Santayana: Só haverá atentado terrorista aqui se Brasil se deixar envolver pelos EUA

Tempo de leitura: 2 min

ISIS-US

O BRASIL E O TERROR

por Mauro Santayana, em seu blog

(Hoje em Dia) – Volta-se a discutir, na mídia e no governo, a necessidade de se prevenir “ameaças terroristas” no Brasil e a intenção de se criar uma “lei antiterrorista”, que permita a órgãos de inteligência monitorar internautas, para saber se eles estão em contato com organizações internacionais.

Quando se diz “terrorismo”, é preciso saber quem está falando.

Para um israelense – nem todos, graças a Deus – um palestino do Hamas, que lança um foguete caseiro por cima da fronteira, é terrorista.

Para uma mãe palestina que acabou de perder os três filhos em um bombardeio na faixa de Gaza, terrorista é o piloto israelense que comandava o helicóptero ou o avião que os matou.

Da mesma forma que, no Afeganistão, terrorista pode ser um membro do Taleban, ou um soldado da OTAN, ou dos EUA, dependendo do lado que se estiver.

O problema é quando se tenta impor o “terrorista” alheio a toda uma nação.

O Estado Islâmico é uma organização terrorista, que decapita inocentes?

É. Mas ele não teria surgido, se os EUA e a OTAN não tivessem armado seus primeiros integrantes, para combater regimes que consideravam seus inimigos, como o de Saddam, de Kaddafi, e de Bashar Al Assad.

Cabe, logo, aos EUA e à OTAN, e aos regimes títeres que instalaram no Oriente Médio para apoiar seus interesses, combater o Estado Islâmico, e não ao Brasil.

O pretexto, agora, como antes, na época da Copa do Mundo, é evitar que haja atentados terroristas nas Olimpíadas.

Ora, só haverá atentados desse tipo no Brasil, a partir do momento em que nos deixarmos envolver pelos EUA, e passarmos a agir como um país subalterno aos seus interesses, nos metendo aonde não fomos chamados.

Esse é o caso de países como a Itália, a França, a Espanha, que passaram a sofrer atentados terroristas depois de enviar soldados ou aviões para o Afeganistão e a Líbia para apoiar tropas norte-americanas.

E a forma mais fácil de fazer isso – de criar inimigos onde não os possuímos e de “caçar chifre em cabeça de cavalo” – é justamente adotando uma Lei Antiterrorismo.

Uma coisa é condenar, moralmente, o que está ocorrendo no Oriente Médio, sem deixar de estudar as causas e origens de certos grupos “terroristas”, que se encontram mais em Washington do que para lá de Bagdá.

Outra coisa é que alguém queira, nos órgãos de segurança do governo, ser mais realista do que o rei, e nos empurrar para tomar partido em uma guerra que não é nossa, entre a Europa e os Estados Unidos e populações situadas em países que o “ocidente” quer continuar dominando política e economicamente.

A política externa – e qualquer medida que venha a modifica-la – é assunto de Estado, não de polícia nem de arapongas. O Brasil já tem, historicamente, um lado: o da defesa de seus interesses, que não são nem os dos EUA, nem os da OTAN, em conformidade com a doutrina de não intervenção em assuntos externos, que está estabelecida na Constituição Federal.

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Comentários

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Luiza

Santayana, sempre muito lúcido, já fez a autópsia e aproveitou para mandar recado:
1)Alô, órgãos de segurança do governo – A política externa – e qualquer medida que venha a modifica-la – é assunto de Estado, não de polícia nem de arapongas. O Brasil tem é que patrocinar a defesa de seus próprios interesses, não o dos dos EUA e o da OTAN, e se manter firme e em conformidade com a doutrina de não intervenção em assuntos externos, que está estabelecida na Constituição Federal. O Brasil sempre respeitou a Soberania alheia.
2) Essa estratégia de tentar impor o “terrorista” alheio ao Brasil é bem manjada..
Nao demora muito vai rolar um “#Lei Antiterrorismoémeuzovo”!!
3) Se a “treta” é entre a Europa e os Estados Unidos e populações situadas em países que o “ocidente” [insiste] e quer continuar dominando política e economicamente, eles é que devem suportar a consequencia dos seus atos e segurar o rojao.
Sabemos muito bem quem é o verdadeiro “terrorista” e seus apoiadores. Se esses aí querem enterrar seus cornos na terra dos outros para garantir muito $$$ e impor a sua dominaçao, eles que paguem o preço e nos deixem em paz. O Brasil tem lado, sim, e nao é o dessa gentalha.
Pior é que no Brasil tem muito FDP que de tao acostumado a dar o c* para essa gentalha já nao consegue mais diferenciar a natureza daquilo que entra com o produto daquilo que sai..
Triste isso..

Plutarco

“Para um israelense – nem todos, graças a Deus – um palestino do Hamas, que lança um foguete caseiro por cima da fronteira, é terrorista.”

Parei de ler por aqui.

    Mário SF Alves

    Parou por quê? A preguiça montou?

anac

Sabedoria de Salomão como sempre de Santayana. É tão simples. É só não nos aliarmos ao império no seu objetivo de dominar o mundo. Não precisamos gastar um tostão para isso.

Marat

Desde os anos 1980 eu vejo que a impren$$$a pigueana faz de tudo para bajular os EEUU e para inserir artificialmente a agenda daquele país, como se nós fizéssemos parte de lá ou se fôssemos colônia deles…

    Mário SF Alves

    O PiG é coercitivo. E o verdadeiro poder do capitalismo é o poder de coerção. O problema surge quando corporações, quaisquer que sejam, resolvem fazer o papel do Estado.

