Nádia Campeão: Lamentarei se Marta Suplicy não ficar do lado de cá

Tempo de leitura: 4 min

Captura de Tela 2015-03-10 às 11.26.44

por Luiz Carlos Azenha

A vice-prefeita de São Paulo, Nádia Campeão, disse ontem no programa Gabinete Aberto, promovido pela própria Prefeitura para prestar contas à população, que lamentará se a ex-prefeita Marta Suplicy passar para o “outro lado”. Foi em resposta a uma das perguntas que este entrevistador fez à comunista, que também foi questionada pelo repórter Pedro Venceslau, de O Estado de S. Paulo.

Nádia Campeão foi secretária de Esportes durante o governo Marta. Elogia a ex-prefeita, mas pondera: “Eu lamentarei se a senadora adotar um caminho de afastamento do seu partido. Ela sabe que vivemos uma disputa muito acirrada no país. Ela vai ter de se perguntar ‘de que lado eu estou’? Espero que continue deste lado”.

A especulação é de que Marta deixará o PT nos próximos meses para ingressar no PSB, partido pelo qual disputaria a eleição — com apoio do PSDB de Geraldo Alckmin — contra outro político que serviu em seu governo, Fernando Haddad.

Nádia Campeão não demonstrou preocupação eleitoral com a possível guinada de Marta, que tem criticado seguidamente o PT, o governo federal e a presidenta Dilma Rousseff. Lembrei a ela que Marta é muito popular na periferia, mas a vice-prefeita rebateu que Fernando Haddad trabalha prioritariamente com a mesma faixa do eleitorado.

Quando, anteriormente, questionei Nádia sobre as pesquisas de indicam baixa popularidade de Haddad, ela lembrou que outros prefeitos ficaram próximos do mesmo patamar a esta altura do mandato, especialmente depois de aumento das tarifas de ônibus.

Em janeiro a tarifa subiu de R$ 3 para R$ 3,50. Em seguida, pesquisa Datafolha registrou queda na popularidade do prefeito. Mas ele ainda tinha, segundo o levantamento, 53% de ótimo, bom e regular.

Captura de Tela 2015-03-10 às 11.45.26

Nádia Campeão lembrou que Marta foi vítima de preconceito durante sua gestão municipal, especialmente quando implantou os Centros Educacionais Unificados (CEUs) na periferia, inicialmente vistos como “desperdício” — tanto quanto o Bolsa Família enfrentou rejeição quando foi implantado (observação nossa). Embora a vice-prefeita não tenha especulado sobre isso, será interessante ver se Marta ganhará os votos dos preconceituosos que a atacaram, especialmente depois do episódio “relaxa e goza”.

Apoie o VIOMUNDO

Quando tratamos da cobertura da mídia ao governo Haddad, ela destacou que a ênfase é nos aspectos negativos da gestão, como não se viu anteriormente nos governos Kassab e Serra. Ela afirmou que a Prefeitura poderia enfrentar isso com a destinação de verbas para a publicidade oficial, mas não o faz por ter outras prioridades. Demonstrou segurança de que, na campanha de 2016, na propaganda gratuita, será possível comunicar à população os avanços do primeiro mandato de Haddad.

Nas hostes petistas, a reeleição de Haddad em São Paulo é vista como fundamental para as eleições presidenciais de 2018, quando o ex-presidente Lula e o governador Geraldo Alckmin podem se enfrentar novamente.

Outros temas dos quais se falou na entrevista ou depois dela:

Uso das ciclovias — É também uma questão cultural, que leva tempo para mudar. O prefeito estuda formas de incentivar o uso da bicicleta, mas não pode mexer em impostos que incidem sobre o preço delas.

Enchentes — A prioridade é atacar os pontos de alagamento, que foram mapeados. Há várias obras em andamento. A cidade tem menos enchentes pontuais agora que no passado. Nádia não soube dizer se o governo municipal tem algum projeto para tornar as calçadas mais permeáveis ou se emprega o asfalto mais poroso, que reduz a rapidez das águas que correm para os bueiros.

Sub-prefeituras — Embora o prefeito tenha aceitado a indicação de vereadores, manteve o critério de nomear funcionários de carreira que tenham conhecimento da área em que vão atuar.

Inclusão digital — O wi fi já foi implantado em mais de 100 praças, mas a Prefeitura precisa fazer mais para promover o governo digital, ou seja, facilitar a vida do cidadão permitindo que a maioria dos serviços municipais seja acessível online.

Semáforos que apagam nas chuvas — São Paulo tem 6 mil cruzamentos. Foi feito um mapeamento completo dos semáforos. O trabalho de renovação já começou. Até 2016 a pretensão é derrubar a taxa dos que apresentam problemas para 1%.

Queda de árvores — São Paulo tem 600 mil árvores em ruas e avenidas. A queda se concentra nos bairros mais antigos, com árvores de 50, 60 anos. A Prefeitura, hoje, faz trabalho preventivo apenas a partir de reclamações de munícipes. Está em estudo fazer como em outras metrópoles, onde a fiscalização é periódica. O grande problema neste setor é a falta de árvores nos bairros periféricos.

Prioridades — Lembramos à vice-prefeita que a mídia, preocupada com seus leitores/ouvintes/telespectadores, muitas vezes concentra a cobertura nos problemas do centro da cidade. Isso pode causar uma distorção nas prioridades da própria prefeitura? Ela respondeu que, no centro, o trabalho da Prefeitura é de “zeladoria”. A prioridade absoluta da gestão, disse ela, é na prefeitura. Basta analisar a soma dos investimentos, que devem incluir não só os hospitais e outras obras, mas o dinheiro gasto em transporte público. Ela definiu o governo como “de esquerda”.

Leia também:

Tarso Genro: Mídia omite que PP gaúcho apoiou Aécio

Apoie o VIOMUNDO


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Leia também