Requião: Inventaram que a Petrobras tem de pagar toda a dívida agora para justificar esquartejamento da empresa

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Petrobras vai gerar empregos fora do Brasil e enriquecer mais ainda paises ricos, como a Noruega

Parente e a farsa para justificar a desintegração da Petrobrás

Por Roberto Requião

Um dia um dos maiores geólogos americanos afirmou em um estudo que não havia muito petróleo no Brasil.

Nosso povo, teimosamente, não acreditou. Foi para as ruas, com a liderança de Getúlio Vargas, e criou a Petrobrás em 1953. O povo imaginou que esse estudo era mais uma mentira para nos fazer acreditar que não era possível nosso antigo sonho de acabar ou ao menos reduzir significativamente a pobreza.

Sim, um dia os brasileiros sonharam. Um dia o Brasil sonhou junto o mesmo sonho. Nosso sonho mais ambicioso foi a Petrobrás.

Naquela época, ninguém no Brasil entendia de petróleo, refinarias, maquinário pesado. Mas havia muita fé, coragem na população. Havia também um líder que conduziu esse objetivo até o martírio da sua própria vida.

A Petrobrás foi a principal base para nossa industrialização pesada de navios, sondas, plataformas, refinarias. Foi a base do mais ambicioso projeto de combustíveis renováveis do planeta.

Nosso povo, através da Petrobrás, achou e conseguiu explorar um mar de petróleo barato em uma profundidade que muitos achavam impossível alcançar. O pré-sal é provavelmente a maior reserva de petróleo do mundo. E isso explica muita coisa…

Está em prática pela atual direção da Petrobrás um plano de privatização fatiada da empresa que visa a ir muito além de doar essa gigantesca reserva a estrangeiros a preço de fim de feira.

O plano vai além de doar o pré-sal às nações “amigas”, como fez o Rei de Portugal quando aqui aportou fugido de Napoleão e sob a proteção da Inglaterra. Querem destruir a Petrobrás, como já destruíram a Eletrobrás, através da desintegração da empresa.

A Petrobrás é uma potência, porque é uma empresa integrada de petróleo. Sua rede de poços, oleodutos, gasodutos, usinas elétricas, tanques, fábricas, postos, refinarias, portos, frotas de navios, trens e caminhões é interligada em todo território nacional.

Ela funciona como um sistema circulatório que leva energia para toda economia nacional e para todas as famílias. E, como se diz tecnicamente, é uma empresa integrada do poço ao posto.

Esse papel social e econômico da Petrobrás como empresa de infraestrutura integrada tem um valor para o povo brasileiro muito maior do que as maiores reservas de petróleo do mundo.

Sem essa infraestrutura, nosso PIB, a economia brasileira não sobreviveria, nossas empresas não teriam competitividade, o povo não teria empregos e o governo não teria arrecadação para manter os serviços públicos essenciais para nossa sobrevivência e qualidade de vida.

É essa infraestrutura integrada que agora os traidores querem desmontar, vender e sucatear. O objetivo disso vai muito além de dar aos vencedores o butim, o espólio, dessa guerra política semi-subterrânea que estamos vivenciando.

O objetivo é quebrar as pernas e colocar de joelhos o Brasil, o B dos Brics que tanto assustam os senhores do mundo.

O objetivo é destruir a auto-imagem do nosso povo para que nunca mais tenhamos a ousadia de desobedecer e desafiar tecnologicamente, economicamente ou diplomaticamente, em nenhum campo, certas potências que manipulam aqui dentro, como se fôssem marionetes, a mídia e diversas correntes políticas.

Desmontada a Petrobrás, demoraríamos décadas para voltarmos a ter a empresa poderosa que temos hoje e que causa admiração, respeito e temor em todo mundo. Demoraríamos muito tempo só para voltar a ter autoestima suficiente para enfrentar novamente esse desafio.

Desde a sua criação, a história da Petrobrás foi marcada por duras provações, mas também por perseverança e sucesso. Ao iniciar suas atividades, a empresa dependia, quase que exclusivamente, da importação de materiais, equipamentos, serviços e recursos humanos especializados. Essas dificuldades estimularam o exercício de nossa determinação.

