Samuel Pinheiro Guimarães: Direto ao ponto sobre as razões dos neogolpes

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Dois dias antes de renunciar ao cargo, o alto-representante-geral do Mercosul, Samuel Pinheiro Guimarães, deu entrevista à CartaCapital.

Como esse neogolpismo é caracterizado?

Na América do Sul, onde a concentração de renda e riqueza é extraordinária e há regimes democráticos presidencialistas, os candidatos têm de adotar plataformas populares que prevejam a distribuição de renda. E, eventualmente, a redistribuição da propriedade. Candidatos a cargos majoritários são eleitos com votos da maioria da população, que é pobre. Por outro lado, nos legislativos, as forças hegemônicas tradicionais se fazem representar. Se compararmos o tamanho da bancada ruralista a representar interesses de grandes proprietários de terra no Congresso Brasileiro ao da bancada de apoio aos trabalhadores rurais, quantos defendem o segundo grupo? Talvez meia dúzia. Os trabalhadores rurais são, no entanto, a maioria da população no campo, mas não estão representados no Congresso. Isso ocorre em todos os países da região. O neogolpismo reconhece que os governos foram eleitos democraticamente, mas argumenta que eles não governam democraticamente. Cria imagens desses governos como ditaduras e gera um clima que justifique o golpe de Estado, inclusive por meios não militares. Então, governos são chamados de populistas quando tentam fazer programas sociais. Essa é uma situação muito complexa.

PS do Viomundo: Eu, Azenha, acrescentaria que a situação se tornou ainda mais complexa com a fuga do capital internacional para o campo, expressa na alta dos preços das terras no Brasil e em várias partes do mundo. Agora o capital externo tem motivos concretos para se juntar às bancadas ruralistas e “praticar o golpe”. O dinheiro dele está em jogo.

 

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