trecho de artigo de John Plender, no Financial Times
Reforma estrutural leva tempo. E se um governo tecnocrata tem ou não a legitimidade necessária para fazer passar as reformas realmente radicais é indiferente, especialmente se o eleitorado [da Itália] pensa que o governo está fazendo o que querem os punitivos políticos alemães. Vale a pena relembrar que o grande sucesso da Itália em gerenciar a dívida pública não se deu sob tecnocratas, mas sob um forte regime fascista depois da primeira guerra mundial.
Entre 1922 e 1926 a relação dívida do governo-PIB foi reduzida de 74,8% para 49,7%, enquanto o déficit do orçamento era eliminado. Isso coincidiu com a aniquilação de toda a oposição política ao regime de Mussolini. A medicina fiscal também incluiu duas moratórias de fato, na forma de duas conversões para estender a maturação da dívida, em 1926 e 1934.
Se as rotas de saída forem muito difíceis, algo terá de ceder. E pode ser, em maior ou menor extensão, a própria zona do euro. Ironicamente, Angela Merkel e Nicolas Sarkozy podem ter acelerado o processo ao quebrar o tabu e se referir a possíveis saídas da zona do euro. É uma forma perfeita de encorajar a desestabilizadora fuga de capitais do sul da Europa. Talvez moratórias desordenadas e saídas da zona do euro sejam a única maneira de escapar desta construção em forma de pesadelo, que traz tantos ecos desagradáveis do período entre guerras. Esta solução pode ser altamente perigosa. Mas seria pior que anos de deflação e torturante desemprego em todo o sul da Europa?




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