“Fui condenado por fazer perguntas”, diz repórter demitido por mencionar pedofilia em filme de direitista

Tempo de leitura: 2 min

Ninguém fez mais que os Frias para promover a extrema-direita; a começar de entregar o jornal Folha da Tarde a meganhas, durante a ditadura militar

Update do dia mais bizarro da minha vida

por Diego Bargas, ex-repórter da Folha

Oi gente, agradeço imensamente todas as mensagens e manifestações, vou responder tudo, prometo. É que ainda estou um pouco inebriado com a bizarrice dessa história, que está longe de acabar.

A confusão com o Gentili me faz perder o emprego. A Folha de S. Paulo me demitiu.

Não posso entrar em detalhes sobre isso, mas é tudo muito nebuloso. Danilo Gentili me esmagou como uma barata, só porque ele pode, só porque eu ousei o desafiar. Sou uma pessoa comum, um típico brasileiro pagador de boletos. Sou só mais um. É surreal que eu tenha virado alvo de um cara desse tamanho.

No jornalismo atual fala-se muito sobre fake news. Vamos aos fatos: fui considerado um “militante do PT”, quase um guerrilheiro, um subversivo. Não sou nada disso. Usaram contra mim cinco postagens no Facebook, todas pequenas frases favoráveis ao Lula, Dilma e Haddad. Ridículas, irrelevantes.

Nenhuma defesa de ideias, nenhum texto político, nenhuma discussão, nada. Frases. Mas alguém disse que era posicionamento politico e militante, e daí virou verdade. Até o MBL acreditou, imagine. Não sou militante do PT. Mas ninguém me perguntou.

Falou-se muito sobre a matéria também, mas alguém leu? A maioria dos comentários sobre ela, sobre mim, são delirantes. O vídeo mostra a conversa na íntegra, é meu alibi, não tenho nada a esconder.

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As perguntas eram espinhosas, mas eram perguntas. Eram a oportunidade de o Danilo rebatê-las. Como eu poderia ser mais honesto do que questionando-o? Disseram que as perguntas tinham conotação política, mas são as respostas que importam. Fui condenado por fazer perguntas. São tempos sombrios.

O que me faz pensar: todos são alvos. Eu não sou absolutamente nada, mas inventaram par mim uma personagem, o “jornalista da Folha militante do PT”, e o atacaram. Ele, por acaso, era eu. Podia ser você, dependendo dos interesses de quem ataca. Não faz sentido, eu sei, são tempos sombrios.

A onda de ódio liderada de maneira perversa pelo Danilo tirou o meu emprego. O ódio tem tirado tantas vidas, que perder o emprego é trivial. Os tempos são sombrios, o que vem por ai é ainda pior, e implacável. Todo mundo vai sair perdendo, todo mundo.

PS do Viomundo: O filme de Danilo Gentili captou R$ 3,2 milhões através da lei 8685, uma daquelas de incentivo fiscal que a direita brasileira tanto abomina.

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A bizarrice do foro privilegiado para militares em crimes contra civis

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Comentários

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Iago Rohr

E queria o que com essa péssima entrevista? ser promovido? aparecer?
Porque só conseguiu parecer um completo retardado!!!

Um trecho:
“ENTREVISTADOR – tem profanação?
ENTREVISTADO – depende, o que é profanação pra você?
ENTREVISTADOR – não sei” – e deu fim ao assunto

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