Economist na África: Aperte o 1 para modernidade

Tempo de leitura: 2 min

Desde que a Aline Midlej fez a reportagem acima, para o Nova África, fiquei impressionado. Agora é a vez da revista britânica Economist ficar:

Dinheiro móvel na África

Aperte um para a modernidade

Economist, 28 de abril de 2012

Um negócio no qual o continente mais pobre está quilômetros adiante

Muitas pessoas sabem que o “dinheiro móvel” — transações financeiras em telefones celulares — decolou na África. O quanto avançou, no entanto, ainda causa choque. Três quartos dos países que usam dinheiro móvel mais frequentemente estão na África e os bancos móveis em alguns deles atingiram níveis extraordinários.

Um novo levantamento de hábitos financeiros globais feito pela Fundação Gates, Banco Mundial e pesquisa global do Gallup descobriu 20 países nos quais mais de 10% dos adultos dizem ter usado dinheiro móvel em 2011.

Destes, 15 ficam na África. No Quênia, no Sudão e no Gabão, mais da metade dos adultos usaram. Enquanto isso, países com sistemas financeiros mais desenvolvidos têm uma parcela ínfima de usuários — 1% no Brasil ou na Argentina.

Se você pensa que usar o banco no telefone é apenas uma forma de usar serviços financeiros, então estes países africanos — onde as pessoas algumas vezes vivem vários dias de distância a pé da agência mais próxima –são muito mais informados financeiramente do que acreditamos, pelo acesso que têm a vários bancos.

A maior parte das transações por telefone móvel são de pequeno valor. Comerciantes, por exemplo, usam celulares para pagar agricultores por um saco de mandiocas ou de milho. Um dos produtos mais bem sucedidos no Quênia é um cartão SIM de alguns centavos — mas é tudo do que todas as pessoas precisam para transações ocasionais.

Celulares também são usados para enviar dinheiro para familiares em outros países.

Isso pode explicar porque o dinheiro móvel se deu tão bem na Somália, um país que mal tem um governo, mas onde um terço dos adultos usaram dinheiro no celular. A Somália é um dos países mais dependentes de remessas: uma pesquisa descobriu que 80% do capital para novos empreendimentos vem da diáspora. Sem o banco móvel, essa linha de financiamento seria mais fraca.

Na maior parte dos casos, o dinheiro móvel é um substituto tanto para o papel moeda quanto para as remessas usando um motorista de ônibus, por exemplo. Permite às pessoas que não conseguem chegar a um caixa eletrônico ou a uma agência usar os serviços financeiros. Isso ajuda a corrigir a tendência de os bancos servirem apenas aos mais educados. Na África apenas 10% das pessoas sem educação formal ou apenas com educação primária têm conta bancária, comparado com 55% para os formados em universidade. Mas as taxas de uso do dinheiro móvel em alguns países são tão altas que mostram que a prática já se estendeu muito além dos diplomados em universidade, para a população em geral.

Algumas vezes, no entanto, o banco móvel cresce lado a lado com o banco tradicional. No Quênia, onde impressionantes 68% dos adultos usam dinheiro móvel (a maior taxa do mundo, parcialmente porque a regulamentação é leve), mais de 40% dos usuários também têm conta em banco. A tecnologia que permitiu o salto também pode ajudar o sistema bancário tradicional, que acabou de ser ultrapassado por ela.

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Comentários

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José Ricardo Romero

Os bancos vão descobrir uma maneira de taxar estas transações e lucrar rios de dinheiro com a prática.

glauco.

Essa série é muito boa trabalho de muita qualidade.

Mardones Ferreira

Interessante, mas esqueceu de falar dos problemas envolvidos. Ou não há problemas? Em se tratando de dinheiro e conhecendo bem o nosso Brasil, é no mínimo temerário não perguntar pelos problemas do uso generalizado desse sistema.

Pensei logo no que vem acontecendo com a telefonia móvel no Brasil. Não há controle nos gastos e para reaver prejuízos é um problemão. Imagina isso com os poderosos bancos.

Rasec

Assim vocÊs vão bombar! Muito interessante a reportagem!

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