Marcio Pochmann quer “prefeitura digital” para reduzir desigualdade em Campinas
Tempo de leitura: 3 minpor Luiz Carlos Azenha
O ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Marcio Pochmann, candidato a prefeito de Campinas, propõe a adoção de um modelo de governo digital para ajudar a integrar uma cidade dividida.
O município é o décimo primeiro mais rico do Brasil e, dentre os 30 primeiros, o décimo oitavo em expansão econômica e o terceiro em aumento de arrecadação, fruto de um dinamismo calcado em inovações tecnológicas, muitas das quais produzidas nas universidades e centros de pesquisa locais. Porém, nos dois últimos anos Campinas teve aumento na taxa de mortalidade infantil.
Segundo Pochmann, os serviços públicos de Campinas estão “operando de uma forma reduzida” e a cidade tem hoje “um quadro dramático em determinadas áreas, como saúde, educação, cultura e lazer”.
A marcação de uma consulta simples, de oftalmologia, por exemplo, pode levar entre 11 e 16 meses nos serviços municipais de saúde, exemplifica.
De acordo com o petista, que tem como vice em sua chapa Adriana Flosi, do PSD, Campinas responde por 15% da produção nacional de conhecimento, mas 40% da população enfrenta o “analfabetismo funcional”. A taxa de miséria e de pobreza é maior que há dez anos.
Pelo diagnóstico do candidato, Campinas vive um “estrangulamento, um esgotamento da administração pública”, que “se tornou um obstáculo para a expansão econômica” por ser, na opinião de Pochmann, meramente fiscalista.
Para Pochmann, um dos entraves é o fato de que “50% da cidade é ilegal”. Ou seja, não há regularização fundiária, não há escrituras, nem a possibilidade de alvarás para pequenos negócios.
O objetivo do petista, se eleito, será o de integrar as várias Campinas existentes, “uma cidade só, que possa ser conectada com um novo padrão de administração pública”.
Hoje, diz Marcio, a Prefeitura age de forma descoordenada nas áreas de educação, saúde e habitação.
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Portanto, seria necessário um governo municipal “que opere na totalidade, na matricialidade”, considerando que o indivíduo é um só e “temos uma administração que não trabalha na totalidade”.
Uma das ferramentas para obter isso seria a “prefeitura digital” que, segundo Pochmann, “permitiria transparência, uma democracia mais participativa, [com os cidadãos] conhecendo os recursos da Prefeitura em cada bairro, [participação na formulação] do Orçamento, uma gestão mais próxima através da descentralização”.
O candidato se propõe a universalizar o acesso à internet no município “num prazo relativamente curto”, pois considera que a falta de acesso à rede aprofunda as desigualdades.
Quis saber de Marcio Pochmann se ele concorda com o diagnóstico segundo o qual o modelo econômico do lulismo teria se esgotado.
Ele acredita que não.
Diz que o governo Dilma representa a continuidade, mas em novo patamar.
“Lula pode mover mais rapidamente a economia porque havia uma grande capacidade ociosa”, diz Marcio Pochmann. Com isso, o aumento de renda [via salário mínimo e transferências em programas sociais] moveu o consumo, que moveu a máquina da economia e ampliou o nível de emprego.
Agora estaríamos diante de uma nova fase: ampliação de investimentos [fica subentendido que via queda de juros], maior capacidade de produção com inovação tecnológica, trabalhadores mais bem preparados e compatíveis com salários maiores que na primeira fase, a de Lula.
O desafio do governo Dilma seria o de promover a expansão do investimento com adoção de novas tecnologias e sofisticação da cadeia produtiva.
A primeira pesquisa sobre a corrida eleitoral em Campinas, do Ibope, registrou Jonas Donizete (PSB, com apoio do PSDB) com 43%, o atual prefeito Pedro Serafim (PDT) com 17% e Márcio Pochmann com Campos Filho (PRTB) e Rogério Menezes (PV) empatados com 1%.
O candidato petista afirma que considera mais importante o fato de ter conseguido unir o PT local, ter fechado uma coalizão e contar com os apoios do ex-presidente Lula e da presidente Dilma.
Segundo ele, “85% dos eleitores” de Campinas ainda o desconhecem.
Clique abaixo para ouvir a entrevista:




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