Fabio Venturini: Ódio social é componente que estimula golpe
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Tudo sob controle
por Luiz Carlos Azenha
Recentemente entrevistei Fabio Venturini para falar sobre o golpe civil-militar de 1964.
Ele fez mestrado estudando o papel dos empresários em 1964 e faz a doutorado sobre os empresários e a Constituição de 1988.
Um dos aspectos mais importantes da entrevista acabou não sendo gravado: foi quando debatemos sobre a possibilidade de um novo golpe no Brasil.
Fabio discorda de minha posição e acha que é possível. Por que? O estudioso afirma que as soluções extra-constitucionais são frequentes no país. Neste momento, concorda, não há consenso entre as elites econômicas internacionais e nacionais para golpear Dilma Rousseff.
Porém, Fabio acrescentou um dado que fugia ao meu radar: o ódio social.
Hoje, ao contrário de em 64, há um tremendo ódio disseminado inclusive pelas redes sociais.
É o ódio de classe.
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Traduz a insegurança da classe média quanto a seu próprio status, quando pobres, mulheres e negros ameaçam os tradicionais papéis sociais na conservadora sociedade brasileira.
Fabio acredita que a exploração deste ódio tem forte potencial político e pode descambar para a violência em caso de frustração.
O ódio se expressa, digo eu, no antipetismo doentio que podemos encontrar em qualquer bolsão de classe média urbana. Ele é responsável e ao mesmo tempo ecoa o ódio que se lê, ouve e vê nos jornais, emissoras de rádio e TV.
Hoje, ouvindo o noticiário da rádio Jovem Pan, ele estava lá de forma cifrada.
A certa altura, o texto do radiojornal falou que as eleições poderiam preservar “tudo que está aí” ou escolher alguém “para consertar”.
Um comentarista entrou para descrever os horrores que tomam conta de empresas públicas, mencionando o IPEA, o IBGE, a Eletrobras e a Petrobras.
Tudo em crise!
Um bloco terminou com a notícia de que a Bovespa tinha fechado a semana em alta, apesar das péssimas notícias no front econômico, por causa da possibilidade de Dilma Rousseff perder a eleição.
É a Jovem Pan em campanha mas, ao mesmo tempo, expressando o que seus funcionários de classe média pensam e querem para o Brasil.
A possibilidade de um racionamento de água em São Paulo não foi noticiada. Falou-se na represa de Guarapiranga quase vazia, sim, mas fiquem tranquilos: o governador Geraldo Alckmin já resolveu tudo.
Nos intervalos, anúncios da Sabesp.
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