Ignacio Delgado: Conversando, Palocci e Marcelo Odebrecht se “entendem” na cadeia

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A REPÚBLICA DE CURITIBA E A NOVA VERSÃO DO “DILEMA DO PRISIONEIRO”

por Ignácio Godinho Delgado, no Facebook 

É de Albert William Tucker, matemático canadense, a formalização mais conhecida do “Dilema do Prisioneiro”, da teoria dos jogos, invocado à exaustão na ciência política para ilustrar as dificuldades de cooperação para a ação coletiva, se for tomado como pressuposto que os indivíduos decidem isoladamente sua participação.

No jogo, dois prisioneiros que cometeram o mesmo crime são separados e ficam diante de proposição idêntica, feita por quem os interroga, na qual a negação do crime por ambos não deixa à justiça outra alternativa senão imputar-lhes uma pena reduzida; a confissão de apenas um deles garante sua libertação e uma pena elevada para quem não confessou; a confissão de todos uma pena intermediária para os dois, mais elevada que a da primeira situação.

Em condições de isolamento, a estratégia predominante seguida pelos prisioneiros os levaria ao pior dos resultados, pois a confissão de ambos acarreta uma pena maior que a obtida se não confessassem.

Em Curitiba, nasceu um novo jogo. Segundo a insuspeita coluna de Lauro Jardim, de O Globo, Antônio Palocci e Marcelo Odebrecht “estão presos na mesma ala na sede da PF em Curitiba. Suas celas ficam no mesmo corredor e costumam ficar abertas. Os presos circulam tranquilamente entre as celas e conversam, seja ali ou durante o banho de sol diário”.

Até o momento, são contraditórias as suas versões sobre o envolvimento de Lula no tal “pacto de sangue” com Emílio Odebrecht, apontado por Palocci em sua súplica a Moro para ganhar a redução da pena que o Torquemada de Curitiba lhe atribuiu.

As duas versões não batem, também, com o relato de Emílio Odebrecht sobre suas relações com Lula. Mas não tem problema.

Encontros diários, acertos entre advogados em busca da maior taxa de êxito, vão afinar a versão final, depois que todos “lembrarem” o que lhes pedem os procuradores e o juiz inquisidor, em meio às “alongadas detenções” do “direito penal de Curitiba”.

Ao contrário do “Dilema do Prisioneiro” clássico, os envolvidos conversam o tempo todo, para livrar a própria cara e fazer a vontade de quem os interroga, procuradores e um juiz partidarizados, superstars da mídia familiar e oligárquica, que apresentam a todos a mesma alternativa: ou acusam Lula ou nada.

Com este propósito, podem se comunicar à vontade. É conversando que a gente se entende.

Quem ainda acredita nesta farsa?

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