Paulo Copacabana: Não podemos nos perder em disputas menores; é preciso radicalizar a democracia
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Radicalizando a democracia: a reinvenção da esquerda no Brasil
por Paulo Copacabana, especial para o Viomundo
Muitas análises após as eleições municipais de 2016 dizem que o “desencanto” com a política venceu.
Não resta dúvida de que o desencanto com algumas forças políticas se manifestou nestas eleições de forma vigorosa.
Mais precisamente um desencanto com o PT, que reduziu sua capacidade de disputa política em nome de “republicanismos” e “ajustes nas contas públicas”.
Perdeu-se em alianças eleitorais e políticas com a direita, que foram se aprofundando a cada ano, reduzindo sua articulação com a base social e mantendo condutas e privilégios injustificáveis.
Perdeu a capacidade de conquistar corações e mentes para o futuro, repetindo apenas as conquistas que possibilitou no passado.
E o passado, mesmo que glorioso, deve servir de credencial para o futuro. Não podemos e não devemos ficar acorrentados a ele.
O PT deve se reinventar. Tem passado, mas precisa de futuro. E desta reinvenção depende a esquerda no Brasil.
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O PSOL, sozinho, não terá capacidade de ocupar todo este espaço em menos de uma década, apesar de conseguir captar melhor o “sentimento de esquerda” da juventude.
O PCdoB maranhense também não é solução nacional. Nem a força do discurso e bases regionais de Ciro ou Requião.
Frentes amplas de esquerda talvez permitam organizar melhor nossa capacidade de luta, resistência e ajudem a retomar corações e mentes mais rapidamente.
Aprofundar a democracia brasileira deve ser ponto central deste programa para a esquerda, uma verdadeira radicalização democrática no sistema político, econômico, judiciário e nas comunicações do país.
Neste processo, temos que revelar muitas coisas que são escondidas do grande público.
Por exemplo, os interesses que realmente estão por trás da política de juros altos no Brasil.
Política esta que segue diariamente tirando recursos do orçamento público da saúde, educação, cultura, esporte, infraestrutura e de todas as áreas relevantes para a população para entregar a uma minoria que aplica no mercado financeiro.
Revelar quais os interesses em se manter um sistema tributário que também “tira dos pobres e da classe média para dar aos ricos”, que pagam poucos impostos, possuem benefícios tributários e ainda sonegam bilhões sem serem incomodados.
Revelar por que a comunicação do país é dominada por apenas cinco empresas privadas familiares, sendo que uma delas abocanha mais de 70% do mercado publicitário. Esta concentração interdita o debate real das idéias no país.
Se revelarmos estes mecanismos gigantescos de produção de desigualdade e apresentarmos propostas claras de reformas, poderemos nos reconectar com as classes populares em menos tempo do que imaginamos.
Caso contrário, o povo sofrerá de forma mais profunda e duradoura.
Não temos o direito de nos perder em disputas menores e questões burocráticas.
Um projeto de nação que leve em consideração todo o povo brasileiro está ainda para ser construído. E, com certeza, não o será pelos golpistas de plantão.
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