Política do “inimigo permanente” une Trump a Bolsonaro. Como o fascismo de Bannon usa o apocalipse para chegar ao poder

Tempo de leitura: 7 min

Da Redação

No dia 4 de agosto deste ano, o deputado federal Eduardo Bolsonaro tuitou uma foto feita em Manhattan com uma mensagem em inglês: “Foi um prazer encontrar Steve Bannon, estrategista da campanha presidencial de Donald Trump. Tivemos uma boa conversa e compartilhamos da mesma visão de mundo. Ele se disse um entusiasta da campanha de Bolsonaro e estamos em contato para juntar forças, especialmente contra o marxismo cultural”.

Como a conversa não foi pública, é impossível dizer até que ponto os dois de fato concordam.

Porém, os discursos e mesmo as primeiras decisões de Jair Bolsonaro são compatíveis com a pregação de Bannon, que por sete meses foi assessor especial de Trump na Casa Branca.

Em 2014 o site BuzzFeed recuperou a íntegra de uma entrevista que Bannon deu a um grupo de católicos conservadores reunido no Vaticano, bem antes do Brexit ou da vitória eleitoral de Donald Trump nos Estados Unidos.

Os promotores do encontro eram ligados ao cardeal estadunidense Raymond Burke, um dos críticos mais vocais do papa Francisco. Burke já foi definido como o “rosto” da oposição ao papa no Vaticano.

Na entrevista, Bannon criticou o capitalismo dos dias de hoje dizendo que ele se afastou das fundações morais e espirituais do cristianismo, da civilização judaico-cristã.

Afirmou que o tratamento dado aos culpados pela crise financeira de 2008 nos Estados Unidos — ficaram impunes e foram resgatados pelo Tesouro — foi o combustível da revolta popular que se manifestou no Tea Party e fez o Partido Republicano guinar ainda mais à direita.

Bannon se diz católico, assim como Bolsonaro — mas na política adota o ecumenismo integralista.

Aqui vale a tradução de um trecho relevante da fala dele:

“Essa forma de capitalismo é muito diferente do que eu chamo de capitalismo iluminado do Ocidente judaico-cristão. É um capitalismo que parece transformar as pessoas em mercadorias, que objetifica as pessoas, que as usa — como muitos dos preceitos de Marx — e é uma forma de capitalismo que, particularmente as novas gerações, acham muito atraente. Eles não enxergam uma alternativa. […] Outra tendência é a imensa secularização do Ocidente. Já venho falando sobre secularização há muito tempo, mas se você olhar para os jovens, especialmente os de menos de 30 anos, há um impulso irresistível da cultura popular em secularizá-los. Tudo isso converge para algo que teremos de encarar, é um tópico muito desagradável, mas estamos em guerra contra o fascismo jihadista islâmico. E esta guerra, acredito, está em metástase muito mais rapidamente do que os governos podem enfrentar”.

Depois de elogiar o Partido de Independência do Reino Unido (UKIP) e a Frente Nacional francesa, hoje comandada por Marine Le Pen — dois partidos nacionalistas de direita –, Bannon disse que o que os une “é um movimento populista de centro-direita da classe média, dos trabalhadores e trabalhadoras do mundo, que estão cansados de seguir os ditames do que chamamos de Partido de Davos”.

Davos é a cidade Suiça sede de um encontro anual de bilionários.

“Esta revolta de centro-direita é na verdade uma revolta global. Acredito que vocês vão vê-la na América Latina, na Ásia e já a vemos na Índia”, afirma a certa altura, referindo-se à vitória eleitoral do Partido do Povo Indiano, do atual primeiro-ministro Narendra Modi, que prega o nacionalismo hinduísta num país que tem cerca de 200 milhões de muçulmanos.

A declaração, lembrem-se, foi dada em 2014.

Na entrevista, Bannon afirmou que as classes dirigentes estão corrompidas e, portanto, é preciso demolir as instituições existentes no mundo.

Rompendo com o secularismo, pregou reconstruí-las sobre os desígnios judaico-cristãos, já que segundo ele uma grande tormenta está a caminho, aquela, causada pelo “fascismo islâmico”.

A NOVA BÍBLIA

Bannon, que segundo a mídia dos Estados Unidos é um leitor voraz, admite que um livro em especial moldou sua visão de mundo: The Fourth Turning, An American Prophecy, publicado em 1997.

Um dos autores chegou a escrever um artigo, publicado no Washington Post, se gabando de ter influenciado o estrategista de Donald Trump.

A descoberta de que Bannon tinha um livro de cabeceira levou o site liberal Huffington Post a publicar uma manchete que deixou gente de cabelo em pé: Steve Bannon acredita que o apocalipse está a caminho e a guerra é inevitável.

