Uma reflexão sobre o debate ideológico no Brasil

Tempo de leitura: 2 min

via Márcia Fernandes, no Facebook

O autor que me enviou o texto prefere o anonimato.

“Caros, ao apoiar o sufocamento dos blogs de jornalismo independente, penso que a coalização de forças que compõem o assim chamado governo Dilma cruzou um limite importante. Ao tomar mãos em armas junto ao oligopólio das organizações midiáticas que dominam a vida ideológica nacional, o governo Dilma sufoca um movimento extremamente importante, qualitativa e quantitativamente, para o fortalecimento da democracia brasileira.

Hoje, 25% da população brasileira navega pela internet, e quase todos esses usuários frequentam redes sociais. Essa estatística aumenta espantosamente a cada ano e não vejo por que não continuaria a crescer.

Com as medidas do ministro Paulo Bernardo, que elegeu o jornalismo independente como inimigo, o PT sepultou uma das únicas possibilidade de politização crítica dentro da luta ideológica nacional, que tornaria possível livrar parcelas cada vez maiores da população do jugo ideológico imposto pelas organizações Globo desde o golpe militar.

Não é preciso lembrar quantas vezes esses blogs desnudaram as estratégias de nossa elite truculenta e submissa, o quanto apoiaram o PT, o presidente Lula e a presidenta Dilma quando esses sofriam ataques virulentos dos setores conservadores.

Com a tentativa de dar um abafa no jornalismo independente, o governo Dilma manda um recado claro para bons entendedores: a politização do debate não está nos seus planos, muito menos aquela que daria ensejo a recortes de classe, ainda que somente uma tomada de consciência. Ou seja: o povo deve se manter alijado do debate ideológico para que o país se mantenha no rumo do desenvolvimento. Imagino que essa premissa já tenha sido utilizada em muitos períodos de nossa história.

Diante desse cenário nada animador, sou obrigado a concluir que, na resultante do inevitável vai-e-vem entre atrasos e avanços de que é feita a história de nosso país, somadas as contas, a correlação de forças que constitui o governo Dilma passou a agir em prol do atraso.

A inédita inclusão de novos contingentes de trabalhadores precarizados na classe média não produz avanço algum se não vier acompanhada de um fortalecimento do debate ideológico por meio do qual esse trava contato com a realidade e enfrenta suas próprias contradições e limites históricos. Algo dessa ordem vinha acontecendo no governo Lula.

Contudo, as recentes atitudes do governo Dilma mostram que, longe de estar desatento a esse debate, o governo age ativamente contra ele, provavelmente para não colocar em risca a tão desejada estabilidade (em outras palavras, à manutenção|reposição do atraso).

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Não é preciso lembrar que a direita (eu quase escrevi “setores conservadores”, mas nossa direita não tem nada de conservadora) pensa de modo muito diferente e tem despendido esforços tremendos na luta ideológica. E tem conseguido muitas vitórias nesse campo.

Há uma ínfima chance de que o governo Dilma, ao ver-se atingido em seu único órgão sensível (a urna), mude de posição, algo que, pessoalmente, acho muito difícil de acontecer.

Divido essas opiniões com vocês por tê-los como referência e objeto de admiração intelectual.

Abraços!”

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