Carta aberta ao Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta

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CARTA ABERTA AO CONSELHO CURADOR DA FUNDAÇÃO PADRE ANCHIETA

As rádios e a TV Cultura de São Paulo se consolidaram historicamente como uma alternativa aos meios de comunicação privados. As rádios AM e FM ficaram conhecidas pela excelente programação de música popular brasileira e de música clássica. A televisão criou alguns dos principais programas de debates de temas nacionais, como o Roda Viva e o Opinião Nacional, constituiu núcleos de referência na produção de programas infantis e na de musicais, como o Ensaio e o Viola, Minha Viola, e deu espaço à difusão de curtametragens, com o Zoom. As emissoras tornaram-se, apesar dos percalços, um patrimônio da população paulista.

Contudo, nos últimos anos, a TV e as rádios Cultura estão passando por um processo de desmonte e privatização, com a degradação de seu caráter público. Entre outros fatos se destacam:

* mais de mil demissões, entre contratados e prestadores de serviço (PJs);

* extinção de programas (Zoom, Grandes Momentos do Esporte, Vitrine, Cultura Retrô, Login) e tentativa de extinção do Manos e Minas;

* demissão da equipe do Entrelinhas e extinção do programa, sem garantias de que ele seja quadro fixo do Metrópolis;aniquilação das equipes da Rádio Cultura e estrangulamento da equipe de jornalismo e radialismo;

* enfraquecimento da produção própria de conteúdo, inclusive dos infantis;

* entrega, sem critérios públicos, de horários na programação para meios de comunicação privados, como a Folha de S.Paulo;cancelamento de contratos de prestação de serviços (TV Justiça, Assembleia e outros);

* doação da pinacoteca e biblioteca;sucateamento da cenografia, da marcenaria, de maquinaria e efeitos, além do setor de transportes.

A participação das verbas públicas no orçamento tem diminuído ano a ano e as opções que têm sido feitas são de difícil reversão em futuro próximo. Neste momento difícil para a Fundação Padre Anchieta, o seu Conselho Curador tem papel fundamental na defesa de seu caráter público. É preciso que ele tome posição firme e decidida contra a dilapidação desse patrimônio do povo de São Paulo, sob pena de se tornar cúmplice e corresponsável pelo processo de desmonte.

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Acreditamos que a defesa do caráter público das rádios e TV Cultura passa neste momento pelos seguintes pontos:

1 – Contra o desmonte geral das emissoras e pela retomada dos programas da casa que foram encerrados;

2 – Interrupção do processo de demissões e revisão das realizadas durante a gestão do atual presidente;

3 – Interrupção imediata dos programas da mídia comercial na programação da TV Cultura, a exemplo do TV Folha;

4 – Por uma política transparente e democrática para abertura à programação independente, com realização de editais e pitchings e avaliação de propostas já apresentadas, como a apresentada pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé;

5 – Em defesa do pluralismo e da diversidade na programação

6 – Pela democratização do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta.

São Paulo, 16 de abril de 2012

Altercom – Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação

Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé

CBC – Congresso Brasileiro de Cinema

CUT – Central Única dos Trabalhadores

Frente Paulista pelo Direito à Comunicação e Liberdade de Expressão

Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social

Sindicato dos Radialistas do Estado de São Paulo

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo

Gilberto Maringoni, Hamilton Octavio de Souza, Ivana Jinkings, Joaquim Palhares (Agência Carta Maior), Laurindo Lalo Leal Filho, Luiz Carlos Azenha (blog Vi o Mundo), Luiz Gonzaga Belluzzo, Renato Rovai (Revista Fórum e Presidente da Altercom) , Rodrigo Vianna (blog Escrevinhador), Wagner Nabuco (Revista Caros Amigos), Emir Sader, Flávio Aguiar e João Batista Pimentel (Observatório Cineclubista Brasileiro)

Leia também:

Dossiê Cultura/Fundação Padre Anchieta: Desmonte e privatização

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