“A História é sazonal e o inverno está a caminho… A própria sobrevivência da Nação está em jogo. Em algum momento antes de 2025, os Estados Unidos vão atravessar um grande portão, comparável à Revolução Americana, à Guerra Civil ou às emergências gêmeas da Grande Depressão e da Segunda Guerra Mundial. O risco de catástrofe é grande. A Nação poderia irromper em insurreição ou violência civil, se dividir geograficamente ou sucumbir a um governo autoritário”, diz um trecho do livro republicado pelo New York Times, que comparou o cenário ao do seriado Game of Thrones.

A profecia dos autores é baseada no que acreditam ser um ciclo que se repete na História a cada 80 anos: crescimento, maturidade, entropia e destruição. Argumentam que os ciclos são tão previsíveis quanto as quatro estações do ano.

Para enfrentar a tempestade vindoura, dizem os autores, “nova autoridade cívica vai ter de se enraizar, rapida e firmemente — o que não será fácil se regras e rituais desacreditados do antigo regime permanecerem. Temos de mudar e simplificar o governo federal antes da crise, cortando profundamente seu tamanho e amplitude, sem colocar em risco seu núcleo central”.

“O núcleo da Nação será mais importante que sua diversidade. Jogo em equipe e comportamento padrão serão as novas palavras de ordem. Qualquer pessoa ou coisa que não puder ser descrita nestes termos pode ser deixada de lado — ou pior. Não se isole das atividades comunitárias… Se você não quer ser mal avaliado, não aja de maneira a provocar a autoridade da Crise a te julgar culpado. Se você pertence a uma minoria étnica ou racial, prepare-se para uma reação nativista de uma maioria assertiva (e possivelmente autoritária)”, escrevem os autores em tom de advertência.

A chamada Quarta Reviravolta, curiosamente, se expressa tanto no discurso de Donald Trump — “nós contra eles” — quanto no de Jair Bolsonaro, que afirma que despreza os direitos das minorias e diz que elas devem se submeter ao controle das maiorias.

Brasil acima de todos, Deus acima de tudo.

COMO O VATICANO REAGIU

A coalizão conservadora de católicos, protestantes e ortodoxos em geral, incentivada por Bannon, mereceu uma resposta indireta do Vaticano.

Aqui é importante lembrar que nenhum primeiro-ministro se mantém no poder em Israel sem apoio dos partidos religiosos ultraortodoxos.

A resposta do Vaticano às ideias de Bannon e parceiros de jornada veio na forma de um artigo de um confidente do papa Francisco, o católico Antonio Spadaro, em parceria com o pastor presbiteriano Marcelo Figueroa, numa publicação que é vista como porta-voz não oficial do Vaticano.

Eles identificam como uma das origens do chamado “teoconservadorismo” um livro publicado no início do século 20, pelo milionário californiano Lyman Stewart, The Fundamentals.

“Os grupos religiosos e sociais inspirados em autores como Stewart consideram os Estados Unidos uma nação abençoada por Deus. E não hesitam em basear o crescimento econômico do país numa adesão literal à Bíblia. Em anos mais recentes, essa corrente de pensamento se alimenta da estigmatização de inimigos, que muitas vezes são demonizados. O panorama do que entendem como ameaças à forma americana de viver inclui modernistas, o movimento negro pelos direitos civis, o movimento hippie, comunistas, feministas e assim por diante. E em nossos dias estão incluídos os imigrantes e os muçulmanos. Para manter os níveis de conflito, suas leituras bíblicas tiram de contexto trechos do Velho Testamento sobre conquista e defesa da terra prometida, em vez de se guiarem pelo olhar incisivo, cheio de amor, de Jesus nos Evangelhos”, diz o texto.

No Brasil de Bolsonaro, registre-se, os “vermelhos” já foram definidos como inimigos a serem, ainda que metaforicamente, “metralhados”.

A crença num mundo governado apenas pelos homens, criaturas de Deus, também coloca os ambientalistas como inimigos da fé.

O anti-intelectualismo é uma das características do fascismo.

“Nessa visão teológica, os desastres naturais, as dramáticas mudanças climáticas e a crise ecológica global não são percebidos como um alarme que deve levá-los a reconsiderar seus dogmas, mas como o oposto: sinais que confirmam sua compreensão não-alegórica das figuras finais do livro do Apocalipse e a esperança apocalíptica em um novo céu e uma nova terra“, escrevem Spadaro e Figueroa.

Não por acaso, tanto Donald Trump quanto Jair Bolsonaro se manifestaram contra o acordo de Paris, cujo objetivo é combater o aquecimento global.

