Carta à Reitoria da USP em apoio ao apelo do professor Paulo Sérgio Pinheiro
Tempo de leitura: < 1 min
Carta em apoio ao apelo do professor Paulo Sérgio Pinheiro
Da Rede Universitária em Solidariedade ao Povo Palestino
À Reitoria da USP
Prof. Carlos Gilberto Carlotti Junior e
Profa. Maria Arminda do Nascimento Arruda
A Rede Universitária em Solidariedade ao Povo Palestino – que reúne docentes e pesquisadores de diversas universidades brasileiras – vem, por meio desta carta, manifestar seu irrestrito apoio ao apelo do professor Paulo Sérgio Pinheiro, amplamente divulgado, nestes dias, à comunidade acadêmica brasileira.
Entendemos que será uma decisão política e moralmente inaceitável – além de insultuosa ao legado democrático e humanista da Universidade de São Paulo – que a AUCANI permita a participação, na Feira Intercultural Internacional, do Consulado de Israel que representa um governo cujas políticas de Estado promovem, de forma brutal e sistemática, o genocídio, o apartheid e a “limpeza étnica” do povo palestino.
A fim de ser consequente com seu compromisso com os direitos humanos, a USP – como instituição pública e referência acadêmica nacional e internacional – não pode normalizar ou ser conivente com o genocídio em curso na Palestina, tal como definiu a Corte Internacional de Justiça e outras reconhecidas organizações internacionais de Direitos Humanos e do Direito Humanitário.
5 de abril de 2025.
Leia também
Paulo Sérgio Pinheiro apela à USP: Não ao consulado de Israel na Feira Intercultural!; leia a carta
Apoie o VIOMUNDO
O apoio histórico de Israel à ditadura militar brasileira: ”Longa vida ao regime”
Fepal denuncia: Sionistas picham banheiro da PUC-SP com ameaças ao professor Reginaldo Nasser
Comentários
Zé Maria
.
“Há Algo de Podre no Reino” …
(Shakespeare, por “Hamlet”)
“A Ordem Internacional Vigente Está Ameaçada”
Por Rabih Nasser (*), via Substack (Selective Blindness)
“Há algo profundamente errado com um sistema
que não consegue impedir que a fome seja usada
como arma de guerra, que aquisições territoriais
pela força voltem a ser aceitáveis, que dezenas
de milhares de civis confinados em uma faixa
estreita de terra sejam mortos ou que regras
comerciais básicas sejam ignoradas.
A ordem internacional concebida após a Segunda Guerra
Mundial visava impedir que esses eventos voltassem a
ocorrer.
Ela foi implementada em torno de valores que se pretendia compartilhados, como a preservação da paz
e segurança, a proteção dos direitos humanos, a
autodeterminação dos povos, a não proliferação de
armas nucleares, químicas e biológicas e a integração
comercial.
O direito internacional foi instrumental nesse processo.
Acordos foram assinados e instituições foram criadas
para possibilitar a cooperação.
Isso permitiu diversos avanços, como a Carta das
Nações Unidas (1945), que criou a ONU e estabeleceu
uma governança para preservação da paz e segurança;
a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) e
outras dezenas de tratados; a Convenção para a
Punição e Prevenção do Crime de Genocídio (1948), que
impôs a obrigação de prevenir e punir esse crime; as
convenções de Genebra (1949) e o Estatuto de Roma
do Tribunal Penal Internacional (1998) sobre a punição
de crimes de guerra e contra a humanidade; o Tratado
de Não Proliferação de Armas Nucleares (1970), que
tentou conter a proliferação nuclear e criou a Agência
Internacional de Energia Atômica (AIEA); e o GATT 1947
(Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio) e as rodadas de
liberalização comercial até a criação da Organização
Mundial do Comércio (OMC), em 1994.
Essas realizações prometiam uma ordem baseada em
regras, em que os conflitos seriam evitados ou
administrados de forma a reduzir danos.
Mas os conflitos armados, as crises humanitárias e o
retorno com força do nacionalismo e do protecionismo
indicam que o sistema está falhando.
Uma explicação possível é que, ao mesmo tempo que
trouxe avanços, essa ordem continha as sementes da
relativa desordem que o mundo vive.
Primeiro, ela nunca foi verdadeiramente igualitária.
O poder de veto no Conselho de Segurança, que
possibilita paralisar o órgão por decisão de um entre
cinco países, e a falta de força vinculante das decisões
da Assembleia Geral da ONU, são exemplos eloquentes.
Segundo, as regras foram aplicadas de forma seletiva.
Alguns eram forçados a segui-las, enquanto se tolerava
sua violação sistemática por outros.