A Petrobrás acabou sendo o polo indutor da formação de mão de obra qualificada e de desenvolvimento de produtos e serviços no território nacional, tornando-se, dessa maneira, o grande epicentro de progresso tecnológico e produtivo no Brasil.

A indústria petrolífera brasileira acabou sendo a impulsonadora de um projeto de desenvolvimento nacional que tinha como elemento central as políticas setoriais de substituição de importações e o enfrentamento à industrialização tardia do País.

Até o governo FHC, a Petrobrás manteve-se como executora do monopólio estatal do petróleo. Porém, o fim do monopólio da Petrobrás não representou o fim da importância da empresa.

O estabelecimento da concorrência a partir do regime de concessão não inibiu as atividades da integrada e competente estatal, construída ao longo do período do monopólio.

A gestão competente da sua infraestrutura integrada manteve a Petrobrás como uma das mais lucrativas petrolíferas do mundo e uma concorrente imbatível no mercado brasileiro.

A excelente infraestrutura de processamento e distribuição de petróleo centralizadas no Rio e em São Paulo serviram de retaguarda financeira e, principalmente, operacional para a descoberta e a incrivelmente rápida colocação do pré-sal como maior ameaça e oportunidade para toda indústria petrolífera mundial.

Graças a essa infraestrutura fabulosa, a Petrobrás transformou o pré-sal de descoberta teórica a produção efetiva em uma velocidade que muitos diziam ser impossível. E, contra todos os prognósticos, fizemos isso com equipamentos e tecnologias construídas no Brasil.

Essa realização foi uma ofensa considerada imperdoável para aqueles querem ver nossa Nação de joelhos. Um plano foi tramado para tirar das mãos dos brasileiros o controle e os frutos dessa imensa riqueza.

Assim como 1953, o ano de 2016 pode ser considerado um novo marco histórico. Em setembro deste ano, foi apresentado pelo governo Temer o Plano de Negócios e Gestão – PNG 2017-2021. O primeiro plano sob a presidência do Sr. Pedro Parente.

Esse “plano” é a justificativa teórica do maior assalto já tramado contra nossa Petrobrás. É nossa obrigação estudá-lo e desmascará-lo. O Plano se baseia em três falsas premissas:

1) Se a relação dívida/geração de caixa (EBITDA) não mudar de 5,3 para 2,5 rapidamente, um “desastre” poderia acontecer

2) Essa relação dívida/geração de caixa não poderia se reduzir com os resultados da própria empresa e em um horizonte mais longo

3) O governo brasileiro não poderia fazer como o governo de outros grandes exportadores de petróleo, como Noruega, e assumir parte dos investimentos da empresa, deixando que a relação de endividamento da empresa melhore imediatamente

As premissas são falsas porque o endividamento da Petrobrás está em um nível saudável, não sendo preciso à empresa vender seus bens mais precisos, para pagar a dívida.

São falsas porque os resultados operacionais da empresa já são robustos o suficiente para melhorar essa relação naturalmente sem vender nada precioso.

São falsas também porque a Petrobrás não se endividou porque teve dificuldades financeiras, mas porque assumiu um plano de investimento muito grande e que em outros países seria assumido ao menos parcialmente pelo Estado Nacional, porque é o Estado Nacional o maior beneficiário e o mandatário real deste plano de investimento ambicioso.

Não deve a responsabilidade, portanto, recair integralmente numa empresa regulada pelo direito privado e que tem que cumprir regras financeiras privadas e atender ansiedades típicas e investidores privados de curto prazo.

O grande crime que este plano – PNG 2017-2021 – comete contra a verdade, contra a boa fé das pessoas é dizer que a tal meta de redução do endividamento é sagrada, incontestável e só pode ser realizada de uma única forma: a forma que interessa àqueles que querem desintegrar a Petrobrás e privatizar ativos únicos e valiosíssimos a preço de banana.

Aliás, essa mesma premissa falsa de que existe uma meta de endividamento sagrada e uma única solução sagrada para atingi-la também está sendo usada para justificar a PEC 241 que o governo Temer quer impor ao Congresso para congelar os gastos públicos e sociais por 20 anos.

O Plano do Sr. Parente e do Sr. Temer para a Petrobrás se baseia fundamentalmente na falsa necessidade de pagar R$ 238 bilhões em amortizações nos próximos anos.

