Henrique Fontana: Com Bolsonaro indiferente, Brasil retorna ao Mapa da Fome

Tempo de leitura: 2 min
Fotos: Lula Marques/PT na Câmara, Observatório 3º Setor e Marcos Corrêa/PR

O Brasil de volta ao Mapa da Fome

por Henrique Fontana*, exclusivo para o Viomundo

O relatório da FAO, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, recentemente divulgado, confirma que o Brasil retorna ao mapa da fome, do qual havia saído em 2014.

Os dados fazem parte do informe “O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo”.

O mapa da fome inclui os países com mais de 5% da população em pobreza extrema.

É importante lembrar que em 2003, a taxa de desnutrição alcançava 10,7% e foi caindo gradativamente até chegar a menos de 5%, dez anos depois.

Segundo o escritório do Programa Mundial de Alimentos (PMA), esse percentual chegará a 7% no final do ano, com tendência ao agravamento.

É importante salientar que o estudo da FAO foi realizado antes da pandemia, evidenciando que o empobrecimento acelerado da população decorre do modelo econômico adotado nos últimos anos e não dos efeitos da covid-19.

Inclusive, o escritório do PMA ressalta que as consequências do ajuste fiscal e do desmonte da área social, ainda não se fizeram sentir em toda a sua extensão.

O levantamento da FAO aponta que entre 2001 e 2012 a pobreza no Brasil foi reduzida de 24,3% para 8,4%, enquanto a pobreza extrema diminuiu de 14% para 3,5%.

Estes dados, que apontavam para um futuro de maior dignidade para os brasileiros, sofrem agora uma drástica reversão.

Entre 2014 e 2016, 37 milhões de pessoas viviam em situação de insegurança alimentar moderada.

Entre 2017 e 2019, este número aumentou para 43 milhões de pessoas, fruto da redução das políticas públicas e diminuição significativa dos investimentos sociais.

A FAO faz um alerta: se as políticas sociais continuarem a ser deixadas de lado e os programas de apoio à agricultura familiar, responsável pela produção de 70% dos alimentos consumidos no país, não forem retomados, a perspectiva para os próximos anos é dramática.

O que faz o governo atual diante deste quadro?

Além da extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário, acabou com o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutrição, organismo fundamental para a formulação de políticas públicas para o setor, com participação da sociedade civil.

Também o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), pelo qual a alimentação das escolas públicas era adquirida diretamente da agricultura familiar, sofreu redução orçamentária, de uma média de R$ 1,2 bilhão até 2016 para R$ 285 milhões em 2019.

Além disso, o governo anuncia uma Medida Provisória que inclui a participação no agronegócio nas vendas em detrimento dos pequenos agricultores.

A indiferença do atual governo em relação ao drama alimentar conduz o Brasil de volta ao mapa da fome, derrubando importantes conquistas sociais obtidas nos últimos 20 anos, e configura a faceta mais perversa do projeto em vigor.

Esse será mais um dos componentes maléficos do legado do governo Bolsonaro, o que torna cada vez mais urgente o seu afastamento do cargo e o fim de seu plano econômico que concentra renda, aumenta a pobreza e joga o país no abismo da irresponsabilidade.

*Henrique Fontana é deputado federal (PT-RS)


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Comentários

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Solon Mota e Silva

Estasmos com uma PANDEMIA e com um Pandemônio político e um psicopata no no poder e cheio de aproveitadores anti_povo erm roda..

Henrique Martins

Bolsonaro garantiu agora em live que Pazuello e Ricardo Sales ficam nos ministérios.
Ele sabe muito bem que isso é uma agressão ao país mais tem prazer em nos agredir. Coisa de gente insana!
Se ele é tão macho assim por que não torna Pazuello titular da pasta imediatamente? Está esperando o quê exatamente se o homem é ‘tao competente e predestinado’?
Bolsonaro não tem coulhoes. Só tem gogó. O homem tem tantos defeitos que é até difícil enumerar.

Mas tudo tem um lado positivo e outro negativo. No sentido positivo, essa postura dele agora contribui para alavancar sua própria queda.

Como eu disse antes, quando se trata de erros, ele nunca me decepciona. Às vezes até me surpreende errando mais do que eu o julgava capaz. Meu Deus quanta burrice!

Ibsen Marques

Porque se preocuparia? Sua mesa está farta e um psicopata só se preocupa consigo e seu próprio bem estar.

Henrique Martins

Não há ninguém neste país que torça mais para Bolsonaro errar do que eu.

E acreditem: o homem não me desaponta de jeito nenhum!

É impressionante a ignorância desse homem coitado. Da até dó.

Zé Maria

A Mídia Venal, corrupta, comprada e vendida, elitista insiste em usar a expressão
“políticas públicas” relacionando-a à política econômica do (des)governo federal
de Bolsonaro/Guedes/Mourão.
Ora, o que há no Ministério da Economia, na realidade, é um programa anti-social,
de empobrecimento da Classe Trabalhadora, por meio de Decretos, Medidas Provisórias (MPs) e Propostas de Emendas Constitucionais (PECs) que o Guedes chama de ‘reformas’ – confirmadas pelo Poder Legislativo – para enriquecimento
da Classe Burguesa, Industrial e principalmente do Mercado Financeiro.
Falam tanto em ‘reforma tributária’, mas não admitem a cobrança de tributos
dos mais ricos e isenção dos mais pobres.
Escamoteiam que são contra a Tributação Direta e Progressiva, a única forma de
fazer alguma Justiça Social, com Redistribuição de Renda, no Capitalismo.

Portanto, a única “Reforma” que esse (des)governo Bolsonaro/Guedes/Mourão quer é a de “passar a boiada” na regulamentação do Capital e dar “de baciada”
nos Salários dos Trabalhadores.
Um Projeto Escravocrata de Extermínio de Pobres, a médio e longo prazo.

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