Serra: É tudo uma questão de imagem

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Eu, Azenha, tenho dito que é triste ver o domínio completo do marketing eleitoral sobre os candidatos. Onde andou a política aos longos dos quase oito anos de governo Lula? Notem, agora, como José Serra acredita que tudo não passa de uma questão de imagem, não das propostas concretas adotadas pelo PSDB quando esteve no governo federal:

Serra quer mudar imagem do PSDB

Na TV e na campanha de rua, o candidato pretende combater a visão de que o partido é elitista e pouco preocupado com os pobres

11 de agosto de 2010 | 0h 00

Christiane Samarco / BRASÍLIA – O Estado de S.Paulo

Não é com a “cara do PSDB” que o candidato tucano a presidente, José Serra, vai se apresentar na entrevista desta noite ao Jornal Nacional da TV Globo e no programa eleitoral gratuito, na semana que vem. Serra quer que o PSDB tenha a cara dele na disputa presidencial – e não o contrário.

Em reuniões com a coordenação da campanha, Serra e seus conselheiros avaliaram que, no embate com o PT, a acusação de representar um partido que defende menor presença do Estado na economia não é o que mais pesa. O problema maior é a imagem supostamente elitista do partido que, na avaliação dos tucanos, não bate com o discurso nem com o perfil do candidato.

Diante disso, a ordem é reforçar a linguagem e a imagem de candidato distante da figura elitista. Seja no programa eleitoral ou na campanha de rua, o certo é que Serra vai bater bumbo naquilo que considera suas melhores marcas: os medicamentos genéricos, o seguro-desemprego, o perfil antifinancista, a defesa contundente da educação e da saúde públicas de qualidade e de empresas estatais postas a serviço da sociedade, e não de partidos políticos que se aboletam nos cargos os seus aliados.

Os tucanos entendem que Serra é “uma marca popular muito forte”, forjada ao longo da própria trajetória política e administrativa dele, e querem reforçar isto no horário eleitoral. Os estrategistas da campanha trabalham para descolar o candidato dos pontos negativos que pesariam sobre a imagem do PSDB e, assim, fazer valer as marcas pessoais do próprio Serra.

Os tucanos acreditam que os adversários estão patrocinando uma ofensiva para convencer o eleitorado das camadas mais carentes de que, assim como o presidente Lula, Dilma Rousseff é a candidata do povo e Serra, da elite. Temem a estratégia porque acham que ela pode chegar às ruas com facilidade.

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É precisamente por isso que o tucanato considera a acusação de governar para os ricos como “a mais grave entre todas as marcas distorcidas” que pesam negativamente sobre a imagem do PSDB. Bem pior e mais nociva do ponto de vista eleitoral do que a pecha de “neoliberal”, “conservador” ou “privatista”.

Comparações. As comparações entre a gestão Lula e o governo Fernando Henrique não preocupam. Dizer que o PSDB não sabe governar e que foi privatista não é considerado problema porque suscita um debate que não “encontra eco” na rua. É a discussão elite versus povo que alarma os tucanos porque tem potencial para gerar desconfiança no eleitorado mais pobre, que depende dos programa sociais do governo Lula e teme um sucessor que “governe para os ricos”.

É por isso que Serra insiste no discurso de não dividir o Brasil entre ricos e pobres e em enfatizar os programas que fez em benefício dos mais carentes, tanto no governo como no Congresso. Os tucanos acreditam que os projetos que Serra apresentou quando foi deputado ou senador – como participação na criação do FAT – são importantes porque desmontam a imagem do constituinte competente que só trabalhou por São Paulo.

Os partidários de Serra não se assustam quando o PSDB é apontado como partido ligado aos bancos, que usou dinheiro do contribuinte para socorrer banqueiros, fazendo o Proer. Dizem que os banqueiros não “morrem de amor pelo Serra, ao contrário”, e que, do ponto de vista da elite, o deputado Antonio Palocci (PT-SP), que coordena a campanha petista, representa mais esse segmento do que Serra.

Um dirigente tucano admite que vários integrantes da cúpula partidária, como o senador Tasso Jereissati (CE), o ex-deputado Márcio Fortes (RJ), e o ex-secretário municipal Andrea Matarazzo têm a cara do PSDB e são da elite, mas insiste que “Serra não é”. E provoca: “Quem é popular no PT é o presidente Lula. O Aloizio Mercadante, a Marta Suplicy e o Eduardo Suplicy são a pura elite paulista”.

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