Marcelo Salles: O voto consciente dos médicos no segundo turno

Tempo de leitura: 3 min

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O voto consciente dos médicos

Por Marcelo Salles (*)

Hoje é um bom dia para falar sobre médicos. Há 47 anos era assassinado o médico Che Guevara, por determinação do governo dos EUA. Três palavras aqui: Médico, Guevara e EUA. Reparem que o Che não morreu de causas naturais, ele foi assassinado. O cenário era de guerra fria e a vida não era fácil para quem se opunha aos interesses dos EUA, que promoveram ou apoiaram dúzias de golpes de Estado no continente americano.

Se você acha natural um país promover golpes contra outros países nem precisa continuar lendo. Use seu tempo para coisas mais interessantes. Se você não acha, talvez seja oportuno entender a relação (compreensivelmente omitida pela mídia de massa) entre o assassinato de Guevara, o papel dos médicos e os interesses dos EUA.

Vamos pelo mais fácil (que nem sempre é o mais óbvio): o papel do médico e da médica é trabalhar para o bem estar das pessoas que necessitam de cuidados para sua saúde. Um povo saudável é mais produtivo, pode consumir mais e é mais feliz. Por consequência, um povo saudável faz um país mais desenvolvido.

(Para tanto, o médico e a médica devem ser bem remunerados, para que eles tenham as condições materiais de viveram bem o suficiente para cuidarem de si e exercerem da melhor forma o papel acima descrito).

Os EUA, durante a guerra fria, trabalharam duro para que outro país não emergisse como potência no continente. A Doutrina Monroe era clara: a América para os americanos, sendo que por “americanos” eles entendem os estadunidenses. Em outras palavras: o continente deveria continuar sob o jugo do governo dos EUA. Para alcançar esta estratégia, nada melhor do que impedir que outros países se desenvolvessem, o que explica o apoio deles à ditadura civil-militar de 1964 no Brasil.

Che Guevara teve a firmeza de se opor ao imperialismo. Ao percorrer a América Latina e conhecer a realidade dos povos, descobriu que as raízes da injustiça social tinham a mesma fonte: as políticas agressivas dos EUA diante dos demais países da região, que teve nos empréstimos do FMI uma aparência civilizada, porém extremamente prejudicial à maioria da população. Por isso o Che se uniu aos movimentos de libertação da época.

Durante o período em que viajou conhecendo nossa América, o Che esteve no leprosário San Pablo, no Peru. Lá ele pôde ajudar, como estudante de medicina, a melhorar o bem estar das pessoas que necessitavam de cuidados para sua saúde. No filme Diários de Motocicleta, do brasileiro Walter Salles, há uma cena em que, na noite de seu aniversário, o Che decide cruzar a nado o Rio que separava os atingidos pela hanseníase dos funcionários da colônia. Vencendo a asma que o acompanhava desde a infância, ele alcança o outro lado da margem e ali comemora seu aniversário. Com a atitude, Che mergulha para nunca mais sair da essência que o fez médico.

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Mas o que isso tema ver com o processo eleitoral brasileiro? Tudo. E mais um pouco.

Tenho plena consciência de que muitos médicos brasileiros estão chateados com o governo do Partido dos Trabalhadores. A esses médicos eu devo dizer claramente: vocês têm razão em estar chateados com este governo. Porque, como médicos, vivenciam as mazelas do sistema de Saúde que precisa ser melhorado na rede pública, mas também na rede privada. Estou convencido de que vocês querem oferecer melhores tratamentos às pessoas que mais necessitam, afinal de contas a vocação de vocês é essa. Também tenho certeza de que vocês reclamam do programa Mais Médicos não por interesse próprio, corporativo, mas porque vocês querem que ele atinja ainda mais brasileiros para, desta forma, tornar o país ainda mais desenvolvido.

Por isso, tenho certeza de que os médicos e as médicas conscientes farão a escolha certa no dia 26 de outubro. Irão escolher o projeto que mais desenvolveu o Brasil, e não aquele que mergulhou o país no atraso, no desemprego, praticamente um país-pedinte do FMI. Os números estão aí pra quem quiser ver e comparar. A escolha do dia 26 não é um fla x flu e muito menos por um salvador da pátria. A escolha deve ser racional: qual projeto fez mais pelos desassistidos do país? Porque esta pergunta fará com que se recordem, doutores, do juramento profissional que fizeram para conquistar vossos respeitados diplomas.

(*) Marcelo Salles é jornalista.

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