Ao ocupar terras de ex-presidentre da CBF, MST denuncia promiscuidade de Teixeira com a Globo

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Integrantes do MST nas terras de Teixeira em Piraí

MST ocupa fazenda de Ricardo Teixeira e denuncia promiscuidade e corrupção que atinge até a Globo

Na região Sul do Estado do Rio de Janeiro, Teixeira mantém latifúndios, que são reivindicados pelos trabalhadores como punição aos corruptos

Do MST, com edição do Viomundo

Como parte da Jornada Nacional do MST em defesa da Reforma Agrária e pautando a aquisição das terras dos corruptos, mais de 300 famílias ocuparam a fazenda Santa Rosa do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, notório denunciado e indiciado em casos de corrupção.

O latifúndio fica localizado no município de Piraí, região Sul Fluminense, e concentra mais de 1500 hectares.

A máfia no futebol brasileiro é produto de exportação. Ricardo Teixeira não só desencadeou todo um sistema de estelionato sobre o futebol e lavagem de dinheiro no Brasil, segundo estimam procuradores do Ministério Público Federal, como sua expertise em corrupção no futebol é pauta do FBI e da polícia espanhola.

Muita desta lavagem de dinheiro passa pela aquisição e valorização especulativa de grandes extensões de terras. Na ocupação os trabalhadores também denunciam que a Rede Globo tem contas a prestar nas relações com a CBF e FIFA, comandadas por Teixeira e seu sogro João Havelange, já que foram anos usufruindo diretamente de lucros do futebol com a compra exclusiva de direitos de transmissão.

A Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária apresenta para sociedade a proposta: “Corruptos, devolvam nossas terras!”

Milhares de trabalhadores rurais ocupam, em todo país, fazendas ligadas a processos de corrupção ou a corruptos, onde exigem a destinação das terras para assentamento de famílias Sem Terra.

O MST também exige a saída dos golpistas instalados no Planalto e a convocação de eleições diretas como condição para a retomada da Reforma Agrária.

Fazenda do ministro Blairo Maggi

Como parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, cerca de 1000 famílias de todos os estados da região centro-oeste e Distrito Federal ocuparam nesta madrugada (25) a fazenda do ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), localizada em Rondonópolis, a 210 quilômetros da capital Cuiabá.

Conhecido como “Rei da Soja”, o senador Maggi é dono de um grande império econômico, o grupo Amaggi, e envolvido num conjunto de denúncias, como o de legislar em causa própria e para o fortalecimento das empresas de agronegócio.

No ano de 2006 o Greenpeace lhe concedeu o prêmio Motosserra do Ano, por elevados danos ao meio ambiente.

Blairo também está envolvido em eventos ainda não totalmente esclarecidos, como a interceptação pela Força Área Brasileira (FAB) de uma avião que transportava 500 quilos de cocaína. Segundo a FAB, a aeronave decolou da Fazenda Itamarati Norte, localizada no município de Campo Novo do Pareceis (MT). A fazenda pertence ao grupo Maggi.

Jornada Nacional de Lutas

Para reposicionar a pauta da luta pela terra e pela reforma agrária e denunciar a retirada de direitos pelo governo de Michel Temer (PMDB), o MST realiza a partir do dia 25, em alusão ao Dia do Trabalhador Rural — comemorado na mesma data — a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária.

“Estamos mobilizados para denunciar e lutar contra esse governo Temer, que junto com a bancada ruralista está loteando o Brasil para os estrangeiros e desmontando a reforma agrária, privatizando os lotes e legalizando a grilagem de terra. Grilagem é crime e eles querem legalizar o crime”, denuncia o membro da coordenação nacional do MST, Alexandre Conceição.

O dirigente faz referência ao conjunto de ações articuladas entre Executivo e Legislativo para favorecimento de setor do agronegócio.

Parte da bancada majoritária no Congresso Nacional, com mais de 250 parlamentares, e um dos pilares de sustentação do governo Temer, expoentes deste setor vinculados à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) foram os artífices da aprovação de projetos como a Medida Provisória 759 e a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que atacou o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) pela destinação de terras à reforma agrária e a demarcação de terras indígenas e de remanescentes de quilombos.

As duas medidas visam criminalizar movimentos de luta pela terra e garantir ganhos ao grande capital atuante nas terras brasileiras, por meio do grilagem e da anistia às dividas de grandes proprietários. Podem amplificar um clima de convulsão social no campo.

“Estamos lutando pela desapropriação de terras para assentar as mais de 130 mil famílias e nela produzir alimento saudável na agroecologia e gerar empregos no campo”, complementa o dirigente.

Nota da região Centro-oeste

No estado do Mato Grosso famílias de diversas regiões ocuparam um grande latifúndio na região sul do estado.

A área é um dos latifúndios do Grupo Amaggi (SM 02) e está localizada às margens da BR 163, cerca de 25 quilômetros da cidade de Rondonópolis, sentido Campo Grande, próximo do terminal da ferrovia Norte Sul.

A luta por Reforma Agrária está intimamente vinculada, neste contexto, à luta pelo restabelecimento da Democracia, golpeada por uma conspiração realizada também nas sedes de ricas fazendas.

A partir do Golpe midiático-parlamentar-judicial-financeiro, as forças conservadoras tomaram o país, estourando sobre o elo frágil do camponês. Os assassinatos no campo saltaram para 68 vítimas somente em 2017, incluindo 13 jovens, 6 mulheres, 13 indígenas e 4 quilombolas.

Além das ocupações de fazendas para cobrar sua destinação para a Reforma Agrária, o MST se coloca em vigília pela Democracia até o dia 2/08, quando será julgada pela Câmara de Deputados a denúncia de corrupção contra o golpista Temer.

O complexo Amaggi está comemorando quarenta anos de atuação em Mato Grosso.

Durante esse período tem deixado marcas profundas no desenvolvimento do campo mato-grossense, como a concentração da propriedade da terra, a destruição ambiental e a exploração de pequenos e médios produtores, obrigados a comercializar sua produção em função do financiamento e transporte concedidos pelo grupo.

A família Maggi, segundo a revista Forbes, ocupava em 2014 o sétimo lugar no ranking das famílias bilionárias do Brasil, com uma fortuna estimada em U$ 4,9 bilhões.

Quanto à origem desta fortuna, há várias possibilidades: apropriação indevida de recursos públicos, tendo em vista o forte poder econômico e político que o grupo Amaggi exerce na política local e nacional, bem como apropriação de terras públicas  — é a situação da fazenda Nossa Senhora Aparecida, no município de Jaciara.

Ainda necessita de esclarecimento mais consistentes sobre o avião apreendido com mais de meia toneladas de drogas, que segundo a FAB, decolou da fazenda Itamarati de propriedade do Ministro

O senador Blairo Maggi exerce a função de ministro da Agricultura do governo Temer para garantir as condições necessárias para o desenvolvimento das suas fazendas e do agronegócio.

Entre as principais ações se destacam apoio para autorizar a venda de mais veneno para usar na agropecuária e redução das áreas de preservação ambiental — como é o caso da Reserva do Jamanxim, no estado do Pará.

O ministro tem apoiado, através da bancada ruralista no Senado e da maioria da bancada federal do estado do Mato Grosso, as contrarreformas trabalhistas e previdenciária, provocando um retrocesso histórico nas condições de trabalho e previdenciárias da classe trabalhadora.

A proposta da contrarreforma previdenciária rural propõe aumentar o tempo de idade dos trabalhadores/as do campo em mais cinco anos para homens e mais dez anos para as mulheres se aposentarem.

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