Guida Calixto: PT precisa escolher — fortalecer o SUS ou sustentar o modelo privatizante das OSS
Tempo de leitura: 2 min
PT precisa escolher: fortalecer o SUS ou sustentar o modelo privatizante das OSS
Por Guida Calixto*, no Página 13
Nos dias 29 e 30 de agosto participei do 21º Encontro Estadual do PT Paulista, como delegada da chapa 420 – Em Tempos de Guerra, a Esperança é Vermelha.
Nossa chapa apresentou diversas emendas ao texto-base, entre elas a defesa da candidatura própria do PT ao governo do Estado em 2026, críticas ao Novo Arcabouço Fiscal, questionamentos à participação do BNDES em projetos privatistas na educação e, sobretudo, a necessidade do fim da entrega da saúde às Organizações Sociais (OSs). Coube a mim a defesa dessa última proposta.
Embora na votação de nossa emenda tenha sido a única vez em que a mesa precisou refazer o processo de votação, a pedido da assembleia, diante da dúvida sobre qual proposta havia sido vitoriosa, a nossa emenda acabou não sendo acatada.
Isso porque a maioria dos delegados presentes preferiu seguir a orientação da tese-guia, apresentada pela chapa da CNB, que defende apenas a criação de um marco regulatório para a atuação das OSs.
Essa argumentação é frágil. As Organizações Sociais já possuem regulamentação jurídica no Brasil, como a Lei nº 9.637/1998, que instituiu o Programa Nacional de Publicização, e o Decreto nº 4.349/1998, que detalha o processo de qualificação dessas entidades.
Além disso, estados e municípios complementam a legislação federal, como ocorre em São Paulo com a Lei Municipal nº 14.132/2006 e o Decreto Municipal nº 52.858/2011. Portanto, não se trata de ausência de normas.
O ponto central é que a disputa não se resolve no campo jurídico. Não basta termos leis para “melhorar” serviços prestados pelas OSs. O que está em jogo é a ganância e a falta de compromisso dessas empresas que se revestem de “organizações de interesse social”, mas enxergam a saúde como mercadoria e nicho de enriquecimento. Essa luta é essencialmente política.
A experiência concreta comprova que o modelo das OSs é nocivo ao SUS: custa mais caro, enfraquece o controle social, precariza o trabalho dos profissionais, estimula a pejotização dos médicos e transforma um direito constitucional em negócio.
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Além disso, promete reduzir filas e tempo de espera, mas o que vemos é alta rotatividade de trabalhadores e serviços cada vez mais frágeis.
Por isso, nossa defesa é clara: saúde pública deve ser 100% estatal e com gestão direta pelo SUS.
Precisamos acabar com a farra das OSs e construir uma carreira única da saúde, fortalecendo o vínculo entre profissionais e usuários. Apenas uma política de saúde séria, pública, enraizada nos territórios, pode garantir que esse direito constitucional seja de fato assegurado à população.
O SUS é uma conquista do povo brasileiro e deve ser protegido de qualquer forma de privatização. Regulamentar as OSs significa perpetuar um modelo equivocado. Nosso compromisso é com a saúde como direito, não como negócio.
Infelizmente, o último Encontro Estadual do PT Paulista decidiu por não lutar para acabar de vez com esse modelo privatizante da saúde, que tem dispensado ao povo trabalhador um serviço precário, insuficiente e distante da real necessidade de uma população que precisa, cada vez mais, de um SUS forte, público e de qualidade.
*Guida Calixto é vereadora do PT em Campinas, em São Paulo
Este artigo não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.
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Comentários
Zé Maria
.
.
“Quem é DANIEL VORCARO, Dono do Banco Master
cuja Operação de Compra pelo BRB foi Rejeitada
pelo Banco Central”
A notícia de que o Banco Central vetou a compra
de parte do Banco Master pelo BRB lança luz,
mais uma vez, sobre DANIEL VORCARO, belo-horizontino
de 41 anos que possui participação em várias empresas
‘destacadas’, além de ser dono de cerca de 25% da SAF
do Clube Atlético Mineiro.
Vorcaro, que é dono do Banco Master, poderia ter usado
sua proximidade com diversos políticos de Brasília para
conseguir fazer a negociação com o banco brasiliense,
que é controlado pelo governo do Distrito Federal.
Além do Banco Master, Vorcaro possui participações
em diversas empresas, como a Biomm, empresa
farmacêutica sediada em Nova Lima, na Grande BH,
que está produzindo insulina para abastecer o SUS.
Uma reportagem de agosto indicou que Vorcaro
colocou à venda no mercado um novo conjunto de
ativos contendo precatórios, direitos creditórios de
ações judiciais, a seguradora Kovr e ações de empresas.
Por R$ 1,5 bilhão, o BTG Pactual adquiriu, do banqueiro,
ações de empresas como Light (15,17% do capital social)
e Méliuz (8,12% do capital social), por meio da cessão
de cotas de fundos de investimento.
A negociação também envolveu precatórios e imóveis
como o prédio do Hotel Fasano, em São Paulo.
Em 2023, Daniel Vorcaro virou notícia em todo o Brasil
ao gastar cerca de R$ 15 milhões na festa de 15 anos
da filha, em Nova Lima.
O evento contou com show do Alok e bolo de R$ 25 mil
“importado” de São Paulo.