Julio Silveira

O problema e que dita midia corporativa nacional tem crise de personalidade. De tanto repercutirem o ponto de vista yanke passaram acreditar que o Brasil são os States.

Nelson

“Esse é o caso de países como a Itália, a França, a Espanha, que passaram a sofrer atentados terroristas depois de enviar soldados ou aviões para o Afeganistão e a Líbia para apoiar tropas norte-americanas.”

Na verdade, se a democracia fosse realmente praticada nos países citados, como também nos Estados Unidos, que tanto gostam de receitar lições de como ela deve ser praticada, saberíamos, de forma comprovada, que uma grande parte dos atentados ali cometidos foi obra dos seus próprios serviços secretos, tendo a CIA a coordená-los.

A quem duvida do que escrevi, sugiro a leitura do livro do historiador suíço, Daniele Ganser, “Os Exércitos Secretos da Otan: Operação Gladio”.

O sítio http://www.redvoltairenet.org reproduz o livro em forma de vários artigos.

José Carlos Vieira Filho

A melhor política antiterrorista que o Brasil pode praticar é manter Washington a quilômetros de distância.
A maiorias dos atentados europeus citados pelo Santayana têm autoria duvidosa e foram prováveis false flags (como o Charlie Hebdo). O tal exército DAESCH é financiado pelos Sauditas e seus sócios, e treinado e abastecido pela CIA, MI5/6 e Mossad (faz poucos dias um grupo foi cercado e capturado no Iraque, entre eles, americanos, ingleses e israelenses dos serviços de espionagem).
A contagem dos mortos nas intervenções recentes americanas já passa dos 4 milhões. Não vamos trazer isso pra cá.

Nelson

Vou repetir o que já disse outras vezes neste mesmo sítio. No livro “Piratas e Imperadores, Antigos e Modernos-O Terrorismo Internacional no Mundo Real”, o linguista e filósofo estadunidense escreve:

“As duas maiores organizações terroristas do planeta são os governos dos Estados Unidos e de Israel”.

Portanto, se temos que nos defender de algum terrorismo, estas duas “organizações” são as primeiras nas quais devemos “ficar de olho”.

Edgar Rocha

Este troço está me cheirando a interesses internos e não conjuração com interesses externos. Ao menos, não em princípio. A criação do inimigo interno a ser perseguido é um cânone do autoritarismo latino americano e vem sendo evocado desde as últimas manifestações. Quem serão os terroristas a serem caçados? Com certeza não serão os mesmos a cometerem atos que sensibilizem a sociedade para justificar a institucionalização do autoritarismo de Estado. Este, já instalado, como todos sabemos, a despeito de uma Federação democrática, tem um aparato amplo e bem munido, atualmente direcionado para a contenção social, extermínio de classes e racial. Se o governo se curvar a este discurso antiterrorista estará cavando a própria cova, a não ser que convença os setores conservadores de que não são uma ameaça aos interesses defendidos por estes, alinhados aos interesses externos da central americana. Desgraçadamente, Dilma e o PT dão sinais – de forma conciliatória – a atender a estes interesses. Seria o mais cômodo no momento. Ou seja, depois de passada a iminência de golpe e se sedimentar a poeira da crise política e a Dilma deixar de ser a bola da vez, a discussão sobre o tema sairá da pauta dos intelectuais e analistas de esquerda, sairá da pauta do Viomundo e dos “sujinhos”, e continuaremos com UPP’s arrancando o couro no Rio, com a PM paulista coordenando seu exército – o oficial e o paramilitar – alimentando a indústria da corrupção no varejo, com o governo da Bahia aplaudindo a truculência contra a população pobre, etc., etc., etc… Já não será mais interesse levantar a lebre, uma vez que já não mais estarão em risco os que conquistaram duramente seu espaço no fechado clube da cidadania brasileira.

Lukas

A vida são escolhas. Se o Brasil quiser ter importancia, terá que fazer escolhas, nem que seja do lado do EI.

FrancoAtirador

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Mais uma vez a Mídia-EmprêZa Fascista, Entreguista e Terrorista,
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pautando órgãos governamentais com assuntos norte-americanos.
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“Sem Regulamentação da Mídia, Não há Democracia”
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Para o italiano Roberto Savio, fundador e presidente emérito da Inter Press Service,
agência internacional de jornalistas colaborativa, a regulação dos meios é fundamental
para criar um sistema mais justo de informação, em que o cidadão seja parte do processo.
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“Liberdade de informação tem a ver com o cidadão, não com o dono do jornal.
Os donos dos meios falam da liberdade da informação
para manterem a liberdade de serem donos do meio de informação”,
disse à EBC.
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(http://www.jb.com.br/pais/noticias/2015/03/24/regulacao-da-midia-aguca-democracia-nao-o-contrario-alertam-especialistas)
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    FrancoAtirador

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    Agências de ‘Risco’ só servem ao Mercado
    e podem contribuir para Crises Econômicas
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    Apesar de as ‘notas’ das ‘rating agencies’ terem ajudado a levar os EUA e o mundo
    à crise mundial em 2008, elas continuam a ser relevantes para governos,
    como o brasileiro, que comemorou avaliação da S&P [Standard & Poor’s].
    .
    “Quando fazem avaliações para o credor,
    no fundo essas agências estão dizendo:
    ‘O Brasil é bom pra você, credor, mas o bom para você
    não é necessariamente bom para o povo brasileiro’.”
    .
    (http://www.redebrasilatual.com.br/economia/2015/03/agencias-de-risco-so-servem-ao-mercado-e-podem-afundar-paises-em-crises-4792.html)
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