Buzz Feed: Áudio sugere que associação organizou bullying jurídico a jornalistas; ouça

Tempo de leitura: 3 min

da Redação

Cinco jornalistas do diário paranaense Gazeta do Povo estão sendo processados em massa por juízes do Paraná por terem divulgado dados públicos sobre os salários de promotores e magistrados. Os juízes se disseram ofendidos especialmente por uma charge.

O fato foi descrito como bullying jurídico pelo jornalista Luís Costa Pinto, segundo o Tijolaço.

A reação dos juízes pode ter sido coordenada:

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Frederico Mendes Junior, presidente da Amapar

do Buzz Feed, reprodução parcial, por Graciliano Rocha

O BuzzFeed Brasil obteve um áudio de WhatsApp em que um juiz orienta os demais a processarem os jornalistas.

A voz é do presidente da Associação dos Magistrados do Paraná, Frederico Mendes Junior, que afirma que já tem pronto um modelo de petição para que cada juiz entre “individualmente” com ação judicial contra os cinco jornalistas.

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O áudio primeiro foi vazado para o blog do paranaense Zé Beto.

Ouça (acima) trecho em que ele cita a preparação do modelo para que cada um entre com a ação individualmente:

E aqui, a transcrição do trecho:

E já estamos providenciando um modelo de ação individual, feito a muitas mãos, por vários colegas e com viabilidade de êxito, para que cada um, na medida do possível e respeitadas as peculiaridades do que foi divulgado ali, possa ingressar com essa ação individual, caso considere conveniente.

As coincidências não param aí. Das 37 ações, 36 foram apresentadas em juizado especial, o que obriga os cinco jornalistas a se deslocarem para cada audiência.

Para se defender, os jornalistas já viajaram de carro 6.200 km pelo interior do Paraná — o que equivale a duas vezes a distância, em linha reta, de Porto Alegre a Manaus.

E valores idênticos: das 37 ações até agora, 35 pedem indenização de R$ 35.200,00 — o valor máximo que pode ser pedido em um juizado especial.

No total até agora, foram pedidos R$ 1,34 milhão.

Por meio da assessoria de imprensa, o presidente da Amapar, Frederico Mendes Junior, negou que tenha incentivado os juízes a ingressar com ações individuais com o objetivo de perseguir os repórteres.

Segundo a entidade, a gravação do áudio de Mendes Junior se deu num contexto de que a Amapar vinha sendo pressionada a se posicionar após a publicação das reportagens.

Primeiro, a entidade considerou uma ação coletiva em nome de todos os juízes, mas ela não tinha viabilidade técnica.

Foi quando a entidade produziu modelos de petição. Segundo Mendes Junior, é uma ação legítima de uma entidade de classe para dar suporte aos seus associados.

A decisão de ingressar ou não com a ação é de cada magistrado, disse a assessoria.

Por meio da assessoria, a Amapar afirmou ter 1.300 associados e que menos de 2% ingressaram com processos. Nem todos os juízes que processaram os jornalistas são filiados à entidade.

Sobre as ações terem sido propostas em cidades diferentes, a Amapar negou intenção é de inviabilizar o trabalho dos jornalistas.

“Ocorre que, de acordo com as regras processuais vigentes, a parte que entende ter sido lesada em seu direito pode ajuizar a ação no local em que reside. Não há como a Amapar obrigar o magistrado a ajuizar a ação neste ou naquele 
local”.

O presidente da Amapar voltou a afirmar que o conteúdo das reportagens foi ofensivo aos juízes.

Leia mais:

Veja os salários de magistrados e procuradores do Paraná

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