A USP e os desafios para os próximos anos
A importância da Universidade de São Paulo ( USP ) para os brasileiros de São Paulo e do Brasil é inegável. Durante muito tempo, mesmo antes de sua fundação, em 1934, os institutos e faculdades, nucleados por meio da recém-criada Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, já contribuíram para o progresso do conhecimento e da ciência.
Passados 90 anos, essa jovem universidade, tão diversa e tão plural, apresentou desde seu início por grandes nomes da ciência e da cultura, já figura entre os melhores do mundo — e isso não é pouca coisa. No período pandêmico da Covid-19 , essa importância se cristalizou em ações que transbordaram seus muros e foram intensamente percebidas pela sociedade.
Desde a primeira detecção de uma das cepas que chegou ao país, passando pelo desenvolvimento de um respirador mecânico mais barato —eficientemente produzido em parceria com a Marinha e disponibilizado para hospitais e postos de saúde em lugares mais distantes— até o desenvolvimento de vacinas, esta universidade, com a participação de todos os seus membros, se colocou um serviço da sociedade em sua integridade.
Neste momento tão difícil, falar das ações realizadas requer que chamemos a atenção para o planejamento feito anteriormente, para os desafios intelectuais e científicos que foram apresentados e em curso, para o financiamento perene e contínuo tão necessário às pesquisas e também para os processos internos de tomadas de decisão. Corajosas medidas foram adotadas, e a USP não se furta a enfrentar os problemas.
A sua produção intelectual e científica é medida de diversas formas, divulgada em revistas científicas nacionais e internacionais. Porém, muitas vezes, a sociedade desconhece o que fazemos, e isso tem a ver com a divulgação de nossas ações, com a ideia de pertencimento e de compartilhamento do que é produzido.
Outro ponto fundamental reside no planejamento, para os próximos anos, de estratégias externas para manter a qualidade e a excelência da USP, mas sem deixar de concretizar a política de inclusão e permanência que vem sendo implantada. Afinal, ela tem como missão a construção e a difusão de saberes e conhecimentos, mas não pode esquecer o seu papel social: atingir a meta de 50% de estudantes oriundos de escolas públicas e PPIs (pretos, pardos e indígenas), matriculados em todos os cursos. Essas políticas de ações afirmativas só podem ser efetivadas se de fato os recursos forem garantidos e inscritos no orçamento da universidade.
A USP precisa valorizar as carreiras dos funcionários docentes e não docentes, desde o ingresso até a preparação para a aposentadoria, com treinamento e benefícios atrativos, além de construir, junto com as categorias formas de progressão que atendem às expectativas da instituição e dos profissionais no curto, médio e longo prazos. É preciso garantir que o diálogo sobre esses assuntos seja constante para que se possa superar os desafios.
A turbulência econômica atualmente anunciada —com a imposição de impostos e outras medidas ao país que podem afetar fortemente a nossa economia— não pode e não deve comprometer o futuro daquela que é uma das mais importantes universidades de pesquisa e ensino do mundo.
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Para concluir, lembremos os versos de “Argumento”, música e letra de Paulinho da Viola : “Faça como um velho marinheiro / Que durante o escuro / Leva o barco devagar”.
*Rafael Antonio Duarte Villa, professor titular
*Cilaine Alves Cunha, professora livre-docente
*Ana Luísa Calvo Tibério, aluna de pós-graduação da FFLCH-USP
*Paulo Eduardo Alves Camargo-Cruz, aluno de graduação da FFLCH e da pós-graduação na EACH; Associação de Pós-Graduandos da USP
*Marinês de Souza Mendes, funcionária
*José Clóvis de Medeiros Lima é funcionário




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