Egípcios furiosos com a permanência de Mubarak

Tempo de leitura: 2 min

por Tom Perry, Reuters

CAIRO (Reuters) – A alegria se transformou em desespero e raiva na praça Tahrir, no centro do Cairo, quando o presidente do país, Hosni Mubarak, acabou na quinta-feira com a esperança de centenas de milhares de manifestantes que exigem sua renúncia após 30 anos no poder.

A multidão acampada na praça dançava, cantava, gritava frases e exibia um mar de bandeiras egípcias, nas cores vermelho, branco e preto, na expectativa de que o tão esperado discurso iria satisfazer o desejo do povo de ver o líder renunciar ao cargo.

“Ele sai nesta noite, nesta noite ele sai”, cantavam alguns na medida em que as notícias sugeriam que Mubarak realmente renunciaria.

Foram muitos os boatos. Alguns diziam que ele iria à Alemanha, enquanto outros estavam confiantes de que o presidente viajaria para os Emirados Árabes Unidos.

Os organizadores do protesto pintavam os rostos daqueles que aderiam ao movimento com as cores nacionais do país. Num certo momento, a praça Tahrir pareceu sediar uma festa de carnaval ao invés de um protesto.

Como de costume, egípcios de todos os estilos de vida e convicções políticas estavam unidos, de islâmicos a esquerdistas seculares, liberais e famílias inteiras.

Uma garota, sentada sobre os ombros de seu pai, tinha a palavra “saia” pintada em sua testa, repetindo a principal exigência de uma multidão que tomou conta da praça Tahrir ao longo da semana.

Momentos antes de Mubarak começar a falar, os manifestantes diziam que estavam prestes a testemunhar a história. “Senta, senta, senta”, gritavam alguns.

Milhares responderam, sentando no chão da praça, numa cena que refletia o espírito de cooperação no acampamento de protesto.

Na grande tela à frente, a aparição do presidente de 82 anos fez com que todos pedissem o fim de qualquer burburinho. Novamente, a multidão cooperou. Um manto de silêncio caiu sobre a praça Tahrir.

SAPATOS

Sob um céu claro e uma meia-lua, os soldados em cima de tanques e veículos blindados prestavam mais atenção ao discurso do que qualquer outra pessoa. Alguns fumavam cigarros quando o presidente começou a falar.

Em menos de um minuto, a alegria da multidão deu lugar à aflição. Um homem abaixou a cabeça na medida em que ficava claro que Mubarak não pretendia renunciar.

Alguns tiraram os sapatos, acenando com a sola em mãos. Outros exibiram sua desaprovação com os dedos ou fizeram sinais negativos para Mubarak. Alguns choraram.

Na metade do discurso, a paciência dos manifestantes pareceu se esgotar. Eles se levantaram e gritaram: “Saia, saia, saia.”

“Ele não quer entender. O povo não o quer no poder”, disse Hesham al-Bulak, de 23 anos. “Ele está se mantendo no poder de uma forma que é totalmente bizarra.”

Alguns manifestantes abandonaram o local logo em seguida, enquanto outros ficaram onde estavam, gritando frases de protesto. Falando aos que deixavam a praça, um organizador, com os olhos cheios de lágrimas, gritou: “Não desanimem, não desanimem.”

“Não há desânimo”, respondeu um manifestante. “Não há desespero e não há rendição.”


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Comentários

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Roberto Locatelli

Pessoal, não vamos dar trela aos trolleiros. Não responda a provocações. Eles que vão comentar no bloguinho do Tio Rei.

Julio Silveira

Os States pregam a democracia, o ocidente prega democracia, mas a democracia nos moldes que eles querem. Aceitam e apóiam os governos ditatoriais e seus defensores (geralmente as elites que se beneficiam da exploração e do mutismo popular imposto) hipocritamente.
No Brasil não foi muito diferente, e ainda hoje nossa democracia é vigiada, tutelada, emparedada para não sair muito das regras que o ocidente definir o que se deve considerar regime democrático. Dentro dessas regras, da elites de seus grupos de poder, nem sempre a participação popular e vista como principal principio democrático.
Continua…

Julio Silveira

continuação…
Pode ser, e é muitas vezes considerado (por motivos de conveniência política e de mando), ameaçador de direitos. Direitos que devem ser inquestionáveis para esses, mas a forma de conquista dos mesmos, nunca deve ser questionada, mesmo vindo do mesmo vicio de origem que faz com que os cidadãos questionem sua legitimidade. O Egito luta nesta fronteira, tem que saber a democracia que o ocidente irá considerar democracia, se ela vier recheada de adversários políticos, mesmo com força popular com certeza serão desclassificados como representantes legais, aí, não valera o escrito.