Essa ‘ordem internacional’ também foi parcial.
Ela encontrou limites sempre que poderia representar
uma ameaça aos interesses dos países mais poderosos.
[…]
A proibição total de armas nucleares, que sempre foi
um objetivo declarado, está cada vez mais distante.
Ainda assim, as regras e as instituições internacionais
continuam sendo essenciais no enfrentamento dos
desafios globais, como a mudança climática.
Evidência disso é que os países ainda se sentem
obrigados a buscar nas regras legitimação para
suas ações e hesitam em se retirar das negociações
internacionais.
A ordem internacional vigente está ameaçada, em parte
por suas próprias falhas, mas a melhor aposta é na
reforma da governança global e na pressão da sociedade
civil para forçar os governos a retomarem o compromisso
com uma ordem internacional equilibrada e funcional .” …
[se é que um dia o foi] …
(*) Rabih Nasser é Professor da FGV Direito SP
Íntegra em:
https://salemhnasser.substack.com/p/a-ordem-internacional-esta-ameacada
.
Zé Maria
https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2025/04/80780113_3222630374431958_9150459005590568960_n.gif
Macartismo Sionista na PUC-SP
Em clima de caça às bruxas, a PUC de São Paulo
sacrifica a sua Pós em Relações Internacionais (RI)
[ Reportagem: Rodrigo Martins | Carta Capital Nº 1356 ]
“Hora de limpar RI.
PUC não é para árabe.
A PUC é nossa.
A reitoria é nossa.”
Quando a mensagem xenófoba foi deixada no banheiro da PUC de São Paulo, em 18 de março, a reitoria apressou-se em cobrir a pichação com tinta e divulgar uma protocolar nota de repúdio à comunidade acadêmica. Professores e alunos do curso mencionado na ameaça dizem desconhecer qualquer outra providência tomada pela universidade. Aparentemente, nem mesmo foi instaurada uma comissão para investigar o ataque e identificar os responsáveis. Na verdade, há quem tema que a tal “limpeza” não seja apenas conversa fiada.
Resultado de uma parceria público-privada verdadeiramente bem-sucedida, o Programa San Tiago Dantas de Pós-graduação em Relações Internacionais está com os dias contados na PUC.
O padre José Rodolpho Perazzolo, diretor-executivo da Fundação São Paulo (Fundasp), mantenedora da instituição de ensino, chegou a dar a “extrema-unção” ao curso quando o professor Reginaldo Nasser, coordenador do programa na PUC, solicitou informações sobre a renovação do convênio que há 23 anos viabiliza a formação de mestres e doutores em parceria com a Unicamp e a Unesp.
A parceira privada se retira, mas a pós continuará a ser oferecida pelas universidades públicas.
“Eu achava que a extrema-unção só era dada a quem
já estava morto, mas o padre Rodolpho esclareceu
que não:
o sacramento é concedido a enfermos em estado grave,
mas ainda vivos”, recorda Nasser.
“Ele sugeriu que eu procurasse o novo reitor da PUC,
então imaginei que ainda havia uma chance de salvar
o curso.”
As esperanças caíram por terra em fevereiro, quando
os docentes foram informados sobre a supressão da
carga horária correspondente à pós e a consequente
redução de salários.
Além disso, alunos de mestrado e doutorado vinculados
à PUC se surpreenderam ao descobrir que seus nomes
não constavam mais no sistema da universidade.
Há meses, a Fundasp se nega a assinar a renovação
do convênio, mas tampouco anuncia seu fim.
Ninguém sabe se o curso está vivo ou se é o momento
das exéquias fúnebres.
A novela começou em junho de 2024, quando a Coordenação do San Tiago Dantas encaminhou à Pró-Reitoria de Pós-Graduação da PUC o termo para a renovação do convênio, como ocorre todos os anos.
Em agosto, o documento foi enviado à Fundasp, e lá permaneceu.
Após sucessivos pedidos de esclarecimento, o padre Rodolpho só se dispôs a atender Nasser em 12 de novembro.
Foi quando o religioso comunicou que o curso encontrava-se por um fio.
Detalhe: naquele momento, a PUC estava concluindo seu processo seletivo para incorporar novos alunos na pós.
Neste encontro, representantes da Fundasp alegaram que o programa San Tiago Dantas tinha um custo elevado para a universidade.
Atualmente, 22 pesquisadores vinculados à PUC são isentos do pagamento de mensalidades, assim como os demais alunos das universidades públicas parceiras.
Tem sido assim há 23 anos, com inegável êxito acadêmico.
Com conceito 5 na Capes, a pós-graduação se destaca na formação de professores de Relações Internacionais.
