Moção de repúdio ao ‘Agora tem Especialista’ é aprovada no Encontro Nacional de Residências em Saúde

Tempo de leitura: 3 min
Participantes da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde no 15º Encontro Nacional de Residências em Saúde, em Vitória (ES)

Por Redação 

De 21 a 24 de outubro, aconteceu em Vitória (ES), o 15º Encontro Nacional de Residências em Saúde (ENRS), que reuniu residentes, trabalhadores, tutores, preceptores, coordenadores e docentes de várias regiões do Brasil.

Os participantes aprovaram uma moção de repúdio (na íntegra, mais abaixo) aos programas Agora Tem Especialista e Mais Residências, do Ministério da Saúde.

A moção foi apresentada pela Rede de Trabalhadoras e Trabalhadores Populares de Saúde (RTPS) e Frente Frente Nacional contra a Privatização da Saúde (FNCPS).

Em postagem em perfil de rede social, elas destacam

Essas iniciativas reforçam a privatização silenciosa do SUS, ao transferirem recursos públicos para o setor privado e aprofundarem a precarização da formação e do trabalho em saúde.

Defendemos, sim, as residências, mas residências dignas, públicas e emancipadoras, com bolsa-salário justa, condições adequadas de trabalho, moradia, transporte e alimentação, e com formação crítica, interprofissional e voltada às necessidades da classe trabalhadora.

Seguimos em luta por um SUS 100% público, estatal e universal!

Por uma residência pública e pela saúde como direito, não como negócio!

A seguir, a íntegra da moção aprovada no 15º Encontro Nacional de Residências em Saúde. Os negritos são do documento original.

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MOÇÃO DE REPÚDIO AOS PROGRAMAS “AGORA TEM ESPECIALISTA” E “MAIS RESIDÊNCIAS”

O 15º Encontro Nacional de Residências em Saúde, reunindo residentes, trabalhadores, docentes, tutores, preceptores e coordenadores de todo o país, manifesta seu repúdio aos programas “Agora tem Especialista” e “Mais Residências”, recentemente lançados pelo Ministério da Saúde.

Essas iniciativas consolidam um modelo de SUS privado, em que instituições sem fins lucrativos, filantrópicas, fundações e empresas passam a ocupar o lugar do Estado na formação e no provimento de serviços de saúde, perpetuando a transferência do fundo público para interesses empresariais. Essa política, travestida de “ampliação do acesso”, ignora o subfinanciamento e desfinanciamento crônico do SUS e os efeitos perversos da precarização das condições de trabalho e da formação na saúde.

Reafirmamos: defendemos as residências, mas uma residência digna e comprometida com o fortalecimento do SUS público e estatal, centrada nas pessoas assistidas, interprofissional e que garanta a isonomia dos trabalhadores de saúde em formação também em relação ao financiamento.

Defendemos uma política nacional de residências que assegure bolsa-salário digna, condições adequadas de moradia, alimentação, transporte, segurança e saúde integral que considere o adoecimento dos trabalhadores envolvidos nesta formação, garantindo que seja crítica, emancipadora e voltada às necessidades reais da classe trabalhadora.

Repudiamos, portanto, toda forma de expansão de residências vinculadas a instituições privadas, sem fins lucrativos, filantrópicas ou modelos de gestão terceirizados, que precarizam os vínculos, fragilizam o ensino em serviço e afastam a formação da realidade concreta das redes públicas de atenção.

Denunciamos, ainda, o reforço da lógica médico-centrada e curativista presente nessas iniciativas, que privilegia a alta especialização e a atenção hospitalocêntrica em detrimento da promoção da saúde e prevenção na Atenção Primária à Saúde (APS). Um SUS forte depende de uma APS fortalecida, territorializada e interprofissional, capaz de promover cuidado integral e evitar a sobrecarga dos serviços especializados e de alta complexidade.

Dessa forma, este Encontro reafirma seu compromisso com a defesa de um SUS 100% público, estatal, universal e gratuito, promotor de uma formação crítica e emancipadora e convoca residentes, trabalhadores e movimentos sociais a fortalecerem a resistência coletiva contra todas as formas de privatização e mercantilização da saúde e de sua formação.

Por uma residência digna, pública e emancipadora!

Cariacica, Espírito Santo, 24 de outubro de 2025.

Rede de Trabalhadoras e Trabalhadores Populares em Saúde

Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde

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Comentários

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Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira

São contra o Prouni? O abatimento do imposto de renda dos planos e consultas que são renúncia fiscal? São contra o Fies? Tem plano de saúde? Ou todos usam exclusivamente o SUS?

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