Relação com a Reag
Mais da metade dos fundos do Banco Master são administrados por Trustee DTVM e Reag Investimentos,
empresas que estão entre os 350 alvos da Operação
Carbono Oculto da Polícia Federal, que cumpriu mandados
de busca e apreensão e de prisão em investigações
sobre ação do Primeiro Comando da Capital (PCC)
em negócios da economia formal na Faria Lima.
Vorcaro tem relação próxima com as duas empresas.
Segundo apuração da Imprensa, a casa do empresário
em Brasília tem ligações com a Reag, que administra
cinco fundos ligados ao Master.
Além disso, a compra do Will Bank, em 2024, pelo Master,
foi realizada em operação conjunta com a Reag,
uma das maiores gestoras independentes do país.
Listada na B3 (Bolsa de Valores brasileira), seu principal
foco é a gestão de recursos e de patrimônio.
Os agentes chegaram à sede da empresa na alameda
Gabriel Monteiro, na zona oeste da capital, nas primeiras
horas da manhã.
Também estiveram em outras administradoras em
três endereços da avenida Faria Lima, que concentra
as empresas financeiras do Brasil.
Segundo a força tarefa, cerca de 40 fundos são suspeitos
de serem utilizados pelo PCC e suas gestoras foram
os alvos na quinta-feira (28).
A Carbono Oculto, maior operação desse tipo na história,
mobilizou 1.400 agentes policiais e da Receita Federal
em oito estados numa megaoperação na quinta-feira (28)
e busca desarticular a infiltração do crime organizado
no setor de combustíveis e em instituições financeiras
utilizadas como suporte da Organização Criminosa.
Fundada por João Carlos Mansur em 2012, a Reag
passa por um acelerado processo de crescimento,
impulsionado por aquisições e diversificação de
investimentos.
Passou também a patrocinar o tradicional Belas Artes,
um dos cinemas de ruas mais tradicionais da capital paulista.
A divulgação do resultado fechado para o ano de 2024
foi postergada, mas os anúncios trimestrais mostraram
que ela saiu de um prejuízo de R$ 2,1 milhões no primeiro
trimestre de 2023 para um lucro líquido de R$ 2,9 milhões
no primeiro trimestre de 2024.
Em janeiro deste ano, estreou na B3 comprando uma
empresa que já estava listada, um tipo de operação
que o mercado chama de IPO reverso (sigla em inglês
para Oferta Inicial da Ações).
Adquiriu a GetNinjas e a transformou na nova plataforma
de investimentos do grupo.
Está listada no segmento ‘Novo Mercado’, que exige
práticas de governança corporativa ‘mais elevadas’.
A aquisição foi gradativa, por meio da compra de ações.
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) avaliou que
a Reag demorou para deixar clara a intenção de que
pretendia assumir a GetNinjas e abriu um processo
para apurar a irregularidade dessa falta de transparência.
Por causa das sucessivas aquisições, a Reag Investimentos
controla diversas empresas especializadas em diferentes
segmentos do mercado financeiro.
A Reag Asset Management, por exemplo, faz gestão
de fundos de investimento, incluindo FIDCs (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) e fundos imobiliários.
A Reag Administradora de Recurso trabalha com carteiras
de títulos e valores mobiliários.
A Empírica Investimentos, especializada em crédito
estruturado, é uma das maiores gestoras de crédito
do Brasil, com R$ 25 bilhões sob gestão.
A Reag Trust, rebatizada como Ciabrasf (Companhia Brasileira de Serviços Financeiros), originalmente fazia
parte da GetNinjas.
Foi reestruturada e listada na B3, em fevereiro deste
ano, para atuar na administração de fundos e serviços
fiduciários.
É uma das principais gestoras de FIPs (Fundos de Investimento em Participações), FIDCs e Fundos
Multi Mercado no Brasil.
No seu portfólio também estão Rapier, Quadrante, Quasar,
Hieron e Berkana, empresas que foram adquiridas
pelo grupo para atuar em áreas específicas, como
multimercados, ativos líquidos,FIDCs, crédito estruturado
e ‘private equity’.
Mais Detalhes em:
https://www.otempo.com.br/economia/2025/8/28/reag-investimentos-e-alvo-de-operacao-que-mira-atuacao-do-pcc-na-faria-lima-em-sp
https://www.otempo.com.br/economia/2025/9/4/quem-e-daniel-vorcaro-dono-do-banco-master-e-de-parte-da-saf-do-atletico
https://revistaforum.com.br/brasil/2025/9/4/bc-barra-compra-do-master-pelo-brb-186919.html
.
.
[Esse tal Vorcaro é a Prova Viva
de que Ninguém fica Bilionário
Trabalhando Honestamente].
.
.
Nelson
É profundamente lamentável ver isto.
–
Sim, eu tenho a clareza de que, por uma correlação de forças amplamente desfavorável, o governo Lula III não tem condições de implementar medidas que teria a obrigação de implementar, tais como a revogação das “reformas” da Previdência e Trabalhista, do Teto dos Gastos, do PPI da Petrobras, da MP do Trilhão, entre muitas outras
–
Porém, esse governo tinha a obrigação de estancar por completo as privatizações, uma vez que são extremamente lesivas a 95%, no mínimo, do povo brasileiro.
–
Contudo, o neoliberalismo “nada de braçada” e, ao continuar as privatizações, o governo Lula III vai ampliando ainda mais o já desmesurado poder que tem o grande capital privado de ditar os rumos do país na direção exclusivamente do atendimento de seus interesses e contra a s necessidades da grande maioria do povo.
–
DEPRIMENTE.