Covid no Paraná: Média diária de mortes quase quadruplica; 175, só nas últimas 24h; sindicatos defendem lockdown

Tempo de leitura: 5 min

Por Conceição Lemes

O Brasil está pagando um preço catastrófico pelo negacionismo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido/RJ) e de governadores que ignoraram os alertas sobre os graves efeitos da pandemia. O do Paraná, Ratinho Junior (PSD), é um deles.

O País já contabiliza 11.277.717 de casos de covid-19 e 272.899 óbitos.

Só nessa quinta-feira (11/03), 75.412 brasileiros tiveram diagnóstico confirmado e 2.233 morreram.

O Paraná repete a tragédia nacional.

Já 746.594 casos confirmados e 13.228 paranaenses mortos pela covid-19, segundo boletim divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde nesta sexta-feira (12/03).

De ontem para hoje, o Paraná contabilizou 5.639 novos casos e 175 mortes por covid.

As curvas só aumentam.

Consequência: a fila de pacientes à espera de leito em hospitais públicos aumenta, sobrecarregando cada vez mais o sistema de saúde.

Na segunda-feira (08/03),  somavam 1.071. Desses, 519 precisando de vaga em UTI e 552, em enfermaria.

“A fila cresceu 22 vezes em menos de 1 mês”, observa o jornalista Fernando Oliveira, autor desses gráficos.

Na terça-feira (09/03), havia 1.296 pessoas na fila por leitos covid-19 no Paraná, das quais 513 à espera de vaga em UTI.

“Em um dia, subiu 21%; em menos de um mês, a fila cresceu 28 vezes”, atenta Fernando Oliveira.

Ontem, quinta-feira (11/03), 1.184 pacientes estavam na lista; 587, à espera de leito na UTI, e 597, em enfermaria.

“GOVERNADOR FINGE QUE FAZ LOCKDOWN”

“O sistema de saúde está em colapso, e a atitude do governador é de total irresponsabilidade sanitária com a vida da população paranaense”, acusa a coordenadora-geral do Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos Estaduais da Saúde do Paraná (SindSaúde-PR), Olga  Estefania.

“Ele sabe que as pessoas estão morrendo na fila das UPAS, das UTIs, dos hospitais e tem a informação sobre as medidas necessárias para enfrentar a pandemia, mas não o faz”, afirma.

“O governador finge que faz lockdown e finge acredita que a população não está vendo a enganação”, acrescenta Olga Estefania.

De fato, até agora o Paraná não fez efetivamente lockdown.

Em 26 de fevereiro, diante do aumento no número de casos e óbitos e da falta crescente de leitos nos hospitais, o governador Ratinho publicou o decreto 6.983/ 2021, que suspendeu as aulas presenciais nas escolas públicas e privadas e o fechamento de atividades não essenciais no Estado.

“Foi um ‘mini lockdown’, ao nosso ver insuficiente para esmagar a curva crescente e permanente de contaminações e óbitos no Paraná”, observa Hermes Silva Leão, presidente da entidade representa os professores e funcionários de escolas do estado – a APP-Sindicato.

Tanto que, embora tenha suspenso as aulas presenciais de todo Estado, Ratinho Junior manteve abertas todas as escolas da rede pública estadual, com funcionários trabalhando e usando transporte coletivo. Um contrassenso absoluto.

O decreto 6.983/ 2021 valeu até as 5h da quarta-feira, 10 de março.

O governo Ratinho Junior editou então um novo decreto, o 7.020/2021, que promove a flexibilização do isolamento social e o retorno às aulas presenciais.

Está em vigor desde as 5h de 10 de março.

“O novo decreto foi para atender o setor empresarial”, diz o presidente da APP. “E faz isso num momento da pandemia em que os casos e os óbitos só aumentam.”

O decreto 7.020/2021 estabeleceu a retomada das aulas presenciais nas escolas privadas do Paraná na segunda passada, 8 de março. O que se confirmou.

Já nas escolas da rede estadual, o decreto determinou o recomeço das aulas presenciais na próxima segunda, 15 de março.

Uma greve da categoria já estava marcada para começar nesse dia, já que as aulas seriam retomadas.

Mas hoje o retorno presencial na rede estadual foi suspenso pelo governo.

Olga Estefania, presidenta do SindSaúde, Hermes Silva Leão, presidente da APP-Sindicato, e médica Ana Amelia Bartolamei Ramos, da Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia (ABMMD). Fotos: arquivos pessoais

A decisão – comunicada primeiro à imprensa — veio após uma semana de tensões e debates entre o Sindicato, categoria e governo.

De um lado, a APP-Sindicato alertando o tempo inteiro sobre os riscos da retomada presencial das atividades nas escolas e cobrando cancelamento urgente da decisão.

“Lutamos por uma escola sem luto! A pandemia no país e em nosso estado não está controlada”, enfatiza a APP Sindicato.

Do outro, o governo se recusando a priorizar a saúde e a vida dos paranaenses em detrimento de outros interesses.

“É inadmissível que uma categoria que já vem adoecida e fragilizada tenha que suportar mais este desgaste”, salienta o presidente da APP Sindicato, o professor Hermes Silva Leão.

“É lamentável também a decisão ter chegado a nós pela imprensa novamente”, critica. “É um descaso com a categoria que vem trabalhando incessantemente para manter a oferta do ensino aos nossos estudantes”.

A propósito. Além de aproveitar-se da pandemia para atacar direitos dos servidores públicos, o governo Ratinho Junior pôs em prática diversas ações que colocaram em risco os trabalhadores, pois causaram o relaxamento do isolamento social e aglomerações.

Por exemplo: 1) consulta presencial em 10 de outubro de 2020 para militarização das escolas; e 2) prova para professores com contratos temporários, realizada em 10 de janeiro.

“É fundamental que o governo Ratinho Junior aprofunde imediatamente as medidas de restrição, decretando lockdown total do Estado, para barrar a transmissão do vírus”, ressalta o professor Hermes.

A médica Ana Amelia Bartolamei Ramos, membro da executiva nacional da Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia (ABMMD), reconhece que não há solução fácil, mas o  mais adequado neste momento é reduzir a circulação e contato entre as pessoas para tentar diminuir a transmissão do vírus.

“A vacinação está muito no início. Precisamos diminuir com urgência o espalhamento do vírus; estamos em um cenário de colapso”, atenta.


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Zé Maria

Quem nega a Ciência cedo ou tarde sucumbe no próprio Negacionismo.

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