Requião: Crise econômica global, democracia e a parábola do chinês na Europa
Tempo de leitura: 2 min

Crise, democracia e a Parábola do chinês na Europa
Roberto Requião, especial para o Viomundo
A aparentemente calmaria não esconde que a economia pró-finanças no planeta está em de risco de novo colapso, que pode vir novamente do setor financeiro ou da política. Depois das concessões feitas pelo Capital ao Estado social no pós-guerra, veio a reação do Capital pela revolução neoliberal dos anos 90.
Em 2008, a ideologia neoliberal perdeu a credibilidade com a grave crise econômica. Porém, as altas finanças, ao invés de recuar, recrudesceram os esforços em impor políticas neoliberais radicalizadas em todos os países. Até agora a Europa está à frente desse processo, que o Brasil só agora começa a copiar.
O desespero pelo lucro a qualquer custo caminha no sentido da precarização do trabalho e da redução dos parlamentos a meros espectadores dos “técnicos”, administradores de ajustes fiscais e das crises que provoca.
O Estado minimizado é o “gendarme”, responsável apenas pela segurança interna. Os técnicos especialistas em economia administram para o capital financeiro, conforme a crítica dura e clara do Papa Francisco. Para os povos, desemprego, aumento de impostos, o que se alia à precarização do trabalho.
Penso que a crise econômica global levou à precarização das nossas instituições parlamentares e democráticas. Este é o preço que a degradação econômica cobra das nações: deterioração das já frágeis democracias.
Não há como termos instituições fortes, não há como imaginarmos democracias vigorosas, à prova de golpes e contra golpes, sem parlamentos comungando com interesses populares e nacionais, sem judiciários absolutamente livres de injunções. O mercado não pode dar as cartas.
Recentemente, um parlamentar europeu me contava sobre um encontro entre um líder político europeu e o presidente da China. Esse líder expunha a opinião de seus notáveis economistas financistas. O presidente respondeu que essas opiniões deveriam ser levadas em consideração. No entanto, com firmeza acrescentava: “Agora vamos falar sobre nossas próprias opiniões?”.
Apoie o VIOMUNDO
Essa parábola é baseada em fatos reais.
Artigo baseado no pronunciamento feito pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR) em sua posse como presidente da Eurolat (Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana), em Bruxelas, dia 5 de junho de 2015. Roberto Requião foi governador do estado por 3 mandatos e prefeito de Curitiba.
Leia também:




Comentários
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!