Ora, quem conhece o capitalismo sabe que a dívida de uma grande empresa existe para ser rolada e renovada indefinidamente, ao menos até que a geração de caixa seja tão robusta e as oportunidades de investimento tão pobres que não haja nada melhor a fazer com o dinheiro do que pagar amortizações.

Sabemos que esse não é o caso da Petrobrás. Seus ativos geram uma rentabilidade muitas vezes maior do que os 8% em média que ela paga em sua dívida.

O pior investimento no mundo hoje é pagar dívida internacional em dólares no momento em que as taxas de juros em dólares são as menores da história e muito menores do que a inflação. Mas não para o plano “genial” dos Srs Parente e Temer.

Elementar meu caro Watson, alguma justificativa precisa ser encontrada para entregar as maiores joias da Coroa da Petrobrás: a infraestrutura, os gasodutos, a BR Distribuidora, e o pré-sal no momento em que o petróleo está artificialmente no valor mais baixo em muitos anos, em razão de uma disputa geopolítica contra Rússia, Irã, Venezuela e, por que não, Brasil.

Para isso, inventaram que é sagrado amortizar 238 bilhões de reais em dívida no momento em que ela está com o custo mais baixo em toda história, desde os anos 30, e os credores internacionais imploram para que alguém pague uma taxa de juros que não seja negativa.

A privatização da BR Distribuidora e da Nova Transportadora do Sudeste – NTS, além da venda de Carcará, significa abrir mão de ativos rentáveis e estratégicos para a Petrobrás e para o País.

Não há necessidade de se vender esses e outros ativos. Em vez de se gerar meros de US$ 19 bilhões com a venda desses tesouros estratégicos, seria muito melhor rolar o mesmo valor em dívidas enquanto os imensos investimentos no Pré-Sal e nas refinarias feitos nos governos anteriores continuem a maturar de forma rentável como já tem acontecido.

Basta que alguém veja no Balanço da empresa. É público! Os 8% de juros que essa dívida paga são menos que a rentabilidade de ativos estratégicos como a BR Distribuidora e a NTS. Ativos esses que tem um valor muito maior do que sua já alta rentabilidade de curto prazo.

Não se tem notícia da venda de gasodutos e da perda do controle acionário de empresas distribuidoras de grandes grupos como a Shell, Total, BP e ExxonMobil.

As distribuidoras são fundamentais para as petrolíferas mundiais tanto do ponto de vista financeiro quanto estratégico. É a partir das distribuidoras que as empresas mostram sua marca para o público.

A desintegração pode ser o fim da empresa estatal que foi o principal projeto nacional e que custou a vida do então Presidente Getúlio Vargas.

A existência da Petrobrás deve ter como base o interesse público, não interesses escusos. Se erros foram cometidos, eles devem ser corrigidos. Erros passados não devem servir de pretexto para a desintegração e a verdadeira destruição da Petrobrás.

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Comentários

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Nelson

Um breve roteiro do que se passa no nosso – não sei por quanto tempo ainda – Brasil.

O Sistema de Poder que domina os Estados Unidos e boa parte do planeta e tem anseios de dominá-lo por inteiro está por detrás de tudo.

Através de suas agências de inteligência, tal Sistema investigou a vida de toda a patota do PMDB, DEM, PSDB e PP e de mais algum outro partido que tem bancada significativa no Congresso Nacional.

Foram constituídos dossiês de todos esses “pralamentares”, que permitem a essas agências saber quem e quantos são os corruptos.

Montados os dossiês, o Sistema passou a utilizá-los como instrumento de chantagem sobre os “pralamentares” e lhes designou duas tarefas:

A primeira, derrubar o governo do PT via o impedimento. A segunda, aprovar todas as medidas previstas no “Ponte para o Futuro”, medidas que vão entregar o que resta de soberania do nosso povo sobre nosso território.

Caso nossos “pralamentares” se recusem a cumprir alguma desses tarefas serão chamados pelo Sérgio Moro. Então, eles estão a fim de salvar seus pescoços, não querem parar na cadeia.

Para eles não importa se, com sua alta traição à nação, o país seja arrasado e seja aniquilado o futuro do nosso povo.

O prêmio por essa alta traição será o mesmo garantido ao Cunha: poderão gozar em liberdade toda a fortuna que amealharam em tantos anos de “dedicação desinteressada” ao povo.

