parâmetros de
moderação.
Se não houver resposta, prosseguiu o ministro, o governo poderá tomar
medidas judiciais.
Questionado sobre a chance de suspender as redes no País, disse que
“isso não está sendo discutido nesse momento”.
Já o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), anunciou a formação
de um grupo de trabalho para dialogar com parlamentares e entidades
da sociedade civil a fim de aperfeiçoar as leis brasileiras na área.
As declarações foram proferidas após os ministros participarem de uma
reunião com o presidente Lula, na qual também esteve presente o
ministro das Comunicações, Juscelino Filho.
Íntegra em:
https://www.cartacapital.com.br/politica/governo-lula-notificara-a-meta-e-exigira-explicacao-sobre-mudancas-na-moderacao/
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