Os autores notam os paradoxos da coalizão religiosa fundamentalista: “Esta reunião em torno de objetivos compartilhados acontece em temas como aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo, educação religiosa nas escolas e outros assuntos geralmente considerados morais ou ligados a valores. Ambos os integralistas evangélicos e católicos condenam o ecumenismo tradicional e ainda promovem um ecumenismo de conflito que os une no sonho nostálgico de um tipo de estado teocrático. No entanto, a perspectiva mais perigosa para este estranho ecumenismo é atribuível à sua visão xenófoba e islamofóbica, que pede muros e purifica as deportações. A palavra ecumenismo se transforma em um paradoxo, em um ecumenismo do ódio”.

O artigo critica a tentativa dos fundamentalistas de invadir a esfera laica do Estado, o que o papa Francisco condena. Os autores sugerem que líderes políticos tentam usar a religião para defender interesses da elite que dizem combater, de forma hipócrita.

“A espiritualidade não pode se ligar a governos ou a pactos militares, pois está a serviço de todos os homens e mulheres. As religiões não podem considerar algumas pessoas como inimigos jurados, nem outras como amigos eternos. A religião não deve se tornar a garantia das classes dominantes. No entanto, é justamente esta dinâmica, com um sabor teológico espúrio, que tenta impor sua própria lei e lógica na esfera política”, diz o texto.

Finalmente, Spadaro e Figueroa se referem à luta do papa Francisco para evitar que a fé seja manipulada num período de crise econômica:

“Há uma necessidade de lutar contra a manipulação desta temporada de ansiedade e insegurança. Novamente, Francisco é corajoso aqui e não dá legitimidade teológico-política aos terroristas, evitando qualquer redução do Islã ao terrorismo islâmico. Nem dá para aqueles que postulam e querem uma guerra santa ou para construir barreiras cercadas de arame farpado. A única coroa que conta para o cristão é aquela com espinhos que Cristo usou”.

Bannon agora se dedica a disseminar suas ideias numa entidade que batizou de Movement, que identifica como um de seus objetivos combater o megainvestidor George Soros, recente destinatário de uma bomba caseira nos Estados Unidos e que financia empreendimentos e ideias do liberalismo tradicional. Para Bannon, é “globalista”.


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Comentários

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Eva tung

Pesado, pesado. E o mais doloroso é que um parcela mínima se dá a oportunidade de se esclarecer de fato. Esses dias estava levando um papo com um coxa minion e quando ele não sabia mais o que dizer me mandou fotos posses dele como, motos,viagens. Cara, é ensurdecedor.

Zé Maria

Banana pode estar extinta em 10 anos, afirma cientista

https://www.bbc.com/portuguese/ciencia/030116_bananacb.shtml

Deus Queira!…

O BRASIL É UMA NEOCOLÔNIA BANANEIRA CHEIA DE BANANAS

Por Pepe Escobar

https://youtu.be/ejSBtadZcEs
https://www.facebook.com/observatoiodanoticia/photos/a.245669606114805/256071538407945/?type=3

Cláudio

Um cabra safado desses precisa é de quem vá lá e dê um jeito nele, embora toda essa história de Bannon pra cá, Bannon pra lá cumpra um papel, que, aqui, agora, está sendo o de justificar um resultado altamente improvável, praticamente impossível de acontecer em face das perspectivas que se tinha até então, antes da candidatura fascista “decolar”. Mais neocolonialismo, por tabela: o cara vem e “ensina” aos bugres como se faz para conseguir tal resultado e transforma uma chance remota em vitória supostamente “incontestável”… Ridículo, e/ou terrível, como tudo parece ser atualmente na realidade brasileña.

Rivellino

PT?…
Dilma?
PCdoB?

PT vive de clichês publicitários elaborados por marqueteiros. Nada espontâneo. Mas apenas um frio slogan (tal qual “Dononinho Vale por Um Bifinho”/Ou o: “Fiat Touro: Brutalmente Lindo”).
Não tem nada a ver com um projeto de Nação. Eis:

0.
“Coração Valente”

1.
“A Copa das Copas”
2.

“Fica Querida”

3.

“Impeachment Sem Crime é Golpe”

4.

“Foi Golpe”

5.

“Fora Temer”

6.

“Ocupa Tudo”

7.

“Lula Livre”

8.

“eleição sem Lula é fraude” [kuá!, kuá!, kuá!].

9.

“O Brasil Feliz de Novo”

10.
“
Lula é Haddad Haddad é Lula”

11.

“Ele não”.

12.

“Haddad agora é verde-amarelo” [rsrsrs].
13.
ÁGUA PARA TODOS” (kkkkk).

É o tal de “me engana que eu compro”.
O Petismo vive de ótimos e CALCULADOS mitos publicitários.
PT é vigarista.

PT?… kuá, kuá, kuá!

Bel

Bannon e Trump estão sendo traídos. Winston Ling, que mora na China desde 2001 diz que Brasil será uma nova China. Foi ele quem aproximou o eleito de seu minion Guedes.
http://www.opopular.com.br/editorias/economia/com-plano-guedes-brasil-ser%C3%A1-nova-china-diz-empres%C3%A1rio-winston-ling-1.1658292

Bel

Acusem-os do que queres fazer. Já podem elaborar o mapa mundi com o Brasil colônia dos EUA e a América Latina a reboque. EURSAL. Estados Unidos da República Social da América Liberal.

