Janio de Freitas: Marina implode dois partidos de uma só vez

Tempo de leitura: 3 min

marina-silva2

Marina divisora

por Janio de Freitas, na Folha, via Contexto Livre

A adesão de Marina Silva a Aécio Neves é o seu caminho convencional, mas, para formular os argumentos vazios que invocou, não precisava de tantos dias, bastavam minutos. Além disso, Marina já tem convivência bastante com a política para saber que nenhuma condição exigida de Aécio tem valor algum: se eleito e por ela cobrado, não esqueceria o velho refrão político “as circunstâncias mudaram”. Ao espichar as atenções por mais uns dias, no entanto, Marina instalou a implosão em dois partidos. Um feito, sem dúvida.

A demora de Marina proporcionou tempo para que uma ala do Partido Socialista Brasileiro, com o estandarte da viúva de Eduardo Campos, articulasse o abandono da linha tradicional do partido, de centro-esquerda, e a necessária derrubada dos dirigentes mais identificados com o PSB. Novo rumo: adesão a Aécio.

Em termos partidários, é como se o PSB fosse extinto, com uma descaracterização que preserva apenas o nome e a sigla. Não de todo, aliás, com o humor já se referindo ao “novo PV”: não de Partido Verde, mas Partido da Viúva.

O manifesto “A favor da nova política” tem argumentos consideráveis e reúne, em corrente própria, os que se integraram à Rede Sustentabilidade, partido de Marina, para construir novos modos de fazer política. E consideram a adesão a Aécio, decidida por Marina, “grave erro” e contrária ao “projeto original da Rede Sustentabilidade”, ao torná-la “parte da polarização PT x PSDB”. A adesão agrava-se porque Aécio, diz o manifesto, tem “integração orgânica à desconstituição de direitos, aos ruralistas e ao capital financeiro”, três frentes a que a Rede se opõe por princípio.

Para contornar a reação de correligionários valiosos, Marina Silva precisará de argumentos melhores do que lhe bastaram para aderir ao candidato do PSDB, em vez de “rejeitar as duas candidaturas”. Rede se remenda. O PSB, não.

Vitórias

As condições extraordinárias da Bolívia, que o êxito eleitoral de Evo Morales faz o mundo notar, deve muito a ter existido o governo Lula.

A reação conservadora à primeira vitória de Morales foi feroz. O secular golpismo boliviano ativou-se logo, impulsionado pelo agronegócio do Departamento de Santa Cruz, com apoio, inclusive, de brasileiros que exploram muitas terras naquela Estado fronteiriço. Em pouco tempo, o golpismo progrediu para separatismo, disposto a recorrer mesmo à guerra civil. Os golpistas contavam com apoio daqueles conhecidos patrocinadores de golpes na América Latina. Foi a intervenção contrária de Lula, com intensa e sigilosa atividade do governo brasileiro, que conteve ou facilitou a contenção da incandescência que se iniciava, inclusive com mortes.

Até a região de Santa Cruz deu a vitória a Morales.

A política externa brasileira está sob ataque dos ex-embaixadores adeptos da proximidade com as políticas dos Estados Unidos, por eles praticada até 2003. Muitas das posteriores iniciativas por eles desaprovadas, porém, levaram a avanços não só para o Brasil. Todas sem o apoio, também, dos meios de comunicação brasileiros. Pena que tudo isso ainda esteja por ser contado.

Do lado boliviano, o governo Lula encontrou um interlocutor difícil, mas brilhante: o vice-presidente Álvaro García Linera, que é a cabeça política do projeto liderado por Evo Morares e o estrategista do governo. Uma opinião brasileira sobre ele: “É difícil porque ora ele raciocina como político, às vezes tem a cabeça de físico, e sempre é o intelectual”.

PS do Viomundo: A elite brasileira é tão tacanha e subserviente aos Estados Unidos que combate governos regionais cuja política econômica cria mercado para produtos brasileiros!

Leia também:

Xico Sá diz que teve de mentir em nome da Veja e da Folha

O dia em que Marina levou a mortadela à Tijuca


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Hélio Pereira

Marina Silva é uma “Destruidora” de Partidos !
Já a mulher de Campos transformou o PSB em P.V.( Partido da Viuva).

L@!r M@r+e5

Para a Elite, o único contrato é aquele em que ela levanta o chicote e o pobre fica de costas.
Estão com saudade de fazer doações de alimentos aos “irmãos do Nordeste”. Era assim que limpavam suas consciências.
Outra maneira de limpar consciências era pegar meninas nordestinas “pra criar”, ou seja, ter uma empregada sem pagar salário (direitos trabalhistas, nem pensar!) e ainda dizer que estava fazendo um favor.
A Elite tem muita saudade dessa época.
Não vão voltar! Dilma com 60% no dia 26 de outubro!!!

Julio Silveira

Ao PS do Viomundo. E bota tacanha nisso, são infiltrados.

    Roberto Locatelli

    Olha, são infiltrados e burros. A ponto de acreditar no PIG. Pessoa conhecida minha, empresária, iniciou um negócio que depende DRASTICAMENTE do fornecimento de água da Sabesp. Quando eu questionei sobre a crise hídrica, ela ficou espantada, pois não sabia de nada. Ou seja, fechou um negócio que vai resultar em desastre, porque só se informa pelo PIG.

Deixe seu comentário

Leia também