Entre 2012 e 2020, metade dos egressos atuou na docência do ensino superior – e 32 ingressaram em universidades federais.
Na prática, o principal encargo da PUC é o pagamento de 140 horas de dedicação de quatro docentes da pós.
As aulas ocorrem em um edifício da Unesp, que também oferece suporte administrativo aos alunos.
Em 2024, a PUC registrou um superávit de 33 milhões
de reais [R$ 33.000.000,00], valor 5,7% maior que o do
ano anterior, segundo dados divulgados pela Fundasp
ao Conselho Universitário.
Professores e alunos refutam alegações financeiras
para o fim do convênio e apontam motivação política
“A PUC tem mais de 580 alunos regularmente matriculados
na graduação em Relações Internacionais, que pagam
uma mensalidade de quase 4,5 mil reais [R$ 4.500,00).
Trata-se de um dos cursos mais lucrativos da universidade.
Se reservar o valor pago por apenas dez alunos
de graduação, você já cobriria os gastos desses
nove alunos que entram na pós a cada ano”,
afirma Rafaella Sportelli, vice-presidente do
Centro Acadêmico.
“Encerrar esse convênio é um tiro no pé, pois grande
parte dos estudantes que escolhem a PUC para cursar
RI tem a ambição de prosseguir os estudos no San Tiago
Dantas.
Como a razão econômica é tão infundada, só nos resta
concluir que se trata mesmo de uma decisão política.”
Sportelli lembra que, em outubro do ano passado,
dois professores do departamento foram alvo de uma
denúncia anônima por supostas práticas antissemitas:
Nasser, de origem árabe, e Bruno Huberman, que é
judeu.
“Fomos chamados a prestar esclarecimentos
sem conhecer o teor das acusações, que
não tinham fundamento algum.
Perguntaram se eu apoiava o Hamas, o que achava
da frase ‘Palestina do rio ao mar’, coisas que jamais
havia dito ou escrito”, lembra Nasser.
A sindicância concluiu que não houve qualquer ato
passível de sanção disciplinar.
Ainda assim, a Fundasp decidiu publicar um novo
“Protocolo Antidiscriminatório” para a universidade,
com uma menção específica à prática do antissemitismo
e uma controversa definição proposta pela Aliança
Internacional para Memória do Holocausto, que também
considera antissemitas “as manifestações contra o
Estado de Israel, enquanto coletividade judaica” –
uma forma engenhosa de amordaçar os críticos dos
crimes cometidos pelo governo israelense em Gaza.
Doutoranda do programa San Tiago Dantas,
Karime Cheaito diz que descobriu por acaso
que não era mais aluna da PUC.
“Após os professores comentarem sobre a redução
de horas, tentei emitir um certificado no sistema
da universidade e constava que eu não estava mais
matriculada.
Todos os meus colegas estão na mesma situação,
inclusive quem tem – ou tinha – bolsa da Fapesp.”
Preocupada, a pesquisadora enviou um e-mail
à Secretaria da Pós-Graduação pedindo
esclarecimentos, e recebeu uma lacônica resposta:
“Está em tramitação interna assunto referente
a renovação do San Tiago Dantas para 1/2025.
Favor aguardar o parecer da decisão da Fundasp”.
A mensagem é datada de 20 de março.
Desde então, ela continua sem saber se poderá ou não
concluir sua pesquisa e obter o título de doutora.
Atendendo aos apelos de professores e alunos,
um grupo de parlamentares liderado por Guilherme
Boulos, do PSOL, enviou um ofício à Fundasp e à PUC
manifestando preocupação com o encerramento do
convênio.
“A PUC tem um histórico de resistência à ditadura
e de defesa da democracia.
Por isso, causa estranhamento essa postura.
Como não existe justificativa financeira plausível,
estamos falando de valores irrisórios, tudo indica
que se trata de uma decisão política para atingir
o professor Nasser”, diz Boulos.
Assim como os parlamentares, os professores e
os alunos do curso, CartaCapital não recebeu
qualquer resposta aos pedidos de entrevista
endereçados ao padre Rodolpho, da Fundasp, e
ao reitor da PUC, Vidal Serrano Nunes Júnior.
As assessorias de comunicação das duas entidades
tampouco responderam as perguntas encaminhadas
pela reportagem.
[O texto foi atualizado para destacar a informação
de que a Unicamp e a Unesp continuarão a oferecer
os cursos de mestrado e doutorado do programa
San Tiago Dantas.
Somente a PUC de São Paulo não renovou o convênio.]
https://www.cartacapital.com.br/educacao/macartismo-sionista/
.
ANABI RESENDE FILHO
Todo o apoio a esse pessoal, contra o sionismo assassino de Israel.