Marise

Enquanto a explicação de mundo, vida e
sociedade depender de religião, haveremos de seguir como humanidade distópica não apenas para um Apocalipse, mas para muitos outros que a se seguirão ao primeiro.
A internet já é a nossa Babel!

racional

Olá Azenha! Tudo bem? Em seu investigativo, assistimos os elementos contraditórios que antes dominavam a agenda do hemisfério Norte, populismo de direita versus globalismo e que velozmente invadiram o Cone Sul.

Fica difícil até para a intelectualidade do Vaticano entender a escatologia deste povo WASP: não se pode nunca dizer uma escatologia da “igreja protestante”, como lembra Fernand Braudel: afinal são “igrejas protestantes”.

As 3 grandes denominações estadunidenses(Mórmons, Adventistas e Testemunhas de Jeová) nascidas do séc. XIX, que anunciaram a iminente volta de Jesus, sofreram influência de uma igreja adenominacional inglesa, que divulgou a Doutrina das Dispensações.

É daí que surge a idéia do arrebatamento pré-tribulacional, com uma vinda secreta de Jesus para levar sua Igreja(noiva) antes da parusia (Juízo Final)

Boa parte (há exceções) das denominações brasileiras ditas pentecostais, mas não apenas, também esperam pelos eventos que desde a proclamação de Israel em 1948, são os sinais anunciados no apocalipse judaico, dos livros de Daniel e Isaias principalmente(no Antigo Testamento), de Mateus 24 e 25, em especial no último livro da Bíblia Cristã o Apocalipse de João (Novo Testamento).

Está na hora dos leigos, ateus, jornalistas e pensadores independentes conhecerem as teorias e doutrinas escatológicas, a mentalidade que governa as elites (não só econômicas) de parte importante do mundo ocidental.

Boa parte está na Wikipedia(veja a categoria Escatologia). Outra parte em sites evangélicos e youtube.

Já não se trata mais de “não vou perder meu tempo com isso” pois trata-se de charlatanismo, milenarismo, messianismo ou outro termo pejorativo pois essa possibilidade não deve inquietar o observador atento, mais interessado no movimento social e histórico do que nas idéias irracionais em si.

As profecias autorrealizáveis ou não, hoje são os planos em execução de militares, presidentes, estados e seus ideólogos religiosos. E o arsenal bélico que estes detém então…

Achei artigo abaixo que pode ser um ponto inicial de entendimento do apocalipse evangélico.

https://www.chamada.com.br/mensagens/maior_profecia.html

Provavelmente Jesus em Mateus Cap. 24 se refere à profecia de Daniel Cap. 9 no Antigo Testamento. O artigo é bem anterior às eleições deste ano. De uma maneira geral outras denominações protestantes dizem que o tal “principe que há de vir” é romano.

Além do cálculo do nome Bolsonaro na base 6 resultar em 666 (ver abaixo), também é um sobrenome italiano.

https://jornalggn.com.br/blog/racional-mc/apocalipse-capitulo-13

lulipe

Esse chororô e mimimi vão até quando???

    Jardel

    Vc é eleitor do Bostonauro? Então em 2015 você dizia: “a culpa não é minha, eu votei no Aécio”.
    E agora? mi mi mi ou chororo?
    Antipetista idiota.

Zé Maria

“Be strong while having slaves”
[“Seja forte enquanto tiver escravos”]
Mote político-panfletário nos EUA
Século XIX

“A expansão dos Estados Unidos
sobre o continente americano,
desde o Ártico até a América do Sul,
é o destino de nossa raça (…)
e nada pode detê-la”.
James Buchanan
presidente dos Estados Unidos
em seu discurso de posse
em 1857

“O nosso objetivo com a Alca é garantir
para as empresas dos United States
o controle de um território que vai
do Pólo Ártico até a Antártida”
General Colin Powell
secretário de estado
do governo George W. Bush
em 2004

http://amorim.pro.br/?p=119
https://pt.wikipedia.org/wiki/Excepcionalismo_americano
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:U.S._Territorial_Acquisitions.png
https://soumaishistoria.wordpress.com/2016/04/12/be-strong-while-having-slaves/
https://operamundi.uol.com.br/noticia/2146/hoje-na-historia-lancada-a-doutrina-monroe-de-39-america-para-os-americanos-39
https://operamundi.uol.com.br/historia/32732/hoje-na-historia-1836-presidente-james-polk-defende-expansionismo-e-destino-manifesto-dos-eua

Zé Maria

Destino Manifesto do 3º Milennium

https://youtu.be/YViyyeeMv1s

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