Daí se depreende que, para toda essa patota de vende-pátrias números e argumentos como os apresentados pelo Senador Requião não têm valor algum.

    Nelson

    Diante do que expus acima, ou os trabalhadores e o povo brasileiros nos unimos, nos organizamos e nos mobilizamos e partimos para a pressão sem tréguas sobre esses “pralamentares” e o governo gospista, para barrarmos a destruição da nação, ou não teremos mais país e nem futuro, para nós e nossos filhos.

    Antônio

    Creio que além do dossiê do qual temem todos serão regiamente renumerados pela alta traição. Isso tudo com o beneplácito de uma sociedade incapaz de perceber como é manipulada pela grande mídia.

Bacellar

Esse é um ponto central, o esquartejamento do Pré-sal vai gerar uma nova safra de picaretas multi-milionários. Pra além de auto-crítica a esquerda precisa entender que uma batalha muito desigual vem se desenrolando nos últimos anos: O capital grosso contra as demandas populares.
Caras como Dória Jr. não tem nada de estrategistas geniais…Agradar o capital é uma tarefa muito fácil para quem não tem escrúpulos. Qualquer empresário/tecnocrata que esprema os empregados, sonegue imposto, obtenha vantagens corrompendo a máquina estatal e puxe o saco dos superiores hierárquicos tende a multiplicar muitas vezes sua fortuna e se colocar numa posição muito vantajosa socialmente. Já vi manifestação de esquerda ser dispersada enquanto havia muita gente por falta de dinheiro para o aluguel do gerador do carro de som…A direita pelo contrário tem dinheiro sobrando para suas ações. Tem mídia (a internet até funciona para nós mas atentem a questão do volume).
Numa disputa tão desigual só temos chance com uma pauta clara e única. Aproveitar o grande desapontamento popular com as eleições (vejam SP, os patos votaram no seu candidato como sempre votaram, foram as camadas populares que se mostraram mais desiludidas com o voto, avacalharam nossa institucionalidade e querem matar o sentimento que vinha crescendo na população na última década de que o Brasil é uma nação viável) para unificar a pauta verdadeira de que o governo Temer é ilegítimo e portanto todas as suas ações podem e devem ser canceladas. Isso terá um preço economicamente brutal. Mas é melhor do que a devastação social da vitória total golpista que a médio prazo implodirá a economia brasileira.

Guanabara

Pergunta se o PIG vai explicar essa verdade à população? Pergunta se quem foi derrubar a Dilma consegue compreender isso?

FrancoAtirador

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Presidente do TST Colabora com Governo Temer
na Precarização da Justiça do Trabalho no Brasil

O Presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST)
e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT),
Ministro Ives Gandra Martins Filho, solicitou nesta terça-feira (4)
ao Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia,
a Retirada da Pauta de Projetos que pedem a Criação
de Varas do Trabalho e a Contratação de Servidores.
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Messias Franca de Macedo

… Ainda sobre as diatribes do *”imparcial” ‘mor(T)o’!
*segundo **”o ministro sisudo Teori Zavascki”!
**segundo o bandoleiro mafioso “[ro]mero ‘***Esta PORRA’ ‘Jucá(i)’!
***’Esta PORRA’ do famigerado nome ‘Jucá(i)’ é a porra da tal Lava Jato da ‘PORCA-tarefa’ do ‘miniSTÉRIO’ PRIVADA!!

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Como o Dória sabe que o Lula vai em cana?

Quem vazou pra ele?

publicado 05/10/2016

(…)

FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.conversaafiada.com.br/politica/como-o-doria-sabe-que-o-lula-vai-em-cana

Luiz Carlos P. Oliveira

Aqui no Rio Grande, no município de Arroio Grande, próximo à fronteira com o Uruguai, existem poços de prospecção lacrados até hoje. Quem fez essas prospecções, na época do Getúlio Vargas, foi um geólogo americano conhecido por Smith. Os mais velhos em Arroio Grande sabem da história e confirmam que tem petróleo lá. Assim como deve ter no Uruguai, dado à proximidade de Arroio Grande com Cerro Branco (Uruguai).

FrancoAtirador

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O Ocaso do Futuro de uma Nação Suicida.
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