O_Brasileiro

Os generais o colocaram lá. Que ouçam o povo e agora tirem-no de lá! Antes que seja tarde.

Carlos

Os americanos estão interferindo na soberania de um povo. A tramoia é deixá-lo no poder, enquanto isso, movimenta a sua inteligência e espionagem, a fim de preparar o seu candidato. Se não fosse esta interferência, o ditador já teria corrido. O grande opositor do mundo livre e do povo egípcio são os americanos. Será que a maioria da população não percebe isso?

Bonifa

A rebelião egípcia parece o movimento das Diretas-Já. Alá permita que seja rapidamente vitorioso, já que aqui no Brazilzim tivemos ainda de penar por cinco anos com uma meia-sola democrática e depois com doze ou treze anos embarcados numa canoa furada neoliberal, até a libertação do país com o Lula.

Douglas O. Tôrres

O que parece,que qualquer um que venha ascender ao poder,terá que necessarimente realizar profundas mudanças nas politicas economicas e sociais.Mubarak,depende exclusivamente da fidelidade das forças armadas,se elas o abodonarem,até sa vida correra sério risco.Esta enebriado(louco) pelo tempo que ficou no poder e acho que tentará de tudo para continuar,não sairá por vontade propria,tera de ser "empurrado" para fora da cadeira presidencial

Paulo Amaral

'Economist' ironiza Lobão e sugere que brasileiros se acostumem com 'interrupções' de energia

Segundo a revista, Lobão 'guarda' o termo apagão para um problema mais grave

A revista britânica The Economist ironizou declarações do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, negando que o país teria enfrentado novos apagões dizendo que "os brasileiros têm de se acostumar às 'interrupções temporárias' toda vez que ligarem o ar-condicionado".

Em sua edição que chegou às bancas nesta sexta-feira, a revista traz uma matéria sobre os recentes blecautes que deixaram "no dia 4 de fevereiro quase 50 milhões de pessoas em oito Estados no nordeste do país sem energia na maior pate da noite".

Essa é uma das faces de um tal de….""Momento Mágico""… pior de tudo… essa baboseria foi planfetada até por grandes emissoras de rádio e TV… taí…. corte de gastos (Dilma disse na campanha que não precisava), mínimo que não cobre nem a inflação, apagão….. inflação…. concurso públicos adiados…

Esse é o tal do… ""Momento Mágico"""

    Bonifa

    Campanha: Não respondam mais ao Paulo Amaral.

    Sereno

    Tá nervozinha, nega?

Flavio Lima

A mascara do ocidente "democratico" esta caindo no Egito, junto com o ditador.

IV Avatar

O mesmo script que vimos em Honduras com MICHÊletti, com certeza os mesmos assesores dos EUA estão orientando no caso do Egito, a intenção quando MuBarak alardeia que pode renunciar e desmente é só desmobilizar, cansar a oposição, já vi esse filme

Pisquila

Ele só continua lá devido a hipocrisia americana: "Os nossos ditadores são melhores que os dos outros!"

Guanabara

Quem é Mubarak para mandar em alguma coisa? Qual legitimidade possui? (ansioso para ouvir os direitistas dizerem que o povo protestar nas ruas é anti-constitucional, rsrsrs).

kimparanoid

Mas não é possível!
O homem não quer largar o osso!!!
Tanta persistência merece uma homenagem… pois então, rosne Mubarak! http://wp.me/pKZ4D-9f

    Roberto Locatelli

    Um amigo meu libanês opinou (com aquele sotaque simpático): "Roberto, ele esdá louco bara sair. Mas o Israel deve ter avisado a ele: se você sair agora, isso bode ser ruim bara sua saúde no futuro, meu filho…"

Makenshi

É o "direito da força" tentando esmagar a força do direito… força egípcios!

    vera oliveira

    falta o povo descobrir a força que tem

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